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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

NOTA DE FALECIMENTO


É como muita tristeza que comunicamos o falecimento de Ana Lourdes Batista, 108 anos, natural do estado do Ceará, município de Jaguaruana, a mesma morava na instituição a 13 anos e faleceu hoje, dia 16 de dezembro de 2015. 


Compreender os propósitos de Deus muitas vezes pode ser uma tarefa bem difícil, principalmente quando a tristeza bate na nossa porta porque acabamos de perder um ente querido. Lágrimas passam pelos nossos olhos constantemente e o vazio da saudade aumenta o sofrimento severamente

Lindomarcos Faustino
Relembrando Mossoró

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LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS


Se você ainda não comprou este fantástico trabalho do escritor José Bezerra Lima Irmão, só restam poucos livros. Então procura adquiri-lo o quanto antes, pois os colecionadores poderão comprar os poucos que restam. Seja mais um conhecedor das histórias sobre cangaço, para ter firmeza em determinadas reuniões quando o assunto é "cangaço". 

São 736 páginas.
29 centímetros de tamanho. 
19,5 de largura. 
4 centímetros de altura.
Foram 11 anos de pesquisas feitas pelo autor 

É o maior livro escrito até hoje sobre "Cangaço". Fala desde a juventude  e namoro dos pais de Lampião. Quem comprou, sabe muito bem a razão do "Sucesso a nível nacional do Raposa das Caatingas". 

O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:

(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799 

Pedidos via internet:
Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:

Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345

Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.
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GERALDO FERRAZ NETO DO MAJOR THEÓFANES FERRAZ TORRES

Por: Valdir Nogueira
Foto com o grande historiador e escritor Geraldo Ferraz, neto do célebre major Theofanes Ferraz Torres grande vulto da história policial de Pernambuco.

O major Theophanes Ferraz Torres nasceu em Floresta a 27 de dezembro de 1894, muito cedo abraçou a carreira das armas. Entre os oficiais da polícia pernambucana que desejavam capturar Lampião estava o major Theophanes Torres Ferraz. Aos 30 anos de idade, este militar era considerado uma verdadeira lenda no seio da corporação em que atuava. Ferraz havia se notabilizado pela prisão do famoso cangaceiro Antônio Silvino, em novembro de 1914, após o tiroteio ocorrido no sítio Lagoa da Laje, na zona rural do atual município pernambucano de Vertentes. 


A segunda foto mostra a visita do dr. Eurico de Souza Leão em 1928 à cidade de Belmonte, quando da inspeção ao Sertão pernambucano. Foto tirada em frente à Prefeitura municipal. 

Sentados da esquerda para a direita: o prefeito João Primo de Carvalho, Jacinto Gomes dos Santos (Delegado de polícia), major THEOFANES FERRAZ TORRES, dr. Eurico de Souza Leão, dr. Melquíades Montenegro (juiz municipal), major Joaquim Leonel Pires de Alencar e Antônio Brandão de Alencar. Em pé e por trás de Theofanes e Eurico: tenente Arlindo Rocha. O capitão Nelson Leobaldo encontra-se por trás do major Joaquim Leonel.

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta

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TERRA DE VALENTES...

Foto: André Lacerda

Ao passar por essa estrada que atravessa algumas cidades da região do Pajeú no estado de Pernambuco e se deparar com essas placas, saiba que você estará passando pela região que forneceu a mais destemida e ferrenha Força de combate ao bando de Lampião e ao banditismo de um modo geral durante as primeiras décadas do século passado.

Os "Nazarenos" como assim ficaram conhecidos os filhos da cidade de NAZARÉ DO PICO/PE (Carqueja) tiveram participação importante no combate ao cangaceirismo e seus integrantes se destacaram pela bravura e coragem com que agiam em combate.

Muitos filhos dessa região perderam suas vidas ao combater ou contrariar interesses dos cangaceiros que ali atuavam, principalmente os interesses de Lampião e de seus comandados.

Jovens que perderam suas vidas lutando para preservar a integridade física e moral de suas famílias e garantir a paz em toda a região.

A morte desses bravos combatentes serviu apenas para eternizá-los como protagonistas da história do Cangaço Nordestino e para sempre serão lembrados.

"O SERTANEJO É ANTES DE TUDO UM FORTE" (Euclides da Cunha)

Fonte: facebook
Página: Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

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ANTIGA CADEIA PÚBLICA MUNICIPAL DE MOSSORÓ/RN

Fotografia enviada gentilmente pelo amigo George Valery Ferreira Guimarães (Mossoró/RN)

Foto atualizada do prédio em que funcionava a antiga Cadeia Pública Municipal de Mossoró/RN, local para onde o cangaceiro Jararaca (José Leite de Santana) foi conduzido após ter sido capturado, no dia 14 de junho de 1927, ou seja, um dia após a fracassada tentativa de invasão à cidade por parte de Lampião e seu bando. Atualmente nesse prédio funciona o Museu Municipal.

Fonte: facebook
Página: Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

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Lampião Foi o Melhor Ator de Si Mesmo

Por Rangel Alves da Costa

O amigo Geraldo Júnior, administrador do grupo “O Cangaço” no Facebook, após mostrar três cartazes de filmes sobre o cangaço, lançou a pergunta: “Em sua opinião, qual desses três filmes sobre a vida de Lampião foi o melhor?”.


Os três cartazes mostrados são dos filmes “Meu nome é Lampião” (1969), com Milton Ribeiro e direção de Mozael Silveira; Lampião, O Rei do Cangaço (1964), com Leonardo Vilar e direção de Carlos Coimbra; e a minissérie “Lampião e Maria Bonita” (1982), com Nélson Xavier e Tânia Alves, com direção de Luiz Antônio Piá e Paulo Afonso Grisoli.

Para além das opiniões pessoais, vez que tanto os filmes como a minissérie possuem méritos que devem ser reconhecidos, prefiro modificar o questionamento feito para propor outro: “Qual ator melhor representou Lampião?”. Pergunta, aliás, que já foi proposta no grupo de estudos cangaceiros.
  

Como se sabe, a saga de Virgulino e seu bando já foi levada ao cinema e à televisão mais de uma dezena de vezes. Quando não tem Lampião como personagem principal ou mesmo o cangaço como trama de fundo, utiliza-se da ficção para mostrar a valentia de um povo rude frente ao poder opressor. Jagunços, cangaceiros, coronéis, beatos, renegados, bandoleiros, todos fazem parte desse contexto nordestino mitificado na dramaturgia nacional.

Neste sentido, célebre é o filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), com direção de Glaubert Rocha. É uma trama cujo enredo explora o tema cangaço sem se ater à verdade dos fatos, pois fazendo da ficção o espelho do confronto entre o bem e o mal, ou seja, entre os explorados e a implacável perseguição dos exploradores, através de Antônio das Mortes. Do mesmo modo “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, também de Glaubert Rocha. No filme, Antônio das Mortes é contratado para dar fim a uma nova liderança cangaceira surgida nos sertões nordestinos. 

Além dos clássicos de Glaubert Rocha, o cangaço foi explorado sob diversas vertentes, mas quase sempre através do espectro dualístico do bem e o mal ou do bem contra o mal. Há “O Cangaceiro” (1953), dirigido por Lima Barreto; “Grande Sertão” (1965), dirigido por Geraldo Santos Pereira e Renato Santos Pereira; “Quelé do Pajeú” (1969), dirigido por Anselmo Duarte. E também “Corisco e Dadá” (1996), de Rosemberg Cariry; “Baile Perfumado” (1969), de Lírio Ferreira e Paulo Caldas; “Corisco, o Diabo Louro” (1969), de Carlos Coimbra. Muitos outros títulos possuem o cangaço como trama de fundo, sendo que até mesmo pornochanchadas e filmes eróticos se basearam na vida cangaceira.


A televisão sempre foi buscar nos temas nordestinos a certeza de sucesso. Assim ocorreu com “Mandacaru”, novela exibida pela TV Manchete entre os anos de 1997 e 1998, e reexibida pela TV Bandeirantes em 2006. Faz do mandacaru a simbologia para os conflitos numa região nordestina conflagrada pelo temor dos cangaceiros desgarrados após a morte de Lampião e Maria Bonita. Mais recentemente a TV Globo exibiu “Cordel Encantado” (2011), narrando uma típica saga sertaneja de amores marcados por confrontos familiares, jagunços, coronéis, cangaceiros e fanatismos.

Contudo, o melhor diretor de todos os filmes já produzidos acerca de Lampião, o verdadeiro, chama-se Benjamin Abrahão Botto, um libanês radicado no Brasil, ex-secretário do Padre Cícero, e que após a morte deste se enveredou pelas caatingas acompanhando o bando de Lampião. Abrahão havia se encontrado com Lampião em 1926, quando este chegou a Juazeiro para receber a patente de Capitão. Fotografado e filmado, e vaidoso como era, certamente que Lampião nem pensou duas vezes quando o fotógrafo pediu permissão para registrar o cotidiano do bando.


A partir da lente e da filmadora de Abrahão, não há como não ter a certeza que Lampião foi quem melhor representou a si mesmo. A cada fotografia ou a cada película, o que se observa é um Lampião preocupado com a pose, com a aparência, com o enquadramento, com a imagem para a posteridade. Não há cena em que o Capitão não esteja se mostrando como desejaria ser conhecido no mundo exterior. 

Lampião era verdadeiro modelo fotográfico. Mostra-se imponente caminhando pelas veredas sertanejas, quando aponta sua arma para ser filmado e fotografado, quando se coloca perante cartas ou jornais para o flash do libanês. Não só Lampião, mas todo o bando gostava de ser fotografado. Aquela fotografia de Maria Bonita sentada entre os cachorros Ligeiro e Guarany, e Lampião em pé com uma revista à mão, faz recordar um instantâneo da nobreza europeia num belo jardim de inverno. 

Mas não, apenas os carrascais nordestinos, a dureza dos tempos permitindo um instante de rara beleza. E mais um exemplo do quanto humano havia também no cangaço. Um rei e uma rainha do nosso mundo. Nosso tão belo mundo nordestino.

Rangel Alves da Costa-Poeta e cronista

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PAJEÚ O GUERREIRO NEGRO.

Por Francisco Carlos Jorge de Oliveira
        
Nordeste brasileiro, sertão da Bahia; final de setembro e equinócio de 1897, Canudos 4ª Expedição; princípio do fim do ultimo fogo. O contingente de guerrilheiros que lutavam em defesa do povoado no arraial do Belo Monte, liderados pelo monarquista  religioso Antônio Conselheiro e sob o comando do jagunço negro  Pajeú, após causarem consideráveis baixas às tropas republicanas, mas já bem esgotados pelas constantes batalhas; encontram-se descansando mas atentos á qualquer movimento, sem saber que ao longe, estão sendo observado e bem vigiados pelos monóculos dos soldados da guarda de confiança do General Artur Oscar de Andrade Guimarães, comandante da crucial Expedição do  Exercito Brasileiro encarregada da pungente missão de combater e destruir Canudos. Oficial este, escolhido e escalado pelo próprio Ministro da Guerra, o Marechal Carlos Machado Bittencourt.  O general Artur Oscar, sendo  um exímio estrategista militar, ao chegar nas imediações do Belo Monte,  preferiu esperar e estudar bem a área de combate antes de tomar qualquer iniciativa de luta, ao contrario do que fez o imprudente Coronel Moreira Cesar o “corta cabeças” que subestimando a coragem e o poder de fogo  inimigo, atacou sem traçar nenhuma estratégia de combate, um erro fatal que lhes custou a vida e também a de seus subordinados. Precavido e astuto, o General Artur observa minuciosamente o local, e lá escolhe uma ótima posição com ampla visão do arraial, e ali  sobre uma elevação rochosa  se instala, usando o relevo como posto de observação, mas em um perímetro seguro e bem  distante  a centenas de  jardas das margens do rio, fora do alcance dos certeiros e mortíferos projéteis das armas dos jagunços .
     
O General  Artur Oscar trazia junto ao seu vasto e poderoso arsenal bélico, o  que havia de mais moderno na época, uma arma letal, a mais sofisticada e potente peça de artilharia pesada, o terrível canhão britânico Whitworth cal. 32mm, apelidado pelos guerrilheiros de Antônio Conselheiro de “ A matadeira” , isto devido ao seu poder devastador de destruição. O supracitado oficial superior  ordenou a um dos seus intermediários que recrutassem três soldados que já combateram naquele local e que conheciam bem a região, e a comando de um de seus oficiais subalternos indicado pelo mesmo, formassem um grupo de dez combatentes junto aos demais escolhidos como os melhores soldados de sua topa, e bem armados e equipados elaborassem uma patrulha de reconhecimento, para mapear toda a área ao redor do Belo Monte, e observando colhessem registrando  com riqueza de detalhes todos os pontos mais estratégicos de combate, e que após; elaborassem um relatório para que o comando pudesse estudar o terreno e preparar com segurança um ataque preciso ao povoado.
     
Quinta feira tarde quente de outono a viração que vem, é branda e morna; um solitário acauã canta sorumbático nos galhos secos de um angico chamando por sua  fêmea;  enquanto algumas andorinhas voam rasante saciando-se nas águas frescas do Rio Vaza Barris, a tarde vai aos poucos tingindo de rubro o horizonte e  de negro a boca da noite.E assim morosamente escurece o céu do Belo Monte, negrejado todo o arraial de Canudos ah! Mas é  plenilúnio, e após algum tempo ela surge rútila no espaço, linda e cheia de esplendor, chirria uma coruja rasga-mortalha, o sangue gela nas veias, morte ou só agouro? Ignorando o mau presságio  da ave noturna, um lobo saúda a lua com um longo e aterrorizante uivado, que aos poucos se perde ecoando na escuridão da noite dentro da  solidão melancólica das caatingas baianas.
       
No dia seguinte após o desjejum e as solenidades militares, antes do início das atividades  diárias, um jovem alferes se apresenta ao General Oscar com seu pequeno contingente de soldados, todos preparados para receber as ultimas instruções antes de partirem para  executar a arriscada missão. São seis horas e meia quando o pequeno agrupamento parte deixando o acampamento e se embrenha cautelosos em meio às caatingas, isto sem perceber que entre xiquexiques e mandacarus, estão sendo observado pelos olhos atentos e pervígil dos melhores guerrilheiros e  rastreadores do chefe jagunço Pajeú, que em seguida; como uma alcateia de ferozes predadores, sem perder tempo saem no encalço de sua presa.
      
Após adentrarem um longo trecho dentro do mato, os militares cautelosos comandados pelo intrépido alferes Agostinho e guiados pelo experiente cabo Basílio, caminhavam em formação fragmentada devagar e fazendo o que lhes fora determinado, sem saber  o que ainda estava por vir. Pajeú reuniu seus homens e os pôs a par do plano para executar  a emboscada fatal, e assim o fez colocando-os em locais estratégicos com boa vantagem para o confronto, ainda usando o fator surpresa em seu favor. A patrulha dos soldados desceu por uma veredinha rochosa e ao atravessar o leito seco de um riacho temporário, ouviram bulhas e movimento nos arbustos mais adiante, de imediato se abrigaram ficando todos na defensiva. Após algum tempo, o rastreador do grupo se deslocou cauteloso ate o local e verificando, constatou que era simplesmente um borrego que se afastou do rebanho e perdido ficou enroscado entre os espinhos dos  quipás ah! Que alívio, e assim gesticulando com o braço, ele fez sinal aos outros para se aproximassem. Vamos comer um cabrito assado! Diz sorrindo um soldado em surdina, mas ao chegarem perto do supracitado animal ah!...São surpreendidos. Um cancão grasnando voa assustado do ninho, mas seu alerta é tardio diante ao desfecho súbito e fatal do ataque inimigo, bastou um silvo breve do apito imitando o som do cantar de uma perdiz, foi esse o sinal. E assim do nada, surgem  jagunços que com a fúria e destreza de um jaguar, e caem sobre os soldados sem dar-lhes qualquer chance de reação e defesa. O confronto é efêmero e em menos de três minutos os soldados do pequeno contingente militar, tombam sem vida, mortos pelos golpes fatídicos e certeiros desferidos pelos jagunços de Pajeú, com suas peixeiras afiadas e pontiagudas, que perfurando, cortando e rasgando gargantas, carnes e vísceras, dizimaram a todos; sem disparara um tiro sequer. Instantes após o combate, enquanto um sabiá gorjeia sonoroso executando sua linda melodia nos galhos da aroeira, os jagunços de Pajeú recolhem as armas e demais pertences dos infantes, em seguida com seus facões afiados, decapitam seus corpos sem vida colocando as cabeças dentro de um saco de pano, abandonando após o local macabro, deixando  as carcaças amontoadas e expostas ao tórrido sol abrasador que sempre castigou os sertões, ficando elas à mercê dos inúmeros animais carnívoros e variadas aves de rapina que compõe o rico bioma nordestino...          
       
O dia se acaba, chega a tarde e a noite escura cai sobre o acampamento do General Artur, que impaciente aguarda irritado por seus subordinados que ainda não regressaram da missão. Então após o pernoite, o comandante ordena que a guarda seja reforçada em seus postos e assim que o toque do clarim anuncia o silencio, as tropas exaustas se recolhem e ferram no sono dentro de suas barracas de campanha. Ah! Mas como é noite de lua cheia, ela se desperta surgindo meio sonolenta no céu de Canudos, e por mais que as nuvens retintas  tentam  obumbrar o seu brilho, mesmo assim; esse processo natural não é capaz de ocultar o seu esplendor e beleza, e tal como a mais bela musa dos sertões baianos, ela se dirige lentamente para se banhar nas águas tácitas e mornas do Rio Vaza Barris ah! Como ela é linda!
    
A noite é bem  longa e o sono é fatal, o insurreto é astuto cruel e mortal e se movimenta sagaz como a cobra coral. A lua com medo se esconde calada, pois na escuridão ronda a morte armada, e a sentinela se torna um mocho em caçada, permanecendo atento até a alvorada.
  
Então lá no horizonte a leste do Belo Monte, quando pouco a pouco os raios de sol que antecedem o crepúsculo da manhã começam a clarear os céus, no acampamento ao longe se ouve o som da corneta  retumbar no vale anunciando a alvorada. Mas quando a escuridão se dissipa com a luz do sol do amanhecer, um cala frio percorre o corpo das sentinelas ao ver a algumas jardas do acampamento, as dez cabeças das praças abatidas pelos jagunços de Pajeú no dia anterior, todas ensanguentadas e empaladas em varas de madeira erguidas e  fincadas no chão de fronte ao acampamento com às vistas para o Belo Monte.        
       
O sargento da guarda efetua um disparo como alarme, e rapidamente todos se põem a postos. O General Artur Oscar sai assustado do seu aposento empunhando seu Smith Wesson de calibre 44 abrigando-se entre as fendas de uma rocha, e em seguida contempla com seus próprios olhos o panorama funesto logo ali em sua frente. Então o supracitado oficial de escalão superior, mesmo envenenado pela própria ira; não se desespera concentra-se no óbvio e se acalma, suspirando profundamente ele ordena a um graduado que reúna alguns soldados e recolham o que sobrou de sua patrulha e enterrem os membros em meio às caatingas com honras militares. Depois mordendo os lábios inferiores, num gesto de revolta e vingança, ordena a seus oficiais intermediários que mobilizem toda a tropa em formação de ataque, em seguida chama os seus soldados do grupo de artilharia e determina que preparem a “matadeira” e direcione sua  mira visando o lado leste do Belo Monte, o General Artur Oscar no âmago de sua astúcia demoníaca, sabe muito bem que ao atingir bombardeando as imediações do arraial nos pontos cardeais, a população em pânico com a explosão das bombas de percussão, fugirão indo todos a se abrigarem no centro do povoado, isto é lá na Igreja pois sendo lá um lugar sagrado e abrigo do Santo Líder, possivelmente é o  lugar certo e mais seguro, pensam os fiéis moradores do arraial; e assim velhos, mulheres e crianças, ali se concentram refugiados, e permanecem tranquilos  livres das bombas e explosões. Pobres inocentes, jamais sonham que será ali os seus sepulcros, o lugar ideal; um alvo totalmente vulnerável para os disparos mortais do monstro de aço. E assim deu-se inicio à estratégia covarde do General Artur, são oito horas de aquela  impar manhã, o canto melodioso de uma corruíra é interrompido pelo fragor do primeiro disparo do terrível canhão Withworth, que ao retumbar no vale junto ao sibilar de sua avassaladora  granada, levam em sua longa trajetória uma mensagem de dor, desespero e morte.
       E sob o impiedoso comando do General Artur Oscar, os disparos da matadeira são efetuados estrategicamente, um a cada vinte minutos de acordo com seus planos diabólicos, e seus militares contemplam  ouvindo ao longe, o estrondo das bombas que ao caírem sobre os casebres, detonam provocando imensa destruição, terror e morte. Então após vários disparos, o oficial comandante ordena ao corneteiro que dê o toque de cessar fogo, e em seguida um descaso a tropa. E assim “o demônio de farda” também se recolhe, esperando somente chegar a  hora fatídica para realizar o seu plano maligno com um fulminante desfecho fatal. O tempo passa e já são 18h20m horas de uma triste e sinistra tarde bem cinzenta de outono, o sol já bem cansado caminha para o seu merecido repouso após completar mais uma longa jornada.    E tal ao anjo negro da morte, o anoitecer chega sorrateiro e como uma imensa mortalha cobre de preto todo o arraial do Belo Monte... Um bacurau solitário canta soturno sob as folhas secas do chão das caatingas sem fim, não há vento; pois nem mesmo a costumeira brisa fresca  da boca da noite que vinha das barrancas do Rio Vasa Barris para amenizar o insuportável calor;  hoje se recusou a nos blindar com seu suave frescor.   
     
Esta noite vai ser bem escura, embora a lua  demore a sair, temos que ser ligeiro para realizar nosso intento, vamos aproveitar para destruir a “matadeira”. Era esse o plano do guerreiro negro Pajeú. Mas ele sabe que o supracitado canhão Wilthworth de calibre 32 encontra-se muito bem seguro, pois esta sendo vigiado pela intrépida  guarnição dos soldados do Cabo Petrônio, um valente graduado e seus lanceiros da cavalaria Catarinense. Então para esta arriscada missão, Pajeú escolhe a dedo um pequeno grupo de seis dos seus melhores guerreiros e os põe a par do plano a ser  executado. Então como sombras em meio a escuridão da noite, iguais as mais peçonhentas serpentes em caçada, eles se movimentam rastejando entre sobre as folhas secas do chão das caatingas, e sem serem percebidos chegam até ás proximidades onde se encontra instalado o grande canhão. Pajeú observa os soldados e nota que cansados encontram-se adormecidos, pois só um ainda permanece atento em seu posto,  ah! Temos que eliminá-lo. Já passa da meia noite e nesta hora a lua surge no céu. Pajeú matreiro se aproxima da sentinela sonolenta, desembainha a sua peixeira que luze à luz do luar, mas em seguida o brilho de sua lamina é ofuscado pelo sangue da vítima que se esvaem e morre com a garganta cortada pelo golpe desferido com  traquejo pelas mãos hábeis do guerreiro negro. Uma coruja buraqueira crocita assustada e voa rasgando a cara da lua, um alarme? Ah! E os guardas se despertam e não tem como evitar o confronto de morte.
        
No átimo o combate é corpo a corpo, os confrontantes não tem tempo de manobrar suas armas de fogo e assim partem para a luta com suas armas brancas. O deslocamento rápido das laminas em movimento cintilam como uma constelação a fulgir, sob a luz da lua prateada que no aço das armas faz luzir. Ao termino da luta, todos tombam mortos só Pajeú e o Cabo Petrônio que apesar de muito feridos, ainda permanecem gradeando, até que Pajeú derruba o graduado militar com um golpe cortante na panturrilha direita, mas ao levantar a guarda para desferir o golpe fatal, o miliciano se vira rapidamente e apara Pajeú na ponta de sua lança afiada, traspassando de lado a lado seu abdome, e assim o guerreiro negro de canudos tomba sobre a terra seca do sertão irrigando-a com seu sangue guerreiro, e num ultimo gesto; ele contempla a lua que ilumina majestosa o céu do Belo Monte, e permanece olhando até que o brilho dos seus olhos é obumbrado pelo véu negro da morte. E assim finda o bravo Pajeú.
       
Os inimigos mortos são amontoados em um canto, os corpos dos militares são recolhidos em uma tenda e a guarda é substituída. Depois de algumas horas ouve-se a corneta anunciando a funesta alvorada, os pássaros das caatingas se emudecem, e o dia inteiro é só de expectativa e espera. Até as cigarras se calaram e o silêncio sepulcral dura até ás 17h30m quando um caracará assustado crocita sai voando  ao ouvir um tiro ensurdecedor disparado pela matadeira, que surpreende o próprio contingente militar, e que ao  se chocar com as paredes da Casa do Senhor, demole-a parcialmente. O som segundo disparo ecoa no vale como se fosse um distante trovão que retumbante corta o arraial  do oriente ao ocidente, mas este é o que não traz a doce esperança da chuva, e sim; a núncia da aniquilação e morte. E sem piedade ao termino de sua  propulsão a bomba atinge com precisão a mesma parede mais ao lado, incendiando e a destruindo por completo.E mais seis tiros arrasadores são disparados, todos visando a catedral do Belo Monte, fazendo centenas de vítimas que perdem suas vidas esmagadas entre os descombros, queimadas ou feridas mortalmente pelos estilhaços das granadas provocados pela explosão. A fumaça negra das chamas que sobe ao céu apresenta o formato de uma enorme mão que roga a Deus por clemência, auxílio e proteção. A bomba de um dos disparos atinge a torre da igreja, e faz ruir todo o campanário, e o som da voz metálica do sino ao tocar no solo se faz ouvir a léguas de distancia como se fosse o ultimo clamor das almas dos infelizes que findam soterrados nos destroços vítimas das atrocidades de uma república covarde, infiel e sem compaixão. E irônicos gargalham o General, o coronel, o major e o capitão, com a cruel judiação. Então o General Artur ordena que os soldados artilheiros recarreguem novamente o canhão, e aguardem suas ordens, e assim sinaliza ao corneteiro que dê o toque de: “De formação de combate e calar baionetas!” E logo após o comando: “Atacar!” Isto sob os olhares atônitos de seus subordinados, que não entenderam a tal estratégia e muito menos a que ainda estará por vir.
      
Então a violenta e sanguinária infantaria do Exercito Brasileiro entra em ação, invadindo os  barracos e casebres atacando famílias inteiras de cidadãos brasileiros seus compatriotas; que indefesos são violentadas, estupradas e cruelmente assassinadas impiedosamente por aqueles que tinham por função protegê-los de qualquer ameaça ou toda a forma mal, pois eram soldados do “Exercito Brasileiro,” a nossa proteção legítima, fundamentada e constituída.        
     
Após e consumar parte desta terrível  carnificina, os infelizes que ainda permaneceram com vida, homens e mulheres, velhos e crianças; foram violentamente arrancados de seus lares e conduzidos em fila indiana até à presença da autoridade suprema, “o poderoso” General Artur Oscar, onde ali  permaneceram agrupados à mercê, aguardando um veredicto para seus destinos sentenciado por aquele oficial superior. 
       
Este confronto, ou melhor, este massacre não seria necessário se o Presidente fosse mais “Prudente”, e o General Artur mais sensato e paciente. Uma trégua e uma negociação com as lideranças já enfraquecidas, ele poderia ter vencido o combate sem ser preciso usar de tamanha truculência para com os familiares de seus compatriotas, os combatentes já vencidos que aderiram a se entregar de forma pacífica. Ah! Vamos simplificar sem palavras bonitas ou poemas de guerra, pois não há honra nem orgulho em narrar como foi que se consumou o desfecho desta tragédia, dessa catástrofe que foi o maior assassinato já realizado pelo Exército Brasileiro. O restante da história é simplesmente rubro como uma gravata tingida por sangue inocente, ou de cor púrpura como o crepúsculo daquela fatídica tarde, enfim escarlate como as listras de cor vermelha que fazem presente na linda bandeira do estado da Bahia.   
    
Este texto feito por mim Francisco Carlos Jorge de Oliveira RG 3.180.765-4, soldado do Exercito Brasileiro BPEB 1978, e a pós Cabo da PMPR-RR, eu o dedico com todo orgulho, amizade, carinho e consideração ao Professor e cronista José Gonçalves, baiano da linda cidade histórica de Monte Santo no Estado da Bahia, o qual não mede esforços no trabalho para enaltecer ainda mais a história do seu povo, isto é; do nosso povo brasileiro. 

Salve o Líder Antônio Conselheiro!
“Sou um jagunço também ”

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A VOLTA DO REI DO CANGAÇO


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A GRANDE MARCHA DE LAMPIÃO PARA MOSSORÓ Parada 06 - VISITA AO SÍTIO PANATI (RN)

Por Geziel Moura

Após o assalto a Aroeiras, lá pelas uma e trinta da tarde, o bando se afasta desta fazenda e passando pelo sítio Carnaubinhas, hoje em dia, pequeno povoado, alcançam o Síto Panati. Vale lembrar, que nem sempre a invasão era feita com a tropa inteira, e sim subdivisões desta, um bom exemplo foi neste sítio, cuja divisão fora feita por Sabino Góis.

Povoado de Panati, originário a partir do Sítio de mesmo nome. - Foto geziel Moura
Casa originalíssima de Antônio Florêncio de Souza - Foto Geziel Moura

Seria redundante comentar, que a pilhagem foi total, nas casas do Sítio Panati, roubando dinheiro e joias dos moradores, porém uma situação inusitada, vale a pena comentar: Na casa de Raimundo Rodrigues do Nascimento, um dos subgrupos, além do roubo usual, espalharam pó- de - arroz, que acharam numa prateleira, pelo chão e começaram a passar em seus rostos suados e sujos, na falta de perfume, utilizaram este cosmético, para diminuir o mau cheiro.

Marcas de canos de Fuzis da cabroeira, incrustados na porta da casa de Antônio Florêncio de Souza, como testemunha daquela tarde maldita em Panati. - Foto Geziel Moura
Marcas de canos de Fuzis da cabroeira, incrustados na porta da casa de Antônio Florêncio de Souza, como testemunha daquela tarde maldita em Panati. - Foto Geziel Moura

Queria também fazer destaque, neste episódio do Sítio Panati, a visita que fizemos a casa de outra vítima, que se chamava Antônio Florêncio de Souza, os cabras encontraram duas pistolas Mauser e cartucheira com 18 balas. A casa dele continua original, com as marcas dos canos dos fuzis na porta, o mais incrível, é que veremos mais adiante, as mesmas conformações dos diâmetros dos canos, em outras casas, de outros lugares, o "modus operandi" eram semelhante, para chamar os moradores.

Fonte: facebook
Página: Geziel Moura

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