Seguidores

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

O CURIOSO COMBATE CEARENSE.


Por João Filho de Paula Pessoa

Em 1927, Lampião e seu bando passavam pelo Ceará em fuga da derrota em Mossoró/RN, nas cidades e povoados passaram em paz, foram acoitados e bem tratados, apesar de seguiam em seu rastro algumas Volantes. Quando estavam na localidade do Riacho da Fortuna, no Cariri Cearense, Lampião soube que uma volante da Paraíba estava em seu encalço, assessorada por uma Volante Cearense, esta inexperiente e apreensiva, mas que juntas formavam um grande contingente. 

Pelo cansaço que estava Lampião decidiu não correr e ficar para lutar e, como sempre, traçou uma estratégia de combate. O Bando se entrincheirou e aguardou o cerco das volantes se fechar. Quando os soldados já estavam próximos das trincheiras, Lampião dá o sinal e o fogo começa e uma chuva de balas cai sobre os volantes, acompanhada por uma gritaria danada dos cangaceiros. Os soldados se esconderam e revidaram o tiroteio durou por mais de uma hora. De repente, ao sinal do Capitão, tudo para, tudo se acalma, todos se calam, nada se move, silêncio total, nenhum tiro ou sinal de vida, nenhum movimento ou barulho. 

Os soldados por sua vez, insistem com alguns tiros e gritos, mas nada acontece. Esta calmaria permanece inalterada por algum tempo, até que alguns soldados começam a espiar, a estivar os ouvidos e a sair de seus esconderijos, aos poucos e com cautela, até que todos os soldados saem de seus postos acreditando que os cangaceiros tinham fugido, e se dirigiram ao centro do cerco para conferir, até que, inesperadamente, ao sinal do Capitão, todos os cangaceiros ressurgem do nada, aos gritos e com uma nova chuva de balas, causando um susto tremendo nas volantes e uma instintiva, desesperada e pavorosa debandada geral dos soldados, cada um por si, correndo em direções diversas e desconexas, sem formação ou comando, num “pega pra capá” danado, saltando pedras, furando arbustos, rastejando, tropeçando, até que sumiram todos os soldados, não ficou nenhum, nem mesmo o tenente. Após alguns instantes tudo se acalmou de novo e Lampião com seu bando fugiram pelo leito seco do rio, deixando para trás quatro soldados tombados e alguns feridos, sem nenhuma baixa cangaceira. João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce. 05/02/2020.

Foto: Os Sertões


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

AMOL REALIZA NESTA QUINTA-FEIRA (06) ELEIÇÃO PARA OCUPAÇÃO DE DUAS CADEIRAS


A imagem pode conter: 4 pessoas, incluindo Caio César Muniz, pessoas sorrindo

A Academia Mossoroense de Letras (AMOL), realiza nesta quinta-feira (06) a eleição para ocupação de duas de suas cadeiras vagas. A de nº 02, que teve como último ocupante o jornalista Dorian Jorge Freire e a Cadeira de nº 33, do pesquisador e poeta João Bosco Queiroz Fernandes.

A votação ocorre das 8h às 17h na Biblioteca Pública Ney Pontes Duarte, onde fica a sede da Academia, mas também pode ser enviado por e-mail para a Comissão Eleitoral até o horário limite da votação presencial (17h).

Concorrem às vagas o poeta e jornalista Caio César Muniz e o advogado Clóvis Vieira, para a Cadeira deixada por Dorian Jorge Freire e para a vacância de João Bosco Queiroz Fernandes a poetisa Vanda Jacinto e o poeta Antônio Francisco.

Para votar por e-mail os acadêmicos devidamente empossados devem remeter seus votos para:

 filemonamol@hotmail.com
 almir.ncj@uol.com.br
 ir_manoel@hotmail.com


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

PERSONAGENS! DESCONHECIDOS E EMBLEMÁTICOS DO CANGAÇO NORDESTINO!


Do acervo do pesquisador/historiador Guilherme Machado

Rosa Ferreira: ou Rosa do jumento, natural de Serra Talhada Pernambuco, figura emblematica do Cangaço no sertão Pernambucano. Deixou a sua cidade depois de vingar a tragica morte da mãe e de uma irmã. Viveu o resto da vida no anonimato cruzando os caminhos do sertão com sua tropa de burros, levando e trazendo àgua e frutas para os Coronéis de Exu! Dona Rosa està Enterrada no cemitério pùblico da Vila de Tabocas Pernambuco.

Fonte: Bibi Saraiva.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

FRANCISCO RAMOS DE ALMEIDA, VULGO MORMAÇO EM INTERROGATÓRIO



Auto de perguntas feito ao cangaceiro. Dado à autoridade policial da cidade do Crato/CE, em 9/8/1927. 
(Em grafia e formatação original)

Aos nove dias do mês de Agosto do anno de mil novecentos e vinte e sete, as treze horas, nesta cidade do Crato, Estado do Ceará na delegacia de policia, onde estava presente o delegado em exercicio, major Raymundo de Moraes Britto, commigo, escrivão do seu cargo, abaixo nomeado, ahi foi apresentado o preso - Francisco Ramos de Almeida, por alcunha de Mormaço, de vinte (20) annos de idade, filho de Jose Ramos de Almeida, solteiro, natural do municipio de Araripe, logar “Baixio do Ramos”, deste Estado, não sabendo ler nem escrever.

Interrogado a respeito do que causa a sua prisão, disse: - que no anno de mil novecentos e vinte e quatro (1924) elle respondente, residindo em Araripe, deste Estado, seguiu com destino a Ouricury, no Estado de Pernambuco, afim de assentar praça na policia desse Estado, cujo alistamento estava sendo feito pelo Sr. capitão João acob, pertencente á mesma; que chegando ali o tenente Manuel Antonio, elle respondente, em companhia deste seguiu para São Gonçalo e dali até Valença, no Estado do Piauhy, onde deram combate aos revoltosos, sob o commando do coronel João Nunes; que, dali, voltando, effectuaram diversas volantes, terminando no logar “Custodia”, do Estado de Pernambuco, onde, devido á quebra de disciplina para com o cabo commandante da força, foi por este motivo excluido, tendo servido nesta corporação cerca de um anno e cinco meses, mais ou menos; que dali veio para o logar “São Francisco”, do municipio de Villa Bella, encontrou-se com o grupo de Lampeão, no qual foi apresentado como um dos soldados que já o havia perseguido; que nessa occasião Lampeão tentou mata-lo e depois o convidou para andar em sua companhia, sob pena de morte; que, em vista da ameaça, o respondente preferiu acompanhá-lo; que, no dia seguinte, mais ou menos no meiado do anno de mil novecentos e vinte e seis, seguiu todo o grupo, acompanhado de guias, embrenhando-se na matta, com destino ao Estado de Alagoas; que o grupo nessa occasião se compunha de cincoenta (50) homens, na sua maior parte armados de fuzis e mosquetões mauser, e alguns rifles, todos bem municiados, sendo que diversos possuiam um equipamento de oitocentos (800) e mais cartuchos; que o grupo saiu na povoação de “Entre Montes”, no Estado de Alagoas, donde seguiram para “Olho dagua das Flores, passando pelos logares “Capim” e “Pedrão” e dali com direção a “Sertãozinho”, onde tencionava o grupo atacar, o que não foi realizado pelo motivo de ali se achar um forte destacamento que na viagem Lampeão chefiava um grupo e seu irmão Antonio Ferreira, outro, os quaes estavam unidos que nas villas e povoações onde passava o grupo roubavam o que encontravam e incendiavam as fazendas das lojas e quanto ás peças de ouro e outros objectos que encontravam, tomava cada um, para si, o que achavam; que, quanto a dinheiro, quando um dos companheiros achava maior quantidade, ou melhor, importancia mais elevada, era dividida a metade para Lampeão; que do Estado de Alagoas, regressaram com destino ao de Pernambuco, e que em viagem, quando se achavam acampados em uma fazenda, foram vistos por um dos destacamentos da policia alagoana; que este tendo disparado alguns tiros contra o grupo deu causa a este continuar a viagem; indo homisiar-se na fazenda “Patos” no municipio de Princeza, do Estado da Parahyba, de propriedade do cel. Marcolino Diniz, residente em Princeza; que o cel. Marclino Diniz é protector de Lampeão e de Sabino Gomes; que o grupo demorou-se na fazenda “Patos”, por essa epoca cerca de quinze dias; que dali seguiu o grupo para a fazenda “Poço do Ferro” para a casa do coronel Angelo da Gia, onde emorou-se mais de um mês, porque naquelle local Lampeão é bem recebido e não teme ataques de forças, por ser o coronel Angelo pessoa influente e chefe dos logares circumvizinhos, de forma que, quando ali chega um grupo, elle telegrapha dando um roteiro muito differente, desorientando assim as forças que perseguem o grupo; disse mais o respondente que o coronel Angelo é um dos maiores fornecedores de munição a Lampeão, alem da proteção que lhe dispensa; que o coronel Angelo sempre recebe dinheiro de Lampeão por pagamento de munição e tambem por gratificações de serviços prestados; que o major Numeriano, morador na Villa de Rio bRanco, é protector de Lampeão e do seu grupo, pois o grupo já se tem homisiado nas suas fazendas Santa Rita e Cavaco, onde demora dias sem o maior receio; que o major Numeriano fornece munição ao grupo, recebendo por pagamento dinheiro, que lhe manda Lampeão; que os vaqueiros do major Numeriano, de nomes - Jose Juvino e Manuel Ignacio são quem auxiliam o grupo nas suas necessidades; que o vaqueiro Manuel Ignacio reside na fazenda Cavaco e Jose Juvino na fazenda Santa Rita; que ainda é protector de Lampeão, o major Tiburtino morador distante sete leguas da cidade de Floresta, no mesmo Estado de Pernambuco, o qual se encarrega do tratamento de feridos do grupo de Lampeão, mediante gratificação em dinheiro, que lhe dá o mesmo Lampeão; que o cel. Pedro da Luz, morador no lugar Barrinha, municipio de Belem de Cabrobó, e proximo a Serra dUman cerca de uma legua, muito protege Lampeão, fornecendo munição e occultando o grupo na mesma serra, em logares delle conhecido, desviando por todos os meios a pista do grupo; que o mesmo cel. recebe de Lampeão dinheiro a titulo de gratificação pelos serviços prestados; que estando o grupo afastado seis legoas de Villa Bella, elle respondente ouviu Lampeão dizer que estavam ali a mandado do major Theophanes e que ele ia mandar um portador, em Villa Bella, buscar munição; que Lampeão escreveu um bilhete ao major Theophanes, pedindo munição e que o portador era um rapaz, morador na serra, justamente no logar onde estava o gruo; que elle respondente viu o portador ir e voltar, trazendo mil cartuchos, cuja munição o respondente verificou ser para fuzil a qual foi distribuida entre os grupos, inclusive o respondente; que, no dia seguinte, o respondente com os demais foram atacados por uma força sob o commando do tenente Gino e sargento Manuel Netto, resultando a morte de diversos soldados, e que a luta durou cerca de doze horas; que ouviu Lampeão dizer, por diversas vezes, que tinha mandado quinze contos de reis para o major Theophanes, afim deste protegê-lo; que o grupo passou diversas vezes pelas fazendas do major Theophanes, porem em nada as offendiam, porque sabiam que era para em nada as offender; que, na occasião em que o grupo foi atacado pelas forças commandadas pelo tte. Gino, este ainda compunha-se de cincoenta homens; que na occasião do fogo a que o respondente se refere acima, ainda se encontrava com o grupo o caixeiro viajante de nome Mineiro, o qual tinha sido preso por Lampeão, dias antes entre Flores e Villa Bella, tomando deste quatro contos de reis e o sujeito mais a oito contos pela liberdade que no dia seguinte Lampeão dispensou ao rferido caixeiro e este seguiu com destino ao logar Bethania; que logo ao entrar para o grupo , soube o respondente que Lampeão enviara quinze contos de reis para o major Theophanes afim deste facilitar a munição para o grupo; que deste logar o grupo se dirigiu a Cabrobó e voltando passaram por Granito, indo acampar na fazenda Ipueira, de propriedade de Antonio Xavier, pessôa esta que mantinha amizade com Lampeão, onde este recebeu visita de Apparicio e Francisco Romão, os quaes forneceram comida e trataram bem o grupo; que depois da attitude tomada pelo governo de Pernambuco, os acima referidos não protegeram mais e perseguiram tambem o grupo; que de Ipueira seguiram com destino á Serra dUman, onde passaram dois mezes, occultado pelo Cel. Pedro da Luz, que fornecia todo o necessario, neste local de sua propriedade; que deste local sairam com destino ao Ceará, vindo arrancharem-se ao pé de um açude no logar Custodio, do Estado do Ceará, sendo no dia seguinte cercados pela força do sargento Arlindo, travando-se um forte tiroteio, durante três horas, resultando a morte de dois cangaceiros cujos nomes são: Manuel Nogueira e Joaquim Leite, que ha tempo acompanhava Lampeão; que sairam dois outros feridos e que são: Arminio Xavier, vulgo Chumbinho e Mergulhão, este ferido levemente no braço e aquelle, gravemente, motivo porque ficou, digo, porque acompanhando o grupo, teve que ficar em tratamento na Serra do Matto em uma casa, cujo morador o respondente não sabe o nome; que na occasião em que o grupo foi atacado pela força commandada pelo sargento Arlindo, compunha-se de 50 homens, cujos nomes são:
Lampeão, Sabino Gomes, Jararaca, Mareca, Ezequiel, irmão de Lampeão, Ignacio Medeiros, vulgo Jurema, Navieiro, Domingos, vulgo Serra dUman, Jose Pretinho, Francisco Ramos, vulgo Mormaço, Luiz Pedro, Vicente Feliciano, Luiz Sabino, Lua Branca, irmão do cangaceiro Marcelino, Elisiario, vulgo Barra Nova, Arminio Xavier, vulgo Chimbinho, Nevoeiro, Damasio, vulgo Chá Preto, Salú, Juriti, Colchete, Fortaleza, Antonio Rosa, vulgo Mergulhão, Coqueiro, Creança, que pudera ter quinze annos de idade, Antão, Virginio, cunhado de Lampeão, Jose Delphino, Cornelio, vulgo Trovão, Euclides, João Marcelino, vulgo 22, Frazão, vulgo Pae Velho, Palmeira, As de Ouro, Bemtivi, Balão, Oliveira, de cerca de dezoito annos, Jose Izidio, vulgo Pinga Fogo, Moreno Jatobá, Manuel Nogueira, Joaquim Leite e outros que não se lembra dos nomes; que Chimbinho tendo sido ferido, Lampeão resolveu deixa-lo na Serra do Matto, como já referiu o que fez, deixando-o na companhia de João Marcelino, vulgo 22, Lua Branca, Balão, Relampago e Manuel Mauricio; que ainda ficaram no Estado de Pernambuco, os cangaceiros Manuel Antonio e Francisco Antonio, que são residentes no logar Barreiros; que por duas vezes Lampeão foi acampar no logar Serra do Matto e que quando acamparam sempre recebiam munição de Julio Pereira, que ahi residia, se encarregando tambem, de fornecer gado alheio para sustento do grupo e que sempre deixavam animaes nas mãos de Julio Pereira, para trata-los; que quando deu-se o fogo de Custodia o respondente cm o grupo, passou meia legua afastado da Serra do Matto em virtude de se achar ali destacado o sargento Firmino e vinte praças passando afastado de Brabalha uma legua, na direção do Riacho dos Porcos, indo dormir na fazenda Varzinha, de propriedade do Sr. Filemon Telles, onde foi morto um boi, que Lampeão pediu ao vaqueiro; que passaram nesta fazenda em virtude de ser a estrada que desejavam seguir; que no dia seguinte o grupo levantou acampamento, passando nos logares Canto do Feijão e Piões, já no Estado da Parahyba; que antes o grupo esteve no logar Antas, municipio de Aurora, entraram para o mesmo grupo os individuos Antonio Leite, vulgo Massilon e seu irmão Manuel Leite, , os quaes estavam homisiados na Serra do Diamante, do mesmo municipio, sob a proteção de Jose Crdoso e Izaias Arruda; que o grupo ao passar na Serra do Diamante, Lampeão ali deixou três cangaceiros sob a proteção de Jose Cardoso, cujos nomes são: Marreco, Xexeú e Cafinfin, os quaes o respondente ainda não s havia referido anteriormente; seguindo depois ate o logar Belem, onde houve resistencia, não conseguindo o grupo entrar no povoado, donde o grupo voltou pela catinga, ate a Serra do Diamante, municipio de Aurora, neste Estado, onde ficou occulto cerca de um mês, sob a proteção de Jose Cardoso e Izaias Arruda e Gustavo, e que o delegado de policia de Aurora de nome João Macedo, tambem sabia pois, foi ali visitar o grupo; que o respondente viu o delegado referido, na Serra do Diamante, em visita a Lampeão, uma vez, que Izaias Arruda fôra ali, tambem duas vezes e que Jose Carsoso ia sempre, um dia, outro não; que tambem esteve ali Julio Pereira, na companhia de um filho do Cel. Sant’Anna , conhecido por Zezinho e nesta occasião Sabino Gomes deu três contos de reis a Julio Pereira para este botar uma bodega em Joazeiro; que Lampeão nesse espaço de tempo, recebeu de Izaias Arruda dois mil cartuchos, entregues por intermedio de Jose Cardoso, que sempre era acompanhado de Gustavo e Jose Gonçalves, irmão daquelle; que todas essas pessoas sabiam que Lampeão estava se preparando para ir atacar Mossoró no Rio Grande do Norte, ataque este que era acomselhado por Izaias Arruda e Jose Cardoso, que diziam alli existir pouca força e se tornar facil, assim, o roubo; que em vista disto seguiu o grupo guiado pelo vaqueiro de Jose Cardoso, de nome Miguel, por veredas, numa extensão de dez legoas dali voltando, ficando como guia Massilon, que conhecia todo o caminho; que a viagem se fazia sempre á noite e durante o dia escondiam-se no matto; que o respondente sabe por ter ouvido Lampeão dizer e disto ter certeza, que este, por intermedio de Jose Cardoso, enviou vinte contos de reis para serem entregues a Izaias Arruda, afim deste, quando voltasse o grupo do Rio Grande do Norte, fornecer munição precisa; que isto deu-se quando o grupo ainda se encontrava na “Serra do Diamante”; que o respondente assistiu com os demais ao ataque a cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, durante o tiroteio de quatro a seis horas da tarde; que do ataque resultou a morte de dois cangaceiros de nome - Colchete e Jararaca e que nessa occasião o grupo se compunha de cincoenta homens, mais ou menos; que em vista da resistencia offerecida em Mossoró, o grupo recuou, passando pela Villa de Limoeiro, neste Estado, onde o grupo tirou photographia; que em Limoeiro, demorou, o grupo, meio dia; que de Limoeiro marchou o grupo para o “Serrote Vermelho” e ao sairem, digo, e quando ali estavam homiziados, foram informados por um morador dali de nome Ottilio Salustiano de que vinha uma força parahybana e cearense fazer uma batida no mesmo serrote; que em vista disto, tomou o grupo uma vereda e ao sair na estrada encontraram-se com a força travando-se um forte tiroteio; que o grupo nessa occasião vinha todo montado e que em vista do tiroteio, viram forçados a abandonar os animaes e alguns nas sellas; que nesse tiroteio saiu ferido o cangaceiro Heleno Caetano, vulgo “Moreno”; que desse ponto o grupo correu, indo homiziar-se no luagr “Riacho do Velame”, onde se arrancharam, entrincheirando-se tendo ahi um morador muito conhecido de Antonio Leite, vulgo Massilon o qual a mandado de Lampeão foi comprar farinha e rapaduras, isto pela tarde e que a noite Sabino Gomes indo a casa deste morador com o fim de comprar uma creação, quando foi avisado que a força já se achava proxima da morada; que nessa occasião Sabino voltou e avisou a Lampeão o roteiro da força, respondendo este que dali só sairia depois que brigasse com a força e, em seguida, tomou as cabeceiras do riacho entrincheirando todo grupo que ao amanhecer do dia seguinte cerca de seis horas, a força com um guia da casa foi ter ás barreiras do Riacho, travando-se o tiroteio do lado em que estava Lampeão, e que este depois allegou ter atirado em um tenente, o qual caiu; que o tiroteio demorou três horas, francamente e que o grupo respondia ao ataque da forçacom a mesma fuzilaria; que não saiu nenhum cangaceiro ferido e nem orto; que gastaram quase toda munição, ficando cada um, mais ou menos, com cincoenta a sessenta balas; que continuavam presos no mesmo local da luta, o Sr. Antonio Gurgel e uma senhora de que o respondente não sabe o nome, dos quaes Lampeão exigia vinte contos de Antonio Gurgel e trinta da referida mulher, pela sua liberdade; que desse local seguiram e, chegando nas vizinhanças da casa de Ottilio Salustiano, já referido acima, oito leguas distante do local da luta, o respondente, em companhia de sabino Gomes, foi deixar os referidos presos a quem Lampeão deu liberdade e algum dinheiro para a viagem; que deste local seguiu o grupo, por dentro do matto, acompanhado de guias e algumas vezes andando pela estrada porem eram repellidos pela força cearense que estava em seu encalço e novamente os obrigava a internar-se na matta; que nessa marcha veio o grupo ter á “Serra do Diamante”, já alludida atrás, onde homiziou, sob a proteção de Jose Cardoso que nesse mesmo dia conduziu um bocado de munição e a entregou a Lampeão, que a distribuiu com o pessoal do grupo; que no dia seguinte Jose Cardoso foi novamente á Serra do Diamante e ali convidou Lampeão para com o grupo vir para o sitio Ipueiras de sua propriedade, convite este que foi acceito, vindo o grupo logo em companhia do mesmo; que o grupo ao chegar em Ipueiras demorou dois dias, acampado numa manga proximo a um açude; que no primeiro dia Jose Cardoso forneceu almoço e jantar; que no segundo dia quando chegou o almoço, mandado tambem por Jose Cardoso, ao provarem-no alguns acharam amargoso, sendo que três delles enguliram alguns bocados, sentido logo após convulsões; que Lampeão e os do grupo desconfiaram que aquella comida estivesse envenenada e por isto Lampeão resolveu abandonar o ponto em que estava o grupo; que quando se preparavam para levantar acampamento verificaram que o pasto da manga estava incendiando e por isto ainda mais apressaram a fuga, saltando algumas cercas; que nessa fuga, morreram, logo adeante, os três cangaceiros que sentiram convulsões, depois da comida alludida, cujos nomes são: Mergulhão, Gavião e Fortaleza os quaes foram enterrados num riacho, pelo grupo; que o grupo tomou a direção da Serra de São Pedro, e, antes de ali chegar, mudou de rumo na direção de Ingazeiras, e distante duas leguas deixou o respondente o grupo, com o conhecimento de Lampeão, a quem vendeu o seu fuzil por duzentos mil reis, cuja arma tinha comprado a um rapaz de Lampeão; que deixando o grupo, seguiu o respondente até Joazeiro, sendo acompanhado por Coqueiro e de Joazeiro seguiu o respondente para Araripe, onde rerside o seu pae; que Coqueiro tomou a direção do Piauhi, não sabendo mais noticias delle; que elle respondente sabe mais que, no dia da chegada em Ipueira, Izaias Arruda mandou pedir mais a Lampeão por Jose Cardoso a quantia de quatorze contos, e que Lampeão combinou com Sabino Gomes dando cada um uma parte e enviaram a quantia pedida e que o respondente assistiu á entrega do dinheiro referido; que elle respondente não tomou parte no roubo de Apodi, nem tambem o grupo de Lampeão e que este saque foi dirigido por Antonio Leite, vulgo Massilon, o qual possuindo somente um cangaceiro, lhe foi fornecido trinta homens por Izaias Arruda, combinados para dividirem o roubo, tendo este novo grupo atacado Apodi, Gavião e Boa Esperança, no Rio Grande do Norte, resultando o roubo em quarenta contos de reis, em dinheiro, afora objetos de ouro e prata, relogio, etc.; que elle respondente, estando na Serra do Diamante, com o grupo de Lampeão, ali chegou Izaias Arruda e contou a mesma historia que lhe contara Antonio Leite, vulgo Massilon, sobre o facto narrado acima, acrescentando mais que, se com os trinta homens que havia dado a Massilon, que é tolo, tinha adquirido quarenta contos, quanto mais Lampeão - que arranjaria muito mais dinheiro, por possuir maior numero de cangaceiros e ser mais experiente; que durante o tempo em que o respondente esteve no grupo de Lampeão notara que alguns cangaceiros ficavam atras, para nas estradas forçarem algumas moças como tambem mulher casada; que sabe que alguns destes eram mais audaciosos, neste sentido, entre os quaes Moreno, Jararaca e Nevoeiro; que Lampeão conduz o dinheiro em bolsa, que tras a tiracollo, sendo que uma parte elle tem guardado nas mãos do Cel. Angelo da Gia de quem Lampeão tudo confia; que no incendio da manga, no sitio Ipueiras o grupo fugiu sem travar tiroteio; que Antonio dos Santos, cangaceiro que tambem foi com o grupo roubar no Rio Grande do Norte e rerside no logar Antas, do municipio de Aurora, quando o grupo chegou em Ipueiras se offereceu para tratar de Moreno que havia sido ferido na Serra Vermelha, como já referiu atras, tendo ficado tambem com este mais os cangaceiros Português e Ricardo, não sabendo em que lugar os mesmos se occultaram; que o respondente, estando em Araripe, no logar Baixio do Ramos, onde reside o seu pae, resolveu fazer um samba em regozijo pela sua chegada, delle respondente; que alta noite, difulgou ?? na casa da festa algumas pessoas da rua, um pouco alcoolizadas e que armadas de faca, começaram a produzir desordens; que o respondente procurou acalma-los e como não o conseguisse saccou de um revolver afim de amedrontá-los; que sendo agarrado por diversos , afim de o desarmarem, succedeu que o revolver disparou por duas vezes, produzindo um ferimento num seu tio pelo lado materno; que este ferimento produziu a morte, poucas horas depois, do seu tio alludido; que por isto foi preso e descoberto ter servido como cangaceiro no grupo de Lampeão.

E, como nada mais disse e lhe foi perguntado, deu o delegado por encerrado o presente interrogatorio, mandando lavrar o presente auto, que, sendo lido e achado conforme, vae assignado pelo mesmo delegado e a rodgo do respondente pelo cidadão Francisco Carvalho. Eu, Jose Carvalho, escrivão que escrevi, do que tudo dou fé. (aa) Raimundo Moraes Britto - Francisco Carvalho.

*Texto componente do acervo de Sérgio Dantas


Charge sobre a desigualdade brasileira

Por Emanoel Amaral
Meus amigos e amigas, 

Durante o mês de dezembro eu substituí o chargista Brum, durante as suas férias, no jornal Tribuna do Norte. Entre as muitas charges que fiz neste período, esta foi muito comentada e elogiada. Foi motivo, inclusive, de artigo no caderno de Economia do Jornal Tribuna do Norte, que compartilho com você neste email.   

Abs e Feliz 2014 para todos vocês.



A desigualdade brasileira numa charge

Por Alcimar de Almeida Silva - advogado, economista, consultor fiscal e tributário 

Impossível é medir a extensão do espaço e do tempo utilizado pela mídia para se referir à desigualdade social e econômica brasileira. Da mesma forma não é possível obter o custo de tantas e tantas pesquisas realizadas por entidades públicas e privadas nacionais, estrangeiras e internacionais a respeito do assunto. Nenhum IBGE, ONU, PNUD, Banco Mundial e outros que tais será capaz de abordar de forma clara e objetiva o fenômeno, como o fez em espaço reduzido e de baixo custo Emanoel Amaral, em charge publicada na edição de 25 de dezembro último da Tribuna do Norte. Quem não teve a oportunidade de vê-la, recomendável é desenvolver esforços no sentido de obtê-la, em forma física ou virtual, porque vale a pena. 

A peça inclusive é digna de ser levada às salas de aula de todos os níveis de ensino, até mesmo dos cursos de pós-graduação nos quais há professores que primam mais pela recomendação de livros e leituras sofisticadas e de difícil localização. Enquanto isso desconhecem ou deixam de valorizar produção intelectual que se serve de tecnologia simples e de baixo custo. Pois na charge mencionada estão registrados de forma sintética o encontro e o diálogo entre os pobres, que são muitos e os ricos, que são muito poucos, que compõem a sociedade brasileira que persiste desigual. E isto apesar do Bolsa Família, do PAC, do Mais Médico e de outros produtos expostos na vitrine governamental, cujos resultados também são produto apenas das estatísticas oficiais. 

Pois bem, voltando à charge, o Brasil Rico não apenas exibe como declara ter ganhado – certamente de Papai Noel que se denuncia discriminatório – um tablet e um carro de controle remoto, enquanto o Brasil Pobre responde que ganhou meio tablete de chocolate – o que não deixa de ser tido até como privilégio – e uma carro de controle bem próximo. Este é puxado por um cordão e vê-se ter sido produzido artesanalmente com a utilização de uma embalagem de leite que – queira Deus, tenha sido consumido por aquela amostra do Brasil Pobre. Pelo menos, um exemplo bom é dado ao Brasil Rico, qual seja o fato de o Brasil Pobre – ainda que por força de sua inferioridade social e econômica – está demonstrando práticas ambiental e socialmente sustentáveis. 

Enquanto o Brasil Pobre se alimentou com o seu meio tablete de chocolate que ganhou, resultado da divisão com um dos seus muitos irmãos, conduz puxado no cordão o carro com o qual foi presenteado conseqüente da reciclagem da embalagem de leite, não constituindo agressão ao meio ambiente, estando se comportando em conformidade com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010). Por sua vez o Brasil Rico que não dependeu de presente de Papai Noel para se alimentar, pratica agressão ao meio ambiente, pela presença de pilhas, baterias, produtos eletrônicos e seus componentes contidos no tablete e no carro de controle remoto que ganhou de presente, sujeitos à chamada logística reversa preconizada naquela lei.

Outros aspectos da diferença entre o Brasil Rico e o Brasil Pobre estão presentes na charge, como o fato de que o primeiro está bem vestido e bem calçado, ao passo que o segundo está descalço e sem camisa. Somente por esta exteriorização de condições, pode-se concluir que o primeiro está menos propenso a contrair as doenças da infância, enquanto o segundo a elas está mais propenso. Por tudo isso, vale mencionar Edmar Bacha na fábula em que o Rei compreendendo que o PIB era uma espécie de Felicitômetro dos Ricos mandou demitir seu conselho-mor para finanças: “Desde esses acontecimentos o reino tem vivido dias mais felizes, pois, embora pobre, passou pelo menos a contar com medidas honestas de crescimento. Moral: Já não se fazem mais reis como antigamente”.


 Enviado pelo poeta, escritor e pesquisador do cangaço Kydelmir Dantas

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

AS OITO IRMÃS DO CANGACEIRO ZABELÊ (Crônica)

Por Rangel Alves da Costa*


Nem posso dizer que o texto que segue é fruto de construção literária, da minha verve prosista, pois tudo, como se verá, é tão verdadeiro quanto o sangue que corre pelas minhas veias, afluente que é do caudaloso rio familiar do cangaceiro Zabelê e suas sete irmãs.

Manoel Marques da Silva, mais tarde apelidado como Zabelê no bando de Lampião (Alguns afirmam a existência de outro ou até outros Zabelês), era filho único de Antônio Marques da Silva e Maria Madalena de Santana, a Mãe Véia. Suas irmãs, em número de oito, eram Emeliana, Conceição, Osana, Isabel, Rosinha, Mãezinha, Mariquinha e Cordélia.

Assim, meus bisavôs paternos Antônio Marques e Mãe Véia fizeram nascer numerosa prole, talvez pensando em formar descendência familiar forte num pequeno lugarejo lá pelas bandas mais esturricadas do sertão sergipano. Nessa época Poço Redondo fazia parte do município de Porto da Folha.

Pois bem. Nove filhos nasceram, porém sendo apenas um homem em meio a tantas mulheres. E quando mais tarde o único herdeiro dos Marques - por circunstâncias que somente a predisposição do momento, o modismo cangaceirista e o destino podem explicar – resolve fazer parte do bando do Capitão Virgulino e deixa a segurança do lar para viver as incertezas sangrentas das caatingas, os seus pais passam a amargar a dor da ausência e os temores em ter dentro de casa seis filhas para criar.

Ora, no sertão é dito como certo que casa que tem filho homem marmanjo algum quer dar uma de gavião para querer beliscar irmã dos outros. Se o menino Manoel Marques estivesse em casa os pais das sete mocinhas não ficariam tão preocupados. O perigo aumentava quando se sabia que as meninas da época eram apaixonadas pelos cabras de Lampião e inexplicavelmente atraídas para a vida em perigo.

Mas o menino resolveu se unir a Lampião e seus comandados e não teve jeito mesmo. Já no bando, então batizado como Zabelê, nome de pássaro errante pelos sertões nordestinos, foi se afastando cada vez mais da família, com quase nenhuma notícia nem sinal de que voltaria um dia para molhar os olhos de todo mundo. A esperança do retorno, desesperançada... 

Nesse desvão de mundo, naquele mundão de meu Deus, onde a sorte morava ao lado morte, sustentar família era um sacrifício. Se Manoel tivesse aqui era tudo muito diferente, muito mais alegria, muito mais encorajamento pra gente viver essas durezas dos homens e da terra, além de que certamente esses cabras não estavam noite em dia em minha porta com enxerimento pras minhas meninas. Certamente era isso que Mãe Véia murmurava enquanto batia o café no pilão ou ralava o milho para o cuscuz.

Mãe Véia tinha razão, pois por ali mais tarde foram aparecendo um tal de Ermerindo, um citadino chamado Aloísio, um militar chamado Rios, sertanejos como Timbé e Bastião e outros, cada um levando na mão uma flor do campo e roubando os corações das filhas de Antônio Marques.

Mas o que fazer se Manoel não estava ali para olhar bem nos olhos desse magote enxerido, medir de cima a baixo, e dizer se prestava ou não? Mas o destino não anda na contramão. Zabelê estava vivendo sua vocação catingueira, enquanto suas irmãs Emeliana, Conceição, Isabel, Osana, Mãezinha, Rosinha, Cordélia e Mariquinha buscavam a formação de novos laços familiares.

Assim, como disse acima, sou filho desse contexto, pois minha avó paterna, Emeliana Marques, casou com um rapaz das bandas de Carira, de nome Ermerindo Alves Costa, fazendo nascer dessa união também sete filhos, dentre eles o ex-prefeito de Poço Redondo e escritor Alcino Alves Costa, meu pai.

Meu tio passarinho, Zabelê com asa e bico e plumagem, depois que saiu de casa voou para sempre. Nunca mais colocou os pés na morada para rever a família, nunca mais mandou um recado dizendo que um dia voltaria, nunca mais pousou na mangueira do quintal ao entardecer. Seu Antônio Marques e Mãe Véia morreram sem o prazer da volta do filho homem.

Contudo, mesmo sem visitar familiares nem adentrar novamente à velha casa para beber um copo d’água sequer, Zabelê de vez em quando estava por perto, voando baixo na região de Poço Redondo. Fazendo parte do bando do Capitão, assim que o homem se amoitava pelas redondezas ele fazia parte da comitiva.

No dia 28 de julho de 1938, quando na madrugada sertaneja a volante alagoana fez o cerco e matou Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros, na Gruta do Angico, terras de Poço Redondo, Zabelê só se salvou por milagre. Junto com Pitombeira arribou no meio do mundo. Contam que quando a saraivada de balas começou a riscar por todo lugar, Zabelê passarinho voou bem alto, sumiu numa nuvem e se escondeu.

E parece que se escondeu tão bem escondido nessa nuvem que de lá ninguém mais o viu, principalmente a família. Até hoje as irmãs que ainda estão vivas, como minha avó Emeliana e minhas tias Cordélia, Mariquinha e Mãezinha, choram quando lembram ou ouvem falar do irmão passarinho.

Elas mesmas avoaram muitas vezes por aí em busca do irmão. Há alguns anos, ainda quando estavam com vigor físico que permitia que fizessem longas viagens, bastava que ouvissem um rumor que o irmão poderia estar em algum lugar e lá iam elas em caminhonete, cortando os caminhos quase sem destino.

E assim voaram pelos céus de Minas Gerais, Pernambuco e Bahia, dentre outros lugares, mas nada de encontrar nem uma pena do passarinho. A única certeza é que ele voou pra bem longe. E certamente hoje o meu tio faz ninho no céu. 

Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O CANGACEIRO " SARACURA " - Paripiranga na História

Por: Thomaz Araújo
 http://www.orkut.com.br

Cada vez mais descobrem-se pessoas e fatos que elevam Paripiranga/BA  à  categoria de palco de uma das páginas mais estudadas e dolorosas do Brasil contemporâneo: O Cangaço.

Desta vez, a surpresa veio por conta de uma conversa com um amigo que também pesquisa a nossa História e que revelara através de relatos orais de pessoas que viveram nas décadas de 1920 e 1930. 

Catando informações aqui e ali, ficou constatado que Paripiranga foi um pequeno celeiro dos cabras de Virgolino e dos seus subgrupos aqui de passagem, além de ser também referência  de algumas pessoas que davam apoios chamados pelas volantes de "coiteiros".

Uma dessas personagens foi o natural de Paripiranga, (BA) de nome Benício Alves dos Santos que recebeu a alcunha de "Saracura".

Nascido na região chamada de Curral, perto da comunidade Maritá, divisa com os  municípios de Carira e Pinhão no Estado de Sergipe.

www.portalfeb.com.br

Em entrevista ao jornalista  Joel Silveira em Março de 1944, na Penitenciária de Salvador, Saracura conta como entrou para o bando de Virgolino, grupo de Zé Sereno e depois seguiu com Ângelo Roque, o "Labareda", que assim como Corisco tentaram manter viva a chama do Cangaço após o passamento de Lampião em 1938.
       
Veja a seguir, um trecho desta conversa interessante com alguns cangaceiros sobreviventes: O próprio Saracura parece, agora, sair do seu sono triste.

Pede a palavra e conta:

-" Posso falar do meu caso. Peguei na espingarda quase obrigado, para mim vingar das misérias que fizeram com meu pai. Um dia, no Coité, uma volante invadiu o nosso sítio. Queriam à força que meu pai desse notícia dos cangaceiros, como se ele fosse um coiteiro. O velho não sabia de nada, e então os "macacos" começaram a supliciar o pobre: arrancaram as barbas dele, fio à fio, arrancaram suas unhas com alicate; se o senhor pensar que estou mentindo, vá lá no Coité e procure André Paulo Nascimento, que mora nas redondezas. É o meu pai. Ele dirá ao senhor se estou ou não falando a verdade. Ele mostrará ao senhor o estado em que ficaram seus dedos. E eu próprio, antes de pegar na espingarda, fui um dia violentamente espancado na
Fazenda Curral, perto do Coité. Os "macacos" haviam dito que eu era coiteiro, mas na verdade é que, até então, eu nunca vira um bandido na minha vida".

Saracura me revela mais que é casado e tem três filhos, que de vez em quando o visitam.

Essa imagem do Benício foi feita em Salvador, 1964, onde ele trabalhava no necrotério do Instituto Nina Rodrigues. 

http://profellingtonalexandre.blogspot.com.br

Emprego arranjado pelo amigo Dr. e escritor Estácio de Lima. Um cargo que poucos ou quase ninguém aceitaria, mas como se tratava de um ex cangaceiro de Lampião... Só tinha medo dos vivos.


O termo dito pelo cangaceiro Saracura que relaciona Coité como sua terra está correto, pois Paripiranga antes chamava-se de Patrocínio do Coité. Como está contida na seguinte informação tirada no WIKIPÉDIA:

Nos seus primórdios, a povoação de Malhada Vermelha foi premiada pelo cidadão José Antônio de Menezes, que construiu uma capela sob a invocação de Nossa Senhora do Patrocínio, filiada à Freguesia de Nossa Senhora do Bom Conselho dos Montes do Boqueirão. A dita capela foi elevada à categoria de freguesia pela Lei Provincial 1 168, de 22 de maio de 1871, com o nome de Nossa Senhora do Patrocínio do Coité.

Patrocínio do Coité, inicio do século XX.
Acervo: Marcos Aurélio Carregosa Lima

Material do acervo do pesquisador e colecionador do cangaço Dr. Ivanildo Alves da Silveira.

Veja-o no Orkut
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?tid=5872664102770888892&cmm=624939&hl=pt-BR

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LEMBRANÇAS QUE O TEMPO NÃO APAGA-Jane & Herondy em Mossoró


Por Edvaldo Morais

Em meados dos anos 70, a dupla JANE & HERONDY fazia sucesso nas rádios do país inteiro com a canção “Não se vá”. Em sua tournée pelo Nordeste o casal esteve em Mossoró para um show promovido pela Rádio Rural. 

Neste registro, Herondy, recepcionado pelo Padre Américo Simonetti, então Diretor Geral da emissora da Diocese de Santa Luzia. O sacerdote sempre incentivou os grandes talentos musicais, inclusive os valores revelados pelo concurso “A mais bela voz”, do qual foi um grande entusiasta. 

Padre Américo faleceu, aos 79 anos de idade, em 2009, no Hospital Wilson Rosado/Mossoró, vítima de câncer. A dupla Jane & Herondi, ele com 74, ela com 76 anos, continua se apresentando em shows pelo Brasil afora, bem como em programas de tv, como o do Ratinho (Foto menor, de 2019).


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

NOTA DE PESAR



O Relembrando Mossoró comunica a todos o falecimento que ocorreu agora a noite da senhora Maria de Fátima Argemiro Campina, que faleceu agora a noite, vítima de acidente de trânsito. Nossos sentimentos aos familiares e amigos.


http://blogdomendesemendes.blogspot.ocm