Por: Gazeta do Oeste
David de
Medeiros Leite: ‘Na Mossoró do século passado, Casa das Lâmpadas era uma loja
comercial’
O professor e
cronista David de Medeiros Leite acaba de publicar, pela Sarau das Letras,
editora da qual é sócio, juntamente com o engenheiro
Clauder
Arcanjo
Clauder
Arcanjo, o livro Casa das lâmpadas, uma reunião de crônicas escritas com o
objetivo de não deixar a memória de lugares, fatos e pessoas simplesmente se
perder. “Já publiquei um trabalho similar a este Casa das lâmpadas, que foi o
livro
Ombudsman
Mossoroense”, destaca o escritor, ressaltando que, na Mossoró do século
passado, Casa das lâmpadas era uma loja comercial. “Digo no livro que seu
proprietário, Luiz Fernandes, nem teve marqueteiro para denominar seu comércio,
tenho certeza. Sempre considerei
“Casa das lâmpadas” uma expressão poética, sugestiva para batizar uma série de
coisas, inclusive um livro. Trata-se de uma reunião de textos sobre pessoas e
fatos mossoroenses.
Manoel Onofre
Jr.
Como diz
Manoel Onofre Jr., em texto para as “orelhas”, tentamos, com o livro, “resgatar
da transitoriedade do jornal”. Em verdade, alguns foram publicados e outros,
não”, explica David. “Apesar de ser um estabelecimento simples, sem a
suntuosidade dos atuais, não me esqueço de que, na decoração, a diversidade das
luminárias despertava a atenção. O longo balcão de madeira se estendia em
paralelo à parede lateral, correspondendo com antigas prateleiras. Até hoje,
quando entro em um comércio similar, me vêm à lembrança as instalações da loja
de seu Luiz”, relembra, no primeiro texto do livro.
Apesar do belo
trabalho literário – a reunião, em si, dos textos, traz um novo momento na obra
de David Leite – e do cuidado com o visual gráfico do livro (desde as escolhas
do papel, ilustrações e da própria capa), David não lançará o livro. “Como
tenho dito, não farei lançamento do Casa das lâmpadas. Deixei alguns exemplares
em livrarias de Mossoró e Natal para alguns interessados”, comenta o autor, que
hoje reside em Natal e onde mantém seus trabalhos, bem como a representação da
editora Sarau das Letras na cidade. “Sonho nosso (Clauder e meu) em dotar
Mossoró e o RN com mais uma forma de incentivo à publicação... A Sarau das
Letras já conta com considerável número de títulos publicados. E, vale
ressaltar, sem dinheiro público de espécie alguma”, explica.
Em contato com
a leitura desde cedo, o autor salienta que o gosto pelo livro começou a partir
dos incentivos recebidos no Instituto Alvorada. “Ainda na época do ensino
elementar, como, também, nos colégios Eliseu Viana e Abel Coelho, onde tive
bons professores. E, claro, as leituras foram as correspondentes de cada
período, ou seja, no primeiro momento,
Monteiro
Lobato,
Machado de
Assis
depois Machado
de Assis, José de Alencar, etc”, diz, sorrindo.
José de
Alencar
Segundo ele,
de leitor interessado aos primeiros passos no caminho da escrita, foi um
percurso meio natural. “Do “alto” dos “meus vinte e poucos anos”, em meados da
década de noventa, comecei a publicar textos nos jornais mossoroenses. Nem sei
se poderia classificá-los como crônicas... Seriam mesmo descomprometidos
escritos de um iniciante rabiscador de província”, fala.
David de
Medeiros se divide entre a Uern e o trabalho de editor. “São campos de atuação
diferentes, é verdade. Na área de Direito Administrativo, lidamos com aspectos
jurídicos que, na maioria das vezes, são distantes dos temas literários. E como
editor da Sarau das Letras (em parceria com Clauder Arcanjo), exercitamos nosso
“diletantismo”, vamos assim dizer, considerando que não auferimos ganho
financeiro, contribuindo com o fomento e o incentivo a novos escritores”,
destaca, ressaltando que, no que concerne aos apoios, “na alçada pública ainda
não existe uma política editorial bem definida que possamos considerar como
apoio ou incentivo aos nossos autores. O que vemos são ações esporádicas e
pontuais que, devo dizer, pouco impulsionam, já que se reduzem a momentos”,
aponta.
Apesar da
falta de apoio aos autores, ou de uma política cultural mais efetiva, David de
Medeiros crê que os escritores estão mais “profissionais”. “Podemos observar
isso no esmero das obras, desde o aspecto gráfico e até mesmo em relação às
questões literárias. E também que existem bons divulgadores dos autores
potiguares, com destaque para um ou outro “Quixote das letras” (como Thiago
Gonzaga, do blog que divulga autores potiguares: 101 livros do RN que você
precisa ler). Em alguns lançamentos de livro, fico a lembrar de
Dr. Vingt-un Rosado
Vingt-un, quando, espantado pelo
reduzido público em determinado evento, perguntou: em que estrelas andavam os
alunos e professores universitários que não comparecem aos eventos
literários?”, destaca.
http://www.gazetadooeste.com.br/noticias-com-casa-das-lampadas-david-de-medeiros-retorna-a-prosa-10670