Por João Filho de Paula Pessoa
Em 1927, Lampião e seu bando passavam pelo Ceará em fuga da derrota em
Mossoró/RN, nas cidades e povoados passaram em paz, foram acoitados e bem
tratados, apesar de seguiam em seu rastro algumas Volantes. Quando estavam na
localidade do Riacho da Fortuna, no Cariri Cearense, Lampião soube que uma
volante da Paraíba estava em seu encalço, assessorada por uma Volante Cearense,
esta inexperiente e apreensiva, mas que juntas formavam um grande contingente.
Pelo cansaço que estava Lampião decidiu não correr e ficar para lutar e, como
sempre, traçou uma estratégia de combate. O Bando se entrincheirou e aguardou o
cerco das volantes se fechar. Quando os soldados já estavam próximos das
trincheiras, Lampião dá o sinal e o fogo começa e uma chuva de balas cai sobre
os volantes, acompanhada por uma gritaria danada dos cangaceiros. Os soldados
se esconderam e revidaram o tiroteio durou por mais de uma hora. De repente,
ao sinal do Capitão, tudo para, tudo se acalma, todos se calam, nada se move,
silêncio total, nenhum tiro ou sinal de vida, nenhum movimento ou barulho.
Os
soldados por sua vez, insistem com alguns tiros e gritos, mas nada acontece.
Esta calmaria permanece inalterada por algum tempo, até que alguns soldados
começam a espiar, a estivar os ouvidos e a sair de seus esconderijos, aos
poucos e com cautela, até que todos os soldados saem de seus postos acreditando
que os cangaceiros tinham fugido, e se dirigiram ao centro do cerco para
conferir, até que, inesperadamente, ao sinal do Capitão, todos os cangaceiros
ressurgem do nada, aos gritos e com uma nova chuva de balas, causando um susto
tremendo nas volantes e uma instintiva, desesperada e pavorosa debandada geral
dos soldados, cada um por si, correndo em direções diversas e desconexas, sem
formação ou comando, num “pega pra capá” danado, saltando pedras, furando
arbustos, rastejando, tropeçando, até que sumiram todos os soldados, não ficou
nenhum, nem mesmo o tenente. Após alguns instantes tudo se acalmou de novo e
Lampião com seu bando fugiram pelo leito seco do rio, deixando para trás quatro
soldados tombados e alguns feridos, sem nenhuma baixa cangaceira. João Filho de
Paula Pessoa, Fortaleza/Ce. 05/02/2020.
Foto: Os Sertões
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