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sábado, 13 de agosto de 2022
LIVRO
Por José Mendes Pereira
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FAZENDA PITOMBEIRA E O LENDÁRIO BARÃO DO PAJEÚ NO CARIRI CANGAÇO 2022
Luiz Ferraz Filho esclarece: "A Pitombeira era propriedade do coronel Andrelino Pereira da Silva, o Barão do Pajeú, que daqui comandava toda a política de Serra Talhada e região, na segunda metade do século XIX e início do século XX. Foi aqui que dentre outros importantes momentos, o Barão hospedou várias autoridades e personalidades sertanejas, tais como o Padre Cícero Romão Batista na viagem que fez para Roma-ITA e o juiz de direito paraibano, Augusto Santa Cruz."
A Fazenda Pitombeira era um grande latifúndio de 12 mil hectares, que compreendia as Fazendas Caiçara, Ipueira, Cedro e Belém, esta última herança que o Barão do Pajeú recebeu do seu pai, o comandante-superior Manoel Pereira da Silva, o mesmo, responsável pelo ataque aos fanáticos da Pedra do Reino em maio de 1838. Por ocasião da visita, a caravana Cariri Cangaço foi recebida brilhantemente pelo atual proprietário; Antônio Alves Filho, seu Antônio Caiçara; empresário serra-talhadense do grupo Pajeú Nordeste ; ao lado de sua esposa dona Zélia Pereira, neta e herdeira do major Isidoro Conrado de Lorena e Sá; ex-prefeito de São José do Belmonte e que comprou a Fazenda Pitombeira em 1911 ao coronel Antônio Andrelino Pereira da Silva, filho do Barão do Pajeú.
Recorremos ao site oficial da Família Pereira, em texto de Helvécio Neves Feitosa: (https://familiapereira.net.br/) para trazer um episódio que ilustra bem a presença forte da Fazenda Pitombeira no cenário histórico local da época em todo o Pajeú:
"Ulysses Lins de Albuquerque, em seu livro “Um Sertanejo e o Sertão“, conta que, em 1916, teve que voltar a Triunfo, de onde seguiu para Serra Talhada, Flores e Belmonte, na condição de coletor federal, quando arrecadava impostos de patentes de registro. Estava na companhia do cargueiro Manuel Salina. Naquela ocasião, relata a visita ao Coronel Antônio Pereira à fazenda Pitombeira. Informa o autor que Vila Bela estava agitada em virtude da questão surgida entre as famílias Pereira e Carvalho, rivais há quase um século. E, de 1905 até aquela data, alguns choques entre membros das duas famílias reacenderam o facho das discórdias.
Nas palavras do autor: "Viajando de Vila Bela para Belmonte, tive de almoçar na fazenda Pitombeiras, do coronel Antônio Pereira, filho do barão de Pajeú — coronel Andrelino Pereira da Silva. Fui muito bem tratado e admirei a agudeza de espírito da esposa do coronel Pereira — senhora inteligente e enérgica.
O coronel mostrou-me o seu paiol de armas — mais de uma centena de bacamartes de espoleta, senão mais, guardados no sótão, com as respectivas cartucheiras. [Naquele tempo, havia poucos rifles no sertão e as armas antigas eram muito usadas]. Aqueles velhos arcabuzes — alguns de boca-de-sino — tinham a sua história: participaram muitos deles dos combates travados pelo coronel Manuel Pereira da Silva [pai do barão do Pajeú] e seu irmão Simplício, contra os liberais chefiados por Francisco Barbosa Nogueira Paes, na vila de Flores e na Serra Negra, numa luta que durou dez anos ou mais...
Pernoitei no povoado de Bom Nome, onde era intenso o comércio de borracha de maniçoba, cultivada em larga escala no município de Belmonte, onde existia em abundância aquela seringueira, em estado nativo. Uma riqueza que alguns anos depois entraria em colapso, com a queda vertical do preço do produto."
O Barão do Pajeú casou duas vezes: a 1ª com Maria Osséria de Santo Antônio e a 2ª com a Baronesa do Pajeú, Verônica Pereira da Silva. No tempo do apogeu e esplendor da Fazenda Pitombeira, na larga varanda da velha casa de vivenda, sentada sobre um couro de boi curtido, passava horas a fio a Baronesa do Pajeú, matando o seu tempo numa almofada bastante abaulada fazendo renda de bilro. Certo dia, tendo encerrado uma conversa um pouco acalorada com Dona Marica Pereira, sua nora, falou a baronesa: “Olhe Marica, quando eu morrer, vou deixar o meu dinheiro para você queimar.”
O Barão do Pajeú faleceu a 30 de dezembro de 1901. Tempos depois, já doente e em tratamento com o afamado “Tio Cornélio de Sá” de Salgueiro, na época, o doutor de toda aquela região, não resistindo a uma forte infecção intestinal faleceu a Baronesa do Pajeú. Depois da sua morte, Dona Marica Pereira, julgando o que não teria mais importância e nem serventia resolveu queimar os pertences da baronesa. Entre os objetos destinados ao fogo, estava a velha almofada de fazer renda. Quando as chamas iam velozmente reduzindo tudo a cinzas, uma preta, antiga cozinheira da fazenda percebeu que junto com os resquícios chamuscados do enchimento da almofada, estava parte da fortuna da baronesa, ora detectada através de pedaços de algumas cédulas, já soltos no ar, dentro da fumaça escura se elevando no espaço. Entre os valores dos dez réis e dos mil réis, dos vinténs, dos tostões e dos cruzados, de uma enorme quantidade em dinheiro de cédulas da baronesa, foi tudo devorado pelo fogo. E cumpriu-se então o que a baronesa havia dito tempos antes: “Marica, quando eu morrer, vou deixar o meu dinheiro para você queimar.”
E completa Valdir Nogueira: "nos tempos do Barão do Pajeú e do seu filho Coronel Antônio Pereira, a Fazenda Pitombeira continuava próspera e produtiva e se destacava, além da região do Pajeú como em todo alto e árido sertão pernambucano pela sua importância política, econômica e social. Opulento criador, a título de curiosidade a relação dos nomes de alguns animais deixados pelo fidalgo sertanejo, de acordo com seu testamento feito a 27 de agosto de 1901. Cavalos: Bebedor, Borborema, Borboleta, Bordado, Borrego, Cabeceira, Campina, Cravo-branco, Crumatá, Cruzeta, Cuidado, Dançarino, Lavandeira, Mancha, Marujo, Melado-bravo, Nevoeiro, Passarinho, Pensamento, Piáu, Pinto-macho, Raposão, Redondinho, Salvaterra, Tamborete e Vila-bela. Entre os burros: Beleza, Cajazeira, Castanhinho, Ceará, Cutia, Encardido, Enjeitado, Gazo, Pimpão, Quixaba e Tição. Entre as burras: Barra, Bonita, Castanha, Catolé, Fita-preta, Macaca e Praibana."
UMA IMENSA ENCRUZILHADA DE ENCONTROS
Por Luciana Nabuco
“Minha vida é andar,
Por este país
Prá ver se um dia
Descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei...”
Estive novamente nas beiras do Velho Chico, em Piranhas sentindo e absorvendo as memórias, pisando nas velhas ruas, ouvindo o piar dos pássaros o vento refrescando as árvores, vislumbrando o que vivi e imaginando o que ainda terei a experenciar nessa vida. Nessa minha vida de viajante.
Dizemos muitas vezes que o que mais importa, é de fato significativo é o caminho. Nele aprendemos, acertamos, erramos, curamos dores, lavamos as tristezas, celebramos os encontros. E os encontros nesse evento Cariri Cangaço , conduzido pelo querido amigo Manoel Severo é o que dá “sentido e direção ao tempo”, como diria Vinícius de Moraes no seu belo poema “Canção de Orfeu”.
Sou uma viajante e curiosa de gente, de histórias. Sinto no peito as despedidas e algo que sempre me comoveu nas andanças durante as pesquisas do livro “Memórias Sangradas “ de Ricardo Beliel, foi que cada casa que se abria para nós era um coração que também se adentrava. Dou muito valor em cada passo que faço em direção ao outro. O outro é meu espelho igualmente, aprendo sempre. E cada pessoa, cada família que nos recebia, contava uma história, um relato, partilhava sua memória mais íntima ao final nos dizia “Mas vocês voltam logo?”.
Esse retorno, essa imensa encruzilhada de encontros se deu de forma tão afetuosa no Cariri Cangaço. São pessoas de diversas regiões do Brasil, gente de idades diversas, cruzos diversos, e abraços. Ah, os abraços. São como águas mornas do rio, são a mais genuína troca de energias de renovação, acalanto da alma.
E mesmo de tudo o que não pude ver, percebi nos olhares dos que estiveram presentes. Essa edição do Cariri Cangaço teve uma cerimônia de entrega das cinzas do pesquisador Antônio Amaury. Infelizmente eu não pude estar presente no momento. Porém no dia seguinte ao conversar com seu filho Carlo Elydio Araújo, pude ver em seus olhos a memória e a força do amor dessa entrega ao rio. Os olhos úmidos de Carlo foram igualmente meus olhos, da saudade paterna, do meu velho pai que se encantou há 25 anos. E nós que aqui continuamos precisamos justamente abrir mais caminhos, “guardando as recordações”.
Cada pessoa, cada pesquisador, cada um que ouve e troca ideias, cada abraço, cada riso ou choro é o que de mais lindo existe nesse evento. É uma celebração de vida, de memória, de escuta. E somos carentes de memórias.
Luciana Nabuco, pesquisadora, escritora, poeta, jornalista, ilustradora, Rio de Janeiro, 12 de agosto de 2022
O Cariri Cangaço Piranhas aconteceu entre os dias 28 e 30 de julho de 2022 na cidade ribeirinha de Piranhas, baixo São Francisco, no estado de Alagoas, nordeste do Brasil.
https://cariricangaco.blogspot.com/2022/08/uma-imensa-encruzilhada-de-encontros.html
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O PILEQUE DE GEVÁRSIO SALVA O BANDO DE LAMPIÃO
Por Na Rota do Cangaço
Em Agosto de 1937, dia de feira em Serra Negra, o tenente Zé Rufino descansava de extensa jornada ao tempo em que seus comandados tiravam folga para tomar “umas e outras”, quando surge no povoado um sujeito montado num burro castanho despertando a atenção do rastejador Gervásio, que proseava à porta do salão de sinuca.
O rastejador passou então a monitorar o coiteiro, que se dirigia diretamente para a residência do coronel chefe político João Maria. O desdobramento dessa visita inesperada foi imediato porque o coronel despachou um empregado para contatar o tenente Zé Rufino, pois o coiteiro queria uma conversa “pé de orelha” com o tenente.
O diálogo se deu em linguagem quase que cifrada.
Quis saber Temístocles, deixando subentendido vantagens financeiras, segurança, e discrição naquela conversa com Zé Rufino, travada na sala de jantar de João Maria, sem ninguém por perto. Zé Rufio abriu o flanco da conversa, deixando a entender que um acordo seria mesmo razoável para aquela guerra sem fim entre sua volante e o bando de Lampião.
O tenente Zé Rufino apenas aquiesceu positivamente com a cabeça. Discretamente o coiteiro se retirou, o tenente ainda proseou com João Maria tomando calmamente seu café; se despediu e caminhou sem alvoroço até onde os soldados da volante estavam arranchados, olhou bem nos olhos do cabo Miguel, seu guarda-costas, e ordenou.
Algumas léguas distantes de Serra Negra, na fazenda Capoeira, Temístocles teve uma conversa com Lampião.
O tenente Zé Rufino só não cercou e liquidou com Lampião, porque o cabo Miguel, ordenança de Zé Rufino, levou tempo para reagrupar a tropa espalhada pela feira ou em casas de parentes, e por um detalhe recorrente na volante e não menos importante:
Gervásio, o rastejador, estava de Pileque numa das bodegas de Serra Grande e demorou a se curar da carraspana.
Acesse: blogdojoaocosta.com.br Fonte de consulta:
Lampião – a Raposa das
Caatingas, de José Bezerra Lima Irmão.
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ZÉ RUFINO MATA O CANGACEIRO MEIA NOITE IV CABRA DE LAMPIÃO
Por No Rastro do Cangaço
https://youtu.be/caVfy_ZGplw https://youtu.be/4gtfGPPxnV4 https://youtu.be/7jWUGL3MZqo https://youtu.be/n66BehWFWto https://youtu.be/ej1LY1Wztms https://youtu.be/3wuCmkQyaII https://youtu.be/Y1kh7Js_lhA https://youtu.be/rl0RucODGec https://youtu.be/pmPvnN9JRL8 https://youtu.be/cPMXW02sFGs