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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

EXPEDIÇÃO ANGICO – UM GRUPO DE PESQUISADORES BUSCA COMPREENDER COMO FORAM MORTOS O CANGACEIRO LAMPIÃO, MARIA BONITA E SEUS COMPANHEIROS NA GROTA DO ANGICO

Da esquerda para a direita: Giovane Macário, José Lopes Tavares, Cristiano Ferraz, Richard Torres Pereira, Sálvio Siqueira, Maria Oliveira, Sargento Romilson e Vaneildo Bispo.

78 Anos Depois do Ataque da Polícia Contra o Esconderijo dos Cangaceiros de Lampião na Grota do Angico, Um Grupo de Pesquisadores Nordestinos Pernoitam no Local Buscando Compreender o que Aconteceu. E Lá se Depararam com um Sério Ato de Vandalismo!

 Autor – Rostand Medeiros

As questões que envolvem a morte de Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros na famosa Grota do Angico, em 1938, sempre foi algo muito espinhoso entre os que estudam o tema Cangaço.

Para muitos o chefe cangaceiro Lampião foi pego de surpresa, com a guarda baixa e pagou com a vida. Para outros essa surpresa existiu porque ele e demais membros do bando foram envenenados.

Já logo após as mortes em Angico começaram a surgir uma série de conjecturas, dúvidas e debates sobre como se desenrolaram os acontecimentos relativos àquele combate, as razões das mortes dos cangaceiros e muitas outras questões.

Para ter uma ideia, apresento-lhes uma das muitas narrativas existentes na Internet sobre o fim de Lampião.

Lampião, o Rei do Cangaço

“No dia 27 de julho de 1938, o bando acampou na fazenda Angicos, situada no sertão de Sergipe, esconderijo tido por Lampião como o de maior segurança. Era noite, chovia muito e todos dormiam em suas barracas. A volante chegou tão de mansinho que nem os cães pressentiram. Por volta das 5:15 do dia 28 de julho, os cangaceiros levantaram para rezar o oficio e se preparavam para tomar café; quando um cangaceiro deu o alarme, já era tarde demais.

Não se sabe ao certo quem os traiu. Entretanto, naquele lugar mais seguro, o bando foi pego totalmente desprevenido. Quando os policiais do Tenente João Bezerra e do Sargento Aniceto Rodrigues da Silva abriram fogo com metralhadoras portáteis, os cangaceiros não puderam empreender qualquer tentativa viável de defesa.

O ataque durou uns vinte minutos e poucos conseguiram escapar ao cerco e à morte. Dos trinta e quatro cangaceiros presentes, onze morreram ali mesmo. Lampião foi um dos primeiros a morrer. Logo em seguida, Maria Bonita foi gravemente ferida. Alguns cangaceiros, transtornados pela morte inesperada do seu líder, conseguiram escapar. Bastante eufóricos com a vitória, os policiais apreenderam os bens e mutilaram os mortos. Apreenderam todo o dinheiro, o ouro e as joias.

Lampião, Maria Bonita e seus cangaceiros.

A força volante, de maneira bastante desumana para os dias de hoje, mas seguindo o costume da época, decepou a cabeça de Lampião. Maria Bonita ainda estava viva, apesar de bastante ferida, quando foi degolada. O mesmo ocorreu com Quinta-Feira, Mergulhão (os dois também tiveram suas cabeças arrancadas em vida), Luis Pedro, Elétrico, Enedina, Moeda, Alecrim, Colchete (2) e Macela. Um dos policiais, demonstrando ódio a Lampião, desfere um golpe de coronha de fuzil na sua cabeça, deformando-a; este detalhe contribuiu para difundir a lenda de que Lampião não havia sido morto, e escapara da emboscada, tal foi a modificação causada na fisionomia do cangaceiro.” 

Uma Ideia Muito Interessante

Atualmente, como em muitas áreas de pesquisa, as pessoas que se debruçam sobre o tema do Cangaço se dividem em dois grupos majoritários – Os que pesquisam basicamente em documentos, livros, jornais, bibliotecas e outros locais que lhes tragam informações e pouco vão a campo. Além destes temos os que buscam seguir com maior ênfase “comendo poeira” nas estradas do sertão em busca da tradição oral e dos registros existentes nas memórias coletivas das comunidades distantes do Nordeste e utilizando em menor proporção material documental.


E, como é normal neste ramo de atividade, as duas vertentes possuem bons e maus trabalhos resultantes destas pesquisas e sempre novas produções estão sendo publicadas.

Mas uma nova tendência parece haver surgido nas pesquisas do Cangaço – A dos pesquisadores que se unem para passar algum tempo em locais onde os fatos mais intensos relativos a este tema aconteceram – Os locais de combate.

E o local onde, aparentemente, isso ocorreu pela primeira vez foi na controversa Grota do Angico. Um grupo de pesquisadores nordestinos realizou recentemente uma interessante empreitada de permanência neste local.

Sempre fui uma pessoa que admiro as iniciativas de pesquisadores que buscam conhecer mais a fundo aquilo que estudam e acreditam. E confesso que fico mais entusiasmado com pessoas que desenvolvem novas e interessantes iniciativas em prol do conhecimento.


Recebi informações que essa ideia surgiu por dois caminhos distintos, mas com os mesmos objetivos.

Em maio de 2016, na companhia do artista plástico Sérgio Azol, eu estive na cidade pernambucana de Floresta, onde conhecemos e fomos recepcionados pelos escritores e pesquisadores Marcos Antonio de Sá, conhecido como “Marcos De Carmelita” e Cristiano Luiz Feitosa Ferraz, que recentemente lançaram o interessante livro “As cruzes do Cangaço – Os fatos e personagens de Floresta – PE”. Durante nossa visita Marcos me comentou que em diálogo com os irmãos Francisco e Washington Rodrigues Correa, proprietários do Restaurante Angico, às margens do Rio São Francisco, surgiu a ideia de pernoitar na Grota e ele recebeu apoio desses irmãos.

1938 – Um dia após o combate na Grota do Angico, policiais e curiosos contemplam o cadáver decapitado de Maria Bonita.

Tanto Marcos como Cristiano são agentes da Polícia Civil do Estado de Pernambuco e atuam na área de caatinga, mostrando que pernoitar naquele local não seria algo problemático e seria algo muito positivo, pois existiam mais perguntas do que respostas aos chamados “Mistérios de Angico”. Marcos desejava com esta permanência contrapor informações e realizar uma pesquisa que poderia ampliar as discussões envolvendo os fatos que se deram na Grota do Angico.

Infelizmente, por problemas de saúde, não houve condições da participação de Marcos de Carmelita na empreitada ocorrida recentemente e que descrevemos neste texto. Felizmente o mesmo se encontra em plena recuperação.

Outro que teve o mesmo pensamento e igualmente desejou realizar uma empreitada nos mesmos moldes foi Sebastião Giovane Gomes de Sá. Ele é conhecido como “Giovane Macário”, é natural da cidade pernambucana de Floresta e a idéia surgiu após entrevistar Manoel Cavalcanti de Souza, um antigo membro das forças volantes que perseguiram os cangaceiros e ficou conhecido como “Neco de Pautilia”. Este faleceu em 29 de maio de 2014, aos 101 anos de idade, mas antes de sua partida Giovane lhe prometeu, em meio a um interessante diálogo sobre o tema, que um dia buscaria pernoitar na área da Grota do Angico, com o objetivo de ter uma idéia bem real de como se desenrolaram os episódios envolvendo a morte do maior chefe cangaceiro e sair de lá com muitas respostas. Ou com muito mais perguntas!

Seguindo para a Grota do Angico

Entre preparativos e inúmeros contatos via Internet, nomes foram sendo incluídos e depois retirados por razões diversas. Mas ficou definido que o grupo seguiria para a Grota do Angico no dia 27 de julho de 2016, pernoitando no local e só deixando a área no dia seguinte.

Para reunir os participantes do grupo de pesquisa, além do significado óbvio da data, foi aproveitado a ocorrência do evento Cariri Cangaço, que aconteceria entre os dias 28 a 30 de julho, na cidade de Piranhas, Alagoas. Aonde diversas pessoas de todo Brasil que pesquisam, tem interesse, ou mera curiosidade pelo tema Cangaço, estariam reunidas na região.

Vista da Grota do Angico. Foto realizada pelo autor deste texto, em uma recente visita junto com o artista plástico Sérgio Azol.

Além do Cariri Cangaço estava marcado no dia 28 de julho, na própria Grota do Angico, a 19ª edição da Missa do Cangaço. Este é um evento organizado pela jornalista Vera Ferreira, neta de Lampião, e integrantes do Museu do Cangaço, com apoio logístico da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Estado de Sergipe (SEMARH). 

Salvo alguma informação em contrário e que desconheço, os integrantes deste grupo teriam a honra de serem os primeiros a pernoitar na área com o objetivo de pesquisa, estando no local do combate no dia em que o episódio completava 78 anos de sua ocorrência.

Outra foto do grupo que pernoitou no local.

Este grupo foi formado por Sálvio Siqueira (de São José do Egito, Pernambuco), Cristiano Luiz Feitosa Ferraz e Giovane Macário (ambos de Floresta, Pernambuco), José Lopes Tavares (de Verdejante, Pernambuco, mas residente na cidade do Recife), Romilson Santos (de Aracaju, Sergipe), Vaneildo Bispo (de Canindé do São Francisco, Sergipe), Maria Oliveira (de Poço Redondo, Sergipe) e Richard Torres Pereira (de Serra Talhada, Pernambuco).

Eles se deslocaram ao local via Poço Redondo, até a sede administrativa do Monumento Natural Grota do Angico. Esta é uma unidade de conservação criada pelo governo do Estado de Sergipe, através do Decreto número 24.992, de 21 de dezembro de 2007. Está situada no Alto Sertão Sergipano, a cerca de 200 km de Aracaju, entre os municípios de Poço Redondo e Canindé de São Francisco, às margens do conhecido “Velho Chico”. A área de preservação possui um total de 2.183 hectares, em uma região que abriga remanescentes florestais da Caatinga hiperxerófila densa e foi criado com objetivo de preservar o sítio natural da Grota do Angico e elementos culturais associados, mantendo a integridade dos ecossistemas naturais da Caatinga, para o desenvolvimento de pesquisa científica, educação ambiental, ecoturismo e visitação pública. Desde a sua criação, a unidade é administrada pela SEMARH, recebe visitantes de várias partes do Brasil e do exterior, sendo a única unidade de conservação estadual de Sergipe inserida do bioma caatinga.

Outra imagem da área da Grota do Angico, realizada pelo autor deste texto.

Neste belo local o grupo de pesquisadores deixou a sede administrativa por volta das quatro e quinze da tarde, percorrendo a trilha em cerca de trinta minutos, sendo acompanhados pelo guia do parque James Cardozo.

Ao chegarem a Grota do Angico o grupo encontrou Cícero Rodrigues (de Maceió, Alagoas), que havia feito o roteiro através deslocamento de barco via Entremontes (um distrito de Piranhas).

Foi nesse momento que o grupo percebeu que algo não estava correto.

Triste Vandalismo

Eles notaram que a cruz e a placa em memória da morte do soldado Adrião não estavam mais no seu local original.

Até recentemente quem chegava a Grota do Angico encontrava encravada nas rochas três cruzes que homenageavam aqueles que tombaram no combate de 28 de julho de 1938.

Foto da ocasião em que o autor deste texto esteve na Grota do Angico e fotografou o local com as três cruzes.

Duas das cruzes, uma ao lado da outra, são dedicadas aos cangaceiros e uma outra, menor e localizada mais à esquerda destas duas, era dedicada ao soldado Adrião Pedro de Souza, o único policial morto no combate. Junto desta cruz havia uma placa chantada pelos membros de grupos ligados a pesquisa do Cangaço no Nordeste e que, infelizmente, também havia desaparecido. Tanto a cruz quanto a placa haviam sido colocadas na área em 2013.

Diante deste nefasto ato de depredação e vandalismo a indignação dos membros do grupo foi geral.

Giovane Macário assim descreveu a sua revolta:

“Descemos  para a Grota do Angico, aonde chegamos ás 16:40 e nos deparamos com uma cena triste e revoltante, pois a Cruz e a placa em homenagem ao Soldado Adrião Pedro de Souza tinham sido furtadas por vândalos. Ficamos indignados com a cena e perguntamos ao guia quem tinha sido o responsável. Ele respondeu que da madrugada de domingo para segunda-feira, dia 25 de julho de 2016, teria acontecido o ato de vandalismo. Embora sabemos que esse ato criminoso partiu de alguém poderoso, não podemos acusar ninguém sem provas concretas, mais uma coisa eu tenho certeza – quem fez, isso a mando de alguém, não tem nenhum conhecimento histórico e fez a sociedade olhar para aquela cruz. Pois foi um ato criminoso da pior espécie e pedimos das autoridades competentes providências cabíveis”.

Detalhe da cruz do soldado Adrião.

Já Cristiano Ferraz assim expôs suas impressões sobre a chegada do grupo a Grota do Angico, o ato de vandalismo ali praticado e a montagem do acampamento.

“A última semana (especificamente os dias 27 a 30 de julho de 2016) foi de grande atividade para todos nós. Era chegada a hora de nos deslocar a Piranhas onde se realizaria mais uma edição do evento Cariri Cangaço. Alguns dos participantes do evento planejaram pernoitar no conhecido “Coito do Angico” no município de Poço Redondo, no Estado de Sergipe. Dois grupos foram formados. Um deles se deslocaria durante o dia, via Poço Redondo e outro seguiria durante a noite, de barco, via Piranhas, Alagoas (Este segundo grupo chegou à Grota do Angico por volta de uma e meia da madrugada).

Este grupo chegou à grota do Angico por volta das quatro e quarenta da tarde onde encontrou o companheiro Cícero Rodrigues. Foi nesse momento que percebi imediatamente a ausência da cruz do soldado Adrião.

O grupo em progressão na caatinga.

Fiquei surpreso e preocupado com o fato e perguntei ao funcionário que nos acompanhou até o local sobre o destino da cruz, tendo ele explicado que fora retirada, usando a palavra “vandalismo”. Ele explicou que fora confeccionado um boletim de ocorrência do fato.

Inconformados e preocupados nós passamos a organizar o local do pernoite, armando as barracas e redes (cobertas com lonas) para prevenir das chuvas finas que têm caído no local este ano. Estes preparativos terminaram no início da noite quando, após comer algo (café, biscoitos, pão, etc.), decidimos descer para o local das Cruzes onde acendemos velas pelos mortos e passamos a estudar o local.

À noite, no escuro, o local dá a impressão de ser totalmente diferente do que vemos durante o dia….”

Como ficou o local depois do ato de vandalismo.

Uma Interessante Análise do Que Aconteceu em 1938

Por sua vez o amigo Sálvio Siqueira enviou um interessante texto onde ele faz várias análises do que viu naquela madrugada. Ele também trouxe no seu texto vários questionamentos sobre o fim do “Rei do Cangaço” em 1938.

E, para o bem do debate, os questionamentos devem continuam a existir!

O grupo durante a noite na Grota do Angico.

“No dia 27 de julho de 1938, uma quarta-feira, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, está acoitado no leito do riacho Tamanduá, na fazenda Angico, fincado no município de Poço Redondo, Sergipe.

Ao romper da aurora do dia vindouro, segundo historiadores, do dia 28 de julho, ou seja, na quinta-feira, uma tropa militar, comandada pelo então tenente João Bezerra, é dividida em quatro, ou cinco frentes e ataca os cangaceiros no coito. 

Após o ataque, sabe-se da morte de onze cangaceiros, dentre eles o “Rei dos Cangaceiros”, sua companheira a “Rainha dos cangaceiros”, Maria Gomes de Oliveira, conhecida como Maria Bonita, e uma baixa militar, o soldado Adrião Pedro de Sousa, SD Adrião.

No momento do ataque, uma das colunas, a do Sargento Aniceto, perde-se, não encontrando o local previamente combinado. Com isso, abre uma rota de fuga para aqueles que estavam encurralados sob forte fogo dos soldados.

Pois bem, há duas versões, uma já nem tanto citada sobre o ocorrido, que seria a que ocorreu, com o auxílio de um coiteiro o envenenamento do grupo. A outra versão é que simplesmente a tropa chegou e mandou bala matando os cangaceiros.

 As cruzes dos cangaceiros durante a noite

Sobre o envenenamento, não há sustentáculo, pois o veneno teria atingido, se não mortalmente, parcialmente o restante do grupo.

Parte de nossos estudos, na ocasião, era conhecer o local na escuridão noturna, procurar saber as dificuldades que enfrentou a tropa para se aproximarem, como conseguiram tamanha façanha sem chamarem a atenção dos cangaceiros, e qual hora, aproximadamente, conseguia-se vislumbrar a silhueta de um corpo humano dando condições de ser alvejado.

O tempo, na noite do dia 27 de julho de 2016 para o clarear do dia 28, se comparado as condições climáticas, segundo o que relatam os historiadores, estava diferente da noite do dia 27 de julho de 1938. Não choveu.

Fiz uma análise de como a tropa chegaria sem ser notada até ter visão e posição para atirarem. Usamos o mesmo dia da data do embate, só diferenciando na fase do quarto da lua, da época com a atual, um foi no minguante e a outra na fase crescente.

O calendário lunar nos diz que na noite do dia 27 de julho de 1938, a fase da Lua estava em Crescente. Já na noite do dia 27 de julho de 2016, a fase da Lua estava em Quarto Minguante.

Quarto minguante é uma das fases da Lua. Ocorre quando o ângulo Terra-Lua-Sol é aproximadamente reto, de modo que vemos apenas cerca da metade do disco lunar, no período em que a parte iluminada está diminuindo progressivamente. Já a fase da Lua no Quarto Crescente ocorre quando o Sol e a Lua estão em signos que se encontram a 90° de distância entre si, formando uma quadratura.

Fizemos essa pesquisa para vermos a qualidade de visão noturna, a olho nu, que tiveram mais ou menos os soldados, quando da sua aproximação ao acampamento alvo.


A coisa não foi moleza não. Hoje, com as degradações causadas pelo tempo e homem, notamos a dificuldade de locomoção. Além disso, temos as trilhas, coisa que não acreditamos que tinha naquele tempo.

Após esses fatos pesquisados, esperamos o romper do dia. Lento e preguiçoso, ele começa a clarear vagarosamente…

Em direção ao Rio São Francisco, nós começamos a notar uma grande sombra, como se fosse um monstro deitado, dormindo. É à sombra de uma serra. Do lado contrário, ou seja, lado que se encontrava o bando acoitado, ainda não dava para divisar nada. Com o passar do tempo, começamos a vislumbrar imagens, vultos, sem termos a certeza do que seria… Mais um pouco de tempo e, aí sim, já se consegue ver bem uma pessoa. Quando registramos essas imagens, estávamos do lado, mais ou menos em que estavam os soldados que fizeram parte da coluna do tenente Bezerra.

Visão, só com a clarear do dia, pois o mato e localidade em que se encontravam aqueles que estavam dentro da grota, no leito do riacho, ainda estavam protegidos pelas ultimas sombras da noite. E mesmo pela mata e profundidade, impedindo um clarear definido.

Quanto à linha propícia de fogo, ou para fogo, posição de tiro, que foi de cima para baixo, só se consegue ter essa posição estando bem em cima, no topo da barreira. Com 30 metros de distância da beira da barranca não se consegue ver o fundo da grota. Nem com 20 metros, nem 15 metros, nem com 10 metros. Em fim, só há essa possibilidade, posição de tiro, estando com 5 metros ou menos em cima da barreira. 

O acampamento.

78 anos depois do ataque, sem claridade ainda, tentamos nos aproximar sem fazermos barulho. Qualquer som, no silêncio da madrugada é escutado ao longe. Claro que a mata está diferente, mais para devastada, ou seja, na época do ataque, a mata era mais fechada causando mais dificuldades para se locomover dentro dela sem fazer barulho, principalmente se a pessoa estiver com bornais, facas, facões e fuzis nas mãos, aumentando o volume, é lógico que se necessita de mais espaço para se mover. Lembremos que a tropa contava com 50 praças, dividida e quatro ou cinco colunas.

A quantidade de cangaceiros é incerta. Não se sabe com exatidão o número dos que estavam ali acoitados.

Para saber-se da margem direita e esquerda de um rio, ou riacho, posicione-se no centro do leito e procure ficar de frente para onde as águas seguem, nessa posição, saberá a margem direita e a esquerda do rio, ou riacho, mesmo este sendo temporário.

Cristiano Ferraz e membros do grupo. Agradeço a este nobre amigo, bem como a Sálvio Siqueira e Geovani Macário pelo apoio com os textos remetidos e revisão. O meu muito obrigado pelo apoio ao TOK DE HISTÓRIA.

Em nossa pesquisa, lá, no local, notamos que parte do grupo, o chefiado por Zé Sereno, ficou na margem esquerda do riacho. Fora do leito do riacho. Junto ao chefe mor só o seu Estado Maior. Dentro da grota.

A volante era composta por homens acostumados no mato, no entanto, os grupos de cangaceiros também eram formados por homens que conviviam desde que nasceram dentro do mato. Homens que tinham os sentidos muito bem aguçados, pois, dependiam deles para sobreviverem. 

1938 – Curiosos diante dos corpos dos cangaceiros.

Caso imprevisto por nós, mas, que serviu muito bem como pesquisa, foi a chegada de seis outros pesquisadores entre 01:00 e 02:00 horas da madrugada já do dia 28. Nosso amigo, pesquisador Richard Pereira, escutou ruídos, sons que “informavam” a aproximação de pessoas. E eles estavam longe, muito distantes do acampamento, do outro lado do riacho ainda, por onde seguiu a coluna com o tenente Bezerra. E nós não estávamos com nossos sentidos alertas, com cuidado e medo de sermos atacados por volantes.

Bem, mesmo não sabendo a quantidade exata dos cangaceiros, mas, que se eleva ao número de trinta pessoas, sabemos ser ilógico que todos, exatamente todos eles, tenham se embriagado, coletivamente. E a ponto de não notarem algo suspeito? Lembremos, também, que eram pessoas foragidas, o que as deixava mais cuidadosas ainda. Com seus sentidos em alerta o tempo todo, mesmo inconscientes desse sentido, sentido causado pelo medo, medo de morrer. Mesmo assim, ninguém se deu conta de nada?

1938 – A barraca de Lampião

Ainda tem a declaração de remanescentes que citaram que foram rezar o ofício e retornaram para as toldas. Mais uma linha de que já estavam acordados.

Bem, meus amigos, eu acredito que alguém, algum conhecido, bem chegado ao “Rei dos Cangaceiros”, tenha feito algum trato para se aproximar, e, com isso, a guarda fora totalmente baixada para que se desse a aproximação. Além de ter alguém, do próprio grupo de Lampião, tê-lo traído internamente. 

Zé Sereno, seus homens e outros estavam na parte de cima, em cima da barreira, um pouco mais recuados, em relação à posição de Lampião, com maiores possibilidades de escutarem, notarem, a aproximação da coluna que tomava chegada com o tenente Bezerra. Se acharmos que a cavidade em que se encontravam Lampião e outros cangaceiros, dificultada a propagação do som.

No entanto, partiram em oposição, e isso é mais uma prova do lugar em que estavam, em que se encontravam, contrária à correnteza e ao avanço da coluna que chegava no sentido noroeste do acampamento. E, por incrível que pareça o grupo parte em sentido sudoeste, e, é mesmo nesse sentido que o sargento Aniceto se perde com a sua coluna, deixando uma via de fuga.

1938 – Morte de Lampião, Maria Bonito e seus companheiros em jornal do Rio de Janeiro.

Ao romper do dia, um dos pesquisadores do grupo, disparou vários tiros. Esses disparos faziam parte da pesquisa. Não se sabe de onde o tiro parte exatamente, pois, lá, naquele emaranhado de elevações e extensão do terreno, forma-se um eco constante. Não deixando ter-se, exatamente, a noção da posição exata do disparo. Lembremos que os pesquisadores que chegaram mais tarde, ao desembarcarem na margem direita do ri São Francisco, dispararam uma arma. Porém, só viemos saber quando eles chegaram e nos disseram. Mesmo no silêncio da madrugada, o tiro disparado as margens do “Velho Chico”, as águas e os contrafortes das serras produzirem um eco, o som não chegou ao acampamento onde estávamos.

Como, então, parte do grupo tomou o rumo certo? 

O sentido exato da brecha deixada por um sargento que se perdera com seus homens?

Não falo de ouvi dizer, mais, de estar lá, naquele local, amanhecendo o dia, e escutando o eco de vários disparos as margens do riacho. A guarda do Capitão foi baixada, isso é correto afirmar.

Mas, por quê?

Como cito acima, acredito que tenha vindo um pedido de aproximação, não de uma tropa militar, é claro, mas, de uma pessoa, coiteira, que o fez ficar, ou continuar, à vontade.” 

No Exterior Esse Tipo de Ação é Normal 

Como tudo que envolve o Cangaço e Lampião sempre existem controvérsias, eu não duvido que muitos dos que venham a ler este texto talvez torçam o nariz diante desta empreitada.

A pessoa com uniforme militar, apresentando um fuzil semiautomático Garand M1, na verdade é membro de um grupo de pesquisa e preservação histórica dos combatentes estadunidenses que participaram do famoso Dia D – Fonte Getty Images

Talvez vejam como uma grande perda de tempo e de esforço madrugar no meio do mato, onde foram mortos vários bandidos. Isso tudo em um país que tem um quadro atual de violência associado a uma verdadeira praga.

Mas é fato que o episódio da Grota do Angico é antes de tudo História.

Nos Estados Unidos e na Europa, regiões com um amplo histórico de confrontos bélicos e com inúmeros locais onde se desenrolaram terríveis combates, a presença de pesquisadores nestas áreas históricas é algo bem comum e aceito, inclusive pelas universidades.

Membros de um grupo de pesquisa da Guerra Civil Americana apresenta as armas utilizadas pelos exércitos do sul.

Diversos grupos ampliam suas pesquisas a ponto de existirem interessantes reencenações de episódios históricos, com forte afluência de público desejosa de conhecer mais sobre estes conflitos.

Esses grupos, para realizar seu trabalho dedicam muito tempo pesquisando e debatendo como deve ocorrer uma reencenação, ampliando muitas vezes a informação histórica com o surgimento de interessantes detalhas.

Reconstituição de um acampamento das tropas sulistas da Guerra Civil Americana, sendo apresentado no Texas.

Nos Estados Unidos predominam grupos que pesquisam e realizam reencenações sobre episódios da Guerra da Independência, da Guerra Civil Americana, de fatos da Segunda Guerra Mundial. Na Europa, principalmente na Inglaterra, Alemanha, Itália e Suécia, estes grupos pesquisam e reencenam episódios que abrangem fatos ligados desde os conflitos entre as Legiões Romanas e os Bárbaros, até a Segunda Guerra Mundial.

O grupo de nordestinos que estiveram na Grota do Angico, salvo informação em contrário, não pensa em uma reencenação histórica. O paralelo que faço com o que é realizado lá fora tem haver com a INICIATIVA de pessoas em conhecer a História de sua região.

E como dizem por aí que nós brasileiros somos tidos como um povo que não se importa muito com a sua História, então só tenho a louvar a empreitada deste grupo de nordestinos.

FONTES

http://joaodesousalima.blogspot.com.br/2016/07/cariri-cangaco-de-piranhas-nos-78-anos.html
http://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2016/07/78-aniversario-da-morte-de-lampiao-e-tema-de-celebracao.html
http://www.semarh.se.gov.br/biodiversidade/modules/tinyd0/index.php?id=11
http://www.utpa.edu/news/2015/03/making-history-utpa-launches-rio-grande-valley-civil-war-trail.htm

https://tokdehistoria.com.br/2016/08/12/expedicao-angico-um-grupo-de-pesquisadores-busca-compreender-como-foram-mortos-o-cangaceiro-lampiao-maria-bonita-e-seus-companheiros-na-grota-do-angico/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

A MENINA E O MÉDICO [1]

Por José Romero Araújo Cardoso

Para Dr. Almir Castro (In memoriam) e Dr. Avelino Elias de Queiroga (In memoriam)

Dr. Aristeu levantou-se da cama e foi se refrescar no terraço de sua casa. Não estava aguentando o calor insuportável que fazia naquela madrugada sertaneja. Talvez o vento de Aracati aplacasse aquela quentura insuportável. O ventilador que possuía tinha doado a um senhor de idade avançada que estava internado no hospital. Humanista ao extremo, era impossível dispor de um ar-condicionado que pudesse lhe proporcionar melhor qualidade de vida. Tudo que possuía dispunha aos semelhantes. Filas se formavam na porta de sua casa, pois nada cobrava pelos serviços médicos. Apenas contava com o minguado salário como médico na unidade de saúde do município sertanejo em que residia.
          
Fazia pouco tempo que havia chegado de um plantão, cujas ocorrências tinham sido bastante intensas. Finalmente quando ia adormecendo, ouviu umas batidas discretas no portão da casa. Atendeu prontamente quem solicitava entrar. Era uma menina magrinha, a qual talvez contasse uns 13 nos, pedindo-lhe pelo amor de Deus para socorrer a mãe que estava muito doente.
          
Imediatamente, Dr. Aristeu tirou da garagem o velho corcel modelo 1967, um dos poucos bens que possuía, colocou a garotinha no banco do passageiro e pediu-lhe para mostrar onde sua mãe morava.
          
Indagando-lhe sobre como chamava-se, descobriu que o nome da menina era Rosália. Em seguida pediu-lhe para mostrar o caminho, rumando para a zona rural a fim de implementar procedimentos médicos a fim de salvar a vida da mãe de Rosália.
          
Pela estrada poeirenta, o carro rodou cerca de 45 quilômetros, até chegarem a uma humílima casinha de taipa perdida nas quebradas do sertão. A situação de necessidade era vislumbrada a olhos vistos, pois quase nada de bens materiais encontrava-se naquela pobre moradia.
          
No único quarto existente na pequena tapera, Dr. Aristeu encontrou a pobre mulher, cuja idade em torno de 45 anos não correspondia ao aspecto físico apresentado, deitada em uma cama tosca, contorcendo-se de dores.
          
Não demorou para que o experiente médico constatasse que aquela mulher estava sofrendo de forte e aguda crise de vesícula, mal que realmente a acometia imemorialmente, mas aquela prova de fogo pela qual estava passando era uma das piores que já enfrentara em sua atribulada existência marcada pelas privações.   
          
A situação era tão grave que tudo estava no escuro, pois a sofrida mulher não tinha recursos nem para comprar querosene para colocar nas lamparinas e, dessa forma, iluminar a casinha onde morava.
          
Procedimento médicos tinham que ser realizados imediatamente, mas havia a necessidade de iluminar o ambiente. Dr. Aristeu, então, foi ao carro e pegou um instrumento de metal, tipo picareta, o qual colocava para eventualidades ou imprevistos envolvendo o veículo, como atoleiros ou acidentes dentro de buracos, passando a romper a fina parede de barro, tendo conseguido sem muito esforço.
          
Em seguida ligou os faróis do carro e começou a realizar seu trabalho médico, não tendo demorado muito para que os efeitos começassem a ser notados. A pobre mulher reagia formidavelmente aos medicamentos ministrados pelo médico, pois as dores insuportáveis começavam a desparecer gradativamente.
          
Dr. Aristeu notou ainda que o mal que a acometia não era apenas vesicular, mas também fome parecia minar suas forças, lembrando-se, então, que a janta preparada pelas cozinheiras do hospital em uma marmita, pois não tinha tido tempo de alimentar-se normalmente, ainda estava no carro.
          
Correu até o veículo e constatou que a marmita ainda estava no banco traseiro do velho corcel que tanto tem sido útil em sua profissão maravilhosa, bem como nos raros momento de lazer. Apanhou-a e levou-a para a mulher, a qual, finalmente, depois de dias, tinha um alimento saudável para saciar a fome atroz que a acometia de forma intensa.
          
Mais ou menos uma hora depois da realização do procedimento médico e de sua alimentação digna para um ser humano, a mulher foi recobrando todos os sentidos, notando que um médico havia salvo sua vida.
          
Mas como um discípulo de Hipócrates tinha lhe encontrado naquele estado deplorável de saúde em tão esquecidos ermos das quebradas do sertão, perguntou a si mesma a mulher, fazendo a indagação ao médico a sua frente.
          
Dr. Aristeu contou-lhe então a história da menina magrinha que havia lhe procurado, pedindo pelo amor de Deus para salvar sua mãe enferma, dizendo-lhe que a mesma chamava-se Rosália.
          
A mulher caiu em prantos, soluçando de forma incontrolável e despertando a atenção do médico, o qual pediu-lhe para dizer a razão por que tinha entrado naquele estado tétrico e preocupante.
          
Depois de algum tempo, após recobrar a razão, a mulher disse-lhe ser viúva e que tinha uma filhinha de 13 anos, chamada Rosália, mas que esta havia falecido de fome e de sede na seca de 1958.
          
Atônito e surpreso, ao mesmo tempo, Dr. Aristeu, naquela madrugada sertaneja quente e abafada, converteu-se ao Espiritismo Kardecista e intensificou sua luta humanista em prol do bem-estar dos seus semelhantes.

[1] Baseado em fato real.

José Romero Araújo Cardoso:

Geógrafo (UFPB). Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB-1996) e em Organização de Arquivos (UFPB - 1997). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (2002). Atualmente é professor adjunto IV do Departamento de Geografia/DGE da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais/FAFIC da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte/UERN. Tem experiência na área de Geografia Humana, com ênfase à Geografia Agrária, atuando principalmente nos seguintes temas: ambientalismo, nordeste, temas regionais. Espeleologia é tema presente em pesquisas. Escritor e articulista cultural. Escreve para diversos jornais, sites e blogs. Sócio da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) e do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP). Membro da Associação dos Escritores Mossoroenses (ASCRIM).

Endereço residencial:
Rua Raimundo Guilherme, 117 – Quadra 34 – Lote 32 – Conjunto Vingt Rosado – Mossoró – RN – CEP: 59.626-630 – Fones: (84) 9-8738-0646 – (84) 9-9702-3596 – E-mail: romero.cardoso@gmail.com

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CANGAÇO - CADIM MACHADO, ÚLTIMO COITEIRO DE CORISCO

Por Raul Meneleu mascarenhas

Essa postagem efetuada pelo confrade Geziel Mourana página do Grupo Público HISTOGRAFIA DO CANGAÇO, no Facebook, só vem a enriquecer o debate sobre essa saga que divide-se em diversos atos, cada qual mais impactante que o outro. Temos nessa reportagem do Geziel, o depoimento de quem viveu à época de um dos mais sádicos episódios do cangaço, que foi o assassinato cometido por Corisco e seu bando quando aniquilou estupidamente quase toda uma família, por ter recebido uma informação que achava ser verdade.

Essa história nunca poderá ser esquecida. O local da tragédia permanecerá para sempre na memória registrada por aqueles que escrevem e estudam o cangaço cujos principais personagens dele foram Lampião e Corisco. 

Estivemos nessa casa e já estava caindo aos pedaços, abandonada, e com certeza não resistirá por muito tempo. Mas a história selará sobre o local sua marca indelével pois já foi escrita em diversos livros e documentários como o que fiz, quando o chamei de A Vingança de Corisco no Palco dos Inocentes, quando uma comitiva de apreciadores da Saga do Cangaço, reuniram-se e escutaram essa essa narrativa feita pelo Senhor Celso Rodrigues.

História essa, registrada para mais de uma centena de pesquisadores, historiadores e admiradores do tema. Foi proferida na Fazenda Patos, no município de Piranhas no Estado de Alagoas, Brasil, que foi o palco dessa atrocidades cometida por Corisco e seu bando, para vingar a morte de Lampião, o Rei dos Cangaceiros. 

Corisco matou seis pessoas e degolou suas cabeças e as enviou para o Tenente João Bezerra, comandante das Volantes que trucidaram Lampião, Maria Bonita e nove cangaceiros. Eram as vítimas pessoas inocentes que não tiveram nada com a morte de Virgulino Ferreira, o Lampião. Foi o próprio delator quem indicou a Corisco que a traição, tinha vindo da família do vaqueiro, o Senhor Domingos Ventura. Foram assassinados além dele, sua esposa e mais quatro membros de sua família.



O amigo Geziel Moura inicia sua postagem:

"Em março de 2015, o escritor e pesquisador Sérgio Dantas e eu, tivemos a honra de entrevistar em Caboclo (AL), provavelmente, o último coiteiro de Lampião e Corisco, na região de Pão de Açúcar (AL), o senhor Cláudio Alves Fontes, o Cadim ou Cadinho Machado, falecido no inicio deste ano. Naquela ocasião, ele nos contou como ocorreu, a chacina da família de Domingos Ventura, pelo grupo de Corisco, com riqueza de detalhes.

Algum tempo atrás, produzi um vídeo de 30 min, que constam imagens atuais da Fazenda Patos e o áudio da entrevista que ele nos concedeu. Aproveito para agradecer novamente, o escritor José Bezerra Lima Irmão, que nos colocou na pista, desta extraordinária fonte do cangaço em AL. Segue portanto o link..."

http://meneleu.blogspot.com.br/2016/08/cangaco-cadim-machado-ultimo-coiteiro.html

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