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terça-feira, 18 de agosto de 2020

LIVRO "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS"


Depois de onze anos de pesquisas e mais de trinta viagens por sete Estados do Nordeste, entrego afinal aos meus amigos e estudiosos do fenômeno do cangaço o resultado desta árdua porém prazerosa tarefa: Lampião – a Raposa das Caatingas.

Lamento que meu dileto amigo Alcino Costa não se encontre mais entre nós para ver e avaliar este livro, ele que foi meu maior incentivador, meu companheiro de inesquecíveis e aventurosas andanças pelas caatingas de Poço Redondo e Canindé.

O autor José Bezerra Lima Irmão

Este livro – 740 páginas – tem como fio condutor a vida do cangaceiro Lampião, o maior guerrilheiro das Américas.

Analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda.

Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês.

Destaca os principais precursores de Lampião.
Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço.

Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados.
O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:

(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799 

Pedidos via internet:

franpelima@bol.com.br

Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345

Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.
http://araposadascaatingas.blogspot.com.br

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"LAMPIÃO E O RIO GRANDE DO NORTE", POR SÉRGIO DANTAS

Por Honório de Medeiros

“Lampião e o Rio Grande do Norte”, cujo subtítulo é “A história da grande jornada”, de Sérgio Augusto de Souza Dantas, Gráfica Editora, é uma obra seminal. Não é possível mais, a partir do lançamento, tratar do Cangaço, seja no Rio Grande do Norte, seja de uma forma geral, sem uma consulta à obra.


Mossoró é assunto importante, no livro. Não pode ser diferente. Mesmo tratando da incursão do bando de Lampião ao Rio Grande do Norte, desde sua entrada pela Tromba do Elefante, margeando Luis Gomes, até sua saída, no rumo de Limoeiro do Norte, Ceará, a ida a Mossoró é onipresente, por que o quixó preparado por Massilon e o Cel. Izaias Arruda, de Aurora, Ceará, no qual Virgolino – assim mesmo, com “o”, como nos previne o Autor – é parte fundamental do trabalho.

As informações colhidas durante quatro anos de pesquisa, perambulações, visitas, entrevistas, cruzamento de informações, consulta à literatura hoje vastíssima sobre o cangaço estabelece um contraponto interessante com o estilo do Autor. Para coroar, um valioso acervo fotográfico é colocado à disposição de quem adquiriu o livro.

Em relação a Massilon, acerca do qual mantenho permanente interesse, Sérgio Dantas, jovem juiz norteriograndense agrega informações valiosíssimas, dentre elas o “raid” que esse personagem singular empreendeu nos costados do Jaguaribe e Cariri logo após o episódio de Mossoró. Isso significa dizer que a lenda segundo a qual Massilon, mesmo antes da célebre foto de Limoeiro, Ceará, já se separara de Lampião e teria ido embora para o Norte, não é verdadeira. Alguns, inclusive, diziam que o cangaceiro que aparece na foto tirada em Limoeiro não seria, na realidade, Massilon.

Detalhada, a história da marcha espanta pela riqueza de detalhes. Assim, ficamos sabendo da passagem de Lampião por todo o território do Rio Grande do Norte cidade por cidade, povoado por povoado, sítio por sítio, fazenda por fazenda. Os acontecidos nas cercanias de Martins e Umarizal, antiga “Gavião”, são relatados com precisão. E tudo quanto aconteceu em Apodi, antes da chegada de Lampião, protagonizado por Massilon, recebe tratamento de pesquisador sério e interessado.

A descrição geográfica e sociológica dos lugares pelos quais passou o bando de cangaceiros merece respeito. Através dela é possível perceber o dia-a-dia daquelas comunidades existentes no início do século XX. E a descrição dos mal-tratos, arruaças, bebedeiras, torturas físicas e psicológicas comove e revela a sensibilidade do Autor.

Agora resta esperar que a obra semeie críticas e informações outras, alguma correção de rumo – se for o caso – para retornar ainda mais rica para o acervo dos historiadores e sociólogos do Brasil. É assim que ocorre quando uma obra deixa de pertencer ao Autor, por sua importância, e passa a fazer parte do referencial bibliográfico ao qual pertence.

* Republicação

Adquira-o com Francisco Pereira Lima através deste e-mail: 

franpelima@bol.com.br

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LIVRO “O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO”, DE LUIZ SERRA


Sobre o escritor

Licenciado em Letras e Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em Linguagem Psicopedagógica na Educação pela Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Português Aplicado do Distrito Federal e assessor de revisão de textos em órgão da Força Aérea Brasileira (Cenipa), do Ministério da Defesa, Luiz Serra é militar da reserva. Como colaborador, escreveu artigos para o jornal Correio Braziliense.

Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016.

O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com professor Francisco Pereira Lima.

franpelima@bol.com.br

Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína,pelo e-mail: anarquicolampiao@gmail.com.

Coordenação literária: Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563 leidisilveira@gmail.com.

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MANÉ VELHO - A FERA DE ANGICO - FINAL.


Vídeo...Parte Final
Policial Mané Véio
A fera de Angico ( local morte Lampião ).
Fonte: Youtube/Cangaçologia

Para encerrarmos com “chave de ouro” a série “Mané Velho – A fera de Angico” apresentaremos uma entrevista inédita e exclusiva com um dos netos do ex-volante Mané Velho o “Antônio Jacó”, que localizamos recentemente aqui na cidade de São Paulo. Mané Velho que foi o soldado responsável pela morte do cangaceiro Luiz Pedro e que teve papel de grande destaque no episódio de Angico que resultou na morte de Lampião, nove cangaceiros e um soldado da Força alagoana. João Marques da Silva, nosso entrevistado, é filho de Abílio Marques da Silva que era filho do casal Mané Velho e Acidália Marques, primeira esposa assassinada por Mané Velho no início do ano de 1933, na região de Santa Brígida no estado da Bahia. A entrevista foi realizada no bairro da Liberdade na região central da cidade de São Paulo, onde no dia 13 de julho de 1966, a mando de Mané Velho foram assassinadas Maria Bosco da Silva e Jovina Marques da Silva, respectivamente sua ex-esposa e filha, crime que foi cometido por Josafá Marques da Silva, meio irmão de Mané Velho. Enfim... muitas histórias, fotos e fatos novos serão apresentados nesse documentário que vocês assistirão a partir de agora. A história contada na sua essência e sem romances ou fantasias. Assistam e ao final deixem seus comentários, críticas e sugestões. Inscrevam-se no canal e não esqueçam de ativar o sino para receber todas as nossas atualizações. Forte abraço... 

Cabroeira! 

Geraldo Antônio de Souza Júnior – Criador e administrador do canal


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MAIS UMA FANTÁTICA HISTÓRIA DO ACERVO DO ANTÔNIO CORRÊA SOBRINHO



AMIGOS, vejam que matéria interessante, publicada no Jornal de Notícias, de Sergipe, no dia 30 de março de 1932, quando Lampião fazia deste Estado morada.


LAMPIÃO VERDADEIRO GENTLEMAN É UM GALÃ DE FINAS QUALIDADES
COMO UM CRONISTA PARISIENSE VÊ O TERRÍVEL BANDOLEIRO GALANTEAR, COM SENTIMENTALISMO, AS SENHORINHAS

Léon Treich é um dos mais curiosos cronistas parisienses. Ele é o tipo autêntico do cronista de sucesso, que adultera os fatos e fantasia de tal modo os assuntos, a ponto de afastar-se da verdade dos fatos, só para dar expansão ao seu jornalismo sensacional tão apreciado na França.

E, nesse objetivo comete os maiores desatinos que a imprensa pode comportar.

Os sertões brasileiros, bem mais civilizados que os da velhíssima África que aterrorizaram o pacatismo Landor (Savage), não podiam escapar à sanha jornalística do mal avisado repórter.

E Lampião, o vulto de maior expressão do Nordeste, foi o homem escolhido para personagem do cronista do Gringoire, onde Léon Treich emprega a sua atividade de “touriste mental”.

Mas o jornalista Léon é um bicho! Adultera tudo. A começar pelo nome de Lampião.

Lampião, para o jornalista francês é “Lampeô”. E o nome do bandido não é Virgulino Ferreira e sim Virgulino de Oliveira. Escondendo, porém, o nome e o vulgo do bandoleiro, Léon descobre coisas notáveis. Descobre, por exemplo, que Lampião é um “gentleman na extensão do termo”.

Passa, então, a contar o noticiarista francês coisas excepcionais: os traços característicos dos enormes óculos de vidro negro que abrigam seus olhos incendiados e sapolitesse meticuleuse, raffinée.

Isso de polidez com Lampião, cujo acervo de assassínios já sobe a 160, só como pilhéria e da boa.

Mais adiante, Lampião, para o cronista, comanda vinte “gentils garçons”.

Corisco – “gentil garçom”...
Continua, porém, o jornalista Léon chamando a Lampião “belle Virgulino”. Quase “cheirosa criatura”...

E acentua:

“Porque o belo Virgulino é grande amante de mulheres”, prognosticando, em seguida:

E isto é quase certo, será o que o perderá um dia – como já aconteceu a tantos outros”.

Conta ainda o episódio amoroso, salientando as “belas maneiras de Virgulino:

Uma moça apertada em seus braços, ameaçou-o, um dia, meio sincera, meio gracejadora:

- Eu tenho vontade de vender você à polícia.

Ele a apertou fortemente contra o peito, prendeu seus lábios e simplesmente:

- Não me vendas. Eu valho mais. Entrega-me simplesmente!”

Outra aventura galante descoberta pelo gênio novelesco de Léon Treich:

Foi no Piauí. Lampião assalta uma pequena casa do comércio local. E uma senhora, a proprietária do estabelecimento:

- O dinheiro – ou eu atiro –, bandidos.

- Nunca! Respondeu a mulher.

O dinheiro – ou eu atiro –, retrucou um outro, metendo-se no diálogo.

- Se o Lampião estivesse aqui, você não falaria assim.

Virgulino tomou a dianteira:

- Eu sou Lampião, senhorinha. Que deseja?

- O Lampião não desampara as mulheres sós, disse a pobre moça, concentrando a sua coragem e tornando-se pálida como cera.

O bandido inclinou-se e descobriu-se:

- É verdade, senhorinha, algumas vezes. Entretanto, quando elas têm a imprudência de não ser bonitas...
E depois de ter beijado a mão da jovem comerciante, ele ordenou aos seus homens que se retirassem”.
Para as nossas sentimentais a figura de Lampião galanteador, beijando a mão das damas fazendeiras suplicando, terno e amoroso: “Entrega-me, simplesmente”, deve assumir proporções imprevistas.

Falta, entretanto, a visão do repórter do Gringoire, o it dos cronistas elegantes e modernos.

Tivesse o jornalista Léon essa visão um pouco mais apurada e descobriria “Lampeô” nas caatingas cearenses ou nos altos sertões baianos, não chefiando, de fuzil em punho, vinte gentils garçons, mas guiando uma luxuosa barata, do mais recente modelo a convidar as incautas e jovens sertanejas para um passeio à praia mais próxima, ou um “aperitivozinho”, às 5 horas nas elegantíssimas restingas por entre os mais lindos e evocativos suspiros e beijos apaixonados e quentes, como na mundaníssima Biarritz, que o jornalista do Gringoire, preocupado com os sertões brasileiros, não teve tempo ainda de conhecer...

(Do Diário da Bahia)
Notas:
1. Gringoire – Jornal francês fundado em 1928 por Horace de Carbuccia. Foi um dos grandes semanários entre as duas grandes guerras mundiais.
2. Léon Joseph Marie Eugene Treich (17 de março de 1889 – 13 de junho de 1974), foi um jornalista, autor e escritor francês.
3. Biarritz (raramente aportuguEsada para Biarriz) – é uma comuna francesa da região administrativa da Aquitânia, no departamento dos Pireneus Atlânticos.
4. Walter Savage Landor (30 de janeiro de 1775 - 17 de setembro 1864) – foi um escritor e poeta Inglês.
Fonte: Internet

facebook.com/photo.php?fbid=2993865677408955&set=gm.1432779456930994&type=3&theater&ifg=1

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MANÉ VELHO - A FERA DE ANGICO - PARTE II.


Nessa segunda parte do documentário "MANÉ VELHO - A FERA DE ANGICO", mostraremos a antiga casa que Mané Velho morou na cidade de Piranhas em Alagoas, durante a época em que esteve ingressado na Força Volante alagoana comandada pelo Tenente João Bezerra da Silva e o local onde foram enterradas as mãos do cangaceiro Luiz Pedro, morto por Mané Velho durante o ataque à Angico, além de alguns outros fatos envolvendo o personagem em questão e a história. Inédito. Apresentação: José Francisco Gomes de Lima. 

Geraldo Antônio de Souza Júnior - Criador do canal "Cangaçologia".

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TERRA DE BRAVA GENTE

Por João de Sousa Lima

O Livro Terra de Brava Gente narra a história da cangaceira Dulce

O autor, João de Sousa Lima reencontrou em Paulo Afonso dona Maria Cícera, irmã de Dulce e que há mais de 60 anos não se viam, o historiador fez o encontro das duas e por essa ação acabou sendo privilegiado com uma entrevista com Dulce, pois ela não dava entrevistas.para adquirir a obra: 

João de Sousa Lima (75) 988074138 ou joaoarquivo44@bol.com.br

João de Sousa Lima
Pesquisador e Escritor
Presidente do Instituto Histórico e Geografico de Paulo Afonso,
Conselheiro Cariri Cangaço


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PÃO DE AÇÚCAR - CELEIRO DO CANGAÇO

Por Raul Meneleu

Estive recentemente na cidade alagoana de Pão de Açúcar nas barrancas do Velho Chico onde muitas histórias de Coronéis e Cangaceiros se misturaram com autoridades policiais.Fui especialmente para acompanhar o lançamento de um livro do escritor Antônio Pinto, que fala sobre um dos antigos residentes da cidade e que este era Lampião. 

O livro "Lampião - A sua verdadeira morte" narra a história do Senhor João Novato, que chegou à cidade no início dos anos 60 e fixou residência. Vinha acompanhado de sua esposa, que se chamava Maria Rita. Mas fora desta história entrevistei algumas pessoas e existem outras que precisam ser expostas. 

Fico imaginando por que essa região foi praticamente esquecida pela maioria dos pesquisadores da grande saga que desenrolou-se no Nordeste brasileiro e mais ainda nesta região. Podemos citar a Professora Luitgarde de Oliveira Cavalcanti Barros, nascida nessa região alagoana como um destaque em falar sobre a saga e o jornalista Melchiades da Rocha. Vamos elencar aqui alguns vultos representativos destas três vertentes: coronelismo, autoridades policiais e cangaceiros, e no bojo destas três vertentes, pistoleiros e capangas.
Coronéis:

A conversa do Coronel Joaquim Rezende com Lampião

Joaquim Rezende (à esquerda) conversa com Melchiades da Rocha. 
Foto: Maurício Moura – Jornal A Noite.

No dia 30 de julho de 1938 em Santana do Ipanema, Alagoas, onde as cabeças iriam ser expostas, estava o prefeito recém-eleito de Pão de Açúcar, Joaquim Rezende, identificado por alguns como sendo coiteiro e amigo de Lampião. O Coronel Joaquim Rezende foi prefeito de Pão de Açúcar entre 1938 e 1941. Este Morreu assassinado em 1954, quando ocupava o cargo de delegado de Polícia. Os assassinos formam os irmãos Elísio e Luiz Maia. Elísio era então prefeito do município.

Melchiades da Rocha, em seu livro Bandoleiros das Catingas, lançado em 1942, recorda do encontro que teve com Joaquim Rezende em Santana do Ipanema.Ele se refere ao prefeito de Pão de Açúcar como sendo “um abastado proprietário em seu município” e que ele estava em Santana também “à espera da cabeça de Lampião, pois desejava certificar-se se de fato ele havia morrido”.

A condição de amigo de Lampião ostentada por Joaquim Rezende aguçou os instintos do repórter, que começou a se perguntar o que teria levado um rico cidadão a “se tornar um afeiçoado do Rei do Cangaço”, quando era prefeito de uma cidade que poderia ser alvo das ações do bandido. A narrativa a seguir é um valioso documento de como se davam as relações de Lampião com o poder político e econômico das regiões sertanejas vítimas do cangaço. Com a palavra Melchiades da Rocha:

“Sem quaisquer etiquetas, pois nós sertanejos não somos, apenas, iguais perante a lei, apresentei-me ao Cel. Rezende e lhe disse à moda da terra:

— “Seu” Rezende, eu queria uma palavrinha do senhor!

— Pois não! — respondeu-me, amavelmente, o prefeito de Pão de Açúcar.

Momentos depois o Sr. Rezende e eu nos achávamos na sede da Prefeitura de Santana. Em poucas palavras relatei os meus propósitos ao cavalheiro que me fora apontado como sendo grande amigo de Lampião. Após ter-me oferecido uma cadeira, o Sr. Rezende sentou-se e narrou, pormenorizadamente, como e por que se tornara amigo do Rei do Cangaço, amigo ocasional, bem entendido, pois não poderia ter sido de outro modo.” O Coronel Rezende então fala ao repórter:

"Conheci Lampião em 1935, época em que me escreveu ele, pedindo mandasse-lhe a importância de quatro contos de réis, prometendo-me, ao mesmo tempo, tornar-se meu amigo se fosse atendido.

Raul Meneleu e Manoel Severo

Em resposta à carta do terrível bandoleiro, mandei dizer-lhe pelo mesmo portador que lhe daria de muito bom grado o dinheiro, mas que só o faria pessoalmente. Três dias depois Lampião mandou-me outro bilhete do seu próprio punho, dizendo-me que me esperava às 10 horas da noite na fazenda Floresta, município de Porto da Folha, em Sergipe, recomendando-me que fosse até ali, mas não deixasse de levar o dinheiro. Não obstante os naturais receios que tive, à hora aprazada cheguei ao local do encontro, onde permaneci até uma hora da manhã, quando surgiu um cangaceiro que, ao ver-me, perguntou-me se eu era o moço que desejava falar ao capitão. Respondi que sim.

Dentro de poucos minutos, então, o Rei do Cangaço ali se apresentava acompanhado de quatro homens, “Juriti”, “Zabelê”, “Passarinho” e “Nevoeiro”. Ao ver o grupo aproximar-se, identifiquei logo Virgulino e a ele me dirigi, cumprimentando-o. O famoso bandoleiro, ao contrário do que eu esperava, recebeu-me amavelmente e foi logo perguntando sobre o que lhe havia levado. Sabendo que o Rei do Cangaço gostava de beber, eu, que levava comigo três litros de conhaque, lhos ofereci.

A fim de que desaparecesse logo qualquer suspeita do bandoleiro, prontifiquei-me a ser o primeiro a provar a bebida. Encarando-me com olhar firme, Lampião me disse em tom natural: “Concordo em que o senhor beba primeiro, mas não é por suspeita e sim porque o senhor é um moço decente e eu sou apenas um cangaceiro”. Tomamos, então, o conhaque e, em seguida, abordei o Rei do Cangaço sobre o dinheiro que ele me havia pedido. Como resposta, disse-me ele: “O senhor dá o que quiser, pois eu dou mais por um amigo do que pelo dinheiro”.

— Esse fato — disse o conceituado comerciante de Pão de Açúcar — teve lugar no mês de agosto de 1935, e a minha palestra com Lampião durou três horas, tendo ele me falado de vários assuntos, entre os quais o relativo à perseguição de que era alvo, acrescentando que, de todas as forças que andavam em seu encalço, a que mais o procurava era a do então Major Lucena, dada a velha inimizade que o separava desse oficial da polícia alagoana, a quem reconhecia como homem de fato e dos mais corajosos.

Quanto às forças dos outros Estados, disse-me Lampião que se arranjava “a seu gosto…”, fazendo nessa ocasião graves acusações a vários oficiais dos que andavam em sua perseguição.

— Aí está como foi o meu primeiro encontro com o Rei do Cangaço. — Depois — acrescentou o prefeito de Pão de Açúcar — Lampião mandou pedir-me bebidas, charutos e também objetos de uso doméstico. Mais tarde, porém, fui informado de que ele estava empregando esforços no sentido de matar o Sr. José Alves Feitosa, ex-prefeito de minha terra que, como eu, o esperara muitas vezes ali, a fim de fazer-lhe frente, pois foi das mais terríveis a ação de Virgulino em nosso município.

Tratando-se de um amigo meu o homem que estava destinado a morrer às mãos de Lampião, procurei um pretexto para me avistar com este e não me foi difícil encontrá-lo. Todavia, após uma série de considerações, em que fui até exigente demais, Lampião, dizendo ao mesmo tempo que só fazia tal “sacrifício” para me satisfazer, prometeu-me sustar a realização de sua sanguinária intenção, declarando-me naquele momento que já tinha em campo dois homens para fazer o “serviço” lá mesmo na cidade de Pão de Açúcar, já que o visado andava resguardado, não saindo para parte alguma.

Tal conhecimento com Lampião, deixou-me, aliás, em situação crítica, pois inimigos meus denunciaram ao Coronel Lucena que eu era um dos coiteiros do celerado cangaceiro. Ao ter ciência de tal acusação, dirigi-me ao referido oficial e lhe expus as razões que me levaram a ter contato com o Rei do Cangaço, após ter andado prevenido contra ele, longo tempo. Jamais faria isso se não fosse a situação em que, como muitos outros sertanejos, me encontrei durante longo tempo.

Intercedi, depois disso, em favor de várias firmas comerciais de Maceió e Penedo, cujos representantes teriam caído às garras do bando sinistro se não fora a minha intervenção junto a Lampião. Há dois meses passados, fui forçado, do que não guardei reserva ao Coronel Lucena, a intervir novamente em defesa de algumas vidas preciosas, no que fui feliz, conseguindo que Virgulino desistisse dos seus sinistros propósitos.”

Após este depoimento, Joaquim Rezende continuou a conversar informalmente com o repórter e revelou que Lampião confessara a ele que tinha uma filha fruto da relação com Maria Bonita. A menina, então com 12 anos, estava sob a guarda de um vaqueiro no município de Porto da Folha, que a adotara.

Lampião também disse a ele que entrou para o cangaço aos 16 anos de idade, aderindo ao grupo do bandoleiro Antônio Porcino. Tinha a intenção de vingar a morte do pai e de um irmão, que tombaram num choque com a Polícia alagoana. Joaquim Rezende contou ainda que Lampião tinha vontade de abandonar o cangaço para se dedicar à pecuária, pois gostava da vida no campo. O cangaceiro disse ainda que havia adquirido duas fazendas no município de Porto da Folha pela quantia de nove contos de réis e comprado dois belos cavalos em Xorroxó, na Bahia, arreando-os luxuosamente.

Diante da possibilidade apresentada pelo prefeito de Pão de Açúcar de negociar a sua rendição às autoridades de Alagoas, poupando-lhe a vida, Lampião achou boa a ideia, mas argumentou que seria impossível isso acontecer por considerar que os governos da Bahia e de Pernambuco fariam tudo para eliminá-lo.

“Não tenho dúvidas de que Lampião, se tivesse podido, havia mudado de meio de vida, pois sei que nestes últimos tempos ele não atacava senão quando se via forçado a assim proceder”, concluiu Joaquim Rezende.

A filha de Lampião citada por Joaquim Rezende era Expedita Ferreira Nunes, que foi criada em Porto da Folha pelo casal Manoel Severo e Aurora, que também tomavam conta de duas fazendas — provavelmente as que Lampião citou como suas, mas que são citadas como de Juca Tavares, padrinho de Expedita. Quando Lampião morreu, Expedita tinha cinco anos e nove meses. Isso indica que a informação de Joaquim Rezende sobre a idade da filha, 12 anos, estava errada. é possível que tenha Lampião tenha falado 2 anos e não 12. Expedita, depois dos 8 anos, foi viver com seu tio João Ferreira da Silva, o Joca Ferreira.

CANGACEIROS

Também entrevistei a Sra. Enalva Soares Pinto, filha do cangaceiro Cristino Cleto o Corisco e dona Maria  Francisca e que foi entregue ao Padre Soares Pinto, que a deixou com seu tio, o fazendeiro Antônio Soares Pinto para cria-la. 

A filha de Corisco que reside em Pão de açúcar/AL, que foi criada pela tradicional família SOARES PINTO chama-se ENALVA SOARES PINTO, é filha de um relacionamento amoroso que Corisco manteve com Francisca Alves, natural de Águas Belas/PE. Está lúcida com 84 anos. No mês ter a criança o próprio Corisco trouxe a jovem Francisca para Pão de açúcar, assim que a criança nasceu foi entregue ao padre José Soares Pinto que no momento encontrava-se em Maceió, foi chamado às pressas por Telegrama para vir a pão de açúcar receber um presente. O padre José Soares Pinto (1884-1939) ainda faleceu jovem no Rio de Janeiro, com a morte do padre , a criança ENALVA passa para os cuidados do irmão do padre o fazendeiro totonho Soares Pinto.
João Novato e dona Maria Rita

A senhora Enalva, teve 12 filhos, inclusive um deles é Padre em São Paulo, o Padre Enubio. Conheci desta prole apenas dois deles, o senhor Antônio Pinto, Escritor e Artista Plástico, que nesta minha visita a Pão de Açucar fez o lançamento do livro "Lampião - A sua verdadeira morte" e que fez uma caminhada tipo procissão para instalar um Cruzeiro no túmulo do Senhor João Novato, acreditado por parte da comunidade como sendo Lampião. E o Senhor Heitor Pinto, proprietário de uma Academia de Ginástica e de um Restaurante tipo Museu a Céu aberto que conta a história da cidade com seus personagens mais importantes. Esse museu a céu aberto, está instalado na periferia da cidade de Pão de Açúcar no Estado de Alagoas, banhada pelo Rio São Francisco. Também é restaurante e tem um bar temático. Tudo rústico como era o sertão no século 19. O proprietário é o Professor Heitor Soares Pinto, Neto do famoso cangaceiro Corisco.

Desde menino conviveu com o Sr. João Novato, que para algumas pessoas era o famoso cangaceiro Lampião, que depois de fugir baleado do combate do Angico, depois de andar escondido por muitos anos, aportou novamente na cidade de Pão de Açúcar-AL no início dos anos 60.

Por conta da pandemia do COVID-19 ainda não voltei a Pão de Açúcar para prosseguir com minhas pesquisas, que inclui a vida de Expedita Ferreira, a filha de Lampião quando menininha criada na região, as fazendas que provavelmente Lampião era proprietário, uma pesquisa de outro filho de Corisco, criado por um membro proeminente da cidade, o relato de um cangaceiro que fugiu baleado do Fogo do Angico e que foi tratado no hospital da cidade sergipana de Nossa Senhora da Glória, onde chegou a escrever na parede do ambulatório suas iniciais e também entrevistar alguns membros do bloco carnavalesco Os Cangaceiros, fundado por um filho de cangaceiro juntamente com João Novato. 

Raul Meneleu, Conselheiro Cariri Cangaço 
Blog: Caiçara dos Rios dos Ventos - http://meneleu.blogspot.com/


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