AMIGOS,
TENHO COMIGO
QUE SOMENTE UMA PROVA ROBUSTA E INSOFISMÁVEL É CAPAZ DE TORNAR NULA A
DECLARAÇÃO DO SOLDADO HONORATO DA SILVA, DE TER SIDO ELE O AUTOR DO TIRO FATAL
QUE MATOU O CANGACEIRO VIRGULINO LAMPIÃO, NÃO OBSTANTE O SEU COMANDANTE NA
OPERAÇÃO, O TENENTE JOÃO BEZERRA,TER DITO NÃO SABER QUEM ESPECIFICAMENTE MATOU
LAMPIÃO, VISTO QUE, SEGUNDO ELE, O BANDOLEIRO FOI ALVEJADO POR VÁRIOS TIROS.
MAS, COMO, INFELIZMENTE, AS VERSÕES, MAIS DO QUE OS FATOS, COMPÕEM MAIS A HISTÓRIA, NÃO SÓ A DO CANGAÇO, DIGA-SE, AS DECLARAÇÕES DO SOLDADO HONORATO, A MEU VER, POSSUEM A SEU FAVOR A FORÇA DA TRADIÇÃO, OU SEJA, A TRANSMISSÃO DA NOTÍCIA DE GERAÇÃO A GERAÇÃO, SEMPRE CONFIRMADA POR ESTE SOLDADO, E O FATO DE DURANTE TODOS ESTES ANOS ESTA INFORMAÇÃO JAMAIS TER SIDO CONTESTADA, COLOCADA EM DÚVIDA, POR QUEM QUER QUE SEJA, PRINCIPALMENTE PELO MILITAR SEBASTIÃO VIEIRA SANDES, QUANDO EM PLENO GOZO DA SUA SAÚDE.
PORTANTO, AQUI ME PRONUNCIO, COMO SIMPLES LEITOR E COPIADOR DE TEXTOS JORNALÍSTICOS, MEMBRO DESTE E OUTROS RESPEITÁVEIS GRUPOS DE ESTUDO DO CANGAÇO, COM TODO O RESPEITO E A CONSIDERAÇÃO QUE TENHO AO DOUTOR FREDERICO PERNAMBUCANO, O FAMOSO SOCIÓLOGO, PESQUISADOR, HISTORIADOR E ERUDITO E ELOQUENTE ESCRITOR, MEMBRO ATIVO DA RESPEITADA FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO, DONO DE GRANDE ACERVO SOBRE O BANDITISMO SERTANEJO, FREDERICO PERNAMBUCANO CUJA OBRA SITUA-SE INDISCUTIVELMENTE ENTRE AS MAIS VALIOSAS DA HISTORIOGRAFIA DO CANGAÇO, PEÇO-LHE VÊNIA PARA DIZER QUE, DESTA VEZ, EMBORA NÃO TENHA LIDO O SEU NOVO TRABALHO SOBRE O FIM DE LAMPIÃO, MAS, MESMO SEM LÊ-LO, COMPREENDER SUAS RAZÕES, DEVO CONTINUAR PRESTIGIANDO A, POR SINAL, CORAJOSA AFIRMATIVA DO SOLDADO HONORATO DA SILVA, EM RESPEITO INCLUSIVE À SUA MEMÓRIA, DE TER SIDO ELE O AUTOR DO TIRO FULMINANTE QUE FEZ CAIR DEFINITIVAMENTE MORTO O REI DO CANGAÇO.
ABAIXO, TROUXE
A DECLARAÇÃO DO SOLDADO HONORATO, PUBLICADA NO JORNAL "A NOITE" (RJ),
NA EDIÇÃO DE 02/08/1938.
A NOITE –
02/08/1938 - O HOMEM QUE
MATOU LAMPIÃO
Imagem extraída do Blog do Mendesemendes
MACEIÓ, 1 (Dos
enviados especiais de A NOITE – Por via aérea) – Conforme a A NOITE noticiou, o
homem que pôs termo à vida do rei do cangaço foi o soldado Antônio Honorato da
Silva, que tem no 2º Batalhão de Polícia, aquartelado em Santana do Ipanema, o
número 145. Conta 38 anos de vida, o herói do Regimento Policial Militar do Estado
de Alagoas. Ao ser entrevistado pela A NOITE, declarou com a maior calma que se
pode imaginar que atirou seguro em Lampião vendo-o tombar para sempre.
- “Estou satisfeito por ter cumprido o meu dever – disse jovialmente o velho soldado – pois matei um bandido que era o terror do nosso povo, o flagelo do meu sertão querido.
Diz Antônio Honorato que o primeiro tiro disparado na fazenda Angicos foi o do fuzil do soldado Abdon Cosmo de Andrade e que em seguida àquele disparo, a fuzilaria irrompeu de modo infernal, não tendo o fogo durado mais de quinze minutos, terminando com a morte dos onze bandidos e a fuga dos demais que se encontravam no acampamento infernal.
- E depois do tiroteio?
- Depois – exclamou Antônio Honorato – fomos cortar as cabeças dos bandidos.
- Qual foi a primeira cabeça cortada?
- A de Lampião – disse Antônio Honorato. Cortou-a, o soldado Santos com um facão marca Jacaré. A seguir vi o tenente Ferreira com a cabeça de outro bandido, tendo as restantes sido mandadas cortar pelo tenente João Bezerra. Depois do “brinquedo”, contei onze cabeças, ficando satisfeito pelo trabalho que meus companheiros e eu fizemos num espaço tão diminuto.
- Lampião disse alguma coisa antes de você apontar-lhe o fuzil?
- Não, pois não lhe dei tempo. Se ele teve vontade de dizer alguma coisa, ficou só na vontade... E, dizendo isso, o bravo soldado alagoano nos mostrou o seu fuzil que tem o número B 7.419 dizendo: - Este aqui nunca falhou e seria uma tristeza se ele me tivesse negado fogo naquele momento. Estou habituado a atirar e em certas ocasiões minha pontaria ainda é mais segura.
Antônio Honorato é praça da Polícia alagoana há 13 anos, tendo começado sua vida atual no governo Costa Rego.
- Que tal o acampamento dos bandidos? – perguntamos.
- Nem queira saber que armadilha – disse o soldado – Eram várias barracas de pano, armadas sobre tocas de pedras em lugar por demais esquisito, onde dificilmente se podia chegar.
- E como puderam se aproximar de tão perigosa armadilha?
- Isso já eu não sei – diz Antônio Honorato. O que sei é que o nosso comandante traçou um plano tão bem feito que ali chegamos sem ser pressentidos e “abafamos a banca”...
Como o heroico soldado se mostrasse cansado, demo-nos por satisfeito da sua sensacional narrativa e fomos ouvir outros dos seus companheiros.
Entre os soldados que tomaram parte no ataque ao bando de Lampião, na fazenda Angicos, destaca-se um jovem de 22 anos de idade, natural da Paraíba e que tem o número 947 no 2º Batalhão da Polícia Alagoana, José Tertuliano que, segundo seus próprios companheiros, é um soldado dos mais valentes que possui o seu batalhão não obstante a pouca idade.
Foi quem matou um dos bandidos que é dado até agora como desconhecido.
José Tertuliano declarou à NOITE que estava muito satisfeito por ter tomado parte eficiente no combate da fazenda Angicos, onde teve ocasião de observar mais uma vez a bravura dos seus companheiros.
- Fizemos um “serviço” em boas condições – disse – e agora estamos mais descansados um pouco, porque já não existe o mais famoso cangaceiro do sertão.
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