Por Sálvio Siqueira
A morte de
Maria Bonita foi de uma crueldade sem tamanho. Nas Cruzadas da Idade Média a
violência era menor. E Santo, assim era chamado o coiteiro de Lampião, virou
policial malvado se voltou contra o antigo aliado. Foi ele quem cortou a cabeça
de Virgolino. Maria Bonita baleada e com a perna sangrando, rastejava em
direção a Lampião, mas foi arrastada pelos cabelos e levou uma coronhada na
cabeça. Santo repassou o facão para Panta de Godoy (o outro companheiro cruel)
para golpear Maria Bonita, tal qual um samurai. O sangue dos dois se misturaram
na mesma lâmina formando um só coágulo. O massacre durou 20 minutos com gritos,
fumaça, risadaria e os soldados ainda davam vivas à polícia e graças a Deus.
Cabeça rolada
no chão em cima de folhas molhadas, os soldados sem nenhum escrúpulo,
levantaram a saia dela com a boca do fuzil para ver o que ela vestia por baixo.
Outro “macaco”, Wenceslau, pegou os dois bornais dela. “Ele ficou com um e eu
como o outro. No dele, estavam 99 contos e no meu, 18. No bornal de Maria do
Capitão tinha mais de meio quilo de ouro. Peguei ainda a cartucheira e o cantil
de Lampião e não devolvi”. Confessou.
Panta de Godoy
E sem
demonstrar constrangimento, Panta de Godoy descreveu mais detalhes das suas
atitudes macabras como se feitos heroicos fossem. Depois da degola em Maria
Bonita, “tive que bater no osso, saiu muito sangue, enfiei o dedo dentro do
tutano e “barriei” (significa tapar), tudo porque era um branco danado. “O
balaço que ela tinha levado saiu de lado e sangrava muito”. O copo foi pepinado
( como se faz em carnes bovinas para amaciar). O corpo de Maria Bonita sem
cabeça, vestindo mescla azul, era vez por outra levantado numa distração
macabra.
Em seguida e
rápido, era feita à caça ao tesouro de modo pressuroso. Os dedos foram cortados
para retirar os anéis. Os 11 corpos do bando e sem cabeças ficaram espalhados e
abandonados ao redor da Grota de Angico, em Sergipe, servindo de banquete para
os urubus. Isso aconteceu na quase madrugada de 28 de julho de 1938. Hoje, 76
anos depois, Maria Bonita é mito. Mitos não morrem"
Texto
transcrito, na íntegra, do blog Mulheres do Cangaço.
Não é fácil
ler, imaginar as cenas... É duro mesmo transcrever uma matéria que nos trás
cenas tão horripilantes, como o faço do blog 'mulheres no cangaço'. Mas
torna-se necessário para que todos saibam até onde vai a maldade humana, talvez
aquecida por álcool, ambição, cobiça... Sei lá. Qualquer uma das maldades
imaginada pela mente do 'homem'.
O blog citado
arrebentou com esta matéria. Muitos ainda veem o cangaço como um 'conto de
fadas', o que realmente não foi. Não existiram heróis na história do fenômeno
cangaço. Seu alicerce, colunas, paredes e telhado estão repletos de sangue,
sofrimento, vingança, dores... Morte! Das mais variadas maneiras imagináveis.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com