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sexta-feira, 8 de maio de 2015

LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS


Este livro tem 736 páginas

Para adquirir seu exemplar pode ser diretamente com João de Sousa Lima pelos telefones 75-8807-4138 ou 9101-2501 e pelos emails: joaoarquivo44@bol.com.br joao.sousalima@bol.com.br.

Ou através do e-mail do autor: 
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ENTREVISTA AO AMIGO AUGUSTO MARANHÃO NO LANÇAMENTO DO MEU LIVRO “EU NÃO SOU HERÓI-A HISTÓRIA DE EMIL PETR”

Por Rostand Medeiros

Hoje o Mundo celebra os 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa. Sem dúvida esta é uma data significativa e importante para todos. Já para mim essas comemorações trazem as lembranças do meu amigo Emil Anthony Petr.

O grande amigo Augusto Maranhão discursando no lançamento do nosso livro “Eu não sou herói-A História de Emil Petr”.

Emil nasceu em 1919, na pequena comunidade de Deweese, no estado americano de Nebraska, era católico, descendente de tchecos e durante a Segunda Guerra Mundial serviu na USAAF.

No grande conflito mundial foi primeiramente designado para o 57th Fighter Group (57º Grupo de Caça), na área de Boston. Quando estava para seguir com a sua unidade para o deserto do norte da África, ele conseguiu a aprovação para cursar a escola de formação de navegadores, em San Marco, no Texas. Em 1943, após conseguir a patente de segundo tenente, foi designado para atuar em bombardeiros B-24. Mas não era o fim de sua preparação. O tenente Petr seguiu para a base aérea de Langley, Virginia, onde se especializou na tarefa de bombardeio por radar.

Emil Anthony Petr, segundo tenente da USAAF, honra por ter escrito sua biografia.

Em abril de 1944 chegou a sua transferência para a 15ª Air Force (15ª Força Aérea), no sul da Itália, para atuar no esquadrão 139, do 454th Bomb Group (454 Grupo de Bombardeiros), que ficava baseado no campo de San Giovanni, próximo a cidade de Cerignola, no sul da Itália.
Durante o trajeto para a Europa o tenente Emil esteve no Brasil, mas não em Natal. Passou pelas cidades de Belém e Fortaleza, onde guardou boas lembranças. “-Não era para ter conhecido Natal na época da guerra, mas foi para cá que optei por viver e me casar”.

Material de jornais antigos foram utilizados na feitura deste livro

No 454th Bomb Group havia uma seção específica de pessoas que trabalham com sistemas de radar. Quando Emil foi escolhido para uma missão de bombardeio, ele me disse que era extremamente focado em seu trabalho. Porque ele sabia que qualquer erro poderia comprometer todo o grupo de aeronaves e suas tripulações.

De abril a setembro de 1944, Emil participou de 38 missões sobre a Europa ocupada e alcançou o posto de segundo tenente. Em uma delas, ao atacarem a fábrica da Messerschmitt, em Bad Voslau, na Áustria. O bombardeamento desta estratégica unidade fabril rendeu ao 454th Bomb Group uma citação do presidente dos Estados Unidos e o tenente Emil estava lá.


Mas no dia 13 de setembro de 1944, quando na sua 39º missão, a de número 117 do 454th Bomb Group, cujo objetivo era uma refinaria na cidade alemã de Odertal, seu B-24 foi atingido pela artilharia antiaérea alemã. Ninguém da sua tripulação morreu, mas a maioria foi capturada, entre estes o tenente Emil.

Feito prisioneiro, Emil foi levado para o campo de prisioneiros Stag Luft III, em Sagan (atual Zagan, na Polônia) e o sofrimento foi grande.

Meses depois as tropas russas estavam avançando a partir do leste e começaram a se aproximar do campo. Segundo os livros relativos à Segunda Guerra Mundial, Adolf Hitler mandou evacuar Stalag Luft III, pois além de não querer que estes aviadores aliados fossem libertados pelos russos, havia a intenção de utilizá-los como reféns.

Em 31 de Janeiro os homens seguiram para o Stalag Luft VIIA, em Moosburg. Durante dois dias de viagem, os aviadores foram levados em vagões de transportar gado. As necessidades fisiológicas eram feitas ali mesmo, em pé e para dormir só escorados uns nos outros e a viagem durou dois dias. Moosburg era uma verdadeira pocilga, onde os alemães amontoaram mais de 140.000 prisioneiros aliados, entre estes alguns brasileiros. Finalmente os prisioneiros foram libertados pelos soldados da 14ª Divisão Blindada, do 3º Exército da U.S. Army, comandados pelo general George Patton.

Discursando junto com o meu amigo Augusto Maranhão, no lançamento do meu livro “Eu não sou herói-A história de Emil Petr”

Depois de retornar aos Estados Unidos, Emil tentou a universidade de Lincoln, sem sucesso e foi trabalhar em uma empresa de construção da família. Mas este americano de origem eslava, de profunda devoção católica, decidiu trabalhar como um voluntário em obras assistenciais na América Latina, através de um programa criado pelo Papa João XVIII.

O destino o trouxe a Natal em 1963, onde conheceu Dom Eugênio de Araújo Sales (na época Bispo da capital potiguar) e se incorporou no programa SAR – Serviço de Assistência Rural. Através deste trabalho manteve contatos e participou de ações em Recife junto com Dom Helder Câmara e teve oportunidade de estar ao lado da irmã Dulce, de Salvador.

Emil teve oportunidade de conhecer o sertão potiguar, os aspectos ligados aos trabalhadores rurais nordestinos e veio a ser casar com a assistente social Célia Vale Xavier, assistente social com curso de especialização na Costa Rica e Colômbia, nascida em Caicó, que havia sido indicada pelo Monsenhor Walfredo Gurgel, seu antigo mestre, para trabalhar no SAR junto com Dom Eugênio, na elaboração do pioneiro projeto de educação radiofônica através da Emissora de Educação Rural, mais conhecida como Rádio Rural de Natal.


Eu tive a honra de escrever sua história e concluir o livro “Eu não sou herói – A história de Emil Petr”, lançado em 2012 pela editora potiguar Jovens Escribas.

Na época do lançamento deste trabalho, o meu grande amigoAugusto Maranhão, que produzia o interessante programa televisivo “Conversando com Augusto Maranhão” e gentilmente realizou uma entrevista comigo e com Emil Petr. É esta entrevista que trago agora a todos, para marcar os 70 anos do fim da guerra na Europa e lembrar meu amigo Emil.

No dia 31 de outubro de 2012, em meio a muitos convidados (inclusive com a presença de parentes de Emil que vieram dos Estados unidos), estivemos no Iate Clube de Natal para o lançamento deste nosso trabalho. Ali, em meio a muitas emoções, o nosso grande amigo Augusto Maranhão proferiu um belo discurso sobre o nosso trabalho.


Infelizmente Emil Petr faleceu em 2013.

Por isso valorizo tanto os momentos que estive ao seu lado. Foram momentos muito agradáveis e que não deixam minha memória, pois Emil era uma pessoa maravilhosa, grande figura humana, que deixou uma marca difícil de ser apagada na memória de muita gente no Rio Grande do Norte.

Meus agradecimentos mais do que especiais a grande figura humana de Augusto Maranhão e ao amigo Leonardo Dantas pela cessão deste material.

Rostand Medeiros

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DE ENCHENTE, CARNE SECA E LAMPIÃO.

Por Jair Eloi de Souza

Corria o ano de l.924. Inverno tenebroso, aguaceiro em todos os rincões nordestinos. Não houvera legumes*. Nos baixios tudo era um amarelo desbotado. Nas croas do Rio Piranhas, apenas o limbo coberto com areia fina, onde começara a germinação de beldroegas. Nada de safra e as criações amorrinhadas. Finzinho de Santana, reúne-se uma trupe de matutos comboieiros: Caboclo Antônio, Domingos Leite, Doro da fala fina, Quincas Salvino, Dubelo e o embaixador Chico Eloi*. Tinham como objetivo, buscar farinha e rapadura no Crato, nos Cariris Novos*.

Consertados os surrões*, pois, pretendiam levar carne seca* desses sertões do Seridó, pra venderem nas feiras livres de Missão Velha, Crato, Barbalha, enfim, naquele entorno do Araripe. Viagem lenta, estradas descarnadas, alimárias esqueléticas, puxadas a milho mochilado. Parecia uma empreitada tranquila. Parecia..., pois, ao chegarem nos arredores de Souza, escutaram um toque de concertina. Num piscar de olhos, estavam todos cercados por cangaceiros a pedirem dinheiro e cigarro. 

Tratava-se de cabras do Grupo de Lampião, comandados pelo seu irmão Antônio Ferreira da Silva, de alcunha “Esperança”, Pois, naquele momento, Virgulino Ferreira (Lampião), curava-se de ferimento grave, nas ombreiras da Serra do Diamante, Missão Velha, atendido por dois médicos de Recife, levados por Marcolino Diniz, filho do Cel. Marçal Diniz.

A presença desses bandoleiros Lampiônicos, tinha finalidade de surrarem o político Otávio Mariz, um ancestral de José Agripino Maia, atendendo solicitação de Chico Pereira, o cangaceiro do Vale do Rio do Peixe, que tivera seu pai assassinado, e a justiça fizera vistas grossas. Por isso que o cangaceiro paizinho, andara montado no Juiz de Direito daquela urbe paraibana, também, para reparar desonra por ter tido também o pai morto sem qualquer intervenção da Justiça.

Ao cerco e peditório dos facínoras, o líder Caboclo Antônio, disse-lhes que levavam carne seca dos sertões do Caicó, no que caíram como abutres sobre os surrões, surrupiando toda a carne daqueles matutos almocreves, que nada puderam fazer, a não ser, se contentarem com a franquia de poder continuar a viagem ilesos.

Fragmento da obra: "Um velho matuto comboieiro contador de histórias".
Jair Eloi de Souza.
*A carne seca dos Sertões do Seridó potiguar, além de ter especial sabor, naquele dia, salvara os matutos comboieiros da Ribeira meã do Rio Piancó- Piranhas-Açu.

Fonte: facebook
Página: Jair Eloi de Souza

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E O CAPITÃO VIRGULINO!!!



Fonte: facebook

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MOSSORÓ NA TRILHA DA HISTÓRIAS - ANOTAÇÕES

Delmiro Gouveia – um exemplo empreendedor a ser seguido


Recebi, em um comentário neste blog, a menção de Delmiro Gouveia. Todos devem ter ouvido falar da cidade, que é o único município de Alagoas que faz divisa com a Bahia, Sergipe e Pernambuco. Uma outra característica desta cidade, que fica à beira do Rio São Francisco, é o fato de ter sido construída, neste município, a primeira usina hidrelétrica do nordeste. Mas porque este município adotou este nome?
Origem de Delmiro

Delmiro Gouveia se chamava Pedra. Seu nome deveu-se a um empresário que nem alagoano era. Refiro-me a Delmiro Augusto da Cruz Gouveia, filho ilegítimo que nasceu a 5 de junho de 1863, no interior do Ceará. Seu pai morreu na guerra do Paraguai e sua mãe transferiu-se para Recife e, aos 15 anos, viu-se órfão de pai e mãe. Um de seus primeiros trabalhos foi o de bilheteiro na estação ferroviária de Olinda. Aos 18 anos, empregou-se na Alfândega, mas os despachos burocráticos nunca o seduziram. Antes que morresse de tédio, Delmiro foi trabalhar no comércio de “courinhos”, artigos de pele de bode e carneiro popularíssimos no Nordeste da época. Interessado na compra e venda de couro e peles de cabras e ovelhas vai para o interior de Pernambuco, onde casou-se (1883) com Anunciada Cândida de Melo Falcão, na cidade de Pesqueira. Trabalhou inicialmente como intermediário entre os produtores de peles de cabra, carneiro e couros de boi espalhados por todo o sertão nordestino e os comerciantes estrangeiros sediados no Recife. Trabalhou depois para a Keen Sutterly & Co., da Filadélfia, e tornou-se gerente de sua filial (1892). No ano seguinte, quando a matriz faliu, ele comprou seus escritórios no Recife e fundou a Casa Delmiro Gouveia & Cia (1896). Ligou-se à firma L. H. Rossbch, Brothers de Nova York e, com seu apoio financeiro e com postos de compra espalhados por todo o Nordeste, enriqueceu e tornou-se conhecido como o Rei das peles.

Seu defeito – Mulherengo

Delmiro era mulherengo mas excelente negociante. Construiu um enorme mercado onde se pudesse encontrar de tudo. O Mercado do Derby não demorou a ficar pronto. Era o primeiro estabelecimento comercial da capital pernambucana com energia elétrica, vendia produtos pela metade do preço e funcionava 24 por dia. Também contava com hotel, parque de diversões e restaurante. Podemos dizer que foi o primeiro shopping center do Brasil. E ficava em Pernambuco. E tudo isto em 1899. Construiu uma refinaria de açúcar que chegou a ser a maior da América do Sul. Autoritário e de temperamento difícil, à medida que enriquecia criava mais inimigos, especialmente entre os políticos pernambucanos entre eles o prefeito, que iniciou, nos jornais, uma campanha difamatória. Seu negócio foi incendiado e ele acumulou uma enorme dívida o que o levou a se separar da esposa (1901) e a refugiar-se durante um ano na Europa.

Nova aventura amorosa – recomeço

Coronel Delmiro Gouveia

Voltou para o comércio de “courinhos” e o negócio prosperava quando, aos 40 anos, se apaixonou por Carmélia Eulina Amaral Gusmão, filha de uma senhora chamada Ana Gusmão, amiga íntima de Segismundo Gonçalves, presidente do Estado, de partido político adversário do partido de Delmiro Gouveia. Ele raptou a criança e a levou para o interior do estado, tendo com ela o primeiro de três filhos. Segismundo, que, segundo a voz do povo, era pai da moça de apenas 16 anos, entregou o caso à polícia com a ordem de liquidar com Delmiro, agora foragido da justiça. E foi assim que foi parar em Alagoas – fugindo da polícia.

Alagoas – seu maior empreendimento

Em alagoas retornou ao comércio de “courinhos” e associou-se a dois sócios italianos, Lionelo Iona e Guido Ferrário, fundando a firma Iona e Cia. De novo o negócio prosperou. Sua produção era exportada para os Estados Unidos para onde viajou e teve a oportunidade de conhecer usinas hidrelétricas. Ao ver as cachoeiras nas gargantas do “canyon” formado pelo Rio São Francisco na região, teve a ideia de montar uma usina siderúrgica. Foi a primeira hidrelétrica do Rio São Francisco e de todo o nordeste. Montou também um grande açude na cidade.

Organizou a Cia. Agro-Fabril Mercantil e com turbinas e geradores alemães e suíços, instalou, num dos saltos da cachoeira de Paulo Afonso, o de Angiquinho, no lado alagoano do rio, uma usina hidrelétrica que gerava 1.500 HP, com uma voltagem de 3 KV. Pessoalmente, escolheu, na Inglaterra, máquinas da indústria Dobson & Barlow, para uma fábrica, a Cia Agro-Fabril, que iniciou (1914), a produção de linhas de coser, para rendas e bordados, fios e cordões de algodão cru em novelos, fios encerados e fitas gomadas para embrulhos.

Essa indústria tinha características revolucionárias, no campo social, com uma vila operária, assistência médica, escola e cinema. Este empreendimento, porém, passou a prejudicar o monopólio dos ingleses no setor, pois com o início da Primeira Guerra Mundial, seus produtos escassearam no mercado e a produção da Pedra, a marca Estrela, logo se tornou conhecida por sua qualidade e resistência e obteve aceitação imediata. Produzindo mais de 20 mil carretéis por dia as linhas Estrela ganharam o Brasil e entraram nos mercados da Argentina, Chile, Peru e outros países andinos. A inglesa Machine Cotton, produtora das Linhas Corrente, reagiu registrando (1916) no Chile e Argentina a marca Estrela e, em seguida passou a pressionar Delmiro para vender a fábrica.

O assassinato

Coronel Delmiro Gouveia

Ele resistiu à venda. “Cabra macho” não se intimidou. Só que, em 1917 foi assassinado misteriosamente. Na noite de 10 de outubro de 1.917, como era seu costume, Delmiro Gouveia sentara-se na sua cadeira de vime, no alpendre do chalé, debaixo de uma lâmpada elétrica forte que iluminava sua figura vestida de branco. Abriu os jornais para ler as notícias. Eram 21 horas. Por entre as plantas do jardim se esgueiraram três “cabras” armados de rifle. Apontaram: um tiro pegou num braço, um se perdeu, o outro feriu Delmiro no coração. Toda a cidade de Pedra acordou. Cem armas de fogo foram passadas às mãos dos trabalhadores que partiram em todas as direções, chorando pelas estradas. Os pistoleiros José Inácio Pio, João Roseo de Morais e Antônio Felix foram apresentados como culpados e a confissão foi arrancada debaixo de tortura e não tem a menor garantia da verdade. Quem mandou matar? Surgiram várias hipóteses, mas o processo, falho, jamais convenceu a qualquer jurista que o tenha estudado. E não convenceu também ao povo, que sabe perguntar a quem interessa? E a resposta é uma só: ao truste da Machine Cotton, encabeçado por J. P. Coats & Company e tendo como subsidiárias a Clark & Company, a Ross & Duncan e a Companhia Brasileira de linhas para coser, sediada em São Paulo.

O reconhecimento

Delmiro deixou saudades no povo, pois os trabalhadores tinham direito à creche e aprendiam a ler e a escrever à noite, depois do expediente. Teriam direito à aposentadoria mediante uma pequena contribuição voluntária que lhes garantiria uma velhice digna. Tudo isto muito antes de existir direitos trabalhistas, o que só viria a acontecer com Getúlio Vargas mais de vinte anos depois. Em 1915 Delmiro provou que o nordeste é viável. Sem indústria da seca, com garantias trabalhistas. Tudo isto irritava os “empresários” cariocas e paulistas acostumados às benesses do governo corrupto de então. E ainda deve irritar. Tanto é assim que depois de sua morte, sob a complacência do governo Washington Luis, a Machine Cotton exerceu um dumping criminoso vendendo suas linhas pela metade do preço de produção durante tempo suficiente para serem liquidadas as fábricas instaladas no país. E o complexo fabril de Pedra acabou sendo vendido (1929) em Paislay, Escócia, na sede da Machine Cotton, por 27 mil libras, seguindo-se sua destruição a marretadas por uma equipe de demolidores especialmente contratados (1930) e os destroços das máquinas inglesas ali instaladas, transportados em carretas puxadas por juntas de boi e jogados penhasco abaixo do São Francisco, cerca de 20 km de distância de Pedra.

Ele tinha seus defeitos mas o exemplo deixado deveria ser seguido por todo empresário – responsabilidade social em um tempo que isto era considerado um absurdo.

Fonte: Rádio Delmiro Correa – Wikpedia

https://erickfigueiredo.wordpress.com/2009/11/20/delmiro-gouveia-um-exemplo-empreendedor-a-ser-seguido/

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SÉRGIA RIBEIRO DA SILVA


* Belém do São Francisco, PE (25/04/1915) - + Salvador, BA (07/02/1994)

Sérgia Ribeiro da Silva, mais conhecida como Dadá, foi uma cangaceira, a única mulher a pegar em armas no bando de Lampião.

Nasceu em Belém do São Francisco, PE, em 1915, onde viveu seus primeiros anos de vida e teve algum contato com índios, e uma das filhas do casal Vicente R. da Silva e Maria R. S. da Silva. A família mudou-se para a Bahia onde, aos treze anos, foi raptada por Cristino Gomes da Silva Cleto, o cangaceiro Corisco, de quem seria prima.

Numa entrevista que concedeu em 1977, ela contou que Lampião chegou na sua casa, "onde fez uma baderna danada". Na época, Dadá morava na Fazenda Macucuré, entre os municípios de Glória e Paulo Afonso, no interior do estado da Bahia.

De repente, disse Dadá, Lampião chamou Corisco e, em tom de brincadeira, disse para ele: "Como é? Você não quer desmamar esta menina?". Corisco deu uma gargalhada, me pegou no colo, me colocou na sela do seu cavalo e saiu a galope. Depois, lembrou, "foram 12 anos de luta, correndo ou enfrentando a Polícia por toda parte". Dadá tinha, apenas 13 anos.

Cabocla bonita, esbelta, conheceu o homem da sua vida de forma violenta, em meio a caatinga árida por onde vivia errante o bando de cangaceiros. Consta que seu defloramento lhe provocara tanta hemorragia que por pouco não faleceu.

A relação, que começou instintiva, transformou-se com o tempo. A vida nômade, seguindo o companheiro, que era o segundo homem, na hierarquia do bando, a chegada dos filhos, fez com que mais que uma amante Dadá se tornasse a companheira de Corisco, com quem, ainda no meio das lutas veio a se casar.

Apesar da violência do contato inicial, Dadá sempre falou de Corisco com muita ternura, afirmando: "Nos amamos muito".

Dadá teve sete filhos com Corisco, que eram ocultamente deixados em casas de parentes para serem criados. Destes, apenas três sobreviveram, Maria do Carmo, Maria Celeste e Sílvio Hermano, todos vivos. Também elogiava Lampião, dizendo que ele era um homem bom.

"Um homem de palavra, que só falava uma vez e não contava vantagens. Fico triste quando vejo escreverem coisas que Lampião nunca fez. Os livros que têm saído sobre o cangaço só apresentam vantagens da Polícia e coisas terríveis que nunca aconteceram."

O bando de Lampião dividia-se, como forma de defesa, em partes menores, e a mais importante delas era justamente a chefiada por Corisco. A esposa tinha uma pistola, que ele dera, para sua defesa pessoal, e também lhe ensinou a ler, escrever e contar. Ela era a única cangaceira que carregava um revólver calibre 38 e contribuía na defesa e ataque do grupo. Algumas outras, segundo ela, possuíam uma "pistolinha de brincadeira" apenas.

Num dos ataques feitos pelas volantes, em outubro de 1939, na Fazenda Lagoa da Serra em Sergipe, o Diabo Louro foi ferido em ambas as mãos, perdendo a capacidade para atirar. Dadá, então, tornou-se a primeira e única mulher a tomar parte ativa, e não meramente defensiva, nas lutas do cangaço.

Se o marido era temido como um dos mais violentos bandoleiros, consta que muitas pessoas tiveram sua vida poupada graças à intervenção de sua companheira. Dadá também era chamado "Suçuarana do Cangaço".

Trágico Final

Tendo Lampião sido executado em 1938, Corisco, que estava em Alagoas com parte do bando, empreendeu feroz vingança. Como seus companheiros tiveram as cabeças decepadas, e expostas no Museu Nina Rodrigues de criminologia, na capital baiana, Corisco também cortou a cabeça de muitas vítimas, então.

O cangaço definhava, sobretudo pela disparidade de armamentos: os volantes tinham uma arma que os cangaceiros nunca conseguiram obter: a metralhadora. A própria justiça passou a oferecer vantagens para os bandoleiros que se rendessem.

Em 25/05/1940, Corisco e seu bando foi cercado em Brotas de Macaúbas, pela volante do tenente Zé Rufino. Dissolveram o bando, e abandonaram as vestes típicas, procurando se passar por simples retirantes.

Uma rajada da metralhadora rompeu os intestinos de Corisco. Dadá foi ferida na perna direita.

O último líder do cangaço morreu dez horas depois do ataque, sendo enterrado em Miguel Calmon, no Estado da Bahia, dez dias após, exumado e a cabeça decepada é enviada ao Museu Nina Rodrigues, junto às demais do bando.

Dadá, colocada em condições infectas, teve seu ferimento agravado para uma gangrena, que lhe restou, na prisão, à amputação quase total da perna. Por essa situação, o célebre rábula baiano Cosme de Farias, representou Dadá na Justiça, pleiteando sua libertação, em 1942.


Luta Por Direitos

Dadá passou a viver em Salvador, lutando para ver a legislação que assegura o respeito aos mortos fosse cumprida - e a tétrica exposição do Museu Antropológico Estácio de Lima, localizado no prédio do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues tivesse fim.

Só a 06/02/1969, no governo Luiz Viana Filho, foi que os restos mortais dos cangaceiros puderam ser inumados definitivamente - tendo, porém, o museu feito moldes para expor, em substituição.

Por sua luta e representatividade feminina, Dadá foi, na década de 80, homenageada pela Câmara Municipal de Salvador. Na Bahia, que tivera Gláuber Rocha e tantos outros a retratar o cangaço nas artes, Dadá era a última prova viva a testemunhar o cotidiano de lutas, dificuldades e, também, de alegrias e divertimentos. Deu muitas entrevistas, demonstrando sua inteligência e desenvoltura.

Teve sua vida retratada em muitos filmes, sendo que em um deles trabalhou na Supervisão Histórica e Costumes assegurando a melhor reprodução possível de sua época e história.
Morte

Sob muitas lágrimas das duas filhas, dos três que teve com Corisco, dezenas de netos e bisnetos, todos chorando convulsivamente, e aplausos de um bom número de admiradores, que acorreram ao Cemitério Jardim da Saudade, foi sepultada, às 18:10 hs, de 07/02/1994, o corpo de Sérgia Silva Chagas, a Dadá, que morreu, em Salvador, BA, aos 78 anos, na madrugada de 07/02/1994, no Hospital São Rafael, vitimada por um câncer generalizado, de acordo com a informação do historiador Carlos Cleber.

O corpo de Dadá foi velado na capela do Cemitério Jardim da Saudade, onde o capelão do cemitério, padre Afonso Gomes, celebrou missa de corpo presente. O filho Sílvio Hermano, que mora em Alagoas, não chegou a tempo de assistir ao sepultamento de sua mãe. Entre os admiradores, estiveram no cemitério o jornalista e juiz classista Oleone Coelho Fontes, autor de um livro sobre o cangaço, e a ex–vereadora Geracina Aguiar.

Dadá casou-se novamente com um velho pintor de paredes, já falecido, com quem não teve filhos. Criou, no entanto, muitos meninos e meninas, que considerava como seus filhos. Mesmo com uma perna só, Dadá costurava muito, chegando a aposentar-se como costureira. Com sua morte, fecha-se uma das últimas páginas do cangaço no sertão nordestino.

Dadá Na Cultura
2005 - "Dadá, a Mulher de Corisco" (Savaget, Luciana - Ed. DCL)
1996 - "Corisco & Dadá" (Filme de Rosemberg Cariry)
1982 - "Gente de Lampião: Dadá e Corisco" (Araújo, Antônio Amaury Corrêa de)
1976 - "A Mulher no Cangaço" (Curta-metragem de Hermano Penna)

Fonte: Wikipédia e A Tarde (08/02/1994)


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SAUDADE DO ALTO SERTÃO

Por Clerisvaldo B. Chagas, 8 de maio de 2015 - Crônica Nº 1.426

Nos tempos das vacas gordas, fizemos ao contrário dos que buscam as praias. Fomos conhecer algumas cidades do alto sertão alagoano, iniciando por Canapi (fundação em 1962). Rua principal formada por estrada de rodagem, bem ensolarada, plana e simpática, estivemos em um modesto, mas acolhedor hotel e visitamos algumas casas comerciais. Sua quietude era um ótimo convite ao descanso.

Em busca do alto sertão. Foto: (blogdobernardino-sertão24horas.

Passamos rumo a Inhapi, outra cidade sertaneja que nos surpreendeu pela extensão. Fomos conhecer ali uma fábrica de carros de bois que teimava em resistir ao progresso da cidade fundada em 1962. Coloquei a fábrica no meu romance (inédito) Fazenda Lajeado, quando um dos personagens descreve todas as peças do carro e os tipos de madeiras usadas.


Subimos a ladeira de terra que leva a Mata Grande. Chegamos pela frente e fomos conhecer suas ruas estreitas e calçadas, o comércio, o cinema, a cadeia velha, a igreja e os lugares que botaram Lampião para correr em 1925. Elevada à cidade em 1902, Mata Grande é bastante ladeirosa. Subimos por uma rua larga onde paramos para experimentar torreiro (que torresmo!!) feito na hora, em certa residência. Dali esticamos para o cimo da colina, no final da rua onde havia um engenho rapadureiro. Para nós santanenses, aquilo era grande novidade. A altitude sempre deu condições para o fabrico do mel de engenho e rapadura tornando Mata Grande exportadora desses produtos, primeiramente em lombo de burro. Que tradição gostosa!

Depois de nos deliciarmos com pudim em uma casa de lanche bem cuidada, no centro, fomos conhecer Água Branca, numa das maiores altitudes do estado. Cidade emancipada em 1875 oferecia uma bela paisagem dos arredores onde deslumbramos terras da Bahia e Pernambuco. Conhecemos a igreja de altar folheado a ouro, o casarão da baronesa e gozamos do clima serrano.

Descendo para Delmiro Gouveia, emancipado em 1952, fizemos uma visita à antiga vila operária, ao açude e outros pontos considerados históricos.

Após essa maravilhosa incursão em nosso estado, satisfeitíssimos, retornamos às bases.

Nota: (Talvez entremos em recesso de uns dez dias a partir de segunda, 11).

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