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segunda-feira, 26 de junho de 2017

O AMOR PELO JORNAL IMPRESSO

*Rangel Alves da Costa

Noutros tempos, se dizia que determinados jornais escorriam sangue acaso suas páginas fossem amassadas, assim pelos conteúdos de violência estampados nas manchetes e detalhados nos setores policiais. Também noutros idos, muito se dizia que a verdade dos fatos jornalísticos somente era conhecida se na mesma manhã fossem lidos dois jornais: o da situação e o da oposição. Mas mesmo com a violência escorregando entre as mãos ou o enraivecimento perante os acontecidos da política, mantinha-se fervorosamente a paixão pelo jornal impresso, aquele mesmo comprado nas bancas a cada alvorecer ou recebido além do portão residencial.
Hoje a paixão continua a mesma, o profundo amor continua o mesmo. Ao lado do rádio - do velho radinho de pilha colocado rente ao ouvido -, o jornal impresso permanece se constituindo em verdadeiro amigo inseparável, ainda que os olhos já não mais se espantem com as manchetes estampadas dias após dia: “A maioria dos congressistas responde a processos no STF”, “A Operação Lava Jato chegou às altas cúpulas partidárias”, “Corrupção, improbidade, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica: o cotidiano lamacento do poder”, “O Brasil já é considerado o país mais corrupto do mundo”. Manchetes rotineiras que em outros tempos causariam alvoroço, mas hoje apenas parecendo mais um capítulo de novela. Os capítulos seguintes estarão estampados nas vergonhosas manchetes.
O apego ao jornal é mais antigo do que se imagina. Não só na novidade surgida pelos idos de 1808, quando os primeiros jornais começaram a serem impressos no Brasil, mas pelas letras graúdas informando sobre um mundo novo até então desconhecido por muitos. E mesmo mais recentemente, manchetes como estas estampadas perante olhos atônitos: “Amplia aliança entre as potências do Eixo e o Japão” (Jornal do Brasil, 1940), “Jango asilado no Paraguai” (O Dia, 1964), “Goulart decreta a desapropriação de terras, encampa refinarias e pede nova Constituição” (Jornal do Brasil, 1964), “Matou-se Vargas!” (Última Hora, 1954), “Suicidou-se o Sr. Getúlio Vargas” (O Globo, 1954), “Decretado o recesso do Congresso Nacional - Governo baixa novo Ato” (Folha de São Paulo, 1964), “Não vai ter capa!” (Meia Hora, 2014).
O interesse pelo jornal era tamanho que muitos não davam por começado o dia sem que algum diário informativo fosse folheado ali mesmo à mesa, ao lado da xícara de café. O café chegado fumegante, logo ia esfriando ante a avidez pela leitura. Há de se considerar, contudo, que o jornal antigo não era apenas uma junção de folhas noticiosas, voltadas apenas para os editoriais, a política, o esporte e os fatos policiais. Consistiam em pequenas enciclopédias onde havia de tudo um pouco. Assim é que em suas páginas eram encontradas capítulos de folhetins, receitas de bolos, longos obituários, cartas amorosas, fofocas sobre os ricos e famosos, anúncios sobre tudo. Muito escravo já foi anunciado em jornal!
Algo realmente para os dias atuais, mas antigamente escravos bons, de porte atlético, de dentes sadios e brancos, eram oferecidos nas páginas dos jornais como um produto qualquer. No século XIX era constante que os jornais surgissem anunciando o aluguel, a venda ou a recompensa perante fuga de escravos. “Fugiram da Fazenda Pirassununga no dia 20 do corrente os ecravos seguintes: Gregorio 25 annos, preto fulla, sem barba, falta de dentes na frente, e pernas finas...”, “Precisa alugar uma criada que saiba cosinhar e fazer os arranjos de uma casa de família, e um moleque para recados, na rua da Princeza n. 1.”. Anúncios assim eram comuns em séculos passados, e certamente com muitas pessoas interessadas no indigno comércio.
Aquelas mocinhas lacrimosas que ansiavam pela semana seguinte para a aquisição do jornal e acompanhamento da incrível história dos amores separados pelo destino. E assim por que os grandes romances dos inícios da literatura brasileira, principalmente no romantismo, surgiram primeiro em forma de folhetins: Machado de Assis, Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar e Aluísio Azevedo, dentre tantos outros. Desse modo, romances famosos nasceram primeiro nas páginas dos jornais, a exemplo de A Moreninha, O Guarani, O Ateneu, Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Por isso mesmo que o velho e sempre novo jornal impresso é sempre amado, esperado e lido. As velhas máquinas tipográficas foram dando lugar a modernos equipamentos de impressão, a velha catação de tipos para formar nomes e nos nomes a junção das frases da matéria inteira, agora cedeu lugar às impressões digitalizadas. Mas o amor é o mesmo, tanto para quem faz o jornal como para o leitor. Para muitos, não há prazer maior que ouvir a voz do jornaleiro em bicicleta ou o barulho do papel caindo depois de arremessado portão adentro. E logo se imagina uma notícia boa. Mas não. Nos tempos modernos não.
Folheando o jornal, colocando as notícias diante do olhar, é como se a proximidade dos fatos fosse muito maior. E também a noção da maior veracidade do escrito no papel do que em qualquer outro lugar. É o prazer de tocar, de folhear, de ir lendo as manchetes e as chamadas, de ir dialogando com a informação. Muita gente continua cultivando esse amor imenso pela palavra escrita em papel, como se tudo ali fosse de sua posse e de sua fruição. E sempre o cuidado para que as letras não caiam ao chão. Acaso caiam, talvez não seja mais possível recuperar a República nem salvar o Brasil dessa putrefata corrupção.

Escritor
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ACJUS SE FEZ PRESENTE NA SESSÃO SOLENE DA AFLAM

Por José Wellington

Dia 23/06/17, a ACJUS se fez presente na sessão solene promovida pela Academia Feminina de Letras e Artes Mossoroense – AFLAM – quando a confreira GORETTI ALVES prestou elogio à patrona da cadeira 35, no caso, a cantora INÊS CAETANO DE OLIVEIRA (conhecida popularmente no mundo artístico e cultural como MARINÊS - A RAINHA DO XAXADO). 



Como se sabe, uma sessão acadêmica tem como norma uma ritualística mais formal, mas não deixou de ser um momento muito interessante e até certo ponto emocionante a forma como AFLAM promoveu a solenidade de ontem, principalmente pela belíssima apresentação em forma de elogio que a titular da cadeira 35, acadêmica GORETTI ALVES fez cantando diversos sucessos de MARINÊS, para uma plateia composta de intelectuais e de populares que compareceram ao evento.


Então de parabéns a AFLAM pela iniciativa, bem como as confreiras ÂNGELA GURGEL, TANIAMÁ VIEIRA DA SILVA BARRETO, JOANA DARC FERNANDES COELHO SUSANA GORETTI LIMA LEITE e GORETTI ALVES.

O cerimonial registrou as presenças das seguintes autoridades acadêmicas:

Presidente (licenciado) da ACJUS – JOSÉ WELLINGTON BARRETO
Presidente da AMOL e Presidente de Honra da ACJUS – Dr. ELDER HERONILDES DA SILVA e a Confreira ZÉLIA MACEDO HERONILDES.
Presidente da AFLAM – JOANA DARC FERNANDES COELHO
Presidente da ALAM e Presidente em exercício da ACJUS – Dra.TANIAMÁ VIEIRA DA SILVA BARRETO
Presidente da ASCRIM – FRANCISCO JOSÉ DA SILVA NETO
Presidente do ICOP, SBEC e MUSEU DO SERTÃO – BENEDITO VASCONCELOS MENDES.

José Wellington Barreto

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaquiano José Romero de Araújo Cardoso


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LIVRO SOBRE O CEL. IZAIAS ARRUDA ESTÁ NO FORNO..!


Novas informações sobre a estada de Massilon Leite em Aurora são trazidas à tona. Uma nova teoria sobre a conspirata que deu origem aos ataques às cidades potiguares é lançada. 

Estudo de processos-crime inéditos permitiu o reconhecimento de personagens negligenciados, a exemplo: José Cardoso de Figueiredo e José Gonçalves de Figueiredo (o terceiro). 

Fotografias inéditas, assim como informações minuciosas sobre o paradeiro final de Francisco Paulino dos Santos e José Paulino dos Santos (Zinho) são publicadas. 

Notas de caráter inédito sobre a família Santos de Aurora, e sua intensa representatividade em vários cenários na região Aurora-Missão Velha, na década de 1920, são lançadas. 

A participação dos Macedos em vários crimes de pistolagem e invasão à cidades é desvendada, segundo o que consta em autos de processos criminais e depoimentos de cangaceiros.
Em breve: Lançamento do Livro sobre Izaias Arruda de Figueiredo.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1591643504193049&set=a.333518636672215.80950.100000422450378&type=3&theater

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ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA


C O N V O C A Ç Ã O

A Diretoria da Associação dos Docentes da UERN – ADUERN/Seção Sindical do ANDES/SN, no uso de suas atribuições legais e regimentais, CONVOCA todos os professores da UERN para participarem da Assembleia Geral Extraordinária, que se realizará na Área de Lazer Prof. FRANCISCO MORAIS FILHO, no dia28 de junho de 2017, quarta-feira, em primeira convocação, com 20% do número de sindicalizados, às 8h30min; em segunda convocação com 10% do número de sindicalizados, às 8h:45min; ou, em terceira e última convocação, com qualquer quórum, às 9h, oportunidade em que será apreciado o seguinte ponto de pauta:

1.  GREVE GERAL DIA 30 DE JUNHO DE 2017   

         Mossoró (RN), 26 de junho de 2017

                             Prof. Lemuel Rodrigues da Silva
                                            Presidente
Jornalista

Cláudio Palheta Jr.

Telefones Pessoais :

(84) 96147935
(84) 88703982 (preferencial) 

Telefones da ADUERN: 



ADUERN
Av. Prof. Antonio Campos, 06 - Costa e Silva
Fone: (84) 3312 2324 / Fax: (84) 3312 2324
E-mail: aduern@uol.com.br / aduern@gmail.com
Site: http://www.aduern.org.br
Cep: 59.625-620
Mossoró / RN
Seção Sindical do Andes-SN
Presidente da ADUERN
Lemuel Rodrigues
Área de anexos

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaquiano José Romero de Araújo Cardoso

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QUEM FOI O CULPADO DA SUA DERROTA EM MOSSORÓ, CAPITÃO LAMPIÃO?

Por José Mendes Pereira
Não tenho o nome do profissional que coloriu esta foto de Lampião

Capitão Lampião, quem o senhor responsabilizaria pelo erro que cometeu em tentar invadir a cidade de Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte, na tarde de 13 de junho de 1927, e felizmente para a cidade, e infelizmente para o senhor, não deu certo?

Lá vem você com as suas perguntas que eu nem gosto de relatar aquela derrota que sofri, e por falar em derrota, ela foi a primeira na minha carreia de bandoleiro. Mas como não devemos deixar de responder quando se trata fatos reais, o único culpado fui eu. 


Sei que o cangaceiro Massilon mentiu para mim, dizendo que Mossoró era uma cidade pequena, e que nós, juntos, venceríamos facilmente, mas fomos enganados. Lá, naquele momento, até os santos atiravam na gente. 

Maluco é aquele que for contra a Santa Luzia, e estará lascado, e foi o meu caso. Tive que registrar uma derrota nos arquivos da minha "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia". É tanto que o Massilon, quando nós fazíamos acampamentos quando saímos de Mossoró, no lugar que eu colocava a minha central administrativa, Massilon não passava nem perto, com meço que eu o castigasse. 


Como prova disso, quando chegamos em uma cidade do Ceará do meu Padim, Padim Ciço chamada de Limoeiro do Norte, Massilon e seu irmão Pinga Fogo deram no pé, e nunca mais os vi. Tenho certeza que eles ficaram com medo do meu punhal. 

Informação ao leitor: O compadre Lampião nunca disse isso. É apenas uma brincadeirinha com ele sem desrespeitar a família Ferreira, e não a use na literatura lampiônica. 

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INVASÃO E RESISTÊNCIA - OS 90 ANOS DA DERROTA DE LAMPIÃO NO CONFRONTO COM O POVO DE MOSSORÓ –" ESTRATÉGIA PARA O ATAQUE"- PARTE VI

 Por José de Paiva Rebouças

Ao ver Lampião, Luiz Siqueira, o Formiga, pediu proteção. O cangaceiro garantiu, mas lhe fez um interrogatório. Quis saber quantos homens estavam armados em Mossoró. Formiga exagerou e disse que talvez uns duzentos.


Lampião chamou o estado-maior e voltou a detalhar o plano de invasão. Escutaram as ponderações de Massilon que desenhava na areia um mapa das principais artérias da cidade.

De acordo com a estratégia, o ataque seria protagonizado por duas colunas que se dividiria em quatro ao entrar na cidade. Sabino comandaria a tropa. Os melhores atiradores seriam distribuídos nos grupos, cada um com cerca de 400 cartuchos.

Lampião propôs entrar pela barragem do Rio Mossoró, mas Formiga avisou que seria arriscado, pois havia um piquete naquela área. Aborrecido, Lampião chamou Massilon.

“Você tinha me dito que entrava em Mossoró com dez homens. A cidade tinha poucos soldados e os civis estavam desarmados e eram mofinos. Agora o homem tá disparado a brigar. Não estou gostando nada disso”. Reclamou.

PRIMEIRO ULTIMATO AO INTENDENTE DE MOSSORÓ

Fonte da imagem: http://www.blogdogemaia.com/detalhes.php?not=942

Lampião e Sabino perguntaram ao coronel Antônio Gurgel se ele conhecia o coronel Rodolfo Fernandes. Gurgel disse que sim, mas não era íntimo.

Coronel Antônio Gurgel - Fonte da imagem: https://tokdehistoria.com.br/tag/coronel-gurgel/

Lampião ordenou que o coronel inscrevesse uma carta ao intendente. Determinou que no bilhete fosse cobrado 500 contos de réis para o bando não entrar na cidade.

Gurgel achou muito, Lampião então baixou para 400. Assim a carta foi feita.

"13 de junho de 1927. Meu caro Rodolfo Fernandes:

Desde ontem estou aprisionado do grupo de Lampião, o qual está aquartelado aqui bem perto da cidade. Manda, porém, um acordo para não atacar mediante soma de quatrocentos contos de réis – 400,000$000. Posso adiantar sem receio que o grupo é numeroso, cerca de 150 homens bem equipados e municiados à farta. Creio que seria de bom alvitre você mandar um parlamentar até aqui, que me disse o próprio Lampião, será bem recebido. Para evitar o pânico e o derramamento de sangue, penso que o sacrifício compensa. Tanto que ele promete não voltar mais à Mossoró. Diga sem falta o Jaime que os vinte e um contos que pedi ontem para o meu resgate não chegaram até aqui, e se vieram, o portador se desencontrou. Assim, peço por vida de Yolanda para mandar o cobre por uma pessoa de confiança para salvar a vida deste pobre velho. Devo adiantar que todo o grupo tem me tratado com muita deferência, mas, eu bem avalio o risco que estou correndo. Creia no meu respeito. 

(a) Antônio Gurgel do Amaral".

Depois de escrita, a carta foi lida em voz alta. Lampião perguntou quem era Yolanda e o coronel explicou se tratar da sua neta de dois anos. Ficou a cargo de Formiga o trabalho de levar a carta e trazer resposta de Mossoró.

Yolanda Guedes - Fonte da imagem: http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2009/12/o-ouro-dos-cangaceiros-para-yolanda.html

Ao chegar à cidade, o portador pode ver a aflição às pessoas. Casas vazias e mulheres chorando pelas ruas em desalinho. Perto do meio dia, entregou o bilhete à mão do intendente Rodolfo Fernandes. Ele leu o texto em voz alta para que os presentes acompanhassem o drama.

O coronel fez discurso efusivo bradando a necessidade da luta por parte de Mossoró. Em seguida, contou vantagem sobre a preparação da cidade. Com o fim da reunião, pediu ao portador que aguardasse na recepção pela resposta da carta. Horas depois lhe entregaram um pequeno bilhete. 

"Mossoró, 13.06.1927
Antônio Gurgel

Não é possível satisfazer-lhe a remessa de quatrocentos contos (400.000$000) pois não tenho e mesmo no comércio é impossível se arranjar tal quantia. Ignora-se onde está refugiado o gerente do Banco, sr. Jaime Guedes. Estamos DISPOSTOS a recebê-los na altura em que eles desejarem. Nossa situação oferece absoluta confiança e inteira segurança.

Rodolfo Fernandes".

Preparação da cidade para o combate

Apesar da confiança de Rodolfo Fernandes  o clima em Mossoró era de pânico. Antes do meio dia, estima-se que 15 combóis já tinham partido para Areia Branca. Dali a pouco, nem mesmo telégrafo  teria mais gente para anotar os recados.

Aparelho de enviar telegrama -http://www.explicatorium.com/fisica/telegrafo.html

Trincheiras tinham sido espalhadas pela cidade, mas a maioria estava incompleta. Muita gente tinha largado as armas e ido embora, outros caíam de sono por causa da vigília da noite.

A maior barricada ficou na frente da casa do chefe da intendência... Sacos de algodão foram colocados em posição estratégica de modo a não permitir qualquer transposição. Pelo menos 40 homens estavam de prontidão do quintal ao telhado.

Trincheira da casa do prefeito Rodolfo Fernandes. À esquerda da foto acima está a igreja de São vicente 
http://ataquelampiaomossoro.blogspot.com.br/

Manoel Alves de Souza, Léo Teófilo e Manoel Félix ficaram no campanário da capela de São Vicente. Tinham a incumbência de informar qualquer aproximação. 

Estação Ferroviária de Mossoró - https://cronicastaipuenses.blogspot.com.br/2015/09/centenario-da-estrada-de-ferro-de.html

Na Estação Ferroviária, hoje Estação das Artes Eliseu Ventania, Vicente Carlos de Sabóia Filho, o Saboinha, diretor gerente da estrada de ferro, distribuiu homens armados em pontos estratégicos. Ao seu lado, estavam o engenheiro Lafaiete Tapioca, o comerciante Raimundo Leão de Moura e os militares Severino França, Clóvis de Araújo e o sargento Pedro Sílvio, além de nove funcionários.

A quarta trincheira de defesa da cidade de Mossoró, em 1927, foi montada nos armazéns da firma Tertuliano, Fernandes & Cia - http://amantesdeclio.blogspot.com.br/2015/08/

Outra trincheira foi montada na empresa Tertuliano Fernandes & Cia. Na igreja matriz, estavam posicionados o dentista Antônio Brasil, com um binóculo, e dois policiais. No ginásio Diocesano, outros quatro homens; mais quatro na torre da igreja do Sagrado Coração de Jesus e oito no Mercado Central.

Mercado Central de Mossoró - http://aluisiodutra.zip.net/arch2011-01-01_2011-01-31.html

Seis atiradores se deslocaram para a parede divisória das águas do rio. Piquetes menores foram dispostos no prédio da Mesa de Rendas do Estado, no Grupo Escolar Eliseu Viana, no Grande Hotel, na residência de Ezequiel Fernandes e na Cadeia Pública.

Grande Hotel de Mossoró - http://jotamaria-hmpb.blogspot.com.br/

Os tenentes Abdon Nunes, Laurentino Morais e João Nunes ficaram responsáveis pelas patrulhas nas áreas mais abertas. Coube ao vigário da matriz, Padre Mota corrigir as trincheiras. Encontrou diversos problemas e chegou a dissolver a da Caieira, redistribuindo os homens.

Padre Mota com Juscelino - http://www.tomislav.com.br/o-padre-visionario-que-aprimorou-sua-cidade/

ÚLTIMA TROCA DE BILHETES

Passavam de duas da tarde e Formiga não chegava. Os cangaceiros não podiam mais esperar. Mesmo sem notícias do intendente, precisavam seguir. Às margens do rio Mossoró, próximo ao Estreito, o capitão voltou a perder a paciência com Massilon.

“Você disse que o rio estava seco. A viagem está atrapalhada! Nada está dando certo”, reclamou. Massilon pouco respondeu. Atravessaram o rio com água na cintura.

Na outra margem, Sabino usou os reféns como escudo humano. Antônio Gurgel ia na frente, 

“Você é o nosso ministro da guerra”. Sentenciou. 

Coronel Antônio Gurgel - http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Pouco adiante, perceberam a aproximação de um cavaleiro. Era Formiga com a resposta de Rodolfo.

Ao saber do conteúdo Lampião amassou e jogou fora o papel. Alarmou aos comparsas que iriam mesmo tomar Mossoró. 

“Vamos atacar! É vergonhoso chegar tão perto e voltar sem fazer uma tentativa”, destacou, conforme Sérgio Dantas.

Kiko Monteiro, Vera Ferreira e Sérgio Dantas

Lampião parecia apreensivo. Desconfiava do fracasso e fez nova tentativa com Rodolfo. Escreveu de próprio punho outro bilhete.

Antônio Gurgel disse que ali disse uma de suas frases mais célebres. 

“Cidade de mais de uma igreja não é lugar para cangaceiro”. (Lampião).


" Cel Rodolfo

Estando Eu até aqui pretendo drº. Já foi um aviso, ahi pº o Sinhoris, si por acauso rezolver, mi, a mandar será a importança que aqui nos pede, Eu envito di Entrada ahi porem não vindo essa importança eu entrarei, ate ahi penço que adeus querer, eu entro; e vai aver muito estrago por isto si vir o drº. Eu não entro, ahi mas nos resposte logo.

Capm Lampião."

Bilhete de Lampião - Fonte: http://blogdosenadinho.blogspot.com.br/2009/12/cel-rodolfo-estando-eu-ate-aqui.html

Ao receber a mensagem de Lampião, coronel Rodolfo Fernandes fez como antes e compartilhou com outros em seu gabinete. Recebeu apoio dos presentes. Após conversa longa com o tenente Laurentino de Morais e Sabóia Filho, escreveu, também de próprio punho, a resposta ao cangaceiro. Mais uma vez foi inflexível.

"Virgulino Lampião,

Recebi seu bilhete e respondo-lhe dizendo que não tenho a importância que pede e nem também o comércio. O Banco está fechado, tendo os funcionários se retirado daqui. Estamos dispostos a acarretar com tudo que o Sr. Queira fazer contra nós. A cidade acha-se, firmemente inabalável na sua defesa, confiando na mesma.

a. Rodolfo Fernandes Prefeito
13.06.1927"

Caminhada para o ataque

No saco, a dois quilômetros de Mossoró, os reféns foram acomodados na casa de Joaquim Soares. Antônio Gurgel, Manoel Barreto e Formiga em um quarto; dona Maria José Lopes e o coronel Joaquim Moreira no outro.

Dona Maria José Lopes - http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Na preparação para a guerra, o plano original tinha sofrido um contratempo. Embriagado demais, Jararaca não possuía mais condições de comando. Com isso, restaram apenas três frentes: A de Sabino, a de Massilon e a do Próprio Lampião.

O cangaceiro Jararaca preso em 1927 na cadeia pública de Mossoró - http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Oito homens, sob o comando do cangaceiro Félix (da Mata), foram destacados para vigiar os reféns, esperar os resgates, cuidar dos animais e combater qualquer resistência.

O cangaceiro Félix da Mata Redonda - Quem a coloriu eu não tenho a mínima ideia - http://blogdomendesemendes.blogspot.com

No terreiro, Lampião dava as últimas orientações antes de partirem. 

“Sabino, você prenda logo o coronel Rodolfo Fernandes, porque assim ele arranjará o dinheiro”, disse.

O céu estava cinzento naquela tarde, não havia vento e da terra subia um mormaço insuportável. Apesar de motivados, havia sobressalto de preocupação.

Amadeu Lopes, Pedro José, Azarias Januário, Júlio Soares, Joaquim germano, Guilherme de Melo, Belarmino de Morais, Sancho Amaro, Geraldo Oliveira e o filho, reféns menos importantes presos durante a jornada no alto Oeste, foram colocados na frente como escudos humanos.

Pouco minutos de caminhada, os homens de Sabino invadiram a mercearia de Antônio Domingos. Abandonada desde o dia anterior. Mas à frente, violaram a residência de Luiz Firmino, também vazia de gente.

Ex-integrante da extinta Guarda Nacional, Firmino mantinha em casa uma farda limpa e engomada da corporação. Ao encontrá-la, Sabino se livrou das roupas velhas e se enfiou no casaco. Ficou parecendo um militar.

Igreja de Nossa Senhora da Conceição - http://telescope.blog.uol.com.br/sociedade/arch2010-03-01_2010-03-31.html

Passaram pela caieira, onde Padre Mota tinha desfeito a trincheira, e, por volta das três e meia da tarde, alcançaram o bairro Alto da Conceição. Uma sentinela atirou para cima avisando da entrada dos cangaceiros e fugiu.

Com o susto, os bandidos reagiram, mas atiraram à toa. Os reféns, que estavam mais à frente, aproveitaram o momento de tensão para escaparem em direção ao rio. Não foram seguidos.

Continuaremos amanhã com o título:
"INVASÃO E RESISTÊNCIA: A HORA FATAL"

Fonte: Jornal De Fato
Revista: Contexto Especial
Nº: 8
Páginas: 26, 27, 28, 29 e 30.
Ano: 6
Cidade: Mossoró-RN
Editor: José de Paiva Rebouças
E-mail: josedepaivareboucas@gmail.com
Ilustrado por: José Mendes Pereira

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REUNIÃO DA AFLAM NA PRAÇA.

Por: Benedito Vasconcelos Mendes

Sessão da AFLAM - Academia Feminina de Letras e Artes Mossoroense, na qual a Cantora e Acadêmica GORETTI ALVES fez o elogio à sua Patrona. 



A Professora e Acadêmica SUSANA GORETTI LIMA fez a apresentação da nova Acadêmica GORETTI ALVES, com um discurso conciso e de linguagem elegante. 


A referida sessão ocorreu em praça pública, ao lado do Memorial das Artes, na Av. Rio Branco, em Mossoró, fazendo parte das festividades juninas. 

No final dos trabalhos formais da AFLAM, houve uma belíssima apresentação musical, quando Goretti Alves cantou várias canções juninas do repertório da sua Patrona MARINÊS (xaxado, xote e baião).

Benedito Vasconcelos Mendes

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaquiano José Romero de Araújo Cardoso

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LAMPIÃO INCENDEIA AS FAZENDAS DO CORONEL ZÉ PEREIRA E AINDA MANDA AVISAR A POLICIA.


Na tarde do dia 19 de janeiro de 1925, Lampião incendiou a fazenda Olho D’Água em Betânia PE, pertencente ao Coronel José Pereira Lima, de Princesa Izabel PB. Além do incêndio, Lampião matou muito gado no pátio da fazenda, o Sr. Izídio de São Caetano, era o vaqueiro da propriedade. No mesmo dia, Lampião seguiu para incendiar a fazenda Melancia, também do Coronel Zé Pereira. Virgulino e seu bando foram pernoitar na Melancia. Residia na casa da fazenda, o Sr. Davi Firmo de Araújo, conhecido apenas por Firmo. Na manhã seguinte, dia 20 de janeiro de 1925, Lampião levantou cedo, indo sentar-se na cozinha, esperando o café. Fernandinha, esposa de Firmo, vendo-o ali sentado, começou a chorar. Vendo aquele choro, Lampião perguntou: Se ela estava com medo, disse ainda que não chorasse e não tivesse medo, que ele não ofendia a gente de João Araújo (genitor de Fernandinha), que podia ficar tranquila, pois nada do que pertencesse a ela, queimaria. 


Ali só queria queimar o que fosse do Cel. Zé Pereira, o que fosse dela podia retirar da casa. Destemida, Fernandinha disse que, seu choro não era com medo, nem com pena de nada, que ele podia queimar tudo. O choro era porque há dois meses, ele havia matado dois primos seus e estava ali em sua frente. Se ela pudesse, não o veria. Rapidamente respondeu o cangaceiro, que ela tinha razão, e que ele não tinha nenhuma culpa na morte de seus primos, uma vez que, os mesmos morreram na luta, brigando. Assim como seus primos morreram, ele também poderia ter morrido. Os primos a que se referia Fernandinha eram Inocêncio de Souza Nogueira e Olímpio Gomes Jurubeba, que foram mortos no fogo da fazenda Baixas, município de Vila Bela, ocorrido no dia 20 de novembro de 1924.

Lampião determinou a retirada de todos os troços de dentro da casa, ele mesmo ajudando. Também pegou uma enxada e arrastou de dentro de casa para o terreiro, uma grande quantidade de milho debulhado. Mandou Firmo ir a Betânia chamar seu irmão Antônio Araújo (conhecido por Totonho), por ser o gerente das fazendas do Cel. Zé Pereira. Chegando Totonho, em um carro de boi, Lampião o fez ciente de que iria incendiar a fazenda. Tomou o carro de boi e transportou a madeira para incendiar a casa. Lampião ainda pediu o comparecimento do Sr. Alcides Passos, residente em Betânia, para retirar do cercado os seus animais.

Retirados os animais, os cangaceiros botaram fogo na casa e em todas as cercas da fazenda, tudo virou cinza, o prejuízo do Coronel foi total.

Depois do incêndio, Lampião mandou por Alcides Passos, um bilhete para o Sargento José Leal, Comandante da força volante de Betânia. No escrito, mandava dizer ao Sargento Leal, que se encontrava na fazenda Melancia, com 35 homens, todos de sangue no olho, incendiando a fazenda do Coronel Zé Pereira, se o Sargento achasse ruim, juntasse seus macacos e fosse para brigar, pois o estava esperando, pois naquele dia estava querendo limpar a ferrugem de seu refle. Recomendou mais, que o Sargento levasse a farinha que o feijão já estava pronto para o almoço. Datou e assinou: Virgulino Ferreira da Silva – Vulgo: Lampião – Governador do Sertão.

Em Betânia, Alcides Passos procurou Severino Pires, para combinarem se entregava ou não o bilhete. Severino foi pela entrega imediata do escrito, pois o Sargento bradava dia e noite que, quem soubesse de Lampião na região e não comunicasse, morria no pau. 

Recebendo o bilhete, o Sargento ficou enfurecido, juntou os pés e disse: 

"- Vou agora mesmo brigar com esse bandido".

Então gritou para macacada, se prepararem para brigar com Lampião. O soldado Luiz Nogueira de Carvalho tentou mostrar ao sargento a desvantagem em atender aquele chamado, pois o mesmo devia ser uma grande cilada de Lampião contra a Força. Disse ainda que, Lampião não era de brincadeira, que o Sargento não o conhecia, por ser do Recife. O Comandante Leal perguntou se o soldado Luiz Nogueira estava com medo. Respondeu que não, apenas sabia que a volta de Lampião era amargosa, se o Sargento estava duvidando que fosse, mas o aconselhava atacar bem as alpercatas, para não ficar enganchadas nas caatingas do Navio e chegar descalço em Betânia.

O Sargento respondeu: 

"- Eu sou é homem e venho do Recife para perseguir, brigar e prender Lampião. 

Vários civis também se dirigiram ao sargento, pedindo que não atendesse ao chamado de Lampião. O Sargento respondeu que era macho e a prova ia dar naquele dia, pois levava um maço de cordas, para amarrar Lampião. Tinha que entrar com o bandido amarrado dentro de Betânia para todo mundo ver. Antes de seguir, o Sargento pôs em liberdade o soldado José Mariano Ferreira (conhecido por Canela de Aço), que estava detido, o qual pegou o fuzil e saiu rua acima e rua abaixo, dizendo que naquele dia ia morrer. Os companheiros pediam que deixasse de ilusão. Respondia que era um pressentimento que estava com ele. Pronto à tropa, quinze praças, número insuficiente para enfrentar Lampião e seu bando, o Sargento deu ordem de marcha, partindo na frente o soldado Manoel Luiz Taveira e alguns companheiros, o Sargento marchou no coice da tropa.

Lampião por sua vez, preparou uma emboscada em forma de quadrado. Tudo pronto, disse: 

“Está bem feito o curral, o boi José Leal chega já, já para se brigar”. 

Naquele momento, Lampião apontou e marcou o lugar que a Força devia estar, isto é, do meio para o fim do quadrado, recomendando aos cabras que, quando a força estivesse ali, ainda não atirassem, deixasse chegar um pouco à frente, para dar tempo aos últimos “macacos” entrar no curral, depois podiam fechar a porteira e fazer a faxina completa. Coincidência com a previsão de Lampião, no lugar que ele marcou, a força encontrou um vaqueiro e parou mesmo, perguntando se não dava notícias dos bandidos. Foi quando um cangaceiro que estava deitado na emboscada levantou a cabeça, sendo visto pelos soldados, que gritaram: 

“Olha os inimigos companheiros!” 

Estas palavras já foram acompanhadas de uma grande descarga de tiros, caindo morto o soldado José Mariano Ferreira (Canela de Aço) e gravemente ferido com as pernas quebradas, o soldado Manoel Luiz Taveira. Por não suportarem a chuva de balas, os soldados desorientados correram deixando os dois companheiros em poder dos inimigos. Dentro de todo sufoco, o soldado Luiz Nogueira não se cansava de gritar, chamando o Sargento Leal com as cordas para amarrar Lampião. Luiz Nogueira olhava para todos os lados, mas não via o Comandante Leal, pois antes de entrar no quadrado do curral, fugiu tão apavorado, que tirou da Fazenda Melancia para Betânia, cerca de três quilômetros, de uma só carreira, sem ter tempo de olhar para trás. O Sargento José Leal chegou a Betânia demostrando sinais de loucura, entrando nas casas pelas portas da frente e saído pelas portas dos fundos, estava muito aflito sem encontrar um lugar para se esconder.

Do livro: Memórias de um Soldado de Volante
De: João Gomes de Lira

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