Alcino
Alves Costa
Hoje
o sertão amanheceu mais triste! O galo cantou mais rouco e os pássaros, as
nhambus e as jaçanãs pareciam gorjear mais tímidos. Hoje o Sertão
amanheceu mais triste; seu poeta maior partiu. O sol nascia parecendo trazer
uma só dor: A dor daqueles que amaram, amam e sempre amarão um dos seres
humanos mais fantásticos que já pisaram o chão tórrido e sofrido da caatinga
amada de todos nós.
Vai
Alcino, vai Caipira, vai Decano, tua missão agora é no Céu, não te preocupas
porque aqui ficaremos bem; com uma saudade sem tamanho, mas com teu exemplo de
amor às coisas de nosso sertão, de amor às pessoas, de amor à vida.
Juliana Ischiara, Alcino e Paulo Gastão
Muito obrigado
querido amigo Alcino por ter nos permitido compartilhar contigo um exemplo de
vida. Todos os momentos vividos a teu lado ficam guardados no fundo do coração,
saiba que fez e fará sempre parte de nossas vidas.
Se o teu
sertão alegre chora, mas é de felicidade por poder testemunhar a grande festa
no Céu. Por lá todos estão falando e cantando:
"Hoje é
festa no Céu, chegou o Caipira de Poço Redondo, o Decano do Sertão, preparem as
alpergatas e o xaxado aprumado que o bicho vai pegar!"
Vai com Deus
querido Alcino, receba o nosso amor incondicional.
Manoel Severo
Curador do
Cariri Cangaço
Alcino Alves Costa,
sergipano de Poço Redondo, Filho de Ermerindo Alves da Costa e de Emeliana
Marques da Costa, era pesquisador, escritor, radialista, poeta, compositor,
contador dos causos do sertão, político. Sócio da SBEC - Sociedade Brasileira
de Estudos do Cangaço e
Conselheiro do Cariri Cangaço.
Alcino nasceu
no dia 17 de junho em 1940, em Poço Redondo, no seio de uma família que contava
com mais quatro irmãos e duas irmãs. Muito jovem, enfronhou-se na política
local. Foi prefeito por três vezes, entre meados da década de 1960 e fins da
década de 1980. No entanto, abandonou essa paixão cheia de sobressaltos por
outras que lhe eram mais caras: a família, os livros, a música e, como não
podia deixar de ser, o Sertão. Passou parte da vida ouvindo histórias sobre o
cangaço. Autor dos livros "Lampião além da versão - mentiras e mistérios
de Angico", “Preces ao Velho Chico”; “Sertão, viola e amor”; “Canindé do
São Francisco, seu povo e sua história”; “O sertão de Lampião”; e “Poço Redondo,
a saga de um povo”. Auditor fiscal aposentado, poeta, compositor e historiador,
foi por 3 vezes Prefeito de Poço Redondo.
Certamente, em
alguns anos, o legado que vem sendo construído por Alcino será investigado por
algum estudioso do pensamento sergipano e nordestino. Sua obra é reveladora do
universo mental de uma das “nações” que compõe o Brasil. Afinal, o sertão
nordestino estudado por Alcino representa outro Brasil. Não o Brasil do
litoral, capturado em sua alma pelos escritos de Gilberto Freyre, José Lins do
Rego e dezenas de outros cientistas sociais e literatos. Falo do Brasil dos
sertões nordestinos, o “outro Nordeste”, como diria Djacir Menezes. Alcino faz
parte de um seleto grupo que teima em desvendar a história e a cultura desses
recônditos do Brasil. Alcino Alves Costa, nosso Caipira de Poço Redondo, o
Decano dos vaqueiros da história.
João de Sousa Lima e Alcino Alves Costa
Alcino Alves
Costa faleceu na noite de ontem em Aracaju, depois de ter bravamente travado
sua última batalha contra o câncer.
A FAMÍLIA
CARIRI CANGAÇO SE UNE A DOR DE TODA A FAMÍLIA ENLUTADA E DE TODO O SERTÃO PELA
PARTIDA DE NOSSO QUERIDO ALCINO, MAS SABE QUE SERÁ RECEBIDO NO CÉU COMO UM
MESTRE; COMO REALMENTE O FOI EM VIDA NESTE MUNDO.
http://cariricangaco.blogspot.com