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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Hoje na História - 21 de Setembro de 2010

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Em 21 de setembro de 2010 aconteceu em Mossoró o festival do  humorista mineiro Waldomiro Lobo, no Cine-teatro Glória, onde se originou movimento desusado entre simpatizantes da revolução de São Paulo e adeptos da Aliança Liberal, face a um viva dado àquele Estado e aplaudido pela platéia. 

Em conseqüência, foram presos no dia imediato, o Dr. João Marcelino de Oliveira, Francisco Queiroz, Joel Carvalho e o artista Waldomiro Lobo. 
                

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Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

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O Cangaceiro Antonio Silvino no Rio Grande do Norte

O cangaceiro Antonio Silvino

No dia em que o calendário assinala mais um aniversário do ataque de Lampião a Mossoró, nunca é demais, recordar-se os lamentáveis acontecimentos, lembrando às gerações do presente, os dias tormentosos do cangaceirismo no passado.

Dizem que o Dr. Raul Fernandes, depois do sucesso alcançado com o lançamento de “A Marcha de Lampião”, partiu para uma outra caminhada no roteiro do cangaço: organizar um outro livro, baseado nas incursões de Antônio Silvino e seu bando, no nosso Estado, e assim o fez com o título de “Antônio Silvino no Rio Grande do Norte”.

Conforme se sabe, três chefes de bando armado, deixaram os seus nomes inscritos no livro do cangaço, e na mente das populações sertanejas, de maneira indelével, nesta região: Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino e o mais famoso de todos – Lampião.

Cada um, porém, com a sua história, contada ou escrita com as características próprias e diversificadas, na maneira de agir, ditadas pelo estado temperamental de cada um e pelas condições ecológicas do meio ambiente, na época em que viveram e atuaram.sim faço: dessado.

Jesuíno Brilhante, cronologicamente o primeiro, na nossa região, não foi um celerado qualquer, salteador e sangüinário como tantos. Não. Tinha os seus homens, o seu grupo, é certo; muito mais para se defender da polícia e dos seus numerosos inimigos, do que para a prática do assalto criminoso à propriedade alheia. Não roubava. Sensível ao sofrimento dos humildes, dos injustiçados e desprotegidos da própria sorte, se fez deles protetor. Dizem que assaltou comboios do governo em época de seca, distribuindo os gêneros com os flagelados. A sua história se acha contada pelo escritor conterrâneo Raimundo Nonato em “Jesuíno Brilhante – O Cangaceiro Romântico”.

Antônio Silvino – de quem nos ocuparemos demoradamente neste comentário, em alguns aspectos – e sem que pese a prática de alguns assaltos – tinha lá as suas maneiras de agir, muito semelhantes às de Jesuíno Brilhante. De modo geral, também não assaltava. Mandava um recado, ou, pacificamente se apresentava ele próprio ao chefe da localidade ou ao fazendeiro abastado, a quem fazia o seu pedido, dizia das suas necessidades e das suas pretensões. Uma vez atendido, desaparecia, sem a ninguém molestar.

“Antônio Silvino, pernambucano, usou o rifle dezoito anos. Atravessou o Rio Grande do Norte, pacificamente” – diz o Dr. Raul Fernandes no livro que escreveu sobre Lampião. Este, ao contrário dos dois, foi a expressão máxima do cangaceiro nordestino. Implantou o terror. Foi em síntese, o crime personificado, matando pelo prazer de matar; roubando, pelo prazer de roubar.

No ano de 1901, Antônio Silvino acossado pela polícia paraibana, penetrou no Rio Grande do Norte. Foi exatamente quando se deu o chamado “Fogo da Pedreira”, na fazenda desse nome, pertencente ao Cel. Janúncio Salustiano da Nóbrega, do município de Caicó. Olavo Medeiros Filho residente em Natal, sabe como tudo aconteceu.

Ainda em 1901, há notícia de que esteve em São João do Sabugí. Dizem que, com a sua chegada, com exceção da casa do Sr. Manoel Amâncio, todas as outras da pequena povoação, foram fechadas. Na casa de Amâncio, Silvino foi pacífica e amistosamente recebido. Uma coleta de duzentos mil réis feita pelo seu hospedeiro entre as pessoas mais abastadas da terra, foi o suficiente para que o bandoleiro abandonasse a localidade “internando-se ainda mais neste Estado” – dizia o noticiário da época.

No ano de 1912, esteve em Jucurutu e Augusto Severo, atual Campo Grande. Muito embora Mossoró não tivesse no seu roteiro de visitas, os seus habitantes ficaram em polvorosa: “Uma notícia alarmante correu célere pela cidade nos dias agitados de maio de 1912. Teria sido visto no Alto da Conceição um presumível comparsa de Antônio Silvino” – é o que nos conta Lauro da Escóssia no seu livro de memórias, dizendo mais que “o comércio fechou as portas, o povo se aglomerou, enquanto as autoridades de imediato tomaram as providências cabíveis organizando a defesa da cidade. Mais tarde, tudo estaria esclarecido: Um comerciante da praça reconhecera no suposto ‘perigoso cangaceiro’, um seu freguês, também comerciante em Alexandria, que, quase pagava com a vida as canseiras da viagem” – conclui Lauro.

Vem dessa época, o fato que motivou esse relato. Na sua visita a Augusto Severo – por sinal bem sucedida – Antônio Silvino deixou um recado para o povo de Caraúbas, dizendo que em breve iria até ali, com o mesmo propósito. O recado foi transmitido pelo Padre Pinto, então vigário de Augusto Severo, ao Bel. Alfredo Celso de Oliveira Fagundes, que ali se encontrava em trânsito.
O Dr. Alfredo, recém-investido no cargo de Juiz Distrital de Caraúbas, cioso dos seus deveres de guardião da lei, não viu com bons olhos a descabida e pretensiosa atitude do bandoleiro e ao chegar a sua terra, onde também já havia chegado o “ultimatum” de Silvino, encontrou o chefe local e demais autoridades sobressaltados e desalentados ante a perspectiva da indesejável visita.

Foi quando o juiz tomou a arrojada decisão: assumiu a responsabilidade da defesa do lugar e mandou dizer ao bandoleiro que, “podia vir, mas que seria recebido à bala” – aquela mesma resposta que Rodolfo Fernandes daria mais tarde a Lampião.
É claro que Antônio Silvino não gostou da resposta e mandou-lhe o troco com esta terrível ameaça:

“Pois diga a esse dotôzinho, que breve irei lá. Vô rasgá a sua carta de dotô, queimar a sua casa, esquartejá-lo e depois dinpindurá os seus restos nos postes dos lampiões da luz...”.

Imediatamente a população foi mobilizada. Alberto Maranhão no Governo do Estado, cientificado, mandou “um cunhete de balas (1.000 cartuchos)”. As lideranças locais e fazendeiros convocados atenderam ao chamamento do juiz e de repente 40 rifles estavam a sua disposição. Vários dias a então vila de Caraúbas esteve em pé de guerra na expectativa do ataque iminente, mas Antônio Silvino não apareceu para “rasgá a carta do dotô...”.
De tudo ficou o fato e a foto documentando para a História um acontecimento, fruto de uma época de atraso que já se vai encobrindo na curva do tempo...

Grupo de defensores de Caraúbas ao ataque de Antônio Silvino:

Francisco de Souza, Nilo de Góis, Francisco Amâncio, Elizeu Noronha, Francisco Brasilino, João Cisneiros de Góis, Firmino Gurgel, Osório Pinto, Abel Fernandes, Pedro Oliveira, Manoel Rosa, Mariano Soares, João Neiva, Samuel Mário, Nestor Fernandes, Vital Fernandes, Bento Sobrinho, Bertoldo Soares, Josué de Oliveira, Valério de Freitas, João Câmara, Manoel Darico, Elísio Fernandes, Pedro Fernandes, Joaquim Amâncio, Deodoro Gurgel, Lino Ademar, Manoel Teopompo Fernandes, Jacob Gurgel, Luiz de Oliveira, Joaquim Gurgel, Nestor de Oliveira, Dr. Alfredo Celso, Cícero Fernandes, Raimundo Costa, Manoel Arruda, José Dantas e Matias Fernandes.

Fonte: http://sbec-mossoro.blogspot.com/2008/07/antonio-silvino-no-rio-grande-do-norte.html

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Grandes encontros de ex-policiais de volantes e de ex-cangaceiros, num mundo estranho, de violência, sem tréguas e sem rancor.

Por: Guilherme Machado
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 Há quase 80 anos atrás, uma guerra no sertão nordestino. Cada qual em seu território.


Acima, o soldado Davi Jurubeba, ex- policial pernambucano, que integrava o grupo dos Nazarenos Ferrenho, inimigo de Lampião. Jurubeba morou em Serra Talhada até a sua morte em 2000, aos 98 anos de idade.


Este acima e o ex-cangaceiro Manoel Dantas Loyola (Candeeiro), que conseguiu sobreviver ao massacre de Angicos em 1938. Candeeiro era um novato no bando de Lampião em 1938. Hoje é um grande fazendeiro na cidade de Buíque, Pernambuco.


Os três acima são: o Sargento Zé Rufino, o soldado Bem-Te-Vi e o ex-cangaceiro Ângelo Roque, o  (Labareda, hoje funcionário da Faculdade de Medicina da Bahia.


Acima cumprimentação desconfiada de macaco e cangaceiro. Zé Rufino e Labareda em Jeremoabo, Bahia.

Extraído do blog: Portal do Cangaço de Serrinha-BA.

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TONNI LIMA

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Não quero ser amado pela metade, meus defeitos me integram. 


Preciso que abriguem o meu todo.

Tonni Lima

Extraído do blog: fraseS subntendidaS

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Personalidades da cultura de Mossoró - 06 de Janeiro de 2012

Por: Geraldo Maia do Nascimento

FRANCISCO FAUSTO DE SOUZA 

Nasceu em Mossoró, aos 19 de maio de 1861. “Funcionário público, industrial, deputado estadual várias vezes. Presidente da Intendência de Areia Branca e Prefeito Municipal. Pesquisador, memorialista e nosso primeiro historiador. Integrou a equipe que promoveu o levantamento da documentação de que se valeu o Conselheiro Rui Barbosa para defender os direitos do Rio Grande do Norte, na chamada “Questão de Grossos”, - conforme depoimento de Raimundo Nonato.

Câmara Cascudo dá o retoque em seu retrato:

“- Foi o pesquisador do passado da terra e da gente mossoroense, caçador de arquivos, infatigável copiador de papéis velhos que se comunicaram aos presentes graças à sua intervenção humilde e contínua. Não publicou um livro. Apenas o folheto biográfico do vigário Antônio Joaquim Rodrigues, na segunda edição com notas sobre a freguesia. Tinha notas sobre tudo e alguma parte, útil e clara, foi divulgada por Vingt-Un no “Boletim Bibliográfico”. Não teve tempo para reunir o material. Fundi-lo, deduzindo, prevendo, orientando. Narrava, informava, como uma velha e querida voz do passado, ressuscitando o que ninguém mais podia saber. Sem Francisco Fausto de Souza não é possível avançar-se na história de Mossoró, até certo ponto, perdida e confusa. Foi um benemérito”.
Francisco Fausto de Souza faleceu a 14 de janeiro de 1931, em Areia Branca (RN), onde residia.
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Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

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Raríssima fotografia da cangaceira Lídia e o seu amante carrasco, Zé Baiano, ladeados com outros cangaceiros não identificados.

Por: Guilherme Machado
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Alcino Alves da Costa

"Há muitos anos, dominado pela minha obsessão em pesquisar as coisas do sertão, em especial, as coisas do cangaço, eu vivo à procura de fatos quase que impossíveis de serem encontrados dos tempos de Lampião.
Carrego em meu sentimento uma vontade louca de encontrar fotos daquelas mocinhas que se bandearam para o cangaço. Será que fotografias não conhecidas poderiam ainda ser encontradas? – assim eu imaginava.


Eu tinha quase a convicção que não. Você, meu querido vaqueiro da história, você já imaginou encontrarmos uma foto de Lídia Pereira de Sousa, a famosa Lídia de Zé Baiano, nascida no Raso da Catarina, no lugarejo Salgadinho, o mesmo local do nascimento de Nenê de Luís Pedro e de Naninha de Gavião..."   

Fotografia Datada de 1928...  Retirada do Livro Derrocada do Cangaço do Major Felipe de Castro, Ano 1975.

Extraído do blog: 
Portal do Cangaço de Serrinha-BA, do amigo Guilherme Machado.

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TENENTE ZÉ RUFINO:

Por: Guilherme Machado
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Foi grande a participação do tenente Zé Rufino na campanha contra o cangaço na Bahia. Inimigo número um de Lampião. Abateu vários cangaceiros, dentre eles, Corisco, o Diabo Loiro.


Neste contexto, temos que destacar a figura de Zé Rufino, o implacável caçador de cangaceiros, que aqui residiu, fez família e se tornou, por opção, cidadão jeremoabense. O matador de Corisco, página mais lida de sua história, começa a ter sua biografia destacada. 

Nascido José Osório de Farias, sanfoneiro afamado em seu estado natal, Pernambuco, Zé Rufino foi convidado por Lampião para integrar o bando, que sonhava com sua sanfona alegrando o bando, recusando, e entrando na volante para fugir da vingança do rei do cangaço, que não aceitava uma negativa. Meses depois José Osório engajou-se à polícia chegando a receber graduação de tenente, e a partir daí surgiu o Tenente Zé Rufino. Chegou rapidamente a oficial, alcançando a posição de coronel da Policia Militar da Bahia. Participando de inúmeros combates, Zé Rufino matou muitos cangaceiros, tendo se tornado um dos mais respeitados chefes militares na perseguição ao cangaço, tendo dado fim aos cangaceiros Pai Véi, Mariano, Barra Nova, Zepelim, Canjica, Zabelê, etc., mas Corisco, sem dúvida, foi o que mais lhe deu fama.


Mas o fato que terminou pegando Lampião de surpresa, numa emboscada que ocasionou sua morte, tem também algo a ver com Zé Rufino. Cansado de ver o estrago que o comandante fazia no cangaço, Lampião manda uma mensagem a Corisco que dizia: "Vamos dar uma lição em Zé Rufino, que está querendo passar de pato a ganso." E acertaram um encontro exatamente na Grota do Angico para acertar uma emboscada contra o então tenente José Osório de Farias, conhecido como Zé Rufino. Para Lampião, o tenente andava 'atrapalhando' e era hora de tomar providências.  Surpreendido pela volante, não houve tempo para colocar em prática a emboscada contra Zé Rufino.

Passados os anos turbulentos das perseguições aos cangaceiros, Zé Rufino comprou fazendas na região de Jeremoabo, e aqui viveu até seu derradeiro suspiro. Lembro-me, pequeno, de vê-lo, tranqüila e calmamente, andando pelas ruas de nossa cidade, ou sentado nas barbearias contando um pouco de suas aventuras. Ano passado, sua vida e história foi tema da Conferência de Abertura do Cariri Cangaço 2010, realizado dia 17 de agosto na cidade de Barbalha-CE, com o pesquisador Antônio Amaury Correia de Araujo. Acima Vê-se a Primeira Força Volante Criada Pelo Sargento Zé Rufino Mais Abaixo o Gesticulante Zé Rufino.

Extraído do blog: Portal do Cangaço de Serrinha - BA
http://portaldocangaco.blogspot.com/2012/01/tenente-ze-rufino-foi-grande-sua.html

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Cabeça Cortada do Cangaceiro: Poeta, Sanfoneiro, Cantador, Este Foi o Cangaceiro, Izaias Vieira o Bravo Zabelê.

Por: Guilherme Machado
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Cabeça cortada do cangaceiro Poeta, sanfoneiro cantador. Este foi o cangaceiro, Isaías Vieira, o bravo Zabelê.

 

Este morreu em 14 de outubro de 1933, na Fazenda Lima, em Djalma Dutra, hoje a bela cidade de Miguel Calmon. 

O cangaceiro Zabelê

Zabelê fazia parte do bando do cangaceiro Azulão. O grupo foi dizimado pela coluna dos sargentos que posteriormente passaram a ser Cornéis: José Fernandes Vieira e Jose Osório de Farias ( Zé Rufino).


 José Fernandes Vieira

 

José Osório de Farias - Zé Rufino

Abaixo as cabeças do  dizimado grupo de Azulão.

  

Extraído do blog Portal do Cangaço de Serrinha - BA, do amigo pesquisador: Guilherme Machado


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Lampião e o marketing do medo

Por Pedro Carlos

Lampião e o marketing do medo

Virgulino Ferreira, o Lampião, havia alcançado o ápice da sua saga sanguinolenta pelo interior do Nordeste pelos idos de 1927. Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Sergipe e Ceará conheciam a sua fama de bandoleiro. Homem frio e bandido contumaz, o Capitão Lampião, foi convencido por Massilon de invadir a "meca" nordestina da época, Mossoró, terra de comércio forte, com lojas sortidas, grandes armazéns de mercadorias, prensas de algodão, fábricas, cinemas, mansões senhoriais, caminhões e automóveis. Mossoró, apesar de ser a maior cidade a ser atacada até então pelo bando, não pôs medo aos facínoras, embora Lampião tivesse ficado reticente a princípio.


O cangaceiro não tinha motivos para invadir o Rio Grande do Norte. Aqui nunca havia sido molestado nem havia qualquer tipo de perseguição contra ele e os seus. Por várias vezes, ele havia de dizer aos seus comandados que só entraria no Estado em necessidade de viagem e isso mesmo sem precisar mexer com ninguém. A realidade foi outra. Lampião usou o marketing do medo para a sua mais ousada aventura: invadir Mossoró.


Massilon Leite, que tinha o seu próprio grupo de cangaceiros, juntou-se a Lampião pelas bandas do Ceará. Sabino Leite, outro cangaceiro destemido, também fazia parte do bando que queria saquear Mossoró. A ânsia era tanta, que contam os historiadores Raul Fernandes (autor do livro A Marcha de Lampião) e Raimundo Nonato (autor do livro Lampião em Mossoró) 400 quilômetros foram percorridos em apenas quatro dias e meio. De Luiz Gomes - primeiro município a ser invadido - até Mossoró, deixou-se  um rastro de destruição, mortes e medo. Chegava à cidade tudo aquilo que Lampião mais soube fazer: amedrontar todos os que ouvissem o seu nome.

Em Luiz Gomes, Virgulino e seus seguidores fizeram dois reféns: a mulher do coronel José Lopes da Costa, Maria José, de 63 anos, e Joaquim Moreira, outro ancião. De lá até chegar a Mossoró, Lampião ainda destruiu boa parte de Apodi, tocando fogo em várias lojas e atacando residências. Foi até a comunidade do Gavião (hoje Umarizal) e ainda invadiu Itaú.

Antes de chegar à zona urbana, ele ainda cometeria atrocidades na comunidade de São Sebastião (município de Governador Dix-sept Rosado hoje), há cerca de 40 quilômetros do centro de Mossoró. Virgulino Ferreira chegara à noite com um único intuito: alastrar o medo e a incerteza diante da sua chegada. O local era estratégico.

O coronel Antônio Gurgel, feito refém quando viajava à comunidade de Pedra de Abelha (hoje município de Felipe Guerra) para ir apanhar a sua esposa, acompanhou tudo aquilo e registrou no seu diário, publicado pelo jornal A Notícia, do Rio de Janeiro. Segundo ele, no dia 12 de junho de 1927, por volta da meia-noite, os homens de Lampião chegaram a São Sebastião: "Quando chegamos a S. Sebastião era quase meia-noite. O grupo dirigiu-se à Estação da Estrada de Ferro, onde inutilizaram tudo que lhes caiu nas mãos. Arrebentaram as portas dos armazéns vizinhos, incendiaram dois automóveis ali encontrados; finalmente o grupo passou pela Vila, onde felizmente não cometeu desatino algum".

Mas a realidade seria diferente no dia seguinte, 13 de junho de 1927, ainda de acordo com o diário. "Às 5h30 o grupo levantou acampamento, rumo de Mossoró. Então, à luz do dia, pude ver, horrorizado, aquele bando de demônios entregues aos maiores desatinos, quebrando portas, espaldeirando       quem encontravam, exigindo dinheiro, roubando tudo, numa fúria diabólica. A palavra de ordem era matar e roubar!".

O ataque era um aviso para Mossoró, ali perto. O bando iria entrar na cidade para fazer o mesmo. Tomaria a cidade, saquearia o comércio, limparia os cofres do Banco do Brasil. As notícias a respeito da prosperidade de Mossoró ganhavam as ruas e praças de todo o Nordeste. E não havia um homem de Lampião sequer que não pensasse em enriquecer às custas dos mossoroenses.

A ganância era tanta, que o comedimento inicial de capitão Virgulino foi substituído pelo desejo de por as mãos nas riquezas de Mossoró. Estava diante dele a mais ousada empreitada de guerra. Lampião não iria colocar em jogo apenas as vidas dos seus comparsas, mas colocaria na mesa o maior dos recados dos governos nordestinos. Não existiria, a partir da queda de Mossoró, outro lugar que não pudesse ser invadido por Lampião.

O coronel Antônio Gurgel teve papel importante neste fato histórico. Lampião queria que ele fizesse o pedido de 500 contos de réis para evitar o ataque à cidade. Gurgel ponderou que não tinha muita amizade com o prefeito Rodolfo Fernandes e este poderia não considerar a missiva. Foi então, que surgiu a idéia que se transformou num dos mais importantes documentos históricos de Mossoró: as duas cartas em que o Rei do Cangaço pediria dinheiro para não atacar a cidade.

Em Mossoró, o prefeito Rodolfo Fernandes lutou para convencer as autoridades estaduais do perigo iminente. O primeiro sinal positivo deu-lhe o direito a criar a guarda municipal com poderes de rechaçar qualquer ameaça contra a cidade. E assim ele o fez: com fuzis arrecadados pela Associação Comercial, comprados pela prefeitura e outros enviados pelo Governo do Estado, transformou Mossoró numa grande trincheira.

Mesmo sem conhecimento bélico, Rodolfo Fernandes montou a estratégia vencedora: distribuiu em pontos altos da cidade os principais focos de resistência e estabeleceu algumas metas. A primeira delas seria evitar que os bandidos alcançassem o centro da cidade. E assim o fez.

Transformaram-se em trincheira: a própria casa de Rodolfo Fernandes (hoje o Palácio da Resistência, sede do poder público municipal), a torre da Igreja de São Vicente (a mesma que está até  hoje erguida no centro da cidade), a casa de Afonso Freire, o Ginásio Santa Luzia (hoje sede do Banco do Brasil no centro da cidade), o telégrafo, a torre da Matriz e a empresa F. Marcelino & C.

Ás 16h do dia 13 de junho de 1927, Mossoró vivia uma tarde chuvosa. Dia de Santo Antônio, dia de ir a missa, mas a cidade não tinha ninguém em suas ruas. O coronel Vicente Sabóia já havia sido alertado da presença dos cangaceiros em São Sebastião e comandou a bem sucedida operação de evacuação da cidade. Os mossoroenses que não se entrincheiraram foram para casas de parentes e amigos na zona rural ou até mesmo em outros estados. Em meio ao céu nublado, começou a cortar naquele escuro de fim de tarde o relampejo das balas dos cangaceiros.

Lampião vendera ao prefeito Rodolfo Fernandes a imagem de que iria atacar Mossoró com 150 homens, muito bem armados e com sede de vingança pela sua insurgência. O prefeito não se intimidou e montou uma guarda com cerca de 90 homens. Capitão Virgulino apostou no seu marketing do medo, que traduzia as suas atrocidades muitas vezes maiores do que as cometidas. O prefeito Rodolfo Fernandes apostava na valentia do povo mossoroense e na estratégia montada em que o campo visual para o ataque seria excelente.

Há divergências quanto ao tempo dos combates. Alguns historiadores, como Raimundo Nonato da Silva, apontam para uma batalha de quatro horas. Em seus depoimentos aos jornais da época, inclusive este O Mossoroense, a ex-refém Maria José Lopes e o bandido Jararaca falaram em pouco mais de uma hora. Em seu diário, o coronel Antônio Gurgel também citou um período curto "de cerca de uma hora".

Em meio ao combate, Mossoró saiu vencedora e com dois troféus de destaque: os bandidos Colchete e Jararaca, ambos do grupo que entrara na cidade cantando os versos da canção paraibana "Mulher Rendeira..." Conta o historiador Raul Fernandes, que é filho do prefeito Rodolfo Fernandes, em seu livro a Marcha de Lampião, que os versos eram entoados da seguinte forma: "Ô mulhé rendeira!/ Ô mulhé rendá/ Me ensina a fazê renda/ Qu'eu te ensino a guerreá..."

Pelo jeito, quem ensinou a guerrear foi o povo de  Mossoró.

Amanhã a coluna traz a continuidade dessa história e a visão de um personagem pouco citado nas obras literárias a respeito do ataque de Lampião a Mossoró: o tenente Pedro Sílvio de Morais, oficial da Força Pública, uma visão da guerra de quem trocou tiros com os cangaceiros.

Extraído do blog: "O Mossoroense"
http://www2.uol.com.br/omossoroense/170307/conteudo/pedro.htm

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23 de agosto de 1928, no “A Tarde”

Por: Rubens Antonio
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23 de agosto de 1928, no “A Tarde”:

Após 3 meses de ausência, refugiado nos sertões de Alagoas, reaparece, na fazenda Gravatá, distante 4 léguas da Cachoeira de Paulo Afonso, e sendo incontinenti perseguido pelas forças de Alagoas e Pernambuco, o grupo de Lampião, que atravessou a fronteira de Pernambuco, a poucas léguas acima de Tacaratu.
O grupo está reduzido a 5 bandidos, que atravesssaram o São Francisco, rumando para a Bahia, seguindo em sua perseguição o tenente Queiroz e o sangento Petronilo, ambos da polícia pernambucana.

Extraído do blog: "Cangaço na Bahia"
http://cangaconabahia.blogspot.com/

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10 de agosto de 1928, no “Diario de Noticias”

Por: Rubens Antonio
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10 de agosto de 1928, no “Diario de Noticias”:Lampeão!
Automoveis não trafegam entre Pedra e Garanhuns
MACEIÓ, 9 Argos – Foi suspenso o transito de automoveis entre Pedra e Garanhuns, devido á falta de noticias do paradeiro de 


Lampeão e seu grupo, que se presume continuar amparado por acoitadores.


Extraído do blog: Cangaço na Bahia
http://cangaconabahia.blogspot.com/

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MORRE ENÉLIO PETROVICH, O PRESIDENTE DO INSTITUTO HISTÓRICO DO RN

Enélio Lima Petrovich - Fonte - http://blogdaubern.blogspot.com

Petrovich era o presidente com “gestão perpétua” do Instituto Histórico-Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN) e estava internado na Promater.

No fim do ano passado, Enélio Petrovich sofreu um acidente vascular cerebral, mas chegou a receber alta e retornar para casa.

A Promater ainda não informou oficialmente a causa da morte do pesquisador.

O velório de Enélio Petrovich do será realizado nesta tarde na sede do IHGRN.

Enélio Lima Petrovich esteve na presidência do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN) por 42 anos, onde desenvolveu um inigualável trabalho em favor da cultura do RN. Foi ex-secretário de Estado, publicista, advogado, historiador, escritor, jornalista, imortal da Academia Norte-riograndense de Letras (ANL), e discípulo de Câmara Cascudo. Teve como missão de vida, o zelo pela memória potiguar.

Fonte: Tribuna do Norte

Extraído do blog: "Tok de História"

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Imprensa e Cangaço - "SD" NA TV



O pesquisador e escritor Sergio Augusto de Souza Dantas faz sublime participação neste documentário sobre a passagem de Lampião por Mossoró em junho de 1927. A reportagem foi exibida pela Intertv Cabugi, de Natal, RN em 2007.


Participações do Saldoso poeta e cordelista Zé Saldanha e do 

pesquisador Geraldo Maia.

Extraído do blog: "Lampião Aceso"

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FERNANDO DA GATA

Por: Airton Maranhão
FERNANDO DA GATA
Fernando da Gata

Russas nunca gerou um individuo de mais alto grau de quociente de inteligência e imaginação excessivamente projetadas pelo seu próprio idealismo criminoso, como Chagas da Gata e Fátima Paz, ao tornarem vulto, o famoso bandido Fernando da Gata, Francisco Soares Pereira. 
Menino pobre, bonito, inteligente, esperto, rápido, educado, diferente dos outros, cresceu na infância, calmo, sem traumas, maus-tratos e violência, no desejo de ser cantor sem pensar em ser bandido. Mas, o seu maior sonho era ser soldado do exército. Por conta desse sonho, aos 13 anos de idade, partiu para Fortaleza e trabalhou com o seu tio. Estudou e terminou o ginasial, mesmo no ofício de encanador. Aos 17 anos, partiu para São Paulo, trabalhou e conheceu aquela imensidade. Quando veio o recrutamento voltou para Russas e convocado para servir o Tiro de Guerra, raspou logo a cabeça como soldado, e ao se apresentar com cabelo de militar, fizeram uma investigação e ele foi preso. Prisão essa que findou o sonho de ser sargento do exército e começou o seu tormento. 
Fernando da Gata só tinha na sua ficha policial um crime de furto com a sua primeira prisão no distrito de Redenção, quando fora autuado em flagrante delito. Mas, para distanciar do fantasma de menino pobre, Fernando, com aplicação em tudo que fazia, sua ambição era ganhar muito dinheiro para tirar a sua mãe da pobreza. Por conta dessa extrema generosidade, na pretensão de ser militar, conseguiu uma farda e se passando por sargento do exército, em Russas, pegou mais um apelido, o de sargento. 
Embora considerado o mais célebre dos estupradores, Fernando da Gata foi um bandido romântico, escrevia cartas para a mãe e mandava flores para a namorada, a desaprovar qualquer negação de Deus, com a oração de São Francisco do Canindé que lhe dava sorte e protegia a vida. Com as cem mulheres estupradas com um sorriso no rosto, nem mesmo no disfarce da face do mal, e no pesadelo dos ataques, nunca demonstrou ódio do terror e do espanto como prática de assassinos tenebrosos que estupram e matam por prazer. 
Desconhecia as crueldades dos bizarro, loucos, cruéis e assustadores monstros que desfilaram mundo afora nas galerias dos serial Killers. Como os que matam quem mais ama, que planejam fantasias sexuais, estupram, torturam, estrangulam e retalham as suas vítimas. A imprensa simplesmente escrupulosamente sobre o perigoso bandido dava notícias de análises e impactos de crimes absurdos e violentos, de forma atroz e odiosa a pintar como Michelangelo, as terríveis cenas do inferno com as façanhas e a famigerada alcunha de Fernando da Gata, muito embora que esse apelido infernal e duvidoso, terrivelmente bizarro de Fernando da Gata, tenha surgido por uma extrema brutalidade, de quando criança, perante ao comandante do quartel de Russas, ao fulminar friamente uma gata ao jogá-la na parede. A outra pelo estigma do destino de que como um fantasma o desgraçado corria por cima dos muros e dos telhados com agilidade dos felinos. E a última, particularmente, por o seu genitor chamar-se Chagas da Gata. 
E a sua avó conhecida como a velha gata. Para quem era considerado como um bandido perigoso, nunca cometeu nenhum crime violento, homicídio ou assalto a mão armada, mas deixou o país perplexo com os furtos e os estupros.  Um dos casos de maior repercussão na trajetória do maníaco foi quando em Minas Gerais, o empresário Jair Siqueira, atirou e matou sua filha adolescente, pensando ser o estuprador Fernando da Gata, que invadira a sua residência. Com as histórias de que Fernando da Gata estuprou mais de cem mulheres, o que renegou a sua própria mãe: “100 mulheres estupradas, essa história está errada, meu filho estuprava moça.” Embora que Fernando da Gata tenha estuprado somente moça. Nunca se ouvi dizer que ele tivesse drogado, espancado ou assassinado uma delas. Nem cometido crime de rapto, corrupção de menores ou lesão corporal. Pois por muitos policiais e pelas próprias mulheres estupradas, todos afirmaram que ele era um rapaz, calmo, educado, meigo e muito afável, embora considerado um dos maiores criminosos de todos os tempos. 
E de tanto vivificarem o bandido, fizeram samba enredo, filme, poesia, literatura de cordel, embora temido, para muitos se tornou querido até pela polícia que dele tinha medo. Fernando da Gata não nasceu em nenhum mundo-cão, nem fora a besta humana que pintaram, não teve parceiro, nunca usou arma, droga e nem álcool, nem apresentava distúrbio psíquico. Apenas no triunfalismo dos mistérios e invocações demoníacas, Fernando da Gata, sabia ler o destino nos olhos dos gatos, ao ponto de se tornar invisível diante dos policiais e dos cães que quando o farejam voltavam espavoridos.  Assim como o homem tentou descobrir o elixir da eterna juventude e o segredo da invisibilidade, Fernando da Gata considerado um dos bandidos mais astucioso e inteligente que esse país conheceu, no uso da extrema manifestação sobrenatural desaparecia diante dos olhos da polícia sem deixar  rastro. Assim como furou vários cercos policial, no Ceará, São Paulo e Minas Gerais. Assim, como nas inúmeras perseguições, com helicóptero, cães treinados e centenas de policiais experientes. 
Principalmente com a fuga cinematográfica da cadeia de Mosoró, pondo fogo no teto do xadrez e com o grampo de cabelo de sua namorada abriu o cadeado da cela, fugiu e nunca mais foi preso. Ele entrava nas casas, pedia para a mulher fazer comida, descansava, estuprava e depois ligava para a polícia e sumia. Era um facínora de malícia, orgulhoso e astuto. Ameaçava juiz e delegado, telefonava, mandava bilhete e recado que ia estuprar, escalava o muro e invadia as casas com maior tranqüilidade deixando o General Assis Bezerra desmoralizado. Fernando da Gata, Francisco Soares Pereira, morto pela polícia mineira foi enterrado quatro vezes, a última no cemitério de Russas.


Autor: Airton Maranhão

Extraído do blog:
http://tvrussas.com.br/verNoticia.php?idNot=695&idCat=24

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Manoel Benício

Por: Narciso Dias
Manoel Benício

Manoel Benício da Silva, nascido em 17 de novembro de 1884 na cidade de Santa Luzia do Sabugi na Paraíba, Tenente-Coronel da reserva (falecido). Ingressou na Polícia Militar da Paraíba, logo como Aspensada em 1908 (antigo posto entre o soldado e o Cabo), o presidente do estado era o Dr. João Machado. Foi Delegado em quase todas as cidades do interior do Estado e desde o posto de Sargento comandou o banditismo no sertão do Estado. Sempre falou com euforia de suas constantes lutas contra os cangaceiros, que infestavam a Paraíba e o Nordeste na época de sua mocidade, e cada episódio é um motivo de glória pela sua tenacidade e coragem; porém não se sentiu realizado, apenas por não ter completado o rosário de 100 orelhas de bandoleiros. Com Lampião teve dezoito combates e em um deles chegou a brigar duas vezes no mesmo dia, foi na cidade de Princesa Isabel-PB, onde o Rei do cangaço perdeu dois de seus cabras: Jararaca e Coruja, sendo que esse Jararaca foi o primeiro integrante do bando e não o José Leite de Santana que morreu em Mossoró-RN.

O Tenente-Coronel Manoel Benício alcançou quase todos os degraus hierárquicos da Polícia Militar sem possuir nenhum curso de especialização exigido para o oficialato de hoje; subia de posto pela sua inédita coragem pessoal. Em 1912 o então Sargento Benício à frente de 22 comandados encontrou um grupo de cangaceiros do Dr. Augusto Santa Cruz no município de São João do Cariri-PB, tal fato se deu por ele ter perdido a trilha no meio do mato. Usando de sua astúcia ao encontrar os cangaceiros foi logo dizendo: "Somos seus companheiros é que perdemos a trilha!" Enquanto isso o Cabo Damião avançava com onze homens fingindo ser do mesmo bando, em meio a conversa apareceu um negro forte que desconfiou da atitude do Sargento, gritou: São "macacos" e não amigos, ameaçando-o com um fuzil, então fez com que Benício tomasse uma atitude decisiva quando falou com serenidade, porém pronto para tudo: "Sou o Sargento Benício, da força do tenente Raimundo Rangel". E juntando a ação à palavra fulminou com um tiro o atrevido cangaceiro dando início a um intenso tiroteio, conseguindo sair ileso devido à debandada dos cangaceiros. Manoel Benício quando já estava com idade avançada e sofrendo a sexta intervenção cirúrgica mantendo o bom humor disse ao médico que o assistia: "Pode cortar doutor, pois todo tipo de operação eu já fiz sem nunca ter sido médico".Numa apreciação mais rigorosa, em qualquer tempo se poderá verificar que naquela época do trabuco não havia muita diferença entre cangaceiros e policiais, não somente no modo rústico de guerrear, mas porque tanto uns como outros pouco sabiam o significado da palavra "crime". Manoel Benício ganha posição de destaque entre os bravos militares combatentes do cangaceirismo na Paraíba. Esse estado de tranqüilidade passou, mas não passará tão cedo a preocupação dos estudiosos do assunto em pesquisar com profundidade esses fatos que se transformaram em fenômeno social na história do nordeste brasileiro.


NARCISO DIAS
Sargento da Polícia Militar da Paraíba
Conselheiro do Cariri Cangaço
Fonte: "CANGACEIRISMO DO NORDESTE"
Autor: Antonio Barroso Pontes

  Web site: 
Autor:   Narciso Dias

Extraí do blog: O Cangaço em Foco

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LAMPIÃO, BANDIDO E MARKETING.

Por: Urariano Mota

LAMPIÃO, BANDIDO E MARKETING.

Os 70 anos da morte de Lampião têm dado margem às mais disparatadas interpretações na imprensa. Na verdade, há muito o Capitão Virgulino tem sofrido transformações maiores que as suas proezas. Antes de ser vítima do covarde massacre de Angicos, em 1938, na língua da imprensa ele oscilou entre o Terror do Nordeste e o Rei do Cangaço.

De lá para cá, a sua imagem viajou do injustiçado ao rebelde sem partido, até o ponto do marginal que serviu ao poder de atraso dos "coronéis", os senhores feudais do Nordeste. Em 1978, com a cara de couro curtido de macho, serviu de nome para um jornal dirigido ao público homossexual, O Lampião da Esquina. Nos últimos filmes do cinema, em lugar do homem bárbaro e brutal, ganhou refinamento e sensibilidade de um bom burguês, a beber uísque White Horse e a se perfumar com exagero nas caatingas. Mas nada talvez se compare à rara e original interpretação da historiadora francesa Élise Jasmin.

Segundo ela, no livro Cangaceiros, nas imagens de Lampião feitas por Benjamin Abrahão e outros existiria manipulação da mídia pelo criminoso. Do filme do libanês aos jornais, haveria imagens na fronteira entre o fotojornalismo e a propaganda, sob ordem dos cangaceiros. Notem a impropriedade que faz da permissão para ser fotografado e filmado uma autopromoção calculada e pensada. Notem que pouco importa a contradição, que dizemos!, a franca e aberta guerra e aberração entre o marketing de imagem realizada por bandidos e a foto de suas próprias cabeças cortadas ao fim, em um máximo esforço de tudo pela imagem. É tão simples o interpretar, não é?

Segundo a historiadora, em entrevista:

Estas imagens dos bandidos no auge de sua glória e poder, ao lado das fotos com o jogo cênico de suas mortes, fazem parte desta espetacularização da violência que encontramos nas sociedades modernas. É um fenômeno que vemos se desenvolver especialmente nas grandes cidades atingidas pelo crime organizado. Lampião e seu grupo foram os primeiros a se apropriar deste modo de comunicação, a instrumentalizá-lo, para desafiar seus adversários, impor seu poder e mostrar que seu sistema de valores, a vida que levavam, tinha um sentido para eles.

Sabemos todos que alguns intelectuais franceses têm um extraordinário poder de retórica, a ponto de escreverem um volume inteiro sobre o Nada, com o Ser por acréscimo, mas aqui vai um pouco além o abuso. A chamada espetacularização, neologismo em português, mas que bem entendemos como uma mistura de especulação com espetacular, esse fazer da violência um espetáculo não foi uma criação dos bandidos sertanejos. Eles não são os agentes do espetáculo. As lentes de Benjamin Abrahão, que os filmou, é que fazem o espetacular. Em um filme, isto é básico, o ator não é bem o agente. Quem dirige é quem age. Nas imagens os cangaceiros se mostram, se exibem, mas a direção, o agente, está por trás do que eles fazem e encenam. A pedido, deve-se dizer. Diríamos até, a existência do espetáculo havia sido feita antes por toda a imprensa brasileira. Lampião jamais se declarou ou se julgou o rei do cangaço, por exemplo. Isto foi uma criação da imprensa e do cinema, nos estúdios Vera Cruz.

Acompanhem uma entrevista de Lampião, que pode ser lida, na íntegra, no sítio da sua neta Vera Ferreira, no endereço Clique aqui

- Desejamos um autógrafo seu, Lampião.

- Pois não.

Sentado próximo de uma mesa, o bandido pegou da pena e estacou, embaraçado.

- Que qui escrevo?

- Eu vou ditar.

E Lampião escreveu com mãos firmes, caligrafia regular.

"Juazeiro, 6 de março de 1926

Para... e o Coronel... Lembrança de EU.

Virgulino Ferreira da Silva. Vulgo Lampião".

Os outros facínoras observavam-nos, com um misto de simpatia e desconfiança. Ao lado, como um cão de fila, velava o homem de maior confiança de Lampião, Sabino Gomes, seu lugar-tenente, mal-encarado.

-É verdade, rapazes! Vocês vão ter os nomes publicados nos jornais em letras redondas...

Aqui vê-se o homem que se mostra feliz porque vai aparecer em letras redondas. Ele e todo o bando. Na ocasião dessa entrevista, o bandido sanguinário se encontrava no Juazeiro do Norte, no Ceará, aonde fora a convite do Padre Cícero, para integrar o Batalhão Patriótico, nome pomposo da legalidade para combater a Coluna Prestes. Fizeram-lhe uma foto nesse dia. Dela, assim declara a historiadora: "É aí que o personagem aparece pela primeira vez na imprensa, que vemos seu rosto. Parece uma verdadeira foto de estúdio que se apropriou dos modelos de figuração cinematográficos da época. Lembra Rodolfo Valentino". Quem utilizava quem? Quem fazia espetáculo de quem?

Mas tais coisas, "interpretações", devem ser do gênero e da sina dos que ganham fama. Não importa se bandidos, santos ou heróis, todos sempre serão assassinados mais de uma vez.

Sobre o autor deste artigo: Urariano Mota - Recife. É pernambucano, jornalista e autor de "Soledad no Recife", recriação dos últimos dias de Soledad Barret, mulher do cabo Anselmo, executada pela equipe do Delegado Fleury com o auxílio de Anselmo.

Autor:   Urariano Mota

Extraído do blog: "O Cangaço em Foco", do Delegado de Polícia Civil no Estado de Sergipe: Dr. Archimedes Marques


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CASOS POLICIAIS MISTERIOSOS


Febrônio Índio do Brasil " O Filho da Luz

Febrônio Índio do Brasil é uma das mais intrigantes e assustadoras figuras na história brasileira. Filho de açogueiro, durante a década de 20, Febrônio era antes de tudo um criminoso. Atuou como médico e dentista sem licença ou formação em diversas cidades do Brasil, inclusive Curitiba, deixando um rastro de mortos pela sua má prática da medicina.

No final dos anos 20, depois de uma visão mística, Febrônio tornou-se um profeta. Evangelizador de uma religião própria que pregava a existência do Deus-Vivo. Sua missão, de acordo com as ordens de uma santa loura que apareceu em sua visão, era "escrever um livro e marcar os jovens eleitos com as letras D.C. V.X. V.I., tatuagem que é o símbolo do Deus- Vivo, ainda que com o emprego da violência!". Escreveu um livro chamado As Revelações do Príncipe do Fogo, onde descrevia prolixamente esta religião. Todos os exemplares dos livros foram queimados pela polícia federal logo após sua prisão.

Uma espécie de "bicho-papão" para as crianças brasileiras das décadas de 20 e 30 (era comum os pais dizerem "se você não se comportar, o Febrônio vai te pegar", para as crianças que faziam malcriações), ganhou esta fama ao ser preso, em 1927, sob a acusação de ter estrangulado dois menores que resistiram a seus ataques homossexuais: Alamiro José Ribeiro, em 17 de agosto, e João Ferreira, no dia 29 do mesmo mês. Os corpos, encontrados na Barra da Tijuca, tornaram Febrônio um dos criminosos mais conhecidos do Brasil. Ele chegava a conversar com parentes das vítimas oferecendo emprego aos menores.

Mas o mineiro já era velho conhecido da polícia, tendo sua primeira prisão ocorrido em 1916, aos 21 anos, depois da qual se acumularam outras 29, por motivos diversos como roubo, vadiagem e chantagem. Além disso, segundo palavras do diretor da Casa de Detenção a seu respeito: "consta que ele entrega-se ao vício da pederastia". Depois de assassinar e tatuar quase uma dezena de jovens, Febrônio foi para um manicômio. Fugiu e foi recapturado.

Em junho de 1984 foi lançado o curta-metragem "O Príncipe do Fogo", de Sílvio Da-Rin, tendo Febrônio como tema. Dois meses depois, aos 89 anos e completamente senil, o preso mais antigo do Brasil, interno número 000001 do Manicômio Judiciário, morreu de edema pulmonar agudo. Havia passado 57 anos no hospício.

  Autor:   http://redenet11.blogspot.com/2011/01/febronio-indio-do-brasil-o-filho-da-luz.html

Extraído do Blog: "Folha do Delegado", do Delegado de Polícia Civil no Estado de Sergipe: Dr. Archimedes Marques


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