Por José
Mendes Pereira
Antonio Luiz
Tavares era conhecido no mundo do crime por "Asa Branca" e foi um dos
facínoras que esteve aqui em Mossoró no dia 13 de junho de 1927 com o bando do
capitão Lampião.
Nasceu no dia
10 de Janeiro de 1902 e faleceu de problemas cardíacos em Mossoró, no dia 02 de
Novembro de 1981, sendo que os seus restos mortais repousam no Cemitério São
Sebastião em Mossoró, aos fundos do túmulo de José Leite de Santana, o
ex-cangaceiro Jararaca.
Quando eu
residia no Bom jardim em Mossoró ele morava também no mesmo bairro e próximo da
minha residência, e todos os dias eu o via passar, mas nunca tive uma pequena
conversa com ele, apenas eu o conhecia de vista e chapéu, vez que naquele tempo
todos tinham medo de pessoa que tinha sido ou era fora-da lei.
Antonio Luiz
Tavares ficou órfão de pai aos dois meses de vida, quando um sujeito assassinou
o seu patriarca. Depois de crescido e de compreender a causa de sua orfandade,
já que o assassino era protegido de um chefe político de Cajazeiras do Rio do
Peixe, e não fora punido, Asa Branca vingou o crime. Com medo de ser preso ou
talvez morto dentro da cadeia, já que ainda não tinha maioridade, e como se
defender de abusos por policiais, o jeito foi fugir daquela região, procurando
lugar para se ocultar das autoridades militares e judiciais.
Em 1922,
Lampião fez uma visita à propriedade em que ele estava recolhido, e lá o
encontrou. Ao ver que ele gostava de armas de fogo logo o convidou para
participar da sua saga. Não tendo outra solução, foi obrigado a aceitar o
convite e entrar no bando, e nele o menino foi apelidado de Asa Branca, cujo o
levou para sua cova, deixando o nome de batismo para traz.
O
ex-cangaceiro do bando de Lampião passou cinco anos com o grupo, praticando de
todos os assaltos que o bando fazia. Participou do assalto a Apodi, e outros e
outros, e esteve no ataque a Mossoró, atirando contra a trincheira da Estrada
de Ferro.
Logo após a
frustrada invasão a Mossoró, Asa Branca foi preso pela polícia do Ceará, e
recambiado para Mossoró, quando foi condenado para cumprir uma pena de 10 anos.
O
historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros certa noite lá no Hotel Thermas em
Mossoró ele me falou e comprovado através de documentos (ele me cedeu uma Xerox,
mas não disponho no momento), que Asa Branca iniciou pagar a sua pena em Natal,
posteriormente veio para Mossoró.
Segundo o
jornalista Tomislav Tomislav R. Femenick, certa vez o
ex-cangaceiro foi convidado para participar de uma reunião no Rotary Clube de
Mossoró, e lá se encontrou com Abel Freire Coelho, e que acusador e acusado
trocaram apertos de mãos, como se nada tivesse acontecido, o acusado mesmo
tendo passado tanto tempo por traz das grades, não guardou ódio do seu
acusador.
O jornalista
Tomislav Femenick ainda diz em um dos seus artigos que Asa Branca era conhecido
como um cangaceiro de bons modos e de trato amável. Porém, enquanto permaneceu
no bando ele vivenciou todas as peripécias que faziam parte do cotidiano dos
cangaceiros: ataques, saques, sequestros, mortes, agruras e, também, fugas.
CASAMENTOS
O cangaceiro
Asa Branca fez matrimônio por duas vezes. Ainda na Cadeia Pública de Mossoró
casou-se pela primeira vez com dona Sebastiana Venâncio. Ela natural de
Mossoró, e com ele teve três filhos, os quais são: José Luiz Tavares, Jeová
Luiz Tavares e Dijanete Luiz Tavares. Mas posteriormente o casamento foi de
água abaixo, quando os dois resolveram não mais conviverem juntos, e cada um
procurou o seu destino.
2º. CASAMENTO
O segundo
casamento foi realizado com dona Francisca da Silva Tavares natural de Brejo do
Cruz, no Estado da Paraíba. Ela nasceu no dia 21 de Novembro de 1937, e é filha
de Máximo Batista de Araújo e de Dona Severina Guilermina Silva, ambos
paraibanos. Mas o casamento com dona Francisca da Silva, só aconteceu dezessete
anos depois que ambos já viviam juntos.
Com o
ex-cangaceiro de Lampião Dona Francisca teve nove filhos, e destes, apenas três
estão vivos, os quais são:
Antonio
Esmeraldo Tavares nascido no dia 10 de Novembro de 1957, na cidade de São Bento,
no Estado da Paraíba. Este faleceu em 2018 em Mossoró. Tinha como profissão,
Motorista.
Francisco
Tavares da Silva nascido no dia 14 de abril de 1959, na cidade Caridade, no
Estado do Ceará. Este foi assassinado aos 24 anos de idade, por um primo, por
coisas banais.
Maria Gorete
Tavares Barbosa nascida no dia 1º. de Junho de 1960. Esta exerce a profissão de
artesã de Biscuit.
Maria da
Conceição Tavares da Silva nascida no dia 25 de Fevereiro de 1963, em Caridade,
no Estado do Ceará. Exerce também a profissão de artesã de Biscuit.
Máximo Neto
Batista nascido no dia 04 de maio de 1964, em Caridade, no Estado do Ceará.
Reside atualmente em São Paulo e exerce a profissão de Motorista.
Os demais
filhos do casal não foram citados aqui, porque faleceram ainda criancinhas.
COMO FRANCISCA
DA SILVA TAVAREs CONHECEU O "ASA BRANCA".
No ano de 1954
dona Francisca já era casada e mãe de um filho. Mas nesse período ela contraiu
uma doença, ficando por alguns meses sem andar. Procurando recursos para se
livrar da maldita que ora a perseguia, soube que na região havia um curandeiro,
já de idade. Não foi tão difícil, pois dias depois um velho fazia as curas ao
pé de sua cama. O tempo foi se passando, finalmente dona Francisca se livrou da
maldita e desconhecida doença.
Com aquele
contato de reza vai, reza vem, os dois findaram consumidos de paixões, e dona
Francisca passou a desejá-lo. E no ano de 1955 resolveu abandonar o seu marido
e um filho de sete meses, fugindo com o curandeiro, cujo destino de apoio,
Mossoró.
Mas veja bem
leitor, quem era o curador. Antonio Luiz Tavares o ex-cangaceiro "Asa
Branca" que deve ter aprendido as milagrosas rezas com o seu ex-comandante
Virgulino Ferreira da Silva o Lampião.
Pelo que se
ver é que dona Francisca da Silva Tavares fez o mesmo papelão que fez a rainha
do cangaço a Maria Bonita, quando abandonou o sapateiro José Miguel da Silvao
Zé de Neném, para acompanhar o afamado Lampião. A única diferença entre as duas
é que Maria Bonita tornou-se cangaceira; e Dona Francisca jamais participou de
cangaço.
Mas assim que
o seu pai o Máximo Batista tomou conhecimento que ela havia fugido com o
rezador, isto é, o "Asa Branca", mandou dois dos seus funcionários
procurá-la por todos os recantos de Mossoró.
Já fazia três
dias da permanência do casal em Mossoró, e assim que Asa Branca soube que
estava sendo procurado, resolveu fugir às pressas com a companheira para
Fortaleza, capital do Ceará. Lá, desempregado, foi assistido por um médico, o
doutor Lobo, que logo solucionou o seu problema, e o empregou em uma mina de
ametista.
De Fortaleza,
foram morar em Itapipoca, posteriormente para Caridade, e lá, o casal teve
quatro filhos, mas sempre trabalhando na agricultura.
Anos depois a
família mudou-se para Macaíba, já no Estado do Rio Grande do Norte. Com alguns
anos passados, Asa Branca resolveu retornar à Mossoró, onde aqui criou a sua
família e viveu os seus últimos dias de vida.
Nos anos 70, o
Dr. José Araújo, ex-dentista, e diretor de algumas escolas de Mossoró,
juntamente com João Batista Cascudo Rodrigues, conseguiram um emprego na FURRN,
atualmente UERN, e Asa Branca trabalhou nela até morrer.
CASAMENTO
FEITO ÀS PRESSAS PARA SE EMPREGAR
Como Asa
Branca necessitava se empregar e era necessária a sua documentação, para ter
direito aos benefícios do INSS, e não querendo retornar à sua terra natal, foi
feito um casamento às pressas. Ele resolveu ir à cidade de Porta Alegre, no
Estado do Rio Grande do Norte, e lá fez novos documentos.
(Informação
importante:
Para quem não
sabe, o prefeito Rodolfo Fernandes de Oliveira Martins que preparou Mossoró
para receber Lampião com balas era filho lá da cidade de Portalegre no Alto
Oeste do Rio Grande do Norte).
Continuamos:
De documentos
em mãos foi feito o seu casamento com dona Francisca da Silva Tavares no dia 14
de Janeiro de 1974, no 4º. Cartório Judiciário em Mossoró, Nº. 6.256, fls. 256,
do livro B-16, do Registro Civil de Casamento, assinado pelo tabelião Joca
Bruno da Mota.
Quando as
pessoas o perguntavam quantos ele havia matado, ele respondia: "- Quem
sabe é São Miguel, porque é ele quem pesa as almas".
Nem a sua
esposa ele relatou quantos, mas de certeza foram dois: O assassino do seu pai e
um carcereiro em Mossoró. É claro que no bando ele matou muito mais, mas jamais
revelou o total de mortos pela maldita mira do seu mosquetão.
FAMÍLIA BEM
ESTRUTURADA
A família do
Asa Branca e dona Francisca é composta de: 04 filhos, 17 netos e 28 bisnetos.
Segundo as
pessoas vizinhas dos familiares do ex-cangaceiro Asa Branca, as quais minha
filha Adryanna e eu conversamos com elas, todas foram unânimes e disseram que
eles cresceram naquele bairro Bom Jardim, amigos de todos, honestos e
trabalhadores e dignos de respeito. Nada desabona à família do cangaceiro Asa
Branca.
Observação:
Se a população
de Mossoró descobrir que o cangaceiro Asa Branca era curandeiro,
com certeza, em vez de ser só um facínora santo em Mossoró, serão
dois. Se o cangaceiro Jararaca não rezava nada e é milagroso, o "Asa Branca" rezava muito. Então tem que ser também santificado pela
população desta cidade que é Mossoró.
As infomações
aqui escritas foram cedidas à minha filha Adryanna e a mim pela viúva do Asa
Branca dona Francisca da Silva Tavares em sua residência.
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