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domingo, 30 de dezembro de 2012

Primeira execução pública da música "A Feira de Caruaru"

Por: Rogério Mota
Rogério Mota

Primeira execução pública da música "A Feira de Caruaru"


Durante todo este ano de 2012 estamos comemorando o Centenário de nascimento do Luiz Gonzaga que aconteceu no dia 13 de dezembro. Mas a comemoração continua até o fim do ano.

Enviado pelo autor: Rogério Mota

http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br

Em um dado momento na história do Brasil


Por: Alfredo Bonessi

Incentivado  por Chico Pereira, o único cangaceiro cowboy do sertão, pois usava botas, chapéu de mocinho de cinema e rifle, Lampião enviou seus irmãos Antonio e Levino, com o bando de cangaceiros, para atacar a cidade de Sousa na Paraíba. Lampião não foi ao ataque – estava ferido no pé por bala da volante de Theofannes Torres.  

Theofannes Torres

Para Chico Pereira o ataque serviria como vingança contra os desafetos que tinham  feito atrocidades contra o seu pai naquela cidade. Nessa ocasião Lampião e o seu bando estavam a serviço do Coronel  José Pereira, de Princesa, na Paraíba.  Esse coronel não gostava de Lampião e nem dos cangaceiros – tinha em seus mandos  centenas de jagunços, pistoleiros e muita gente que não prestava – ele era o manda-chuva na região.

Coronel José Pereira de Lima

Com o ataque dos cangaceiros a cidade de Sousa o Coronel Pereira rompe em definitivo com Lampião e seu bando e os expulsa das suas fazendas, mas um cunhado de Pereira continua amigo de Lampião e  o recebe em sua casa, almoçam juntos e são amigos do peito. Essa amizade é do conhecimento do Coronel Pereira que não podendo fazer nada, apenas tenta aconselhar o cunhado a se desligar desse tipo de má gente. Mas ele continua amigo do Rei do Cangaço e é coiteiro dele.

O cangaceiro Chico Pereira

Essa amizade com Chico Pereira não dura, esse cangaceiro quando ferido, foi traído,  e abandonado pelos irmãos Ferreira em um canavial quando estava cercado pelas volantes, estava sem forças e quase moribundo e ainda, nessa ocasião, estava picado de cobra venenosa.

Surge a questão entre João Pessoa e João Dantas – dizem alguns por ciúmes e interesse na namorada de João Dantas. João Pessoa manda a polícia atacar e prender João Dantas na casa da namorada. Esta estaciona o automóvel nos fundos da casa e João Dantas escapole pela janela dos fundos. Mas a policia invade a casa e vasculha todos os aposentos e se apossa das cartas de namoro entre os dois. Essas cartas vão parar nos jornais e os ataques pela mídia da época fica acalorado entre os dois e como decorrente surgem  as ameaças entre ambos: João Dantas avisa: - Se você vier a Pernambuco, morre!

A política  brasileira na ocasião ferve no Sul do País e João Pessoa é o candidato  para a posse  política  – seu prestigio  e fama  estão em alta – todo o País sabe quem é ele.

João Pessoa decide ir ao Recife, mas é avisado pelas pessoas mais chegadas: - Não vá! Você está ameaçado de morte!

- Que nada! vou ao Recife!  e fez pouco caso dos avisos.

João Dantas vem de bonde – está em pé e uma pessoa está sentada  lê o jornal do dia. João Dantas dá uma brechada  na página principal do jornal e vê a noticia que João Pessoa está na cidade. No mesmo bonde ele volta para casa e apanha o revolver.  Procura por João Pessoa e o encontra na confeitaria – espera por ele. João Pessoa sai da confeitaria e João Dantas se aproxima pelas costas. Grita para ele: eu não te disse que não viesse ao Recife!!!! – João Pessoa se vira e investe contra ele de bengala em punho: - Ora seu! .................e leva três tiros.

A noticia se  espalha que nem fogo Brasil afora – João Dantas é considerado o Judas Nacional.  O  crime imediatamente serve de pretexto político e passa a ser considerado político e vira  motivo  principal para a sublevação nacional. Forças Getulistas  tomam o poder e João Dantas é preso com um parente seu que nada tinha a ver com o caso.

Ao lado da cela de João Dantas está o cangaceiro Antonio Silvino cumprindo pena. Tempos antes ele se oferece para pegar Lampião a unha, vivo ou morto e dá até um prazo para o feito:  20 dias.  Mas ninguém acredita nele e o deixa mofar atrás das grades. Você já pensou se houvesse esse encontro?

- quem mataria quem nesse embate?

Antonio Silvino fora um cangaceiro justiceiro, respeitador de lares e de mulheres, pedia antes de se apossar, se alguma mulher  o repreendesse ele até pedia desculpas e ia se embora. Praticava a justiça por onde andava e casou muita gente nesse sertão na marra, às vezes a coice de rifle, outras vezes a ponta de punhal. Não digo que era um homem corajoso, mas astucioso, esperto, muito precavido – andava sempre com pouca gente e se fazia obedecer pelos seus comandados.

Lampião

Lampião era aguerrido, ágil,  não fazia esse tipo justiça, não respeitava as mulheres, permitia que elas fossem estupradas e marcadas a ferro, ele mesmo forçou algumas delas,  não tinha dó de ninguém,  não ligava para a tortura que sofria as suas vitimas, desprezava a morte e sabia que um dia morreria por uma bala qualquer – sua estratégia maior era  não ser pego pela policia. Diversas vezes quis se entregar e seus irmãos não o deixaram.  Levino Ferreira, seu irmão, dizia para ele: você é um frouxo, um covarde – não serve para ser cangaceiro.  Lampião  sabia quando era a hora de lutar e a hora de escapar. E dizia sempre: - Não enfrente os macacos.  Lampião tinha a sua própria justiça, a justiça lampiônica, pois  a justiça era dele – a justiça era ele – ele fazia as suas  vinganças  a sua moda, muito  cruel. Lampião andava quase sempre com muita gente no bando e permitia que   chefes previamente designados mandassem nos seus grupos e decidisse a sorte daqueles cangaceiros  que por acaso fizesse algo que deveria  ser punido com a expulsão do bando ou até mesmo a morte.

- Ele sempre dizia:

“cangaceiro é para morrer no mato, de bala, feito bicho!”

Cumpriu-se essa profecia.

Antonio Silvino sempre afirmava: Lampião é um príncipe!

Lampião sempre dizia:

- Antonio Silvino é um covarde, pois se entregou!

A polícia invade a cela de João Dantas e a luta é ferrenha. Antonio Silvino escuta tudo – foi uma longa briga que acabou com a morte de João Dantas e do seu parente. A população fica sabendo do ocorrido e comemora o acontecido – a vingança fora feita.

Novamente  procura-se um responsável  pela ideia e autorização para a chacina de João Dantas: quem mandou?

A culpa cai em cima do Deputado  Suassuna que nada tem a ver com o caso. Ele mesmo decide ir ao Rio de Janeiro se explicar e  provar que não tem nada a ver com o assassinato de João Dantas. Seus familiares  o aconselham que não vá. Ele vai e é assassinado no Rio de Janeiro.  A questão esfria e a política continua – tudo abafado, mas não para os familiares do Deputado Suassuna que até hoje estão indignados por esse crime e procuram pelos mandantes. Na época o criminoso é mandado trabalhar  próximos as fazendas do Deputado assassinado - mas a viúva  não autoriza a vingança. Depois o criminoso vem trabalhar nas fazendas da  família do Deputado Suassuna, mas a viúva não deixa que o matem.

Final

Com a Revolução de 30 o Coronel Pereira  é derrotado e expulso de suas propriedades e vai se esconder no interior do Sertão  - errou de lado no apoio militar. Somente voltou as suas terras  muito  tempo depois do fato, mas nunca mais se recuperou no poder de mando e decisão, pois a revolução de 30 acabou com a poder dos coronéis e criou a classe política.

Chico Pereira, escapou das balas da polícia e do veneno da cobra mas acabou preso  e covardemente assassinado pela polícia.

Lampião reinou  absoluto no sertão durante o período da revolução de 30 – os militares e as volantes que o perseguiam foram brigar em outra praça de guerra. Por estar tudo calmo e bom demais arrastou  mulheres para o seu bando – Sinhô Pereira comentou; acabou-se a invencibilidade dele.

Dois irmãos Ferreira já estão mortos, Antonio e Levino e em breve morrerá o caçula da família, Ezequiel Ferreira e o cunhado Virginio, ferido em combate mas executado com um tiro no peito pelo cangaceiro Moreno que acabou ficando com a mulher  do “Juiz do Cangaço”.

Lampião sempre dizia; o cabra mais safado que eu conheci foi o Coroné Pereira de Princesa – mas Lampião nunca dizia o porque. Essa rusga começou por um erro de estratégia de Lampião em atacar a cidade de Sousa na Paraíba – como vimos – cidade protegida pelo Coronel Pereira que ali tinha vários amigos.

Hoje, se me perguntarem qual foi o principal fator que desencadeou a revolução de 30 – eu digo: foi um crime passional.

Se me perguntarem quem matou João Dantas na prisão ? – eu respondo que foi a policia a mando dos revolucionários de 30 – para  eliminar a dita causa que deflagrou o conflito. Se ouvissem João Dantas sobre os reais motivos do crime, a tese  inicial da morte política iria por águas abaixo e o caso poderia dar uma reviravolta.

Quem matou o Deputado Suassuna ? – também acredito que foi os revolucionários de 30 para eliminar todas as duvidas de quem mandou matar João Dantas na prisão – acredito que ele estava inocente do fato, até mesmo na morte de João Pessoa que como vimos a causa foi passional e não política.

Por fim veio a morte de Lampião e  o Estado Maior do Cangaço em Angicos - Sergipe.


Estava certo Corisco, que na ocasião, com os olhos cheios de lágrimas e riscando o chão com a ponta do punhal profetizou:

-acabou-se a alegria do sertão.

Alfredo Bonessi