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domingo, 21 de outubro de 2018

ENTREVISTA


Por Aderbal Nogueira
https://www.youtube.com/watch?v=8bM0jkm1Xc4&feature=share

Entrevista da professora Débora Cavalcantes de Moura, ela fala sobre São José do Belmonte-PE e o Castelo Armorial, entrevista concedida ao documentarista e pesquisador Aderbal Nogueira, no Cariri Cangaço São José do Belmonte 2018.

Publicado em 19 de out de 2018

A professora Débora Cavalcantes fala um pouco sobre São José do Belmonte, o Castelo Armorial e sobre as Pedras do Reino.

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PRIMEIRA BIOGRAFIA ERUDITA DO REI DO CANGAÇO.

Por José Romero de Araújo Cardoso

Virgulino Ferreira, o Lampião, assumiu em agosto de 1922 a chefia do bando de Sebastião Pereira da Silva (Sinhô Pereira), e quatro anos após ascender ao grau máximo do banditismo rural, sertanejo, teve sua vida parcialmente biografada no Estado da Paraíba. Antes, a literatura popular, através dos inúmeros cordelistas já o havia imortalizado.

Escrita por encomenda do então presidente do Estado. Dr. João Suassuna e subsidiado pelo então deputado e chefe político de Princesa, “coronel” José Pereira Lima, a primeira biografia erudita de Lampião é de autoria do jornalista Érico Gomes de Almeida, que militou por oito anos seguidos no matutino paraibano “O Norte”.




Deixando a redação do referido veículo de comunicação, Almeida foi incorporado ao funcionalismo público, engajando-se na campanha de combate à lagarta rosada. O Ministério da Agricultura mantinha escritório no município de princesa, visando debelar a praga que ameaçava o principal produto na pauta de exportações da Paraíba à época. 

Com o término do governo Epitácio Pessoa na presidência da república, a gestão sucessora desestruturou diversas políticas fomentadas por sua administração. Desempregado, Érico de Almeida aceitou a subvenção do governo da Paraíba e do “coronel” José Pereira para sua importante contribuição à história regional.

Devido ao caráter apologético definido na obra, Almeida foi confundido por Mário de Andrade como sendo um pseudônimo utilizado por Suassuna, o que não era verdade.

A importância da primeira biografia erudita de Lampião reside justamente em seu pioneirismo e nos dados colhidos in loco. Reeditá-la significa, antes de tudo, resgatar uma preciosidade da nossa historiografia esquecida nas brumas do tempo.

https://cangacologia.blogspot.com/2018/10/primeira-biografia-erudita-do-rei-do.html

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AS CRUÉIS RECOMPENSAS

*Rangel Alves da Costa

Ora, mas o que é mesmo recompensa, hein? Nada mais que uma retribuição por algo recebido. Através de recompensa, ao outro se dá a retribuição ou se faz o reconhecimento daquilo que foi concedido.
Faça o bem que receberá o bem, assim se diz. O mal virá com o troco da maldade. Quem dá flores não merece espinhos. Quem estende a mão para servir não merece depois ser apunhalado.
A recompensa está sempre presente e viva na vida das pessoas. Aliás, tudo é recompensa. O amor com o amor, a gratidão com a gratidão, o afeto com o afeto. Dar pelo que recebeu. Agradecer pela dádiva assegurada.
Contudo, na vida prática, comumente as pessoas se esquecem do valor da recompensa ou da gratidão e, ao invés da justa retribuição, agem perante o outro como se deste tivesse recebido uma brasa em fogo ou um enxame de abelhas.
Daí não somente deixarem de agradecer como transformam aquele gesto de bondade numa maldade sem fim. São as cruéis recompensas espalhadas a todo instante e por todo lugar.
A pessoa sempre mostra gratidão, é amiga e leal, mas a outra vai falando barbaridades pelas costas. O marido sai pra trabalhar debaixo do sol e da chuva, esforça-se feito um animal de carga para não deixar faltar nada em casa, mas sua esposa recompensa seu sacrifício com a traição.
Os pais lutam pela melhor educação dos filhos, tudo fazem para guiá-los pelos caminhos do bem, mas da porta da frente em diante vem a pancada. A pessoa pede uma esmola, recebe um pão, mas na esquina mais próxima lança o alimento no esgoto.


A pessoa claramente passa fome, precisa de qualquer ajuda, mas quando recebe - e depois da barriga cheia - age como se a outra tivesse obrigação de colocar comida no prato. Quando a fome chega novamente, retorna de mão estendida, sempre cabisbaixa e entristecida (ainda que falsamente), como se nenhuma ingratidão tivesse cometido.
Existem pessoas assim: quanto mais são ajudadas mais se fazem de esquecidas. Ou de repente se tornam simplesmente como inimigas daquela que ajudou. E mais: tudo fazem para ferir, magoar, para mostrar a feição maléfica que há dentro de si.
Mas, como diz o Livro do Eclesiastes, um dia passa e outro dia vem. Quem estendeu a mão a recolherá, quem não recompensou será esquecido. E quem ajudou, quem fez o bem o bem, que agiu pela bondade cristã, continuará sempre com o coração confortado. E será recompensado pela ação divina.
Mas o outro, aquele que faz da retribuição uma cruel recompensa, este prestará contas não só aqui na terra como - e principalmente - lá em cima. Se não for logo empurrado pra baixo. E não haverá mão que lhe seja estendida.

Escritor

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20 DE OUTUBRO 96 ANOS DO ATAQUE A CIDADE DE BELMONTE POR CANGACEIROS LIDERADOS POR IOIÔ MAROTO, LAMPIÃO E TIBURTINO INÁCIO

Por Valdir José Nogueira...pesquisador/escritor

O senhor Henrique Gonçalves de Lima (Henrique Curinga), residia atrás da casa do coronel Gonzaga Ferraz, e contava que na madrugada do dia 20 de outubro de 1922, numa sexta-feira, cerca das 4 para as 5 horas da madrugada, fora despertado pelo ruído de tiros que se fazia ouvir, pensando a princípio tratar-se de bombas dos festejos religiosos em honra ao Coração de Jesus, conhecendo em seguida que se tratava de verdadeiro tiroteio o qual se verificava a pouca distância de sua casa, sendo que perto da mesma se encontrava um grupo de assaltantes, que para penetrar na residência do coronel Gonzaga, fizeram dois dos bandidos Vereda e José Dedé, conhecido por Baliza, escalar o muro e uma vez dentro, sustentar o fogo, para que permitisse ao restante dos atacantes arrombar o portão de entrada para o quintal do dito coronel. Que o Sr. João Gomes de Sá, primo e vizinho de Gonzaga, ouvindo o barulho que fazia os assaltantes junto ao referido portão, saiu para enfrentá-los no muro que era comum as duas casas dele e Gonzaga.

A senhora Joaquina Izabel de Jesus, filha de dona Izabel Maria da Conceição, no dia do tiroteio foi forçada a abrir a porta de sua residência, dando entrada aos cangaceiros que dali atiravam em direção ao riacho que banha a cidade de Belmonte, dando retaguarda contra a polícia, em benefício dos cangaceiros de Ioiô Maroto.


Os bandidos pouparam a casa de negócio do coronel Gonzaga somente porque sendo esta situada na esquina de um beco e só tendo entrada pela frente, acontecia que a defesa ostensiva da cidade, sob o comando do bravo sargento Alencar (José Alencar de Carvalho Pires) impedia que esse intento fosse então realizado.

Na noite anterior, ao término do tríduo religioso, em honra ao Sagrado Coração de Jesus, o coronel Gonzaga acompanhou o Padre José Kehrle até a casa Paroquial, lá o reverendo interpelou-o sobre a situação deste com Ioiô Maroto, respondendo o mesmo que estava tudo terminado, pois que Antônio Maroto, irmão de Ioiô, entrara com ele em negociações, tendo emprestado ao mesmo a quantia de três contos de réis e cedido o vapor para serviço de seu compadre Ioiô. Na ocasião, o coronel Gonzaga informou para o padre que também havia dispensado um pessoal que por precaução trazia armado em sua residência para garanti-lo. Gonzaga retardou a sua visita ao Padre José Kehrle até as 23 h em virtude de uma chuva que caiu.


O coronel Gonzaga nunca chegou a ser prefeito de Belmonte, embora esse desejo fosse alimentado com o passar do tempo, o mesmo deixou a sua marca na cidade como um abastado fazendeiro, o maior comerciante da região, sendo muito bem relacionado e benquisto, trabalhando sempre em prol do desenvolvimento do lugar. Em decorrência do problema surgido entre ele e Ioiô Maroto, Gonzaga andou desejoso de mudar-se definitivamente de Belmonte, chegando a se ausentar durante um mês, todavia, resolveu voltar a esta cidade, aconselhado pela poderosa família Pessoa de Queiroz, de Recife, que era sua amiga e o prestigiava sempre, desejando até mesmo torná-lo prefeito do município de Belmonte. Contudo, o que se comentava na época, era que, para adquirir amizades políticas, e por compromisso com o governo, Gonzaga tinha se comprometido a capturar ou facilitar a captura de Sebastião Pereira e Luiz Padre. O certo é que Gonzaga voltou para Belmonte ainda mais prestigiado, porém, a ideia da família Pessoa de Queiroz em torná-lo prefeito abalou os alicerces das duas facções que polarizava a política local: Carvalho e Pereira. A família Carvalho, sob o comando do major Joaquim Leonel Pires de Alencar, não aceitaria nunca perder o poder, adquirido na campanha de 1911 com a ascensão ao governo do Estado do General Dantas Barreto e a família Pereira andava desgostosa em decorrência de querelas surgidas entre Gonzaga com Sinhô Pereira e Ioiô Maroto.

De acordo com o depoimento do Sr. Sebastião Xavier de Souza: “O coronel Gonzaga não era político propriamente no município de Belmonte, todavia, dispunha o mesmo de muitos elementos como proprietário e comerciante muito rico, além de ser muito caritativo, podendo então se afirmar ser o pai da pobreza, e conhecido por sua extrema bondade. Que Ioiô Maroto e Gonzaga sempre foram muito amigos, dispondo como se dizia Ioiô Maroto da gaveta de seu compadre Gonzaga.”


Todavia, na sombra, Ioiô Maroto começou a por em prática o seu plano de vingança. Em suas maquinações e ideias sinistras, começou a aliciar parentes e moradores seus, cangaceiros, formando um bando capitaneado por ele próprio, a gente de Tiburtino Inácio (filho do major José Inácio do Barro – CE), bem conhecido também nos fastos do banditismo e a malta do célebre bandoleiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e resolveu atacar Belmonte e assassinar o seu compadre Luiz Gonzaga Gomes Ferraz.

Pelas nove horas da noite do dia 19 de outubro, Ioiô Maroto saiu de sua fazenda Cristovão com seus companheiros e cangaceiros, parentes e moradores, em número superior a 45 homens, com rumo certo para a cidade de Belmonte, onde realizaria a empreitada na forma pretendida.


De 4 para 5 horas da madrugada, do dia 20 de outubro de 1922, a cidade de Belmonte era despertada ao ruído de tiros que se disparavam de mais de um ponto da rua e das suas imediações. O tiroteio ia crescendo de intensidade e duração, dando a entender, dentro em pouco, tratar-se não de bombas que vinham sendo frequentes por motivos dos festejos religiosos do Coração de Jesus, mas de detonações de armas de fogo num verdadeiro assalto.

Naqueles tempos de cangaceirismo, em que ninguém tinha a propriedade e a vida seguras, as povoações, as cidades, não se eximiam desses terrores e era um ataque em regra que se fazia a Belmonte.

O cangaceiro Francisco Vereda foi o autor do disparo que deu fim ao coronel Gonzaga, como também o disparo que pegou de raspão no padre José Kehrle.

Na ocasião, grandes estragos foram realizados no casario da cidade de Belmonte, inclusive na residência do cidadão Quintino Guimarães, onde Ioiô Maroto se aquartelou com a finalidade de dirigir ele próprio o tiroteio, sendo o mesmo o responsável direto por toda a hecatombe.


A casa do coronel Gonzaga foi totalmente saqueada. O prejuízo em dinheiro ultrapassou os 5 contos de réis, sem falar na mobília quebrada, portas e janelas, redes cortadas etc. Dentre as joias que foram todas roubadas, os cangaceiros levaram um anel de brilhante pertencente e usado pelo coronel Gonzaga, que dizem ter sido visto depois em um dos dedos de um cangaceiro de chapéu desabado e alvacento, identificado como o bandoleiro Lampião.

Ainda pouco explorado, a morte do coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz é considerado como um marco na história do cangaço, pois assinala o fim definitivo da era Sinhô Pereira e o início da trajetória de Lampião como líder. Fato curioso na própria história do cangaço, Lampião participar da hecatombe de Belmonte, uma vez que o mesmo não tinha praticamente nada a ver com toda aquela briga e ao mesmo tempo tinha em virtude de possuir inimigos que eram também da família do coronel Gonzaga, na região de Nazaré do Pico, em Floresta.


De acordo com o Delegado Regional Francisco Menezes de Melo, a relação nominal dos indivíduos que tomaram parte no assalto a cidade de Belmonte em 20 de outubro de 1922. Consta que muitos indivíduos tomaram parte no ataque, mas ignora-se ao certo o nome ou sinais característicos de cada um.

1 – Crispim Pereira de Araújo (Ioiô Maroto – foragido em Princesa)
2 – Virgulino Ferreira da Silva (Lampião – foragido)
3 – José Terto (Cajueiro)
4 – Antônio Carnélio
5 – José Bizarria
6 – José Theotônio da Silva (José Preto)
7 – João Porfírio
8 – Feliciano de Barros
9 – Antônio Padre (filho de Padre Pereira)
10 – Pedro José Clemente (Pedro Caboclo)
11 – Antônio Pereira da Silva (Toinho da Cachoeira)
12 – Francisco José Verêda (Verêda)
13 – Tiburtino Inácio
14 – Antônio Moxotó
15 – José Dedé (Baliza)
16 – Meia Noite
17 – José Ovídio
18 – Papagaio
19 – José de Tal (Caneco)
20 – Miguel Cosmo
21 – Raimundo Soares do “Barro”
22 – Antônio Ferreira da Silva
23 – Livino Ferreira da Silva
24 – José de Tal (Caboré)
25 – Cícero Costa
26 – Terto Barbosa
27 – José Benedito
28 – Manoel Barbosa
29 – Olímpio Benedito (Olímpio Severino Rodrigues do Nascimento)
30 – Francisco Barbosa,
31 – José Araújo (Dé Aeaújo)
32 – José Flor (Manjarra)
33 – Antônio Caboclo (Ponto Fino)
34 – Laurindo Soares (Fiapo)
35 – Manoel Benedito
36 – Antônio Pereira da Silva
37 – João Cesário (Coqueiro)
38 – Sebastião de Tal (Sebasto)
39 – Manoel Saturnino
40 – Beija Flor
41 – Pilão
42 – Lino José da Rocha


Toda essa história foi vivida e relembrada durante o Seminário do CARIRI CANGAÇO que aconteceu em São José do Belmonte entre os dias 11 a 14 de outubro de 2018.

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/

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LILA, O LABRADOR FAMOSO QUE AJUDA A RETIRAR PLÁSTICOS DO OCEANO: VÍDEO

Por Só Notícia Boa
Lila - Foto: reprodução / Facebook / 4Ocean

Lila é um labrador preto de 7 anos que está ficando famoso nas redes sociais por ajudar a retirar plásticos do oceano. O vídeo que mostra ela mergulhando já tem mais de 1 milhão de visualizações no Facebook. (assista abaixo).

Ela foi contratada pela 4Ocean, uma empresa especializada. Lila mergulha nas águas da Flórida, nos Estados Unidos, para coletar garrafas plásticas.

Ah, não se preocupe! O tutor dela, Alex Schulze, garante que Lila trabalha pouco e não corre riscos.

Quando sai de casa ela usa óculos de sol especiais e no trajeto até a praia a cachorrinha viaja em um pequeno trailer, com cinto de segurança.

Na hora do serviço no mar, ela mergulha com um colete especial mantendo parte de sua flutuabilidade.

A cachorrinha não vai sempre ao mar e, quando vai, mergulha poucas vezes, garante Alex Schulze.

Treinamento

Alex Schulze conta que ela passou por um longo treinamento.

Primeiro, Lila começou a mergulhar para buscar brinquedos, jogados em uma piscina por seu dono. Agora parece uma profissional quando mergulha.

Desde que a 4Ocean foi lançada, em 2016, já foram retirados mais de 500 toneladas de lixo do mar.

Além de Lila, a empresa tem uma equipe de profissionais que limpam os oceanos e transformam o plástico que coletam em pulseiras.
História

Lila se tornou conhecida em 2015 depois dos vídeo em que aparece caçando lagostas no fundo do mar.

Os anos se passaram e seu tutor, Alex Schulze, decidiu empreender. Abriu a 4Ocean com o empreendedor Andrew Cooper e usou as habilidades de Lila de uma forma diferente.

A empresa atua na Flórida e também tem uma operação em Bali, na Indonésia.

Veja abaixo Lila em ação:

Clique nos links e assista aos vídeos.

http://www.sonoticiaboa.com.br/2018/10/21/lila-labrador-famoso-ajuda-retirar-plasticos-oceano-video/

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A GRANDE INVASÃO À CASA DE GONZAGA EM BELMONTE...1922

Da fazenda Cristovão; pouso de Ioiô Maroto e coito dos cangaceiros; partiu a Caravana Cariri Cangaço e as 15 horas chegávamos ao centro de São José de Belmonte para mais uma espetacular visita técnica, desta vez à "Casa de Gonzaga" e à célebre invasão que resultou em sua morte... Agora com a palavra o pesquisador Valdir Nogueira: "No centro histórico da cidade de São José do Belmonte, dominando a paisagem da bonita e tradicional Praça Pires Ribeiro, um imponente casarão chama atenção por sua extrema beleza.Pouca gente sabe, mas o casarão foi construído, entre os anos de 1911 e 1912, pelo Coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz, importante comerciante, fazendeiro e pecuarista nascido no vizinho município de Floresta.Esta imponente casa, em estilo neoclássico, é uma herança dos tempos opulentos em que o poder oriundo da borracha da maniçoba, dominava o cenário local.Por toda a extensão do casarão há belos elementos decorativos, não apenas no frontão, mas por todas as paredes que compõem a fachada do imóvel."
 Valdir Nogueira nos apresenta a trama do ataque à Casa de Gonzaga em 1922
 
Ivanildo Silveira, Manoel Severo, Clênio Novaes, Valdir Nogueira e Débora Cavalcantes
Louro Teles
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E continua Valdir: "A importância deste Casarão não se resume apenas aos seus belos traços arquitetônicos, vai muito além uma vez que está intimamente ligada ao fenômeno do cangaço em Belmonte. Esta casa, no alvorecer do dia 22 de outubro de 1922 foi atacada por cangaceiros dentre os quais Lampião, em parceria com um parente do chefe cangaceiro Sinhô Pereira, Crispim Pereira de Araújo, conhecido por “Ioiô Maroto”. Como não poderia deixar de ser, o ataque à residência de Gonzaga foi implacável. A resistência ofertada pelo proprietário e por policiais da guarnição de Belmonte arrastou-se longo tempo, mas o local foi invadido, saqueado, arrasado e o comerciante sumariamente executado em um quarto contíguo a sala de visitas."
 
Camilo Lemos e a "Casa de Gonzaga"
Wilton Silva, Aderbal Nogueira, Cicero Aguiar, Manoel Serafim e Camilo Lemos

"O trauma provocado pelo trágico desaparecimento do coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz, levou a sua esposa Martina a retirar-se definitivamente do Município de Belmonte com sua família. Entre os anos de 1930 a 1934 o Casarão passou a sediar o Paço e Conselho Municipal de Belmonte (Prefeitura), até ser adquirido no ano de 1936 pelo Sr. João Batista Frutuoso de Pádua, tabelião local, pela quantia de quatro contos de réis. Seu João de Pádua foi casado com dona Pergentina Nunes da Silva, descendente do antigo sesmeiro Aniceto Nunes da Silva e prima legítima do escritor Rodrigues de Carvalho, autor do livro “Serrote Preto, Lampião e seus sequazes”. Hoje o Casarão pertence aos herdeiros do Sr. João de Pádua, cuja neta Perginha, residente no imóvel, ao longo do tempo vem lutando com todas as forças para preservar este grande patrimônio, histórico, turístico e cultural de São José do Belmonte", acentua Valdir Nogueira.
Desse sótão caiu o coronel Gonzaga e ao tentar escalar a janela abaixo foi executado... 
 Valdir Nogueira no interior da "Casa de Gonzaga" e o passo a passo do episódio...
O pesquisador e escritor Sousa Neto, Conselheiro Cariri Cangaço nos ajuda também a compreender como tudo aconteceu: "Yoio Maroto escolheu o dia ideal para o ataque. Belmonte estava em festa, outubro era o mês dos festejos celebrados ao Sagrado Coração de Jesus. Dia 19 de outubro o “noitário” ou patrono da festa era justamente Luiz Gonzaga Gomes Ferraz e o ataque teria que ser no dia seguinte logo cedo, pois com certeza Gonzaga estaria em casa. Ao romper o dia 20 de outubro o casarão de Gonzaga estava completamente cercado. 
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O povoado é acordado ao som de machadadas, pernadas e várias outras formas de conseguir arrebentarem as portas da residência. As pancadas pouco a pouco iam despertando os vizinhos e outros moradores que logo perceberam se tratar de um violento ataque a residência do homem mais prestigiado daquele vilarejo. Segundo o cangaceiro Cajueiro na aludida entrevista, disse ser ele o primeiro a penetrar no interior da residência após escalar o muro do quintal. Ficou dando apoio enquanto os seus companheiros arrombavam um portão que dava para a rua dos fundos. Outro grupo tentava o arrombamento da porta da frente. Foi justamente nesse momento que Cajueiro assistiu a morte de Baliza, um dos que tentavam despedaçar o portão. A morte de Baliza ainda não está de tudo esclarecida, há mais razões para esse assassinato,isso é outra história." 
 Família de Gonzaga
 Foto da época do ataque: Praça Pires Ribeiro, rua onde estava o comércio de Gonzaga
Ioio Maroto, na foto à nossa esquerda

E continua Sousa Neto: "Alguns moradores já acordados vieram em socorro de Gonzaga e assim começa o tiroteio. Gonzaga que ao ouvir as pancadas e perceber que o bando sinistro havia penetrado na residência subiu a escadaria por um dos quartos que dava para o sótão da casa. Ainda segundo Cajueiro uma senhora apavorada pergunta quem é o chefe, ele responde: “nois num tem chefe”, nesse momento um cangaceiro tenta contra uma jovem que parte em sua direção e lhe agarra dizendo: valha-me senhor pelo amor de Deus! Cajueiro manobra o rifle e diz: Agora você escolhe, ou solta à moça ou me mata ou morre. 
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Então o seu companheiro a soltou e essa foi em direção a sua mãe que se encontrava na cozinha. Cajueiro então pergunta: Cadê o “major” tá ai? Ela respondeu “tá ai dentro sim senhor”. Ato continuo Cajueiro tranca a família em um quarto e chama o cangaceiro Livino para nas palavras dele “dar uma busca na casa”. Cajueiro dando boas risadas, confessa ao Dr. Amaury que Gonzaga havia caído do sótão e estava escondido atrás da porta. Estive recentemente observando o sótão da casa de Gonzaga e pude perceber que a parte que compreende a sala de estar, bem como todos os quartos do lado esquerdo do grande corredor estavam forrados"
 Imagens internas da "Casa de Gonzaga"
 
Amélia Araujo e Mabel Nogueira

E conclui Sousa Neto:"O lado direito da casa, o sótão estava em construção. O detalhe é que a parte acima dos quartos por onde tinha a escada de acesso, eram de tabuas fornidas e pregadas de cima para baixo, ambiente propicio para armazenar objetos, alimentos etc. A parte da sala de estar era toda forrada de madeira fina, toda ela pregada com pregos de baixo para cima, apenas dar adornar ainda mais o bonito recinto.Luiz Gonzaga aterrorizado tentando se ocultar naquele ambiente escuro, caminhou para o mais distante possível da escada e foi para a parte da sala de estar. Penso haver ele esquecido que aquele adorno não suportaria o seu peso. Foi ai que o assoalho cedeu, ele caiu e tentou se abrigar atrás da porta, mas a casa já estava infestada de bandidos que pensavam apenas em passar a mão nos objetos de valor.
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Ainda segundo Cajueiro Livino Ferreira foi quem fez o serviço, matou o “major” Gonzaga. Morreram nesse episódio o cangaceiro José Dedé “o Baliza”, Antônio da Cachoeira (sofreu um ataque cardíaco fulminante) e o soldado Heleno Tavares hoje homenageado com o nome da rua que combateu o bando nefasto. Saíram feridos do bando de Lampião, Yoio Maroto com um tiro no braço, o valente Zé Bizarria e Cicero Costa.Anos depois foi aberto um inquérito para apurar essa ocorrência e em 07 de outubro de 1929 todos os 42 implicados foram condenados. Yoio Maroto refugiou-se no Barro debaixo da proteção de Justino Alves Feitosa que dias depois lhe deu carta de recomendação endereçada ao Coronel Leandro da Barra, homem influente na região dos Inhamuns que o acolheu. Yoio passou a viver usando o nome fictício de Coronel Antônio Alves. Com muito esforço e trabalho adquiriu a fazenda Malhada Vermelha aonde veio a falecer em 19 de maio de 1953."

O centro histórico de São José de Belmonte a partir de sua tradicional Praça Pires Ribeiro, e praça da Matriz de São José, de seu casario histórico e da "Casa de Gonzaga"...
 
Geraldo Ferraz e Clênio Novaes
Demétrio, o telegrafista genro do Coronel Gonzaga.
É Valdir Nogueira que  nos conta mais alguns detalhes do trágico episódio: "Telegrafista na Agência Postal e Telégrafo de Belmonte, natural de Recife, José Demétrio de Albuquerque Silva era noivo da senhorita Maria de Lourdes Gomes Ferraz (Bida), filha do coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz quando aconteceu a hecatombe de 22 de outubro de 1922 em que este coronel foi barbaramente assassinado nas hostes do banditismo. Durante o assalto à casa do coronel Gonzaga, o jovem Demétrio tendo naquele dia pernoitado na dita residência, foi juntamente com dona Martina e filhos segregados em um quarto.contíguo a sala de jantar pelo cangaceiro Cajueiro, cumprindo assim um pedido feito por Ioiô Maroto para poupá-los de qualquer tipo de agressões por parte dos demais cangaceiros.
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O telegrafista Demétrio era um senhor elegante, que não saía de casa sem paletó e gravata e que alguns falavam ter idéias comunistas. Em Belmonte Demétrio trabalhou na Agência Postal e Telégrafo por anos a fio. Casou duas vezes, sendo que a primeira com Maria de Lourdes Gomes Ferraz (Bida), filha do coronel Gonzaga Ferraz. De acordo com o Livro de Notas nº 4, pág. 169/170 do 2º Ofício de Belmonte, no dia 27 de maio de 1933, José Demétrio comprou ao Sr. Joaquim Leonel Pires de Alencar um lote de terras na fazenda Campos e denominou de Fazenda Montreal. Dizem que nessa fazenda Demétrio hospedou clandestinamente, entre os anos de 1935 a 1936 o Sr. Antônio Vilar, cidadão português, que nada mais nada menos se tratava de Luis Carlos Prestes, militar e político brasileiro com identidade diferente."
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Edificada e pertencente ao coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz, esta casa sediou a partir do ano de 1917 a Agência Postal e o Telégrafo da cidade de Belmonte e onde também residiu quando aqui chegou no ano de 1921 o jovem telegrafista José Demétrio de Albuquerque Silva. Esta residência foi adquirida em 25 de abril de 1951 pelo Sr. Joaquim Donato de Moura, cujos proprietários atuais são seus herdeiros.  
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De Belmonte, José Demétrio de Albuquerque Silva foi residir no Estado da Paraíba onde se tornou advogado e ao longo dos anos se aposentou como Juiz de Direito. “Postura de Arribação” é o título do livro editado em 1958 pelo Dr. Demétrio, onde o autor narra fatos marcantes da sua vida inclusive de sua passagem pelo município de Belmonte...
Assassinado barbaramente durante o assalto a cidade de Belmonte no dia 20 de outubro de 1922 pelo bando de Lampião. O soldado Heleno aos 22 anos de idade caiu em poder dos bandidos quando acudia a chamada para a defesa da cidade. Foi sepultado no cemitério local. O soldado Heleno Tavares de Freitas era natural do Estado de Alagoas, filho de João Tavares de Freitas e Joana Maria da Conceição. Soldado do destacamento de Polícia da cidade de Belmonte, cujo comandante na época era o sargento José Alencar de Carvalho Pires (Sinhozinho Alencar), aos 20 anos de idade casou com Enedina Maria da Conceição, natural do município de Salgueiro, filha de Rufino Benedito da Silva e Jesuina Maria Ribeiro. O matrimônio do soldado Heleno foi realizado na Matriz de São José de Belmonte no dia 27 de julho de 1920 pelo padre José Kherle, e teve como testemunhas José Bezerra Leite e Luiz Mariano da Cruz, ambos também soldados da Polícia Militar de Pernambuco. 
Sinhozinho Alencar

Andanças...
 
 
 

Cariri Cangaço São José de Belmonte
Casa de Gonzaga, Centro
12 de Outubro de 2018
Fotos: Ingrid Rebouças e Louro Teles

Imagens da Grande Invasão do Cariri Cangaço à tradicional Praça Pires Ribeiro
 
 
 
 
 
 
 
 
A Imponência e Maestria de Ernesto Carvalho e a Charrete Espetacular dos Bacamarteiros da Pedra do Reino...
 

http://cariricangaco.blogspot.com/2018/10/a-grande-invasao-casa-de-gonzaga-em.html

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