Por Tomislav Femenick
Em janeiro de
2011, publiquei a a matéria abaixo em vários jornais do país e do Estado, sendo
reproduzida em outras tantas páginas na web.
O Globo. Rio
de Janeiro, 05 jan. 2011.
O Jornal de Hoje. Natal, 03 jan. 2011.
Gazeta do Oeste. Mossoró, 05 jan. 2011.
Jornal do Brasil (Brasil Wiki). Rio de Janeiro, 07 jan. 2011.~
Dizem que nós,
os filhos do “país de Mossoró”, somos extremamente bairristas e há até os que
pensam que, além disso, somos metidos; queremos ser mais do que somos. É uma
tremenda inverdade e injustiça que fazem com os que nasceram na terra de Santa
Luzia de Mossoró, assim como eu. Vejamos um fato concreto: a eleição de Dilma
Rousseff para presidente da República e sua posse no último dia primeiro. Há
dois aspectos a considerar. Primeiro não votei nela, até porque concordo com
seu aliado, o piroquete, irrequieto e agitado Ciro Gomes: o José Serra é muito
mais capaz e preparado para dirigir o Brasil. Depois os votos mossoroenses não
eram suficientes para leva-la ao Palácio do Planalto.
Apesar de todas
essas considerações, repito o título deste artigo: tudo começou em Mossoró. A
base foi a Lei Estadual nº 660, de 25 de outubro de 1927, que fez do Rio Grande
do Norte o primeiro a estender o direito do voto às mulheres. Um mês depois, no
dia 25 de novembro de 1927, o nome de Celina Guimarães Vianna, foi incluído na
lista de eleitores da Cidade de Mossoró. O acontecimento teve repercussão até
no exterior, pois ela não somente era a primeira eleitora do Brasil, mas,
também, da primeira eleitora da América do Sul.
Desde o início
do século passado que as mulheres lutavam para conquistar o direito do voto.
Muitas combateram essa luta democrática, muitas enfrentaram resistências
veladas, grosseiras e até ataques físicos. Talvez por isso, após conquistar o
seu status de eleitora Celina, que até então não tivera nenhuma atuação
política, passou a fazer proselitismo pela participação da mulher nas escolhas
eleitorais. Ao receber a confirmação de sua inscrição eleitoral, Celina
telegrafou ao presidente do Senado Federal requerendo que todas as mulheres
tivessem o mesmo direito. Elaborou um panfleto e o distribuiu na cidade,
convocando todas as mulheres para que fizessem suas inscrições no cartório
eleitoral e para que votarem, fazendo ver que tal ação contribuía para o
progresso da cidade, do Estado e do país.
Celina
Guimarães era filha de José Eustáquio de Amorim Guimarães e Eliza de Amorim
Guimarães. Nasceu em 1890 em Natal, onde estudou e concluiu o curso de
professorado na Escola Normal, onde conheceu Elyseu de Oliveira Viana, um jovem
estudante – mas tarde advogado e também professor –, com quem se casou.
Mudou-se para Mossoró em 1914. Como educadora, utilizava o teatro como forma de
despertar o interesse dos alunos (como substituto da palmatória, instrumento de
uso generalizado na época). Ela mesma redigia e dirigia as peças, desenhava e
criava os figurinos. “Por essa e outras iniciativas pedagógicas, Celina foi
incluída no Livro de Honra da Instrução Pública, um reconhecimento pelos bons
serviços prestados ao Estado” – diz Semira Adler Vainsencher, pesquisadora da
Fundação Joaquim Nabuco, do Recife.
Nós
mossoroenses somos acostumados com as mulheres na política, quer nos
bastidores, quer na linha de frente. Há quase quinze anos o “o país de Mossoró”
é dirigido por prefeitas. Há oito anos o Rio Grande do Norte é dirigido por uma
mulher, Wilma de Faria, uma mossoroense. Agora vai ser governado por outra
mulher, Rosalba Ciarline, também mossoroense, que já foi prefeita de nossa
cidade e senadora da República. A cidade de Natal é dirigida por uma prefeita,
assim como várias outras do interior.
Dilma não é
mossoroense nem norte-rio-grandense. Mas para chegar lá, foi preciso que dona
Celina Guimarães Viana lutasse a luta que ela lutou, em nome de todas as
mulheres brasileiras.
O jornal o
Globo publicou este artigo com o título “Mulheres dominam a política do Rio
Grande do Norte”.
Fonte: facebook
http://blogdomendesemendes.blogspot.com