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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Durvinha conta história do último casal do cangaço

Por: João Domingos - O Estadao de S.Paulo

Sobreviventes do bando de Lampião Durvalina e Moreno fugiram do cerco policial. Durvalina faleceu em 2008, e Moreno em 2010. 
Esta matéria foi publicada no Estadão no dia 01 de Dezembro de 2007 

Um ano depois da emboscada policial em Angicos (SE), em 1938, que resultou na morte de Lampião, Maria Bonita e nove cangaceiros, um bebê com 30 dias foi entregue ao padre Frederico Araújo, de Tacaratu, no sertão de Pernambuco, a cerca de 450 quilômetros a oeste de Recife. Um bilhete anônimo, ilustrado com garranchos que imitavam letras, identificava os avós e a mãe, Durvalina Gomes de Sá. Durvalina era Durvinha, cangaceira do bando de Lampião. Com a morte do chefe, caíra na clandestinidade. Fugia da polícia rompendo a caatinga, ora na Bahia, ora em Pernambuco, sempre ao lado do companheiro, Antonio Inácio da Silva, o cangaceiro Moreno.

O menino - primeiro dos seis filhos do casal - foi registrado como Inácio Carvalho Oliveira, sobrenome da família que o adotou quando estava com 6 anos, após a morte do padre. Adulto, Inácio mudou-se para o Rio. Entrou para a Polícia Militar.

Tornou-se segundo tenente. Em 2005, com 66 anos de idade e já reformado, soube enfim que os pais estavam vivos e formavam o último casal sobrevivente do cangaço. Moravam em Belo Horizonte e se chamavam Jovina Maria da Conceição e José Antonio Souto,nomes registrados em carteiras de identidade e com os quais buscaram afastar os fantasmas do passado.

Toda esses fatos foram contados ontem por parte dos protagonistas, no encerramento do 1º Congresso Nacional do Cangaço: Cultura e Memória, realizado no Museu da República, mais um prédio futurista projetado por Oscar Niemeyer na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

Durvinha, de 92 anos, estava lá, para narrar seus feitos; Moreno, de 96 anos, sofreu uma queda pela manhã e teve de ser levado para o Hospital de Base. "Me sinto tão culpada. Ele caiu porque foi pegar um sapato meu. Nós dois já não enxergamos quase nada." A informação do hospital é de que Moreno está bem e deve ser liberado hoje.

O crachá da cangaceira registrava o nome da identidade, Jovina Maria da Conceição. Inácio, porém, não a chama assim. Para ele, é Durvalina ou Durvinha. Do pai, nem conseguiu se lembrar o nome todo na identidade. "Acho que é José Antonio, e tem um sobrenome aí que não sei. Para mim, ele é o Antonio Inácio da Silva ou o Moreno." Inácio disse ter por hábito visitar Tacaratu quase todo ano.

FUGA

Durvinha nasceu em 1915 no povoado de Arrasta-pé, em Curral dos Bois, hoje Paulo Afonso (BA). Ainda mocinha abandonou a casa dos pais para correr atrás do cangaceiro Virgínio, cunhado de Lampião. Não sabe quantos anos tinha. "Não havia registro. Era tudo na bruta. A gente se juntou. Não chegamos a ir ao padre". Disse que teve dois filhos com Virgínio, dos quais nunca mais teve notícias depois dos tempos do cangaço.

Virgínio foi morto em 1936. "No bando não podia haver viúvas. Pelas leis lá, ou elas se casavam com outro cangaceiro ou eram mortas. Moreno se propôs a ficar comigo", disse Durvinha. Com ele teve outros seis filhos: Inácio, que só conheceu há dois anos, e outros cinco, todos morando em Belo Horizonte. Durante as fugas pela caatinga, o jeito era pegar um pedaço de rapadura aqui, um punhado de farinha ali, driblar a fome e a polícia. "Morria de medo de ser degolada, como Lampião."

No filme Baile perfumado (1996), direção de Paulo Caldas e Lírio Ferreira, aparecem imagens do bando de Lampião feitas entre 1935 e 1936 pelo libanês Benjamin Abrahão. Numa delas, Durvinha dança com Moreno, embora estivesse na companhia de Virgínio. Noutra, avança sobre a câmera com o revólver na mão. Durante os combates, ela levou um tiro na coxa esquerda. "A carne rasgou de fora a fora. Os cangaceiros me salvaram jogando um litro de pimenta." Durvinha disse que só teve uma razão para aderir ao cangaço: a paixão por Virgínio.

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,durvinha-conta-historia-do-ultimo-casal-do-cangaco,88841,0.htm

Informação do blogdomendesemendes:  O casal de cangaceiros já faleceu. Durvinha em 2008 e Moreno em 2010.

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Virgínio Fortunato da Silva

Virgínio Fortunato da Silva é o segundo da esquerda pára direita

Segundo alguns pesquisadores afirmam que Virgínio Fortunato da Silva, o cangaceiro Moderno, nasceu no ano de 1903, na cidade de Alexandria, (mas não comprovado), no Estado do Rio Grande do Norte. 

Virgínio era conhecido como o "capador oficial" do bando de cangaceiros chefiado pelo seu cunhado Lampião.


Foi casado com Durvinha/Durvalina com quem teve dois filhos. Liderou um bando próprio por muito tempo, até que foi assassinado no ano de 1936.

Virgínio está no centro da foto, e a sua  esquerda está Durvalina.

Após a sua morte - o cangaceiro Moreno passou a ser o chefe do seu grupo, que acabaria se casando com Durvinha em 1936.


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“O Cangaceiro Sabino em Cajazeiras (O Herói)”

Por;  Marilda Sobreira Rolim

Publicado no Jornal "O Norte", edição de dezembro de 1996

O cangaceiro é considerado um injustiçado. Mas eu pergunto qual foi o crime cometido pela Justiça por não tê-lo julgado?


O que os cangaceiros fizeram foi juntar um número considerável de homens que não queriam trabalhar e que saíam tomando para se manter. Chegando a ocasião, naturalmente matavam, estupravam e assim iam de um Estado para o outro, sempre a cavalo. Para eles, a lei era o fuzil. Chegavam a uma propriedade com toda autoridade de dono, e se alguém não obedecia ali ficava no chão, “comendo terra”, como diziam.


Sabino cangaceiro (foto), quando imaginou atacar Cajazeiras, convidou Lampião, que respondeu: “O Padre Cícero me passou ordem de nunca ir a Cajazeiras, porque ele foi aluno do Padre Rolim e não queria vê-lo sofrer”... Então o cangaceiro Sabino foi sem Lampião.
   
Para o místico D. Moysés Coelho, foi uma noite de aflição. O Colégio Padre Rolim ficou cheio de famílias que queriam ficar à sombra do pastor, que só fazia rezar e pedir a todos que tivessem calma, que Deus tudo resolveria.
  
A cidade sem nenhuma defesa, os cajazeirenses pacatos e confiantes não acreditavam que o bando tivesse ousadia: atacar Cajazeiras!
  
Os poucos soldados foram para São João do Rio do Peixe. Os homens que armas ainda deram uns tiros à toa, Marechal Sobreira Cartaxo, Romeu Cruz, e Raimundo Anastácio.

A tardinha o grupo chegou. Logo na entrada da cidade matou dois agricultores, um soldado e um paralítico, que, na sua ingenuidade, gritou enaltecendo os "heróis”. A casa dos Barbosa, na Rua Dr. Coelho, foi incendiada, nunca se soube o motivo.


Sempre atirando e gritando, iam em direção à casa do Major Epifânio Sobreira Rolim (foto, onde hoje funciona a Secretaria Municipal de Educação). O Major, muito calmo, de fuzil na mão, brincando, dissera para sua esposa dona Terezinha: “Tanta munição e eu não dou nenhum tiro” Nisso ouviu se as pisadas dos homens rodeando a casa. Tomaram seus lugares e tudo começou. Tanto atiravam como gritavam: “vamos te pegar, velho, te prender de cabeça para baixo e furar tua garganta, como se faz com um bicho”.

A família toda dentro de um quarto, crianças, moças, filhos adotivos, ao todo dezoito pessoas A porta da frente que dava para o jardim foi aberta a coice de rifle A trave caiu; a pancada no assoalho juntou-se ao som do ferro de zincado. Até o piano ressoou. A dor na nossa cabeça uniu se ao medo; a oração ficou paralisada na garganta. Ouvíamos os gritos dos bandidos ''venham que tem uma porta aberta. ‘Vamos pegar o velho “na unha’”.

A porta aberta do casarão guardava a família do major, num grande desafio. O lutador não teve calma foi até o meio da sala, atirou e voltou baleado. No mesmo instante chegou o vaqueiro José Inácio, homem rústico e de tremendos bons sentimentos. Foi um amigão para o patrão. A experiente e desvelada esposa que orientava o major no combate, mudando de armas para confundir, notou que ele estava manquejando e baleado.

Cheia de ansiedade pediu ao esposo para saírem, mostrando lhes os perigos. Depois de muita insistência ele cedeu. Nesse momento ouvimos um tiroteio estranho. Era o motor da luz, causado por falta de água. Os cangaceiros, pensando ser reforço, se retiraram. Isso foi ideia de José Sinfrônio.

A nossa saída foi perigosa, mas deixou o alívio de ver o plano do cangaceiro Sabino não ser realizado, que era levar o major preso, de porta a fora, para conseguir dinheiro dos parentes e amigos. Já imaginaram que humilhação? Voltaram os bandidos cabisbaixos, sem o som dos gritos da vitória nem o eco das risadas, somente levando nos ombros a derrota aumentada pelo medo.

Marilda Sobreira Rolim

Relembrando fatos do passado, eu vejo o testemunho de minha história e, nessa vida em pedaços, lamento o conceito sobre o que é ser herói.

Pedir aplausos para esses figurados heróis, que foram no passa do o desassossego dos velhos e crianças, a aflição dos necessitados e o terror do Nordeste? Isso, jovens, não é ser herói!

Quando os nomes de Luiz Padre, Lampião ou Sabino eram pronunciados, o silêncio era ouvido, a alegria fugia e o medo envolvem aqueles que pensavam em seus familiares.

Marilda Sobreira Rolim é escritora, residente em Cajazeiras.

http://historiacajazeiras.blogspot.com.br/2013/02/o-cangaceiro-sabino-em-cajazeiras-o.html

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Sergipanidade: conversa com Alcino Alves Costa

Vídeo adquirido no YouTube






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Show em Missão Velha - CE - (Cigarro de Cem Contos!)

Contribuição: Cícero Quesado

Foi quando eu era menino, nos idos da década de 1960.

Em minha terra natal, Missão Velha, o Luiz Gonzaga foi fazer um show e o local era o Cine São Luiz, de propriedade do Sr. Raimundo Freire, conhecido também, na região, como “Seu Mundico”.

Lá pelo meio do show o Sr. Raimundo pede para Luiz Gonzaga cantar a famosa "Asa Branca" e que, por isso, ele pagaria a Lua mais cem contos de reis.

Daí, Luiz Gonzaga disse:

- Seu Mundico, uma nota de cem contos de reis em enrolo e faço um cigarro! Se preocupe não, Seu Mundico. Estou brincando com o senhor... Vou cantar "Asa Branca" agora, em sua homenagem, sem lhe cobrar mais nem um tostão por isso!

Bom, não sei se isso é verdade, mas que o povo conta, conta.

Só sei que foi assim!!!

Contribuição: Cícero Quesado


http://www.luizluagonzaga.mus.br

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Juazeiro do Norte e a festa de Abertura do Cariri Cangaço 2013 !

Mesa de Abertura das Conferências Cariri Cangaço 2013

O Memorial Padre Cícero, em Juazeiro do Norte recebeu a primeira noite de Conferências do Cariri Cangaço 2013. Para um público atento e qualificado, onde despontavam mais de 140 pesquisadores de todo o Brasil, a antropóloga e professora Luitgard Cavalcanti Barros proporcionou aos presentes uma verdadeira aula de nordestinidade e de amor ao sentimento e à alma da cultura nordestina.

A noite teve seu início com as homenagens e entrega de Certificados aos municípios de Lavras da Mangabeira, representado por sua Secretária de Cultura, Cristina Couto e Nazarezinho, na Paraíba  como "Cidades Sedes do Cariri Cangaço". Em suas palavras o curador do evento Manoel Severo, ressaltava o papel importante desses municípios no desenvolvimento de uma nova "feição do Cariri Cangaço, que são as Avante-première na consolidação deste que é um dos maiores eventos, do gênero, no Brasil".

 

A mesa de abertura solene contou com as presenças da SBEC, através do diretor Rubinho Lima, do GECC através de seu presidente, Ângelo Osmiro e do GPEC, com Narciso Dias, numa autêntica demonstração de união entre as entidades que pesquisam a temática. Para o Presidente da Fundação Memorial Padre Cícero, Shessman Alencar "Ter o Cariri Cangaço em sua abertura no nosso Memorial é uma grande honra para todos nós, e a conferência da professora Luitgarde foi simplesmente sensacional".

Presenças de 17 estados da federação marcarão a abertura do Cariri Cangaço 2013, numa autêntica festa do Brasil de Alma Nordestina. Nos próximos dias todas as informações, os links das conferências e tudo o que aconteceu e acontece em seu Cariri Cangaço 2013.

Este segundo dia de Cariri Cangaço 2013, terá Barro como cidade anfitriã, a programação inicia com as visitas; logo mais à fazenda do padre Lacerda em Mauriti, de Cel. Domingos Furtado em Milagres, a Casa das André em Barro, as fazendas onde estiveram a família Pereira e Sinhô Pereira, o santuário de Santo Antônio, onde foi sepultada Dona Chiquinha Pereira e termina com a noite solene na fazenda do Major Zé Inácio.

Bem vindos ao Cariri Cangaço 2013 !

http://cariricangaco.blogspot.com

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MOSSORÓ, TERRA DA RESISTÊNCIA: os mecanismos discursivo-argumentativos da notícia nos jornais impressos em 1927 - Parte I

Por: Ana Shirley de Vasconcelos Oliveira Evangelista Amorim

(Departamento de Estudos da Linguagem - UFRN)

Esta pesquisa tem como objetivo investigar o processo discursivo de construção da linguagem em uso na esfera jornalística, a fim de perceber como o gênero notícia é constituído nesse campo de atividade social, bem como analisar os processos argumentativos que estruturam os discursos escritos sobre o episódio da resistência ao bando de Lampião em Mossoró no ano de 1927. O corpus da pesquisa é constituído pelo noticiário da época veiculado nos jornais impressos Correio do povo e O Nordeste, ambos de Mossoró/RN. A análise dos textos teve como suporte teórico a Análise do Discurso; A Teoria da Argumentação e os estudos sobre Gêneros do Discurso. Metodologicamente, esta é uma pesquisa de cunho documental, uma vez que faz uso essencialmente do documento escrito. No que tange à natureza dos dados, a pesquisa caracteriza-se como qualitativa, de base interpretativista. As análises revelaram-nos o modo como foi realizada a abordagem do episódio na construção discursiva do texto midiático. Na análise, consideramos as técnicas argumentativas adotadas na defesa da tese, os efeitos de sentido sugeridos e o gênero abordado, o que nos revelou a maneira como o episódio foi veiculado pelos jornais. Assim sendo, a construção discursiva aponta determinados padrões de repetição, visto que o contexto linguístico caracteriza-se no campo jornalístico por assumir, em primeira instância, uma expressão local.
Palavras-chave: Resistência. Notícia. Técnicas argumentativas. Produção de sentido.

1. Considerações iniciais

A presente discussão é parte de um estudo mais amplo, realizado no mestrado, no qual examinamos a literatura de cordel, enquanto exemplo de jornalismo por ser considerada uma das primeiras manifestações de jornal impresso a que o homem teve acesso, visto que “atuam como jornal do sertão, líder de opiniões, interpretador dos acontecimentos do país e do mundo” (CAMPOS, s.d, p.22). Admitimos, desse modo, que tal gênero configura-se em valiosas fontes de pesquisa, de informações de interesse histórico, etnográfico, linguístico e sociológico.

Propomos, para este momento, uma leitura dos discursos subjacentes ao episódio de Lampião em Mossoró no ano de 1927. Sendo assim, nosso estudo tem como objetivo investigar as relações interdiscursivas no processo de construção da linguagem em uso na esfera jornalística, a fim de perceber como o gênero notícia é constituído nesse campo de atividade social, bem como, analisar os processos argumentativos que estruturam os discursos escritos sobre o episódio da resistência ao bando de cangaceiros.
Por conseguinte, considerando que a concepção dos gêneros do discurso defendida por Bakhtin, implica em conceber as diferentes esferas sociais como critério para a organização desses gêneros, tendo em vista que cada esfera de utilização da língua “elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados (BAKHTIN, 2000, p.279)”, direcionamos nossas reflexões acerca do enquadre dado à notícia na perspectiva discursiva da memória sócio-histórica construída nos jornais a partir de valores ideológicos (político, econômico, religioso) que passam a ser elemento fundamental na constituição da imagem da resistência.

Para tanto, adotamos como universo de investigação o noticiário da época veiculado nos jornais impressos Correio do povo e O Nordeste, ambos de Mossoró/RN. Conforme acontece em toda pesquisa, as delimitações do objeto, dos objetivos e de outros aspectos que estão relacionados a essa moldura de produção científica foram se tornando imprescindíveis. As questões que se ressaltavam nos discursos produzidos e circulantes nos jornais nos conduziram à procura de aportes teóricos que pudessem dar conta delas. Logo atentamos para a necessidade de articular diferentes áreas do conhecimento a fim de realizar uma apreciação do Corpus.

A análise dos textos teve como suporte teórico, dentre os diversos paradigmas de pesquisa, a triangulação dos pressupostos da Análise do Discurso Francesa (AD), com o eixo paradigmático da Teoria da Argumentação de Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996), tomamos como fundamento de análise: o conceito de argumentação e as técnicas argumentativas presentes no discurso com o intuito de aumentar a adesão do auditório à tese defendida pelo orador. Além dos estudos sobre Gêneros do Discurso, no qual priorizamos o olhar bakhtiniano (2000), pois enseja uma melhor compreensão nas respostas às questões de pesquisa.

Admitindo que a concepção da linguagem como prática social constitui o eixo norteador da nossa análise, tornou-se imperativo o desenvolvimento de uma metodologia de cunho qualitativo e base interpretativista, tendo em vista que a pesquisa qualitativa trabalha com “o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis” (MINAYO, 1995, p. 21-22).

E interpretativista, pois trabalhamos com os múltiplos significados que perpassam os enunciados produzidos pelos poemas e jornais sobre a(s) realidade(s) do episódio. Assim, Moita Lopes (1994, p. 331) entende que “o significado não é o resultado da intenção individual, mas de inteligibilidade interindividual”, ou seja, o significado é construído socialmente.

Sequenciando o processo de construção, seleção e delimitação do Corpus, a nossa investigação configura-se como um estudo do tipo arquivista, pois seu universo de análise é formado a partir de um conjunto de documentos relacionados a um assunto. Entendemos que sejam documentos escritos “quaisquer materiais escritos que possam ser usados como fonte de informação sobre o comportamento humano” (LUDKE, 1986, p.38).

Nessa condição, compreendemos os jornais impressos enquanto atos de fala que ecoam vozes sociais, produzindo discursos, e consequentemente, efeitos de sentidos sobre inúmeros acontecimentos do mundo real.

2. A produção de sentidos na notícia jornalística

Desde os gregos, uma preocupação constante que persegue a mente humana, é a indagação que atravessa gerações sobre o nosso acesso à realidade e pelos modos de construção do conhecimento. Em outros termos: como aprendemos e apreendemos algo como sendo algo? De acordo com Marcuschi (2007, p. 82), as soluções encontradas variaram imensamente, desde os sofistas, para os quais era impossível o conhecimento, até os nossos dias, quando se postula que a ação comunicativa é uma das bases para a construção do conhecimento e produção de sentido. A construção do conhecimento é, essencialmente, uma produção discursiva.

Nessa perspectiva, o texto, mais precisamente, o discurso jornalístico, em especial, o noticioso, vem permanecendo mais que nunca na agenda de análises linguísticas, sociológicas, etnográficas e de estudiosos dos fenômenos midiáticos que têm procurado, em diferentes épocas, definir precisamente o que é notícia, e seu grau de influência na sociedade.

O discurso midiático revela-se „ilusoriamente‟ como neutro e objetivo, assumindo uma posição de realidade completa e absoluta, livre de subjetivações, procurando enfatizar os relatos dos acontecimentos por uma única lente, dessa maneira, estabelecer um sentido único, hegemônico. Dessa forma, a notícia jornalística quase sempre é compreendida como um texto expositivo no qual os fatos se apresentam por ordem de relevância.

Todavia, apesar da comunidade jornalística partir da importância dos fatos que devem alcançar seus leitores e/ou ouvintes, e consequentemente, definir o grau de noticiabilidade com base em critérios de valoração capazes de catalisar a atenção do público, a notícia, não deve ser pensada apenas como um conjunto de informações explícitas na materialidade linguística do texto, mas como um espaço necessário para a articulação discursiva, a fim de empreender os sentidos edificados sem se deter a aspectos puramente estruturais. Nesse sentido, é preciso ultrapassar os limites textuais e considerar os fenômenos contextuais, sociais e ideológicos imprescindíveis e reveladores da construção semântica do texto jornalístico, o que implica dizer, segundo Gomes (2007, p. 7), “que o discurso da mídia revela particularidades que estão além da notícia”.

Nessa ótica, a palavra assume papel primordial, pois é a partir dela que o sujeito se constitui e é constituído. Essa, compreendida como signo ideológico é parte integrante de uma realidade seja ela social ou não. Com isso, a palavra, em situação de uso, é um espaço de produção de sentido. Dela emergem as significações que, consequentemente, se fazem no espaço criado pelos interlocutores em um contexto sócio-histórico dado. Por ser espaço gerador de sentido, controla e é controlada, por meio dos mecanismos sociais.

A palavra está imersa numa situação social determinada e carrega consigo conteúdos e sentidos ideológicos subjetivos. Diante disso, há o que chamamos de determinismo social, ou seja, dependendo do interlocutor, da situação de uso, o falante determina qual a melhor palavra a ser utilizada.
Como afirma Bakhtin (1981 p. 113), as palavras que se pronunciam ou são inscritas numa materialidade linguística, são verdades ou mentiras, coisas boas ou más, importantes ou triviais e produzem reações de ressonâncias ideológicas.

O autor, em seus estudos, observa que as palavras penetram literalmente em todas as relações entre os indivíduos. Elas são tecidas a partir de uma multidão de fios ideológicos e servem de trama a todas as relações sociais, em todos os domínios. Para ele, nesse aspecto, a palavra constitui o indicador mais sensível de todas as transformações sociais. “Realizando-se no processo da relação social, todo signo ideológico e, portanto, também signo linguístico, vê-se marcado pelo horizonte social de uma época e de um grupo social determinados” (BAKHTIN, 1988, p. 113).

Com base nesse entendimento, percebemos que quando o sujeito narrador prioriza relatar uma coisa „x‟ ao invés de „y‟ ele conscientemente vê, à maneira de Bakhtin, a palavra como algo que mostra e oculta, que veste e ao mesmo tempo desnuda algo. Comungando com essa reflexão Stella (2010) examina além da capacidade de funcionamento e circulação da palavra como signo ideológico, em toda e qualquer esfera, a neutralidade da palavra no sentido de que recebe determinada carga significativa a cada momento de sua utilização.


É possível, portanto, entender que a palavra adquirida no meio sócio-institucional e internalizada pelo sujeito, retorna ao seio da sociedade por processos de interação, porém, numa forma diferenciada, alterada. Apresenta marcas ideológicas que denunciam as suas condições de produção, em razão de elementos sociais e históricos, pelas quais perpassam tanto os sujeitos envolvidos quanto as próprias palavras. Entretanto, somente ao acontecimento enunciativo será atribuído sentido, e as palavras, assim produzidas, carregarão valores.

Ana Shirley de Vasconcelos Oliveira Evangelista Amorim

CONTINUA...

Enviado pelo pesquisador José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo

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Luiz Gonzaga - Sertão das Muié Séria e dos Home Trabaiadô

Contribuição: Kydelmir Dantas
veja.abril.com.br

Coincidências acontecem e 'causos' como este também. 

Em Alexandria-RN, num show em praça pública, quando Gonzagão cantou a mesma canção, "A volta da Asa Branca" a qual tem este verso: SERTÃO DAS MUIÉ SÉRIA E DOS HOME TRABAIADÔ, o sr. Antonio Emídio, farmacêutico, fez este comentário: 

- Faz muito tempo que este 'nêgo véio' não vem ao sertão! 


Você encontrará várias informações sobre o cantor Luiz Gonzaga neste livro, escrito pelo o poeta, escritor e pesquisador do cangaço Kydelmir Dantas.

Fonte: LUIZ GONZAGA E O RIO GRANDE DO NORTE, 2012. Mossoró - RN - Autorizado pelo o autor deste livro - Kydelmir Dantas

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