Seguidores

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

RIQUEZA NATURAL DA CAATINGA BRASILEIRA – O INCRÍVEL PÁSSARO 'CORRUPIÃO'

Por Luiz Serra

...O corrupião é um Passeriforme da família Icteridae. Outros nomes concriz, sofrê ou João Pinto.

É comum em áreas da caatinga e zonas secas abertas, onde pousa em cactáceas, e também em bordas de florestas e clareiras, nos locais mais úmidos, nos locais mais secos, como a caatinga nordestina, procuram avidamente as fontes de água, tanto para matar a sede como para tomarem deliciosos banhos. Vive aos pares. Não costuma acompanhar bandos mistos de aves.


Na aproximação doméstica, vivem soltos, assobiam com maestria trechos de músicas populares, como o Hino Nacional e de alguns clubes de futebol.

A CAATINGA (SERTÃO NORDESTINO)

Área de extensão correspondente a sete Estados, e possui dimensão equivalente ao território da França. …ca-á tinga… em Tupi significa: mato seco.

CENÁRIO HISTÓRICO

Na primeira metade do século vinte, movimentos históricos e culturais tiveram lugar no interior do sertão nordestino. A Coluna Prestes serpenteou pelo sertão no ano de 1926, com cerca de 1600 rebeldes a cavalo. Houve vários confrontos, alguns esporádicos com o bando de Lampião que, claro, fizeram fogo de certa distância.

De repente, uma variante trágica.

Aproxima-se a seca.

(...) Mas o nosso sertanejo faz exceção à regra. A seca não o apavora. É um complemento à sua vida tormentosa, emoldurando-a em cenários tremendos. Enfrenta-a, estoico. (...) alimenta a todo o transe esperanças de uma resistência impossível. Os Sertões:176.

(in O sertão anárquico de Lampião, pág. 10).

Quadra feita por mim em 1983, e que participou da Antologia poética Nas Asas da Imaginação, e selecionada no concurso nacional Manchete-Litteris, de 1984, compondo livro de mesmo título. Segue o texto.

O ANJO DA FLORESTA
Luiz Serra, 1984.

Olhe a ave bem brasileira,
Eta! Avezinha bem faladeira!
Que ‘inda voa livre por aí,
Lá de Minas ao Piauí.

Ela grita o nome do dono,
Embala seu filho no sono,
Com a canção muito especial
Que entoa bem musical.

E é bem manso o passarinho
Se solto, anda de fininho
pela casa em que ele mora;
Se sair, volta sem demora.

E sabe imitar outro canto,
mas, de outras aves, entretanto,
o faz de seu modo amansado,
Em belo solo assoviado.

E da Bahia a Pernambuco,
Imitou inhambu e macuco,
E copiou soltando o assovio
Certinho, de fio a pavio.

Bateu as asas no sertão
E no norte do Maranhão.
E apruma o peito amarelado,
Pois até acalmou flagelado.

Se muitos o chamam sofrê,
Outros mais preferem tié,
Mas todos jamais erram, não,
o eterno amigo corrupião.


Fonte: facebook
Página: Luiz Serra
Link: https://www.facebook.com/luiz.serra.14?fref=nf

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O LIVRO O FOGO DA JUREMA JÁ ESTÁ À VENDA COM O PROFESSOR PEREIRA


Se você está interessado no livro "O FOGO DA JUREMA" é só entrar em contato com o professor Pereira lá da cidade de Cajazeiras, no Estado da Paraíba,  que ele tem e está disponível aos amigos. 

São 318 páginas, preço R$ 50,00 com frete incluso.
Pedidos: franpelima@bol.com.br e fplima156@gmail.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

DUAS PERSONALIDADES, CUJOS CABELOS BRANCOS, ESTIVERAM EM SINTONIA COM O ESTUDO DO CANGAÇO.

Da esquerda p/ direita: - Foto: cortesia Cangaceiros Cariri

01 - Dr. ANTÔNIO AMAURY pesquisador e escritor de cerca de 15 livros sobre o cangaço e, mais de 50 anos de pesquisas sobre o tema.

02 - Dr. LAMARTINE LIMA médico, oficial da marinha, legista e, que trabalhou com o Dr. ESTÁCIO DE LIMA, tendo convivido com um grande número de cangaceiros, em fase de recuperação no Instituto Nina Rodrigues-BA, além de ter examinado as cabeças de Lampião, Maria e outros. É autor de vários trabalhos na área.

Fonte: facebook
Página: Volta Seca
Grupo: O Cangaço
Link:  https://www.facebook.com/photo.php?fbid=619482708253707&set=gm.1444496018896845&type=3&theater

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CASA QUE LAMPIÃO SE HOSPEDAVA


Casa que Lampião e seu bando ficavam hospedados na cidade de Flores- Pe. Pertencia ao Sr. Pedro de Sousa que recebia os cangaceiros, quando estes estavam na localidade para fazerem compras.


Enquanto Lampião descansava em um dos aposentos da casa, seus cabras se dirigiam ao centro urbano para comprarem: carne seca, rapadura, tecidos, e outros.


Fonte: facebook
Página: Franci Mary Carvalho Oliveira administradora do grupo
Grupo: ‎O Cangaço

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

APRESENTAÇÃO


Nascido em Mossoró no dia 29 de setembro de 1891, o patriarca Mirabeau da Cunha Melo, filho de Manoel Benício de Melo e Ericina da Cunha Melo, iniciou sua vida como telegrafista concursado em 1912, em Mossoró, onde se casou em primeiras núpcias com Cândida Filgueira Mendes Melo. Como chefe da agência postal-telegráfica daquela cidade, participou ativamente da defesa contra o ataque do bando de Lampião em 1927, servindo ainda de elemento de ligação entre as lideranças da resistência armada e a chefia de polícia do estado, aquela época ocupada pelo seu irmão desembargador Manoel Benício Filho, que, pessoalmente recebia e transmitia mensagens diretamente do aparelho Morse (pois, como Mirabeau Melo, Benício Filho iniciara sua vida também como telegrafista).

Em 1928 transferiu-se para a cidade de Ceará-Mirim, onde exerceu a chefia da agência telegráfica, tendo ali perdido sua primeira esposa, contraindo novas núpcias com Ana Varela de Melo. Em Ceará-Mirim atuou na política integrando o partido popular liderado pelo então deputado federal José Augusto de Medeiros, elegendo-se, em memorável campanha, Prefeito do Município, cargo em que foi empossado em 1935.

Com a intentona comunista de novembro do mesmo ano, foi preso pelos revolucionários comunistas juntamente com alguns dos seus correligionários e amigos e deportado para o quartel do 21º Batalhão de Combate em Natal onde permaneceu incomunicável até a queda do movimento pelas forças legalistas. A sua gestão à frente da chefia da edilidade de Ceará-Mirim foi marcada por várias realizações de sentido social e melhoramento urbanista, destacando-se a fundação, em 1936, do Colégio Santa Águeda – de formação de professores – dirigido a seu convite, pelas irmãs da ordem Franciscana, empreendimento que prestou e continua prestando inestimáveis serviços na formação profissional de várias gerações daquele município e circunvizinhos.

Por razões de ordem pessoal renunciou, em 1937, ao restante do mandato de prefeito,  fixando-se em Natal onde reassumiu suas funções de telegrafista, aposentando-se em 1946. Marcado por uma vida intensa de trabalho, sacrifícios e renúncias pessoais de quem tem sobre os ombros numerosa família, lutou obstinadamente pelo que mais desejava: educar e encaminhar seus doze filhos para a vida, transmitindo-lhes os padrões e valores morais com que norteara a sua própria existência.

Apesar da idade avançada que alcançou (para os padrões da época), conservou-se inteiramente lúcido e consciente, aceitando heroicamente a dureza da morte com espírito verdadeiramente cristão. No dia 19 de novembro de 1979, mesmo agonizando, comunicou-se com sua mulher e todos os filhos que lhe rodeavam o leito, até perder a voz quando ainda consegue escrever sua última vontade: “sei que vou morrer, quero que me enterrem no cemitério de Lagoa Nova”. Enfrentou a morte assim, como soube enfrentar a vida, com coragem, dignidade e humildade.

https://mirabeaumelo.wordpress.com/2012/11/02/hello-world/#respond

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

RELENDO O CAPÍTULO DE “A MARCHA DE LAMPIÃO”, DE RAUL FERNANDES

Por Antonio Corrêa Sobrinho

AMIGOS,

Relendo o capítulo de “A Marcha de Lampião”, de Raul Fernandes, que trata do assalto e da resistência de Mossoró, obra considerada das mais importantes dentre as que tratam do ataque de "Lampião" e comandados à cidade do oeste potiguar, em junho de 1927, fico aqui a meditar sobre o que realmente consiste a História: em visões, versões e intenções de quem as faz, depois que confronto o sobredito livro do filho do então prefeito de Mossoró, coronel Rodolfo Fernandes, cujas loas quase todas sobre seu pai recaem, pois bem, quando comparo com a matéria que leio no jornal “O Globo”, de agosto de 1927, publicada dois meses depois do término do conflito, sobre a transferência para outra cidade, segundo o jornal, injusta, do telegrafista Mirabeau da Cunha Mello. No livro, a participação deste na defesa de Mossoró é quase de passagem, com informações breves e uma fotografia, como o fez com outros combatentes; de que se tratou de um colaborador, seja na organização de novas defesas, seja na composição da trincheira do Telégrafo. Já na matéria jornalística, é destacada a atuação de Mirabeau Cunha na heroica defesa. O que levou um jornal de circulação nacional trazer a lume notícia de uma mera transferência de um servidor público? Quem nos contará sobre quem realmente os grandes daqueles dias em Mossoró? 


FOI REMOVIDO O TELEGRAFISTA DE MOSSORÓ

A POPULAÇÃO LOCAL ACHA INJUSTA A MEDIDA E PROTESTA CONTRA ELA

MOSSORÓ (Rio Grande do Norte), 22 – Tem produzido justos descontentamos a remoção do telegrafista Mirabeau da Cunha Mello para Recife, contra a sua expectativa. Além dos interesses naturais de família, economia e propriedades prejudicados desnecessariamente, a repentina remoção acarreta odiosa atitude, visto saber-se das prevenções de superior hierárquico do distrito contra aquele que é merecedor de muitas considerações. Ninguém ignora aqui a atitude brilhante de Mirabeau na defesa do Telégrafo. Agora mesmo, a fim de defender a repartição do ataque dos bandidos de "Lampião", Mirabeau organizou alí uma força respeitável de defesa, com auxiliares do Telégrafo, tomando parte nesta bacharéis, padres e comerciantes. Essa defesa animava o povo confiante e certo de ser conservada constante correspondência telegráfica sobre as medidas urgentes de defesa. Em certos momentos críticos, ele foi heroicamente animar o pessoal, não abandonando igualmente os aparelhos Mirabeau organizou oito trincheiras, de acordo com o comandante da força, prejudicando os próprios interesses com as medidas de defesa. O telegrafista aludido merece promoção e não remoção ostensiva, vendo-se banido pelas falsas interferências. Para substituir os aparelhos quebrados pelos bandidos, em Apodi e Alexandria, teve ele de arranjar, por empréstimo, três telefones com particulares, que ainda não foram substituídos por outros, por quem de direito. Não é o fato de remoção que causa indignação, mas a violência da mesma inoportunamente. Testemunha da patriótica atitude desse distinto servidor da causa pública nacional, o povo protesta contra o ato vingativo e injusto de sua remoção desta cidade contra a sua expectativa.

JORNAL "O GLOBO" – 23/08/1927
Imagem do telegrafista Mirabeau Mello.

Fonte: facebook
Página: Antonio Corrêa Sobrinho
Grupo: Lampião, Cangaço e Nordeste
Link: https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/587794398096175/?comment_id=588435498032065&notif_t=like&notif_id=1484849014470785

blogdomendesemendes.blogspot.com.br

NÃO HOUVE ENVENENAMENTO PARA ELIMINAR LAMPIÃO, MARIA BONITA...


O ex-sargento Lourival (da tropa do Tenente João Bezerra da Silva), que, também, participou do tiroteio em Angico-SE, em que morreram LAMPIÃO, MARIA, 09 comandados de Lampião e um policial de nome Adrião, a exemplo de outros militares e ex-cangaceiros, confirma, também, que NÃO HOUVE ENVENENAMENTO, e que, o ATAQUE das forças volantes, foi de SURPRESA, logo no início da manhã de 28/07/1938. Confira, abaixo, parte de sua entrevista concedida ao Jornal Gazeta, em agosto/ 1995.


Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta
Link: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=619008691634442&set=gm.587794398096175&type=3&theater

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O EMBORNAL DE LAMPIÃO

*Rangel Alves da Costa

O cangaço se vestia de sol e de lua, bebia do suor, do sangue e de água de qualquer fonte, mas se paramentava com vaidoso esmero. Descendo pelo corpo recoberto de brim azulado ou caqui, após o lenço de seda dobrado, toda uma parafernália que chegava a pesar trinta quilos. Cantis, embornais, cartucheira, punhal, armamento, anéis e moedas de ouro, verdadeiras relíquias saqueadas das portentosas propriedades, ou mesmo recebidas como presentes. E na cabeça o chapéu meia-lua com três estrelas, sendo ao centro a maior, geralmente encimando um circulo bordado.

Ao contrário dos demais bandoleiros - geralmente sujos e esfarrapados pelas fugas e correrias -, os homens do cangaço se esmeraram no vestir e na apresentação. Houve uma estética tão própria do cangaço que se poderia afirmar ditada por algum profissional da moda. Mas não, pois tudo nascido da imagem que Lampião desejava para o seu bando. Na sua concepção, o modo como seus homens se apresentavam refletia nos próprios objetivos de luta e de existência do grupo: não eram bandidos, mas homens decentes empunhando armas contra o regime opressor.

Com efeito, naqueles ermos sertanejos de pobreza e desolação, a chegada dos cangaceiros causava espantos indescritíveis. Homens cabeludos, com roupas enfeitadas, muitos usando óculos, joias e brilhos pelos dedos, perfumes em profusão, verdadeiros artistas das caatingas. E não foi por outro motivo que tantas mocinhas se apaixonaram por aqueles rudes e graciosos homens surgidos em meio às veredas empoeiradas. Também a fama e a periculosidade tanta atraíam com repulsavam os cabras de Lampião.

O próprio Lampião era um verdadeiro artista. Mesmo andando ou correndo de canto a outro, jamais deixou de cuidar de sua imagem. Neste sentido, não só propagou o marketing do cangaço como um meio necessário de luta como cuidou da aparência de todo o grupo e muito mais da sua. Ora, tanto cangaceiros como cangaceiras usavam e abusavam de roupas enfeitadas - muitas vezes espalhafatosas -, de brilhantinas e perfumes, de anéis e colares, de tudo aquilo que lhes chegasse às mãos como enfeite.

Quem já avistou fotografias dos cangaceiros - principalmente de Lampião e Maria Bonita - logo percebe a preocupação com a aparência, com a postura, com o modo de ser e viver. Retratos existem onde a rainha e o rei do cangaço mais parecem em suntuosos jardins, com poses lendo jornais e ao lado dos cachorros de estimação. Lampião sempre fez questão de ser fotografado apontando armas, lendo cartas, jornais e revistas. As fotografias coletivas objetivavam principalmente mostrar a união e a beleza do grupo.


Lampião jamais permitiu que Benjamin Abrahão, seu fotógrafo oficial, o retratasse, e mesmo a sua gente, em situação que não fosse enobrecedora, festiva, demonstrando valentia e destemor. Essa preocupação com a imagem objetivou desmitificar o mundo cangaceiro como um meio ruim, triste e sofrido. Daí que muitas são as fotografias e filmes de cangaceiros dançando, em prontidão no meio do mato, dialogando alegremente. Não há, pois, das lentes de Abrahão, um só instantâneo onde estejam retratados a dor e o sofrimento.

Além destes aspectos de propagação pessoal e de grupo, outros fatores permitiram conhecer Lampião como um diferencial entre todos aqueles que se embrenharam pelas matas para fazer justiça pelas próprias mãos. Reconhece-se desde muito que o líder cangaceiro também se esmerava no cuidado espiritual, a partir da conservação e preservação de uma fé tipicamente nordestina: a devoção como guia em cada ação.

Neste sentido, a mão cangaceira que puxava o gatilho era a mesma mão que ostentava o rosário de contas. O mesmo olho que divisava o mundo perigoso adiante era o olho que também se voltava para a prece guardada no embornal. O coração angustiado pelas durezas e incompreensões da vida, pelas forças inimigas no seu encalço e pela luta pelo dia seguinte, era o mesmo peito que ardia em sentimentos e culpas, em silêncio e gritos de homem comum. Sim, pois Lampião era homem de fé e de oração, era pessoa temerosa dos castigos divinos, era ser humano que também se ajoelhava aos céus proteção.

Naquele embornal de Lampião, todo enfeitado de quinquilharias douradas e tão ciumado e protegido pelo seu dono, uma folha encardida de tempo e desgastada pela leitura de vez em quando se abria perante aqueles olhos quase cegos de um olho. A oração da proteção, a oração para fechar o corpo, a reza contra os labirintos da vida. Não aquela ensinada por seu santificado Padre Cícero, mas aquela escrita de próprio punho nas relembranças que o homem nunca deve se afastar dos ensinamentos sagrados.

Embornal cheio de pecado e de fé, tomado de respingo de sangue e de água benta, envernizado pelo destemor e pela devoção, mas sempre um cantinho onde o homem, ainda que o Capitão Lampião, sempre levava guardados seus alentos e esperanças. E nisto também uma verdade: o líder cangaceiro nutria vontade imensa de um dia largar da guerra e da arma e viver na paz o resto de seus dias. Mesmo sabendo da impossibilidade de assim acontecer.

Escritor
Membro da Academia de Letras de Aracaju
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

A CAATINGA E SEUS MUITOS ENCANTOS

Por José Gonçalves do Nascimento*

Ao se deparar pela primeira vez com a caatinga, espanta-se Euclides da Cunha com aquela “flora inteiramente estranha e impressionadora capaz de assombrar ao mais experimentado botânico”. Chega a ser contundente: “é uma flora agressiva”. Depois emenda: “agressiva para os que a desconhecem — ela é providencial para o sertanejo”.

A caatinga é mais que uma vegetação, é um templo. E o sertanejo tem com ela uma relação mais que amorosa: espiritual. Relação de devoção mesmo. Não há sertanejo que não venere a caatinga como se fosse esta uma coisa sagrada. Ela é quase indizível, imperscrutável. Somente os que com ela convivem são capazes de decifrá-la em plenitude. Nela coexistem valores que só o sertanejo é capaz de captar. A caatinga é uma questão de identidade. De espírito. De consciência. Não basta nela conviver. É preciso vivê-la, senti-la, penetrar sua essência. Beber sua seiva sagrada.

A caatinga traz a marca da resistência; não se curva às intempéries; e o sertanejo é sua imagem e semelhança; fez-se igual a ela: valente, forte e ousado; nada o detêm; nem mesmo a indiferença governamental de que é vítima secular; tampouco a seca é capaz de abatê-lo; com ela já aprendeu a conviver; sabe tratar-se de velha companheira daquelas rústicas paragens.

A caatinga é uma aliada inseparável do sertanejo; nela está sua vida e sua economia; nela residem seus encantos e desencantos; conhece-a ele como a palma da mão; sabe dos seus mistérios e segredos; não a ama: adora-a; jamais a deixará; dela extrai o sertanejo a melhor das culinárias – manjares quase que sagrados, como a refrescante umbuzada, a suculenta buchada de bode (regada à cana da boa), o saborosíssimo cuscuz de milho (servido com café quente), sem falar dos apetitosos beijus de tapioca (saboreados com manteiga da terra).


Com a caatinga vive o sertanejo sua cultura e sua fé. Nela e com ela estão os deuses e demônios que povoam o imaginário popular. Nela moram os lobisomens, as mulas-sem-cabeça, a caipora. Por entre cipós e carrascais transitam os santos do povo: São Cosme e Damião, São Lázaro, Santo Antônio, São João, Maria Virgem. Do pico das colinas levanta-se a voz dos profetas do novo mundo: Conselheiro, Romão Batista, Frei Caneca, Beato Lourenço, Eduvirgens, Irmã Dulce. Nas noites enluaradas estão o aboio do vaqueiro, o verso de cordel, o repente da viola, a fogueira de São João, o samba de roda, a banda de pífano, o bumba meu boi.

A caatinga é sui generis; seus galhos finos e retorcidos contrastam ora com os robustos e frondosos umbuzeiros, ora com as enormes e gorduchas barrigudas; os mandacarus, sempre imponentes, erguem-se em direção aos céus, como que a suplicar a ajuda do divino; do alecrim-do-tabuleiro rescende a melhor fragrância, enquanto a canafístula acena com suas flores amarelas; exuberante, o araticunzeiro fornece seus doces e saborosos frutos da polpa cor de gema.

Vem a seca e tudo aquilo emudece. Morre, quase. A exuberância de antes transforma-se num mundão de mato acinzentado. Ressequida e desfolhada, a caatinga é só calmaria. Uma ou outra ave cruzando o céu, em busca de refúgios mais amenos. Nos barreiros, nenhuma gota d’água. Animais com sede vagueiam perdidos pelos pastos devastados. No céu, nenhuma nuvem. O quadro é de completa desolação.

De repente, como numa sinfonia de Beethoven, ronca o trovão, clareia o relâmpago e desaba a trovoada. E a caatinga ressuscita. Em poucos dias, ei-la a recobrar o verde de outras quadras. A revestir-se da sua farta e alegre vegetação. Por toda parte, ressurgem verdes e floridos os paus-de-rato, as cebolas-bravas, os umbuzeiros, as malvas, os alecrins, os juazeiros, as juremas, os pau-de-rato, as unhas-de-gato, os velames. Ao mesmo tempo, vibram felizes e festivos os sapos-cururus, os preás, os calangos, os gatos do mato, os beija-flores, as rolinhas, as juritis, os sofrês, os periquitos. E o sertanejo de novo se enche de contentamento, agradecido por tão preciosa dádiva.

A caatinga com seus muitos encantos é a síntese do Brasil guerreiro. Ela é o retrato da força e do heroísmo dos que, transitando na contramão da história, ousaram empunhar a bandeira surrada da liberdade.


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CANGAÇO NO PIAUÍ


 Mais um livro do escritor e fundador da SBEC -  (Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço) Paulo Gastão.


Entre em contato com o autor através deste e-mail: 
paulomgastao@hotmail.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ALGUMAS LENDAS SOBRE LAMPIÃO ...!


É comum para aqueles que estudam o cangaço, ficarem impressionados com alguns fatos / lendas / misticismo que se diz, sobre a atuação de Lampião, em quase 20 anos de cangaço, tendo-as, como verdadeiras. 

Vejamos, algumas.

1º) -  Lampião quando estava no seu coito do Raso Catarina, jogava futebol, SENDO UM EXCELENTE ZAGUEIRO.;

2º) - Que no Raso da Catarina Lampião chegou a achar petróleo;

3º) - Certa feita, Lampião prendeu os "testículos" de um rapaz, dentro de uma gaveta e, passou a chave, prendendo-os. Em seguida, deixou uma faca em cima do móvel, tendo dito: "Quando eu voltar, se você ainda estiver aqui eu lhe mato". Sem outra solução, o coitado do rapaz, passou a faca cortando os testículos, e, se mandou no mundo;

4º) - Lampião disfarçadamente, chegou a ir ao Recife, tendo assistido um filme em um importante cinema, ao lado de um famoso coronel;

5º) - Que, em alguns casos, Lampião jogava as criancinhas para cima e, as espetava em seu famoso punhal;

6º) - Que certa feita, Lampião ao se sentir traído por uma velha que tinha uma bodega e, que tentou envenená-lo, a fez dá algumas "embingadas" em um pé de mandacaru;

7º) - Que, o rei do cangaço se "envultada", ou seja, desaparecia e, se transformava em um "toco / pedaço de pau" e, a polícia passava por ele, e, não o via;

8º) - Que Lampião tinha o "corpo fechado" por orações fortes e, nem bala nem arma branca entrava em seu corpo;

9º) - Que, certa feita, fez um cangaceiro comer 01 kg de sal, porque reclamou que a comida estava insossa;

10º) - Que Lampião tinha premonição (previa acontecimentos futuros e, por isso, se livrava das emboscadas )...

ETC....ETC..

ESSAS, SÃO APENAS, ALGUMAS, QUE CONSEGUI ME LEMBRAR. Mas, respeito, quem pensar de modo contrário ao meu...abs...Volta Seca...

Fonte: facebook
Página: Volta Seca

http://blogdomendesemendes.blogspot.com