Quem trafega pela BR-316, sobe o cuscuz sobre a antiga linha férrea de Palmeira dos Índios. Quem conhece a história lança de cima do viaduto, um olhar comprido para as terras planas Palmeira – Arapiraca e vê. Ver na mente um trem deslizando pelas planuras em busca do São Francisco, em busca do Porto Real de Colégio. Época de ouro em que os trens cortavam o vale do Paraíba do Meio, levando progresso entre os verdes canaviais. Cavaleiros do Sertão galopando até Viçosa em procura do cavalo de ferro no complemento da jornada a Maceió. A ansiedade do povo palmeirense no avanço da linha até Quebrangulo, descendo as montanhas até o centro da cidade. Uma festa e tanto a chegada do trem em Palmeira dos Índios.
ANTIGA ESTAÇÃO. (FOTO: CRISTIANO SOARES)
Mas a programação anterior modificada não permitiu sua reta para o Sertão. E a Maria Fumaça quebrou de banda levando rolos de fumo pelo Agreste procurando o “Velho Chico”. Mais uma frustração para o Sertão velho de guerra que deixara escapar o miolo do progresso. Conforma-se em agarrar a rebarba ferroviária. Vem de caminhão a Palmeira e embarca no trem para Maceió. Para quem não tinha nada, qualquer coisa serve. Mas a política do não ao ferro e sim à borracha, também traz a grande decepção para o Agreste. Palmeira dos Índios não dispõe mais do trem. Fica a Maria Fumaça aprisionada em logradouro público, como peça de museu. O trem engolira o caminhão; o ônibus engoliu o trem; as vans engoliram os ônibus.
E o trem de Palmeira dos Índios entra nos romances dos escritores palmeirenses Luis B. Torres, Adalberon Cavalcante Lins, Graciliano Ramos e do santanense Clerisvaldo B. Chagas. A estação, merecidamente transforma-se em Biblioteca Pública. Imagens de pessoas ilustres ocupam as paredes em forma de desenhos e... Quem sabe, se as estantes da casa de cultura não guardam boas histórias do trem de Palmeira dos índios!
Trazemos o sonho de volta ao cuscuz, ao viaduto da via férrea, onde que manda agora são as voltas e os chiados dos pneus.
Ou a cegueira ou insensibilidade para não se encantar com os retratos que o sertão oferece. É bonito, é lindo demais!
Ou a indiferença ou a apatia para que os olhos não brilhem e o coração não se alegre perante os adornos sertanejos que se espalham por todo lugar. É belo, é cativante demais!
No sertão, creia seu moço, tudo é lindo, tudo é belo, tudo é poético, tudo é maravilhoso. E mais, e muito mais!
Ao caminhar pelas estradas de chão, basta olhar mais abaixo, nos beirais do caminho, para avistar a flor e o fruto da jurubeba.
Quem não despertará sentimentos diante daquelas cores amareladas, alaranjadas, avermelhadas? Olhares, admirações, contemplações. Poesia...
Pela mesma estrada, já no sombreado da noite ou logo ao primeiro alvorecer, possível será encontrar a flor do mandacaru ainda em pleno viver.
Infelizmente, como numa metáfora da vida humana, dura apenas um passar de horas a bela flor do mandacaru. Nasce e logo morre a bela flor do mandacaru.
Nasce a mais bela flor e começa a definhar logo à luz da manhã. O fruto vermelho-vinhático do mandacaru igualmente oferece uma encantadora visão.
E logo há de se indagar: por que um fruto tão belo e tão vivo nascido na magrez do cacto e ao lado de espinhos pontudos e vorazes?
E passa uma avoante. Um pássaro tem-tem anuncia a chegada de alguém naquelas distâncias matutas. Uma rolinha fago-pagô procura seu ninho. Estará bem ali!
Um pássaro quero-quero diz do seu desejo de um sertão chuvoso e com fartura. Nas folhagens esvoaçando, a dita do tempo se virá chuva ou não. O sertanejo conhece tudo isso.
Os pios de vez em quando surgem nos escondidos dos ninhos nas catingueiras. O calango sobre na pedra quente e começa a balançar a cabeça. Acredita, não acredita...
Uma pedra no meio do tempo, tão velha como a própria história, repousa paciente debaixo do sol. E chama todo andante a um proseado:
“Parece tudo calado, sem presença e sem voz, mas nunca há mudez no sertão. Farfalha o que resta de folhagem na mata, cantarola o passarinho ainda existe, a mãe-da-lua passa agourando, carcarás e urubus passam em rasantes em busca de bezerro caído. E eu, apenas uma pedra nem sempre avistada, vivendo para testemunhar o quanto há nestas vastidões sertanejas”.
Há, sim, beleza - e também tristeza - por todo lugar. A cabeça-de-frade, tão terra e tão chão sertanejo, ainda assim maravilha o olhar mais sensível.
A casa velha e abandonada faz a memória rebuscar o passado e o viver de um povo. Ouve-se um mugido. Não, não há gado ali, e então por que aquela voz entristecida de curral?
Ora, o curral vazio está ali, a porteira silenciosa também, e igualmente o mugido distante que ainda ecoa pelos carrascais.
E depois que o sol vai se cansando de tanto queimar, então seu candeeiro vai se apagando em lentidão que é só poesia. Tudo lentamente.
No alto, nos horizontes, o amarelado avermelhando entre as nuvens até a última faísca se apagar. Mas não demora muito e outro luzir ressurge.
A lua chega tão bela e grandiosa como todo luar sertanejo. E por tudo isso agradecer a Deus pelo sertão e por tudo que sobre seu solo sagrado existe, como um manto de sublime beleza, como um véu que clama para ser descortinado do olhar.
O governo, ou
governos, pois foram em sete Estados dos nove que compõem a Região Nordeste em
que se deu o fenômeno social, principalmente as ações de Lampião, decretaram,
deram a liberdade, para que os ESPÓLIOS dos cangaceiros, ou seja, tudo o que
era encontrado com eles, em poder deles, no corpo deles fazendo parte da sua
tralha de guerra, ficassem de posse daquele que o matasse. Não importando se
fosse um militar, um contratado, um 'cachimbo' ou simplesmente um voluntário.
Acreditamos
que essa determinação tratou-se de mais um incentivo para que saíssem a cata de
bandoleiros dentro da Mata Branca, território difícil, hostil, porém, bastante
conhecido pela caterva.
Isso, além de
um valor estipulado pela captura ou abatimento de cada bandoleiro estipulado
pelo governo baiano.
VEJA A LISTA
COM OS VALORES QUE TINHA CADA CANGACEIRO ABAIXO:
A história
cangaceira foi vivida por várias personagens. Dentre estas tivemos aquelas que
praticaram o crime, aquelas que formaram frente contra aos criminosos, aquelas
que serviam de colaboradores para um e outro lado e as pobres e inocentes
vítimas.
Destaca-se
bastante a narração literária e oral, principalmente no cangaço implantado por
Virgolino (Ferreira), o chefe cangaceiro alcunhado de Lampião, o famoso “Rei
dos Cangaceiros”, quanto às peripécias realizadas pelo próprio e por seus
‘meninos’, esquecendo em parte, ou às vezes em um todo, de darem as devidas
atenções, o devido valor histórico merecido àqueles que enfrentaram de peito
aberto dentro da Mata Branca os bandos e, consequentemente, as inocentes
vítimas. Vítimas não só das ações cruéis dos cangaceiros, mas, também das
atrocidades terríveis causadas por alguns comandantes e/ou membros das volantes
em todos os Estados nordestinos por onde se propagou o fenômeno social.
Saibamos um
pouco mais quem foi o nazareno tenente João Gomes de Lira:
“(...) Nesta
semana, é a vez de João Gomes de Lira, ex-soldado volante nazareno que combateu
o cangaceirismo e o banditismo no sertão.
Filho de
Antônio Gomes Jurubeba e Luciana Maria da Conceição, este pernambucano nasceu
em 13 de julho de 1913 na Fazenda Jenipapo, distrito de Nazaré do Pico,
município de Floresta, no Estado de Pernambuco.
Ingressou na
Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) em 16 de julho de 1931 e, aos 17 anos, integrou
a força volante que tinha como comandante o coronel Manoel de Souza Neto, que
perseguia Virgulino Ferreira da Silva, o temido Lampião, e seus irmãos Antônio
e Livino. Na época, seu alistamento foi uma necessidade, pois a região de
Floresta estava sendo ameaça pelo bando do Rei do Cangaço, que Lira conheceu
antes de virar policial.
Assim que se
alistou, o comandante geral da PMPE, Roberto Pessoa, indicou o cabo Lira e os
dois soldados Manoel Heráclito da Silva e Francisco Wilson Dourado para
acompanharem o então juiz de Direito da Comarca de Inajá, Pedro Malta, que era
jurado de morte, para fazer os registros dos candidatos a prefeito e vereadores
daquela localidade e permanecer para a eleição e apuração naquela região.
Lira não fez
parte do grupo de policiais que matou Lampião, em 28 de julho de 1938, na Grota
de Angicos, em Poço Redondo, em Sergipe, porém, participou de confrontos com o
temido cangaceiro.
Ao longo da
carreira na PMPE, mesmo com pouco estudo, passou pela hierarquia militar, se
destacando como soldado, comissário, delegado e, por último, tenente. Com o fim
da campanha contra o Cangaço, por muitas vezes, fora ouvido pela imprensa para
contar relatos da luta dos seus conterrâneos e, embora o experiente combatente
integrasse a força policial pernambucana e estivesse em lados opostos ao Rei do
Cangaço, sempre soube reconhecer Lampião como líder nordestino.
Homem de fala
mansa e de uma tranquilidade congelante, Lira se aposentou como
primeiro-tenente da PMPE, mas antes trabalhou em Recife e em municípios do
interior pernambucano. Em um deles, em Carnaíba, foi vereador na década de 1970
e, na ocasião, desmembrou a Câmara Municipal de Vereadores e tornou aquela
edilidade independente. Seus filhos Ruberval e Clóvis Lira também foram
vereadores na mesma localidade.
Pela
Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco e Companhia Editora de Pernambuco,
escreveu o livro “Lampião: Memórias de um Soldado de Volante”, fruto de 35 anos
de pesquisa. Nele, descreveu, com exatidão e presteza, os lances épicos daquela
época, narrando sua vida e suas andanças em busca dos cangaceiros. Para isso, o
militar passou dias em frente à máquina de escrever, rebuscando na memória os
fragmentos das verdades históricas que ele mesmo ajudou a construir.
Antes de
lançar esse livro, um episódio mereceu intervenção do então governador do
Estado de Pernambuco, Roberto Magalhães, já que, ao entregar as escritas a um
representante de uma instituição pública com titularidades acadêmicas para que
houvesse a publicação, Lira teve confiscado todo seu material. Na época, o
nazareno fora recebido no Palácio do Governo Estadual e tratado com respeito e
honras militares.
Após esse
encontro, teve todas as escritas devolvidas e, em seguida, o livro lançado. É
considerado referencial para todos os amantes da História do Brasil e, em
especial, para os soldados nazarenos.
Tido pela
população de Nazaré do Pico como homem de bem, de caráter, sério e batalhador,
recebeu condecorações e diversas homenagens, como a do seu Centenário de
Nascimento em 2013 e a instalação de um busto na praça do distrito, pois se
tornou uma espécie de lenda. A Rodovia PE-329, que liga Carnaíba ao Distrito de
Lagoa da Cruz, passando por Quixaba, no sertão do Pajeú, também recebeu seu
nome.
Em 1987, Lira
voltou para Nazaré do Pico, em Floresta, onde viveu até sua morte em 4 de
agosto de 2011, aos 98 anos. Embora tenha falecido no Hospital Militar de
Pernambuco por complicações de um edema pulmonar, seu corpo foi sepultado no
distrito de Nazaré. O ex-volante era viúvo de Gisélia de Lira, com quem viveu
por 60 anos, e deixou 11 dos 12 filhos, além de netos, bisnetos e demais
familiares.”
Abaixo veremos
um vídeo de produção do pesquisador incansável, daquele que não se mostra a
frente da história, pelo contrário, sempre procurou ficar nos bastidores, Aderbal Nogueira.
Venho aqui
levantar uma polêmica: muitos dizem que Zé Rufino foi covarde pois matou um
aleijado, será? Eu discordo, Rufino poupou a vida de Corisco quando podia tê-lo
sangrado, poupou também Dadá e não deixou ninguém tocar nela. Se Corisco se
entregasse na hora do cerco, Rufino teria garantido sua vida.
Não estou
defendendo Rufino, estou apenas analisando o que realmente aconteceu e acho que
muitos conceitos tem que ser revistos. Vocês acham que Dadá teria se encontrado
com Rufino anos depois se ela não tivesse a certeza de que o culpado do
tiroteio não tivesse sido eles mesmos?
Eleonora vivia
com o cangaceiro Serra Branca, que chefiava um grupo de aproximadamente cinco
cangaceiros. Grupo esse pouco conhecido por viver sempre escondido nas terras
alagoanas. Os cangaceiros desse bando não ganharam destaque em combates, saques
e nem crimes, fugindo da realidade do mundo que cercava os caminhos dos
cangaceirismo, vida cheia de entrechoques perigosos e violentos.
No dia 20 de fevereiro de 1938, com as rodagens cercadas por policiais, que
davam segurança e proteção ao interventor Dr. Osmar Loureiro, de viagem pelos
sertões alagoanos, o tenente João Bezerra deixará sua volante nas proximidades
do Inhapí, ao cômodo do soldado Juvêncio, totalizando nove homens no grupo, que
estavam arranchados perto de uma cacimba.
Os soldados estavam bem á vontade ao redor da cacimba, desarreados dos bornais,
chapéus e cartucheiras, estando alguns sem alparcatas.
Com o amanhecer, entre nove dez horas, enquanto Antonio Jacó tirava água do
riacho, ele observou um cachorro que se aproximou da cacimba e desconfiou que,
pela ornamentada coleira que possuía, só podia ser cachorro de cangaceiro. Os
soldados tinha realmente razão, era o grupo de Serra Branca que vinha se
aproximando.
O chefe trazia nas costa, uma banda de bode, sendo seguido pela mulher Eleonora
e mais dois companheiros, entre eles o Ameaça Antonio Jacó viu quando o soldado
Cornélio levantou-se e empunhou o fuzil, se preparando para atirar, enquanto
ele ajeitava, na cintura, suas cartucheiras com inte e cinco cartuchos. O tiro
zoou, partindo da arma de Cornélio Jacó correu em perseguição aos cangaceiros,
sendo acompanhado pelo soldado Zé Gomes. Na frente de Antonio Jacó corria o
cangaceiro Serra Branca e na frente tentava fugir Eleonora. Jacó gritou:
- Se vira cabra, pra brigar. Se vira pra brigar!
( Acompanhem a perseguição sendo relatada pelo próprio Antonio Jacó ):-Eu
atirando, atirando e correndo. Aqui e acolá ele ( o cangaceiro ) se virava,
dava um tiro e corria. Até que ele se apadrinhou numa catingueira, mas ficou
assim meio de fora eu tive a oportunidade de atirar bem nele. A bala pegou
assim na altura da pá com as costelas e saiu do outro lado, ele se torceu,
jogou a banda de bode prum lado e correu. Ai eu vi que tinha ferido ele, porque
das costas saia sangue. Quando ele saiu correndo eu sai na carreira atrás dele
de novo. Adiante tinha um riacho, ele pulou embaixo, já com pouca força. O
riacho tinha assim um metro e meio de fundura, mais tava seco. Na carreira que
eu ia nem deu para parar na ribanceira do riacho. Ele tava com o rifle armado e
pronto para atirar e como não deu pra mim parar eu pulei encima dele. Ele
assombrou-se com o que viu e ocorreu. Quando ele virou as costas, ai eu
aproveitei e pá. Ele caiu debruçado. Mais eu i que ele não tinha morrido.
Quando ele caiu, a mulher que ia na frente dele viu que ele não podia mais
correr, virou-se abriu os braços. Não sei porque ela abriu os braços assim,
porque foi tudo rápido, não deu para pensar em nada. Naquele instante, Zé
Baixinho vinha atrás de mim e eu não sabia que ele vinha atrás de mim,
acompanhando aquela correria toda. Zé Baixinho que vinha correndo mirou o
mosquetão e atirou na mulher de braços abertos e acertou bem no meio da testa.
Foi um tiro só. A mulher tombou no chão na mesma hora.
O soldado Zé Baixinho aproximou-se de Serra Branca. O cangaceiro apesar do tiro
que havia tomado, levantou-se e atirou. Zé Baixinho caiu entre os matos.
Antonio Jacó atirou no estômago do cangaceiro acabando de mata-lo. Zé Baixinho
levantou-se apenas atordoado pelo susto do tiro, sem ser ferido. Antonio Jacó
cortou a cabeça do casal, amarrou um crânio no outro pelos cabelos e retomou
trazendo os dois troféus, na direção da cacimba, onde estavam arranchados. Na
cacimba, Cornélio estava com a cabeça do cangaceiro Ameaça, separada do corpo
cortada por facão. O tenente João Bezerra que estava um pouco distante na hora
do tiroteio, mas que havia ouvido os tiros, já se encontrava na cacimba quando
Antonio Jacó foi avistado seguindo por dentro do riacho, trazendo as cabeças e
os pertences dos cangaceiros. Os soldados levantaram as cabeças cortadas
mostrando-as aos amigos. Depois de alguns minutos de conversa, diante da
observação do tenente João Bezerra, foi que eles foram ver que Antonio Jacó
tinha perseguido os cangaceiros, estando descalço, sem camisa e sem chapéu.
Os soldado retornaram pra piranhas, transportando as cabeças. De Piranha foram
pra pedra de Delmiro e de lá seguiram pra Santana di Ipanema, onde entregaram
as cabeças aos coronéis Zé Lucena e Teodoro de Camargo Nascimento. Os coronéis
deram a patente de cabo a Antonio Jacó repassou a patente para o amigo
Juvêncio.
Em Santana do Ipanema, os soldados Cornélio, Zé Baixinho, Elias, Octácilio, Zé
Gomes e mais alguns companheiros, prestaram contas aos seus superiores
hierárquicos, tendo por provas os crânios das vitimas abatidas em combate.
Entre as macambiras espinhentas da caatinga, três corpos alimentavam animais
selvagens, enquanto na fazenda Lajeiro do Boi, os pais de Eleonora sofriam a
perda de uma filha querida. Aristéia soube através dos coiteiros da morte da
irmã e por ela verteu lágrimas sentidas.
O padre Demuriês, que celebrava a missa na região de Mata Grande, Canapí,
Inhapí e nas fazendas circunvizinhas, criava em segredo o filho de Eleonora e
Serra Branca, um menino chamado Francisco de Sá. Assim que o padre ficou
sabendo da morte da amiga cangaceira, convocou alguns fiéis e foi, em segredo,
enterrar Eleonora. O padre chegou com facilidade onde estava o corpo, sendo
auxiliado por vaqueiros conhecedores da região. No local, o Ministro de Deus
encomendou o corpo e o enterrou em côa rasa, aberta na urgente necessidade do
momento e coberta por facheiros e macambiras, deixando sepultada uma vitima que
antes de tudo fazia parte de sua vida, ficando, por recordação da amiga, um
filho deixado por ela.
No desencontro diário, na corrida desenfreada pela sobrevivência, o que poderia
substituir o calor doabraço amigo de um pai ?
Quando a humanidade se desorganiza, atônita na fumaça da poluição e na palidez
de medos e violências, uma voz se firma no aconchego da prece: seu pai.
Você, papai, não está superado, quadrado, caduco ou fora de moda. Seu Autor o
desenhou, detalhadamente, no figurino do Universo para o equilíbrio do
Lar.
Pai, você tem sido atacado de todas as maneiras e tem sofrido os dissabores da
ingratidão e do abandono. A tecnologia se especializou na guerra contra a
família e, muitas vezes, você lutou, quase sozinho, porém os séculos não
apagaram seu discurso de amor.
Você ajoelhou-se, diariamente, e clamou por seus filhos. No exemplo,
fortaleceu-se como homem correto e jamais se deixou abater nos apertos
financeiros. Sempre estendeu a mão amiga nas horas tristes e mesmo não tendo
muito para oferecer, deu tudo o que possui.
No seu Dia, receba o sincero reconhecimento por tantas horas de renúncia, de
perdão, de afeto. Os filhos crescem para o mundo, todavia, ao seu lado, são
crianças frágeis, sem juízo, peraltas. Mesmo discordando de suas idéias, na
vaidade de conceitos “atualizados” e modernos, a última palavra é a sua.
Antigamente, quando pequenos, os meninos olhavam para cima para escutá-lo, e
hoje, mais altos do que você, continuam a olhar para cima, porque o
exemplo ficou muito acima deles.
A Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC), fundada há 25 anos a partir do idealismo do pesquisador Paulo de Medeiros Gastão, nasceu com o nítido objetivo de lutar pela preservação da memória dos principais acontecimentos constitutivos da nossa história regional, servindo como uma trincheira de resistência aos discursos que minimizam a experiência histórica do povo nordestino, principalmente a história do sertão. A preservação da memória e da identidade nordestina está no bojo e na alma da SBEC.
Nos próximos
dias os sócios serão convocados para eleger a sua nova diretoria, responsável
por conduzir por um tempo os rumos da nossa Sociedade. Tarefa árdua diante das
inúmeras adversidades que se descortinam e que precisam ser vencidas por
intermédio de uma reestruturação e volta a fonte essencial que dar sentido a
SBEC.
Esse retorno é
necessário e urgente. Para isso é preciso avaliar o percurso, rever atitudes,
escutar os sócios, convocar novos sócios, e consolidar-se como a Instituição
Mãe, pois os estudos sobre o cangaço não estariam na pauta do dia sem os
primeiros passos que foram dados pela SBEC e os seus fundadores. Todos os
pesquisadores, eventos e grupos que trabalham a temática do cangaço devem muito
a “Mãe SBEC”, sendo o Grupo de Estudos do Cangaço da Paraíba, o Grupo de
Estudos do Cangaço do Ceará e o Cariri Cangaço bons frutos que nasceram a
partir das sementes lançadas pela SBEC e através do apoio desta.
Os desafios
são muitos, o trabalho maior ainda, mas a força de vontade e a esperança de que
por meio da união conseguiremos continuar colhendo bons frutos motivam e dão
sentido ao que está por vir. Diante disso, como divulgado nas redes sociais,
foi formada a Chapa 2, “Chapa Unindo Forças”, que tem a frente como candidato a
presidente Lívio Rocha Ferraz e como vice-presidente Wescley Rodrigues Dutra.
De antemão
salientamos que o nosso desejo é de contribuir para alavancar a Sociedade,
darmos as mãos e reestruturamos o legado do memorável Paulo Gastão e de todos
os grandes nomes que nos antecederam. Não pretendemos criar animosidades
desnecessárias e maléficas para os objetivos que nos propomos, pois isso não
contribuirá nesse processo de resgate dos princípios norteadores da nossa
Instituição.
Esse é o
momento de somar, ouvir, dialogar, acolher, para que assim possamos construir
um projeto duradouro. A presente eleição em nenhum momento pode configurar-se
como uma disputa de egos, sendo que, desde já, colocamo-nos a disposição da
Chapa 1 composta por Drª. Elane Marques e Drª. Juliana Pereira, caso logrem
êxito, como também convidamos essas competentes mulheres para comporem conosco
o grupo de reestruturação da SBEC, caso os nossos confrades achem por bem
conduzir-nos a presidência.
Diante do
posto, criamos algumas diretrizes que buscaremos seguir caso eleitos. Óbvio que
são ilustrativas, pois ainda precisamos conversar de forma mais amiúde com os
amigos para colhermos ideias, analisarmos críticas e assim construirmos um
sólido projeto para a SBEC. Dentre as nossas propostas, eis algumas:
a) Reelaboração
do Estatuto da SBEC e registro da Instituição junto aos órgãos oficiais;
b)
Recadastramento dos sócios para que possamos saber quem somos e onde estamos,
contribuindo para solidificação dos nossos laços;
c) Campanha de
integração e associação de novos pesquisadores, artistas, poetas e estudiosos
dos temas que versam sobre o Nordeste;
d) Criação da
Revista da SBEC, um periódico semestral que viabilizará a divulgação das
produções dos associados e colaboradores;
e) Introduzir
a SBEC no mundo virtual através da criação do site da SBEC e das contas junto
ao Instagram e ao Facebook;
f) Criação da
Comissão de Eventos da SBEC;
g) Resgate do
tradicional Fórum do Cangaço;
h) Articulação
do V Encontro Nacional do Cangaço, importante evento de projeção acadêmica que
viabiliza a integração da SBEC com o mundo universitário;
i) Criação da
TV SBEC através de um canal no YouTube, onde se poderá postar entrevistas,
relatos de viagens, eventos e palestras inerentes as temáticas norteadoras da
nossa Sociedade;
j) Criação de
Grupos de Estudo do cangaço nos Estados da federação, a exemplo do Grupo de
Estudos do Cangaço do Ceará e do Grupo de Estudos do Cangaço da Paraíba;
k) Criação de
Comissões nos Estados com a finalidade de promover palestras e divulgar o
cangaço nas escolas;
l) Criação da
Circular SBEC, jornal bimestral que divulgará os feitos da SBEC e a produção
dos sócios;
m) Visitas e
encontros semestrais da diretoria da SBEC com os seus sócios nos vários
Estados. Além de ser um encontro de integração, tal evento possibilitará um
rico debate sobre o cangaço;
n) Criação
anual da Coletânea de artigos dos pesquisadores do cangaço a serem publicados
em e-book;
o) Criação do
Núcleo para jovens pesquisadores, afim de facilitar o acesso de tais
pesquisadores a bibliografia e documentos sobre a temática;
p) Criação de
Comissões de Trabalho dentro da SBEC;
q) Criação de
um arquivo digital para documentos sobre o cangaço, facilitando o acesso aos
pesquisadores como também aos jovens pesquisadores;
r) Integração
entre a SBEC e o mundo acadêmico por meio de parcerias para eventos, pesquisas,
palestras e viagens técnicas.
Essas são
algumas propostas iniciais que não anulam as muitas que ainda queremos receber
dos sócios e de toda a comunidade civil para que assim possamos fazer da SBEC
uma Sociedade mais sólida e colher bons frutos.
Na certeza de
que podemos contar com todos vocês na (re)construção desse sonho, deixamos o
nosso fraternal abraço.
Da antiga casa
que no passado pertenceu a família de Lampião no Poço do Negro (Floresta/PE),
resta apenas um amontoado de tijolos e pequenos pedaços de telhas, que aos
poucos estão desaparecendo devido as intempéries. Em frente às ruínas da casa
ainda hoje permanece vivo um velho pé de Umbu-cajá que conta com mais de cem
anos e que foi plantado pela família Ferreira, durante o período que ali
residiram.
Nesse
documentário faremos um passeio pela região e iremos conferir de perto as
ruínas da antiga casa de Lampião e ver de perto o centenário pé de Umbu-cajá.
Inscrevam-se
no canal. Divulguem a nossa história e cultura.