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segunda-feira, 2 de abril de 2018

NOVO LIVRO NA PRAÇA "O PATRIARCA: CRISPIM PEREIRA DE ARAÚJO, IOIÔ MAROTO".


O livro "O Patriarca: Crispim Pereira de Araújo, Ioiô Maroto" de Venício Feitosa Neves será lançado em no próximo dia 4 de setembro as 20h durante o Encontro da Família Pereira em Serra Talhada.

A obra traz um conteúdo bem fundamentado de Genealogia da família Pereira do Pajeú e parte da família Feitosa dos Inhamuns.

Mas vem também, recheado de informações de Cangaço, Coronelismo, História local dos municípios de Serra Talhada, São José do Belmonte, São Francisco, Bom Nome, entre outros) e a tão badalada rixa entre Pereira e Carvalho, no vale do Pajeú.

O livro tem 710 páginas. 
Você já pode adquirir este lançamento com o Professor Pereira ao preço de R$ 85,00 (com frete incluso) Contato: franpelima@bol.com.br 
fplima1956@gmail.com

http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2016/08/novo-livro-na-praca_31.html

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DANDARA, PRINCESA NEGRA


Por Vanessa Campos

Dandara, apenas Dandara. Era o seu nome que significa “princesa negra”. Apenas isso. E assim, ficou conhecida. Sua origem é também incerta, mas é tida como símbolo de resistência e heroína negra do Brasil Império. Guerreira, defensora dos oprimidos, lutava com armas e golpes de capoeira na defesa da sua raça.

Historiadores acham que ela veio da África ainda menina e ficou nas imediações da Serra da Barriga, Alagoas. Casada com o líder Zumbi dos Palmares, com quem teve três filhos, o casal passou a ser símbolo de heroísmo e resistência. Dandara lutava com armas e golpes de capoeira contra os portugueses em defesa do quilombo.

Foi presa em 1694 e preferiu morrer. Jogou-se de uma pedreira para não ser escrava. Sua imagem é também desconhecida, mas sabe-se que era alta, forte, negra e obstinada pela liberdade.

Neste mês de novembro, da Consciência Negra ela recebe homenagens.

http://www.mulheresdocangaco.com.br/project/dandara-princesa-negra/

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O CABURÉ DO SERTÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de abril de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.870

Povoando praticamente o Brasil inteiro, podemos encontrar o Glaucidium brasilianum, a pequena coruja brasileira, no sertão nordestino. Também chamada caburé, o caburé miudinho, Glaucidium minutissimum, recebe nome pejorativo com vários significados. Mede 16,5 cm, possui duas colorações de plumagem e sabe confundir a sua presa. O caburé alimenta-se de outras aves como pardais e sanhaçu, insetos, rãs, lagartixas, pequenas cobras e às vezes, beija-flor. Gosta de ficar em lugar mais alto de onde sai o voo para capturar com as garras. Quando sua presença é notada por outras aves, estas fazem um alarido, denunciando sua presença. Tem a voz numa sequência mais devagar e emite 10 a 60 assobios.
CABURÉ. ILUSTRAÇÃO: (Jorge Kutsmi).
O voo do caburé é ruidoso, contrariando a espécie. Põe 2 a 5 ovos brancos, gosta de fazer ninhos em buracos de árvores. Todavia faz morada em buracos de parede e barrancos. Gosta de agir diurnamente e no crepúsculo. Habita as bordas das florestas, várzeas e copas de árvores. Mas o Caburé também gosta de fazer ninhos em cupinzeiros de 4 a 6 metros do chão e, abandonados por outras aves. Ele é ativo dia e noite e canta pelo dia. Com frequência avista-se o caburé em mourões de cercas e nas fiações elétricas. Atrás da cabeça tem face falsa para enganar pessoas e animais. Quando completamente imóvel, como estratégia, não é fácil de ser notado. Suas sobrancelhas são brancas com destaques.
Nas brincadeiras e piadas do sertão, o sertanejo gozador aponta o caburé como sendo o amante à espreita da mulher casada infiel. Também se faz referência às pessoas feias com a expressão: “Parece um caburé-de-‘urêia’ (orelha)”. Algumas localidades sertanejas possuem essa denominação. Também se aplica o termo à pessoa da roça, ao matuto das brenhas, como brincadeira normal do cotidiano.
E para você, casado, que gosta muito de viver farreando fora de casa, tenha cuidado com o CABURÉ.


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EM JUNHO A FESTA DA ALMA NORDESTINA SERÁ EM POÇO REDONDO

Por Rangel Alves da Costa
Prefeito Junior Chagas no Memorial Alcino Alves Costa: 
Cariri Cangaço 2018

Trazer o Cariri Cangaço a Poço Redondo foi uma luta. E ainda se desenrola uma batalha incessante para que tudo dê certo. E assim por que o Cariri Cangaço é evento de tamanha grandiosidade que não cabe sequer imaginar sua realização sem um longo e cuidadoso planejamento. Não é possível receber, de hora pra outra, mais de duzentos participantes, entre estudiosos, pesquisadores e escritores. E quantos turistas, entre brasileiros e estrangeiros, estarão em Poço Redondo de 14 a 17 de junho? 

Os bons amigos sempre merecem a melhor acolhida. Os bons amigos do Cariri Cangaço e os demais interessados, dentre aqueles que já eram amigos de Alcino e outros que ao sertão acorrerão pelo amor à história, à cultura e as tradições, merecem a melhor acolhida. Não só o acolhimento como as janelas e portas abertas para tudo de belo e grandioso que Poço Redondo possa oferecer. E será este nosso empenho e nosso esforço maior, de modo que se sintam confortável e prazerosamente acolhidos, como mais tarde possam retornar pela saudade que certamente ficará.

E como se faz um evento assim, como possibilitar que tudo dê certo conforme o planejado ou ao menos se aproximar do que foi planificado? Somente com organização e tenacidade, mas também por um fator fundamental: o apoio da administração municipal, do prefeito, do gestor. A Comissão Organizadora elabora as diretrizes, traça todo o delineamento do evento, mas a sua efetiva concretização somente é possível com o apoio da prefeitura municipal. 
Ora, sem que o prefeito chame para si também essa responsabilidade não há que se falar em possibilidade alguma de realização, até mesmo por que os patrocínios de entidades e pessoas estão mais escassos do que se imagina. Até o presente momento a Comissão Organizadora não recebeu sequer um centavo, nem mesmo dos estabelecimentos comerciais do município. E com relação ao gestor de Poço Redondo, o que se tem, na verdade, é um empenho pessoal do prefeito Júnior Chagas. 
Prefeito Junior Chagas ao lado da Comissão Organizadora do 
Cariri Cangaço Poço Redondo 2018

Significa dizer que o apoio pessoal do prefeito vai além do que a própria administração municipal possa oferecer. A prefeitura possui uma estrutura de serviços, de obras e de pessoal, que já está trabalhando para o sucesso do evento. Contudo, a relevância maior está no comprometimento do prefeito e no seu interesse que tudo dê certo, ainda que para tal ele mesmo disponibilize recursos.

Diga-se ainda que não é apoio de momento ou apenas pela iminência de sucesso do evento, pois o prefeito Júnior Chagas já desde muito que tem compromisso firmado com a direção do Cariri Cangaço, através de seu curador Manoel Severo e demais membros do Conselho Consultivo Alcino Alves Costa. Esteve pessoalmente acompanhando o Cariri Cangaço Exu e o Cariri Cangaço Floresta, e estará no Cariri Cangaço Fortaleza, entre os dias 26 e 29 deste mês. E no ano passado recebeu uma Comitiva Cariri Cangaço na sede da prefeitura e em seguida acompanhou a visita feita a Curralinho. E não permitiu que nada faltasse aos participantes.


Ainda no final do ano passado o prefeito Júnior Chagas autorizou a realização das obras necessárias na Estrada Histórica Antônio Conselheiro (Estrada do Curralinho), conforme solicitação da Comissão Organizadora. E já está tudo definido e logo as obras serão iniciadas. Quer dizer, a todo instante o que se tem o engajamento cada vez maior do prefeito perante o evento. Até o presente momento, jamais negou qualquer solicitação da Comissão Organizadora e assim faz por conhecer a importância do evento e por saber a seriedade como está sendo elaborado.

No último sábado, por exemplo, mais uma demonstração desse comprometimento, que mais corretamente se traduz em total apoio, pessoal e administrativo, do prefeito Júnior Chagas. Esteve presente na reunião realizada no Memorial Alcino Alves Costa e pela manhã inteira dialogou com todos sobre as ações em andamento e os planejamentos futuros. Desde o roteiro a artistas, desde a acolhida a demais eventos, tudo foi debatido e conduzido pessoalmente pelo prefeito.

O que dizer, então? Somente agradecer. Obrigado, prefeito Júnior Chagas, percebe-se facilmente que seu compromisso se traduz em ação. Por isso mesmo que teremos em Poço Redondo o maior e melhor Cariri Cangaço de todos os tempos. Avante!

Rangel Alves da Costa, Pesquisador, escritor e poeta

Conselheiro Cariri Cangaço
Poço Redondo, 02 de Abril de 2018
blograngel-sertao.blogspot.com

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CANÁRIO E O CAMINHO DE CURRALINHO



Por Manoel Belarmino
Cariri Cangaço Poço Redondo pelos Caminhos de Curralinho...
Além das tantas histórias que o caminho do povoado Curralinho testemunhou, como o trotar dos tropeiros, a morte dos soldados marcadas pelas Cruzes dos Soldados, as Carreiras, as alpercatas do Conselheiro e seus seguidores e outras, não podemos esquecer que é nas margens do Caminho do Curralinho que está a localidade Cururipe, onde o cangaceiro Canário, filho de Poço Redondo e esposo da cangaceira Adília (filha de Poço Redondo), foi covardemente assassinado por Penedinho, naquela última quinta-feira do mês de setembro de 1938. Penedinho, natural de Canhoba e primo de sua mulher Adília.
Penedinho entrou no cangaço a pedido de seu patrão, o poderoso Antonio Caixeiro de Canhoba e da Borba da Mata com a finalidade de matar Canário, pois este havia extorquido dinheiro daquele coronel de Canhoba. Penedinho era um infiltrado no cangaço. E foi o que aconteceu. Canário foi covarde e traiçoeiramente assassinado na sombra de uma quixabeira com um tiro só por Penedinho. Não deu tempo de Canário se entregar á justiça como já havia planejado. 
Cangaceiro Canário, morto no caminho de Curralinho

Depois do tiro, o silêncio fúnebre. Canário está ali estendido no chão. Apenas o seu cachorro está ali para protegê-lo. O silêncio é, de instante em instante, quebrado pelo uivar do cachorro. O único amigo fiel do finado Canário. Um silêncio e um uivar. Um uivar para impedir que os urubus se aproximassem do cadáver do seu dono. E não demorou, a volante da Serra Negra chega ao local em busca de ouro e joias do cangaceiro. E o cachorro, fiel ao seu dono, rosna para tentar impedir que as volantes se aproximem. Um soldado aponta uma arma e, com um tiro só, mata o cachorrinho ali mesmo próximo ao cadáver de seu dono. Um cangaceiro traidor matou Canário e um volante matou o seu cachorro. 
O cangaceiro Canário era Bernardino (nome de batismo) e apelidado de Rocha de Cante na sua infância e juventude. Filho de Cante e Maria das Virgens, nasceu no Poço de Cima, um poço-redondense que virou adubo na sua terra.
Maria Oliveira, Rangel Alves da Costa, Ronivaldo dos Santos e Manoel Belarmino: Então que venha o Cariri Cangaço Poço Redondo 2018

A fazenda Cururipe, no Caminho de Curralinho, estará na programação do Cariri Cangaço Poço Redondo - CCPR 2018, de 14 a 17 de junho, culminando com o aniversário do mestre Alcino Alves Costa.
Na manhã de hoje, dia 17, estivemos lá na Fazenda Coruripe. Eu(este que escreve), Rangel de Alcino, Ronivaldo dos Santos(secretário de obras), Maria Oliveira (professora) e Geferson(estudante de engenharia civil) com a finalidade de definir onde será colocada a placa no local da morte do cangaceiro Canário. E será ponto de parada e de palestra no Cariri Cangaço Poço Redondo.
Estamos preparando os caminhos da história e da cultura do Cangaço no chão do mestre Alcino Alves Costa. E de coração e braços abertos para receber todos e todas que virão ao Cariri Cangaço Poço Redondo e Serra Negra 2018. Como diz Manoel Severo Barbosa. Avante!
Manoel Belarmino
Pesquisador e Escritor
Poço Redondo, 17 de Março de 2018
E vem aí...
Cariri Cangaço Poço Redondo
14 a 17 de Junho de 2018

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ORDENHA DAS CABRAS.


Benedito Vasconcelos Mendes

Cada um dos quatro vaqueiros da Fazenda Aracati recebia, diariamente, dois litros de leite de vaca e mais uma certa quantidade de leite de cabra, que era produzido na fazenda. Meu avô não utilizava leite de cabra, de modo que todo o leite destes animais era dividido para as quatro famílias dos vaqueiros. O leite de cabra era transformado em queijo, destinado ao  consumo familiar dos vaqueiros e o excedente comercializado nas bodegas da vila de Caracará, localizada nas proximidades da Fazenda Aracati. O aproveitamento do leite das cabras pelos vaqueiros, além de ajudar na alimentação da família, servia também como uma fonte adicional de renda.                                          

A ordenha das cabras era tarefa exclusivamente feminina. Ao amanhecer, as  mulheres dos  vaqueiros, cada uma com sua cuité, lavavam as mãos com sabão preto (sabão da terra) na cozinha da casa-grande e depois  iam para o chiqueiro dos caprinos ao lado para ordenhar as cabras. O leite era tirado com muita rapidez, com dois dedos, polegar e indicador. Quando a cuité enchia, o leite era despejado em uma lata de 20 litros (vasilhame de querosene), que ficava sobre um jirau de estroncas de sabiá, ocasião que era coado em um pano de algodãozinho. Cada cabra tinha um nome. Lembro-me da cabra de nome Atrevida, que, por ser de primeira cria, ainda não estava mansa e adestrada para a ordenha,  o que exigia que uma das ordenhadoras a segurasse pelos chifres, enquanto a outra tirava o leite. As cabras produziam pouco leite, menos de um litro, na média do rebanho. Naquela época não havia na região as raças caprinas modernas produtoras de leite. O rebanho da Fazenda Aracati era de SRD (sem raça definida), oriundo da miscigenação  de raças nativas, especialmente, das raças Canindé, Marota, Repartida e Moxotó. A fertilidade das cabras era alta, raro era o nascimento de um só cabrito por barrigada, pois o comum era nascer dois filhotes por parto, às vezes três. Uma outra característica dos caprinos é a rusticidade. O rebanho era altamente resistente às doenças e às  parasitoses, especialmente, às verminoses, além de muito adaptado ao consumo de  alimentos grosseiros e de baixo valor nutritivo. Nos anos de chuvas escassas, de pouco pasto, os caprinos consumiam até cactáceas espinhentas, pois eles conseguiam retirar, com os chifres, os espinhos do xique-xique e do mandacaru, bem como parte dos pelos urticantes do quipá e depois consumiam os cladódios suculentos. Quando se alimentavam de quipá, os animais apresentavam ferimentos nos cantos da boca, provocados por pelos cáusticos e irritantes existentes na superfície desta planta.                                                                                                
Os bovinos e ovinos  dão preferência ao consumo do pasto rasteiro, enquanto os caprinos preferem as folhas e brotos dos arbustos e  árvores da caatinga. São capazes até de subirem em galhos inclinados  de arbustos e árvores, para comer os brotos, quando esta inclinação  for acentuada e permitir a subida dos animais. Era comum se observar caprinos em pé, na posição ereta, com as patas dianteiras apoiadas na copa, tentando comer  as folhas de forrageiras arbustivas  ou arbóreas. Aqui e acolá, morria um animal com a pata anterior  enganchada (presa) em alguma forquilha dos ramos da copa. Por não conseguir se libertar, depois de alguns dias contido, o animal morria de sede e de fome, sob o sol escaldante.                                                                                                                                                                                         
O leite e o queijo apresentavam  um cheiro muito forte, odor  próprio de pai-de-chiqueiro,  pois o bode (reprodutor) permanecia no mesmo chiqueiro onde se ordenhava as cabras. Atualmente, atenua-se este cheiro indesejável retirando-se  o bode do ambiente da ordenha, pois este cheiro típico  é produzido por uma glândula existente no macho reprodutor e este odor é facilmente absorvido pelo leite.                                                                                             
Diferentemente do que ocorre hoje, o  preço do quilo de queijo de leite de cabra era menor do que o de leite de vaca. O queijo de cabra, naquela época, era  considerado, na região, um queijo de inferior qualidade. O mesmo ocorria com a carne de caprino, que era mais barata e considerada de qualidade inferior, quando comparada com a carne de boi.                                                             

Os caprinos, ao lado dos  ovinos deslanados tropicais, são os mamíferos domésticos mais rústicos que criamos no Semiárido nordestino. Para combater as verminoses nestes animais era usado um vermífugo natural, conhecido vulgarmente como Batata-de-purga (planta nativa do Nordeste brasileiro). As bicheiras causadas pelas larvas da mosca varejeira eram curadas com óleo queimado (óleo lubrificante usado). 

Para o empanzinamento usava-se o vinagre. Na  década de 1950, os remédios de uso veterinário eram quase todos naturais, pois ainda não existiam, no comércio regional, muitos medicamentos industrializados.                                
A Fazenda não tinha aprisco elevado, os caprinos dormiam em chiqueiro sem cobertura, feito de madeira deitada e trançada (cerca de faxina). O esterco não era retirado de dentro  do chiqueiro. O leite das cabras era tirado neste ambiente sem higiene, com muita poeira no verão e muita lama no inverno. 
                                                                                        
Socialmente, a criação extensiva de caprinos no Nordeste do Brasil apresenta duas desvantagens: uma é a facilidade de roubo, que já faz parte da cultura regional,  e a outra é a dificuldade de conter os animais pelo uso de cerca de arame farpado. O costume de roubar caprinos e ovinos está arraigado no cotidiano de muitos sertanejos. A contenção de caprinos por cercas é difícil, pois mesmo se usando 10 fios de arame farpado (em cerca para bovinos, usa-se 6 ou 7 fios) ainda é difícil evitar que eles saiam da propriedade. No passado, muitas brigas, inclusive com mortes, entre fazendeiros vizinhos foram causadas por invasão de caprinos nos roçados (plantio de milho, feijão, batata-doce, melancia, jerimum e outras culturas). Alguns proprietários malvados reagiam a invasão de suas plantações, por caprinos  do vizinho, com a condenável prática do “rejeto”, que era o cruel e doloroso suplício provocado aos animais, pelo corte dos tendões das patas, que invariavelmente levava à morte, já que impedia  a locomoção dos animais. Os caprinos caiam e permaneciam deitados até morrerem,  no próprio  local onde era praticado este  abominável crime. No passado, os caprinos foram pivôs de muitas desavenças entre fazendeiros vizinhos, ou seja, entre o proprietário dos animais e o proprietário da terra invadida, que em muitos casos terminava em morte.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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ARMY MEN XIII: O LEVANTE DE PRINCESA-PB - 1930


Cenário Army Men: 05 de Junho de 1930 - Soldados do Estado da Paraíba com caminhões e frota Seguem em direção a cidade de Princesa. A frente presente frota vinha um feiticeiro que “benzia a estrada”, a cada parada, dizendo: ‘Vamos pegar Zé Pereira à unha!’. Mas em Água Branca-PB foram recebidos à bala, numa emboscada fulminante. O primeiro a ser atingido, com um tiro na testa, foi o dito feiticeiro.

José Pereira Lima (1884-1949) era o mais poderoso coronel do sertão da Paraíba pelo qual falava como espécie de primeiro ministro. Vaidoso e simulado, assistira à erosão da autoridade sob o governo João Pessoa (1878-1930). Rico produtor de algodão, economicamente também vinha experimentando perdas. Seu algodão, destinado ao porto do Recife, onde os Pessoa de Queiroz o comercializava, era exportado sem pagar impostos pelo Estado de Pernambuco. Com a política tributária de João Pessoa, via-se obrigado a sair por Cabedelo-PB por meio de estradas insatisfatórias que só conectavam com a linha férrea em Campina Grande, a mais de trezentos quilômetros de Princesa. Os prejuízos do coronel tornavam-se elevados, o que o levava a secundar as reclamações dos Pessoa de Queiroz. Vários outros coronéis também pensavam assim, daí porque o movimento de Princesa espalhou-se por Misericórdia, Conceição, Vale do Piancó, Catolé do Rocha, Pombal e Monteiro. Senhor absoluto dos comandados, José Pereira Lima, com total apoio do Palácio do Catete, conseguiu que Princesa se tornasse território livre e independente, com constituição própria, hino e bandeira próprios, exército próprio, enfim, legalmente separada do Estado da Paraíba. A família Pessoa de Queiroz, com quem o chefe princesense mantinha laços econômicos e pessoais estreitos e marcantes, e a posição do Presidente da República Washington Luiz era ambígua: o governo federal simpatizava com a rebelião, mas o Presidente que se recusava a apoiar o governo constituído de João Pessoa, proclamava que se o depusessem recorreria ao Exército para repô-lo no poder. O presidente João Pessoa, com a finalidade de municiar a polícia do Estado, pede ao Ministro da Guerra, Nestor Passos, "autorização para importar da França, cem mil cartuchos, para fuzil Mauzer", em 8 de abril de 1930. A autorização foi negada.
O município, que já tinha visto passar diferentes grupos de cangaceiros, passou a ser reduto de valentia e independência. Foram travadas sangrentas batalhas e inúmeras vidas foram perdidas. Princesa se tornou uma fortaleza inexpugnável, resistindo palmo a palmo ao assédio das milícias leais ao Presidente João Pessoa. Colunas pereiristas incursionaram sobre esses municípios defrontando-se com a polícia. A Secretaria de Segurança estabeleceu quartel-general em Piancó e dividiu suas forças em pequenos grupos para conter os revoltosos. Estes retraíram-se mas a luta chegou a um impasse - os pereiristas não conseguiram conflagrar o sertão para propiciar a intervenção do governo federal, mas os legalistas não conseguiram tomar Princesa.
Dispondo de prestígio na capital e centros urbanos, João Pessoa recorreu à obtenção de donativos em armas e balas. Mineiros e gaúchos enviaram alguma coisa, mas a vigilância das autoridades federais na Paraíba dificultava o recebimento do material. Quando Pessoa pediu licença ao governo de Pernambuco para penetrar em seu território, a fim de cercar Princesa pela retaguarda, o governador Estácio Coimbra recusou o pedido. Os governantes do Ceará e Rio Grande do Norte também hostilizavam João Pessoa. O cerco à Paraíba era quase total. Reunindo as últimas energias, João Pessoa tentou solução no campo de batalha.
O Governo do Estado prepara o golpe que supunha fatal e envia à Princesa 220 homens em doze caminhões e farta munição sob o comando do tenente Francisco Genésio, e, pasmem, para espanto dos leigos e estrategistas, um feiticeiro que “benzia a estrada”, a cada parada, dizendo: ‘Vamos pegar Zé Pereira à unha!’. Os soldados sentiam-se mais protegidos e aplaudiam com entusiasmo o novo protetor, pois com ele estariam imunes às balas. Não foi o que aconteceu. Ao chegarem ao povoado de Água Branca, no dia 5 de junho de 1930, foram recebidos à bala, numa emboscada fulminante. O primeiro a ser atingido, com um tiro na testa, foi o dito feiticeiro. Os caminhões foram queimados; quem não conseguiu fugir, morreu; inclusive o tenente Francisco Genésio. Mais de 100 mortos e 40 feridos.
Foram quase cinco meses de combates inenarráveis, quando se destacaram nomes como Marcolino Pereira Diniz, Manuel Lopes Diniz, Cícero Bezerra, Sinhô Salviano, João Paulino, Caixa de Fósforo, entre outros, do lado do “Coronel” José Pereira, enquanto combatentes fiéis a João Pessoa se destacaram Coronel Elísio Sobreira, Raimundo Nonato, Clementino Quelé, Jacob Franz, gaúcho que saiu do Rio Grande do Sul para servir à causa da Aliança Liberal, entre muitos outros, comandados pelo Secretário de Interior e Justiça José Américo de Almeida.
Impressiona o número de baixas dos militares paraibanos quando da guerra de Princesa em 1930, pois em todos os combates registraram-se perdas consideráveis para os “legalistas” a serviço do governo João Pessoa. Princesa está localizada em área montanhosa, a qual perfaz continuidade do planalto da Borborema, sendo caracterizada pelas formações rochosas que serviram de aliadas em diversas tocaias que levaram morte, terror e pânico aos valentes soldados do bravo Presidente. Do alto das serras que circundam Princesa tinha-se visão panorâmica que permitia vislumbrar qualquer aproximação de tropas, tornando-se fácil preparar nos mínimos detalhes tocaias fatal, como a que destroçou a Coluna da Vitória logo após Água Branca. O conhecimento das condições naturais, incluindo vegetação extremamente útil para adaptações em condições de guerrilha, caso do acontecido em Princesa, aliou-se à perspicácia dos sertanejos comandados por José Pereira.
Com data de 22 de maio de 1930, o jornal do governo "A União" publicava:
"As deserções entre os ladrões e assassinos do traidor José Pereira aumentam diariamente, principalmente agora que elles já sabem que o reducto central do seu chefe poderá ser transformado em um montão de ruínas, dentro de poucos minutos pela esquadrilha aérea da Força Pública" .
João Pessoa tenta nova investida. Incapaz de dominar a cidade rebelde, ele apela para a guerra psicológica: a ameaça de Princesa ser bombardeada. Com essa ameaça veio a reação do "coronel" José Pereira, que continuava dono da situação, e, com suas colunas de guerrilheiros fustigava várias cidades do Estado da Paraíba, na tentativa de atemorizar as tropas da polícia.
No dia 6 de junho de 1930 o Governo do Estado tentou nova investida contra a cidade rebelde. Enviou do Quartel General da Polícia Militar, em Piancó, um avião pilotado pelo italiano Peroni, com a missão de lançar panfletos, concitando o povo a abandonar a luta, senão a cidade seria bombardeada dentro de 24 horas. A reação da cidade foi diversa. Teve quem dividisse espaço com os penicos debaixo das camas, e teve quem saisse pelas ruas atirando no invasor. Só não derrubaram a aeronave porque o piloto, vendo o perigo, subiu acima de três mil pés para ficar fora do alcance das balas.  O major Feliciano Florêncio atirava do quintal de sua casa situada na descida da Rua Nova com o “comblain” do século XIX no momento em que o avião soltou uma ruma de panfletos. Ele não se conteve: “Acertei nas penas!”. A fuzilaria encheu a rua principal de Princesa de fumaça. Até passarinho foi pego por bala doida. O coronel, que se encontrava em casa, saiu à rua mandando os cabras pararem o tiroteio, porque sabia que aquilo era um estrago de munição. A “guerra” durou menos de meia hora, ao fim da qual o aparelho embicou o focinho para as bandas do Piancó levando nas asas alguns furos de bala. O panfleto trazia a seguinte mensagem:
"O governo da Paraíba intima-vos a entregar as vossas armas. Vossas vidas serão garantidas, dando o governo liberdade aos que não respondem por outros crimes. Convém ouvir a palavra do governo. Deveis apresentar-vos aos nossos oficiais. Dentro de 24 horas Princesa será bombardeada pelos aeroplanos da polícia e tudo será arrasado. Evitai o vosso sacrifício inútil. Ainda é tempo de salvar-vos. Não vos enganeis; vossos chefes estão inteiramente perdidos".
O bombardeio não veio. A missão falhou.
Com a assinatura do deputado estadual e chefe dos revoltosos, "coronel" José Pereira, do Prefeito Municipal, José Frazão de Medeiros Lima, do presidente da câmara dos vereadores, Manoel Rodrigues Sinhô e do vereador Antônio Cordeiro Florentino, foi publicada na primeira página do "JORNAL DE PRINCEZA", do dia 21 de junho de 1930, o Decreto n.º 01, proclamando autonomia político-administrativa em relação ao governo Estadual, porém subordinado politicamente ao poder político federal
Sobre Princesa, Ruy Facó destacou em Cangaceiros e Fanáticos que o território transformou-se em umafortaleza inexpugnável que sobre seus muros vacilavam as tropas regulares. Com certeza, pois a cidadela insurgente e seus arredores foram fortificados e defendidos com unhas e dentes na maior demonstração de rebeldia do mandonismo local na República Velha.

REFERENCIAS HISTORIAGRÁFICAS:

CENÁRIOS & FOTOGRAFIAS ARMY MEN: Freitas Júnior - Historiador & Poeta: https://www.facebook.com/profile.php?id=100017290650832


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COMUNICADO

Por Antonio José de Oliveira
Cantor Mirim Rafael Henrique - https://www.youtube.com/channel/UCsG81B8wI_lCRjfCypZMgqQ

O cantor mirim RAFAEL HENRIQUE, comunica e convida os amigos de Votuporanga e de outras cidades, para hoje, 2 de abril à noite, assistirem a homenagem a ele proporcionada pela Câmara de Vereadores do seu município. 

Seu público reconhece o seu talento na área da música e a sua generosidade em procurar ir ao encontro daqueles que necessitam de uma dose de alegria, sejam idosos ou crianças, onde sempre está presente. 

Daqui da Bahia quero enviar ao amigo RAFA, as minhas felicitações, desejando para ele sucesso na sua vida artística, muita saúde e realização dos seus sonhos.

Seu amigo de sempre, Antonio José de Oliveira.

https://www.facebook.com/

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A PRISÃO DE OTÍLIA

Por Vanessa Campos
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Mulher “macha” era ela. Presa durante um tiroteio entre a volante e o bando de Corisco nas proximidades de Jeremoabo (Bahia), numa manhã de maio de 1935, Otília foi levada  para a cadeia. Apanhou muito e foi torturada durante dias pelo tenente Saturnino   para   que revelasse os segredos do Cangaço. Não contou nada. Saturnino acabou desistindo e mandou soltá-la. Não foi processada.

Entretanto, na prisão sem agressões, deu entrevista espontânea para o Diário de Notícias, de Salvador e fez   revelações. Disse   que os cangaceiros chamavam Maria Bonita de Basé, que ela era teimosa, brigava com Lampião   por ciúmes, e o apelido era merecido. Contou ainda como foi  perseguição da polícia e a fuga dela e de Dadá, ambas grávidas para a Serra do   Periquito, em Pernambuco onde tiveram os filhos. Dadá pariu   primeiro,   no dia 11 de março e ela, dias depois.

A criança de Otília, com três dias de vida foi entregue ao padre Firmino Pinheiro,   da Paróquia de Mata Grande, Alagoas  com   um   bilhete: 

“Padre Firmino, mando esse menino para o senhor criar. Ele não tem culpa dos erros do pai. Nasceu a 21 de abril às 08 horas da noite, filho   de Mariano Laurindo Granja e de Otília Maria de Jesus. Peço ao senhor para ser o padrinho e Nossa Senhora, a madrinha. Seu criado, Mariano Granja”.

O menino recebeu o nome de José.

Otília Maria de Jesus era a companheira do cangaceiro Mariano. Entrou   no Cangaço aos 21 anos e permaneceu quatro. Baiana, morena clara, estatura média. Contam que casou novamente e estava viva até 1965.

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CARTAZ DO FILME ANÉSIA CAUAÇU



Inicialmente, Anésia era uma dona de casa dedicada ao marido e a filha, mas abandonou essa vida para ingressar no cangaço, juntando-se aos seus tios e irmãos que formavam o temido e afamado bando dos Cauaçus.


Carismática e extremamente bonita, Anésia era o membro mais célebre desse bando pois, além de ter conhecimento de táticas de guerrilha e ter uma mira infalível, ela também jogava capoeira. Um de seus grandes feitos foi de arrancar, com um tiro certeiro, o dedo de um delegado que indicava aos policiais onde deveriam se posicionar, durante um tiroteio no centro de Jequié, a uma distância considerável.

Em 1916, Anésia abandonou o cangaço e foi viver com sua família sob proteção de um fazendeiro que devia favores aos cauaçus mas, traída pelo mesmo, foi entregue a polícia e nunca mais se teve notícias dela.

OBS: Segundo alguns estudiosos, teria sido ela a primeira MULHER A ENTRAR NO CANGAÇO. ( Adendo por Volta Seca)

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