Por Carlos Alberto
Arte de Carybé
De antemão, o
cangaço foi um fenômeno social do Nordeste brasileiro, atuava de forma
autônoma, praticava uma rebeldia inconsciente, e, para sobrevier na sociedade
da época, ficava ao lado de um grupo de abastados em detrimento de outros...
Do ponto de
vista econômico, é bastante polêmico afirmar que modo de produção existiu, pelo
qual, surgiu o cangaceirismo, ou seja, foi o escravismo colonial tardio? Traços
feudais? Capitalismo incipiente.
Com certeza o
fenômeno surgiu sob uma economia agropastoril nordestina, onde, a criação de
gado movimentava as negociações e a propriedade da terra funcionava como
reserva de valor.
Com referência
aos ciclos econômicos, teve uma certa disputa pelo espaço utilizado, entre o da
cana-de-açúcar e do couro. O primeiro, desenvolveu-se no litoral e nas zonas
úmidas sertanejas e, o segundo, foi empurrado para o Sertão nordestino, através
dos caminhos do gado e formando fazendas de criação.
E mão-de-obra
para trabalhar nessas atividades? Os índios não se adaptaram, depois os negros
e os mestiços. Resultando diversas profissões: trabalhador de eito, cambiteiro,
trabalhador de engenho, vaqueiro, etc.
E a segurança da classe dominante da época, ou melhor, dos coronéis... Afirma a teoria marxista, que, na estrutura e na subestrutura, levando em conta as relações sociais de produção, em último caso, é a economia que determina a vida das pessoas, segmentos sociais, classes sociais, estamentos, etc.. Mas, também é levada em consideração: a cultura, a religião, a justiça, etc.
Carlos Alberto
ao lado de pesquisadores do Cariri Cangaço
Por outro
lado, existe a teoria culturalista, ou seja, a cultura e a tradição, como
elementos determinantes para o viver e o agir das pessoas na sociedade.
Quando se
afirma que o cangaço surgiu das desigualdades sócias, fundiárias e ausência do
Estado no fazer justiça, quer dizer, que, a propriedade da terra, em termos
quantitativos, quem tinha mais terra usufruía do poder político e econômico; e,
o pequeno proprietário ou o sem-terra não possuía quase ou nenhum poder.
Imaginem, nas primeiras refregas entre Virgolino Ferreira e José Saturnino,
existisse uma justiça “justa” e um Estado forte, talvez tivesse abortado a
futura atuação lampiônica. Por favor, leiam a introdução e os três primeiros
capítulos do Livro: LAMPIÃO: Entre a Espada e a Lei, do pesquisador Sérgio
Dantas.
Do ponto de
vista político, econômico e social, qual era a origem dos cangaceiros? Por
favor, leiam o Livro: LAMPIÃO E O ESTADO MAIOR DO CANGAÇO, de Hilário Lucetti e
Magérbio de Lucena.
Na minha
simples opinião, o Livro: GUERREIROS DO SOL: Violência e Banditismo no Nordeste
do Brasil, de Frederico Pernambucano de Mello, ainda é o Livro, que, melhor
explica o cangaço, principalmente na época lampiônica. No meu modo de ver, é
uma Obra de viés culturalista. O Autor “bebeu” imensamente na fonte
freyriana...
Em GUERREIROS
DO SOL: O ensaio começa mostrando o contexto do homem do Sertão, a violência
(peculiar), o escudo ético (honra) e o cangaço (movimento autônomo) ...
Ainda existe a
explicação da Teoria Lombrosiana, no Brasil, tiveram como adeptos os famosos:
Nina Rodrigues e Estácio de Lima. A Teoria afirmava que pelos caracteres do
organismo, era possível descobrir a identidade criminal do fora da lei. Como
exemplo, a decapitação de Antônio Conselheiro e de vários cangaceiros para
“estudá-las”. Porém, a teoria citada, hoje, é refutada pela ciência...
Fica claro,
que, não respondi a origem do cangaço, apenas, levantei alguns elementos para
tentar esclarecer o porquê do fenômeno...
Carlos Alberto da Silva
Pesquisador, Natal - RN
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