Autora – Tatiana Beltrão
Grupo de
vaqueanos (milícia armada privada) defende madeireira de ataques de revoltosos
na Guerra do Contestado. Esta e as demais fotos desta galeria são do fotógrafo
sueco Claro Jansson, que imigrou para o Brasil em 1891 e viveu na região na
época da guerra Acervo Dorothy Jansson Moretti
Adeodato Ramos
havia passado boa parte do gelado inverno catarinense de 1916 embrenhado na
mata, fugindo de seus perseguidores. Depois de uma noite de geada, o último
líder rebelde da Guerra do Contestado estava exausto. Ao sair da mata e
sentar-se à beira da estrada para se aquecer ao sol, foi flagrado por uma
patrulha. O “temido facínora”, o “sanguinário chefe dos fanáticos”, o “flagelo
de Deus”, como o descreviam os jornais da época, entregou-se sem nem sequer
esboçar resistência.
A captura
dele, na virada de julho para agosto, marcaria o fim da guerra, que se arrastou
por quatro anos e transformou a região do Contestado (área disputada por Santa
Catarina e Paraná) no palco da revolta mais sangrenta do século 20 no Brasil.
Os rebeldes
chegaram a se espalhar por uma área equivalente ao tamanho de Alagoas. Entre
1912 e 1916, eles enfrentaram as forças policiais e militares dos dois estados
e do Exército. Os insurgentes eram movidos por motivos que iam do messianismo à
luta pela terra. Eram contra o poder público e os coronéis locais. Reagiam ao
impacto da construção de uma estrada de ferro, que os expulsou da terra onde
viviam.
Estima-se que
pelo menos 10 mil pessoas pereceram na região do Contestado, tanto nos combates
quanto de fome e de doenças como o tifo, que se alastrou pelas “cidades santas”
erguidas pelos revoltosos. Entre os mortos, milhares de mulheres e crianças.
A guerra
mobilizou metade do efetivo do Exército: mais de 7 mil soldados, nos momentos
de luta mais intensa.
Messianismo
A indefinição
dos limites territoriais entre Santa Catarina e Paraná vinha desde o Império, e
até a Argentina pleiteava a posse de áreas dos dois estados. O Supremo Tribunal
Federal deu ganho de causa aos catarinenses em 1904 e reafirmou sua decisão nos
anos seguintes, mas a sentença era ignorada pelo governo paranaense. Nesse
cenário de conflito, a revolta prosperou.
Curandeiro José Maria
A guerra
começou pequena, com um grupo reduzido de sertanejos (moradores desses campos
do Sul, chamados de sertão na época) que em 1912 reuniu-se em torno de um curandeiro.
José Maria seguia a tradição de outros dois curandeiros que haviam passado por
lá anos antes e eram considerados “monges” pelos sertanejos. Ele também fazia
profecias: anunciava uma monarquia celestial em que todos viveriam em comunhão,
dividindo bens.
Dos seguidores
do novo monge, muitos eram posseiros, sitiantes e pequenos lavradores que
haviam sido expulsos das terras em que viviam pelo grupo americano responsável
pela construção da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, do megaempresário
Percival Farquhart.
Além da
concessão, Farquhart ganhou do governo brasileiro as terras situadas às margens
da ferrovia, uma vasta faixa de 15 quilômetros de cada lado.
Entroncamento
da Brazil Railway, durante a construção de linha férrea entre o porto de São
Francisco e São Bento, em Santa Catarina.
Depois da
construção da estrada de ferro, a região, coberta de matas de árvores nobres
como a araucária, começou a ser desmatada. O empresário ergueu lá a maior
madeireira da América do Sul na época e uma companhia colonizadora que, depois
do desmate, venderia as terras a imigrantes europeus. Famílias que viviam no
local foram expulsas por milícias armadas da empresa, com apoio das autoridades
brasileiras.
Primeira
batalha
O monge José
Maria e os fiéis se instalaram em Taquaruçu, nos arredores de Curitibanos (SC).
Temendo que o grupo fosse usado por inimigos políticos, um poderoso coronel da
cidade pediu ao governo catarinense tropas para dispersar um “ajuntamento de
fanáticos” que supostamente queria proclamar a Monarquia no Sul do Brasil.
Ao saber que a
força policial havia sido chamada, os fiéis fugiram para Irani (SC), localidade
que na época estava na área do Contestado.
Barricada
de madeira protege serraria dos ataques rebeldes em Três Barras (SC) Acervo
Dorothy
A chegada do
grupo foi vista pelo Paraná como uma investida de Santa Catarina para forçar a
posse do território contestado. Em resposta, o Paraná enviou um destacamento
policial para expulsar os supostos invasores. Em outubro de 1912, a ação
terminou de forma trágica, com 21 mortos. Entre eles, o monge José Maria e o
comandante das forças de segurança do Paraná, coronel João Gualberto.
Documentos
históricos guardados no Arquivo do Senado mostram a reação dos senadores ao
conflito. Dois dias depois da batalha, a morte do comandante foi anunciada no
Plenário do Senado, sediado no Palácio Conde dos Arcos, no Rio.
Serraria
Lumber, maior da América do Sul na época, pertencia ao empresário americano
Percival Farquhar Acervo Dorothy Jansson Moretti
O senador
paranaense Generoso Marques falou aos colegas sobre a “horda de bandidos e
fanáticos” que havia invadido o Paraná e leu um telegrama enviado pelo governador
do Paraná, Carlos Cavalcanti, ao Congresso. O governador comunicava que o
estado havia pedido ao presidente da República, Hermes da Fonseca, a
intervenção de forças federais.
O senador
catarinense Abdon Batista apoiou o colega: — Esse acontecimento, ao mesmo
tempo em que nos cobre de pesado luto, nos anima e nos incita na obrigação de
secundar as forças do estado vizinho para que, de uma vez, sejam extirpados os
elementos maus que procuram perturbar nossa vida de trabalho e progresso.
Trem
carregado de toras enfrenta enchente do Rio Negro, em Três Barras (SC)
Ao longo do
conflito, os dois estados trocariam acusações de incentivar os revoltosos e até
de fornecer-lhes armas.
Exército
encantado
Depois da
morte do monge, os devotos se dispersaram. O messianismo, porém, permaneceu. No
ano seguinte, difundiu-se a crença de que José Maria voltaria do céu,
acompanhado do “Exército Encantado de São Sebastião”. Uma criança de 11 anos
dizia ver o monge em sonhos pedindo aos fiéis que se preparassem para uma
guerra santa. O grupo rebelde voltou a se reunir em Taquaruçu.
Agora não eram
apenas os antigos seguidores do monge José Maria que se prepararam para a luta.
Somaram-se a
eles descontentes em geral: mais colonos expulsos, fazendeiros que se opunham
aos coronéis, tropeiros sem trabalho, desempregados da obra da ferrovia e até
ex-combatentes da Revolução Federalista (1893–1895), que tinham experiência com
armas e contestavam a República.
— Num
determinado momento, torna-se uma guerra de pobres contra ricos — diz o
historiador Paulo Pinheiro Machado, autor do livro Lideranças do Contestado. —
Uma guerra daqueles que queriam formar suas comunidades autônomas, onde todos
viveriam em comunhão de bens, o que era uma negação da própria ordem
republicana, da concentração fundiária, do poder dos coronéis da Guarda
Nacional e da força da polícia, do Exército e da companhia norte-americana
ferroviária sobre eles.
Milícia
armada de um coronel em Canoinhas (SC), em 1914 Acervo Dorothy Jansson Moretti
Machado
contesta a visão de que o fanatismo religioso de sertanejos pobres e ignorantes
foi o principal combustível da revolta. O pesquisador sustenta que,
paralelamente à crença na guerra santa, os rebelados haviam desenvolvido uma
nítida consciência de sua marginalização social e política e de que “lutavam
contra o governo, que defendia os interesses dos endinheirados, dos coronéis e
dos estrangeiros”.
“Novo Canudos”
Na época,
porém, a visão predominante na imprensa, refletida no Congresso Nacional, ignorava
os problemas que motivaram a insurreição sertaneja. Em setembro de 1914, o
senador Abdon Batista desqualificou no Plenário denúncias do deputado federal
Maurício de Lacerda, do Rio de Janeiro, que afirmava que a usurpação de terras
era a principal causa do conflito: — É uma lenda. Essa gente não tem
terras nessas zonas, o que querem é viver sem trabalhar.
Uma das poucas
vozes dissonantes no Congresso, Lacerda disse à imprensa que o Contestado era
“um novo Canudos” e defendia os revoltosos, “brasileiros donos de suas terras e
que foram usurpados por uma empresa estrangeira”.
Messianismo
presente – Na foto vemos Nhá Emídia, famosa curandeira que morava em uma grata
em Três Barras, SC. Fanatismo nascido da miséria.
— As vítimas,
como era natural, defenderam-se. O que se devia esperar? Que o Estado fosse em
socorro daqueles homens, mas verificou-se o contrário — declarou aos
jornalistas.
O deputado
denunciava que dois influentes políticos paranaenses, “protetores da empresa
estrangeira que havia se apoderado à força das terras dos sertanejos”, conseguiram
que o governo mandasse forças para “defender os ladrões e matar brasileiros que
licitamente defendiam suas propriedades”.
Esses
políticos eram o senador Alencar Guimarães (que havia governado o Paraná) e o
vice-governador Affonso Camargo.
Guimarães
defendeu-se no Plenário do Senado. — Nunca fui homem de negócios, jamais
advoguei interesses de qualquer companhia nacional ou estrangeira que
colidissem com interesse do Estado.
“Pavor e pena”
Expedições
militares tentaram desmobilizar o movimento, atacando Taquaruçu. Depois de
várias tentativas, o reduto foi destruído em fevereiro de 1914. A força militar
bombardeou a comunidade de longe. Atingiu principalmente mulheres, crianças e
idosos, pois a maior parte dos homens havia partido para formar outro reduto, o
de Caraguatá.
Comandante
João Gualberto (montado) a caminho da batalha, pouco antes de morrer em combate
Acervo Dorothy Jansson Moretti
Foi um
massacre. Metralhadoras, canhões e até granadas foram usados no ataque. No
livro A Campanha do Contestado, o militar Demerval Peixoto, que participou dos
combates como soldado, reproduz o relatório do médico que acompanhou a
expedição: “Pernas, braços, cabeças, casas queimadas… Fazia pavor e pena o
espetáculo que se desenhava aos olhos. Pavor motivado pelos destroços humanos;
pena das mulheres e crianças que jaziam inertes por todos os cantos”.
A revolta da
população contra o massacre só fez fortalecer o movimento, e os sertanejos
começaram a expandir suas ações. Milhares de novos adeptos se mudavam para os
redutos. Novas “cidades santas” surgiam. A maior delas, Santa Maria (que não
tem relação com o município gaúcho homônimo), tinha 25 mil pessoas.
Ao mesmo
tempo, o movimento se militarizou, com líderes “de briga” aliados aos
religiosos. No inverno de 1914, os sertanejos começaram a saquear fazendas,
roubando gado e comida e arregimentando pessoal (até sob ameaça) para reforçar
os redutos. Passaram a atacar e ocupar cidades. Nos ataques, estações de trem e
repartições públicas eram queimadas.
Com apoio dos
governadores de Santa Catarina e Paraná, em 1914 o governo federal decidiu
empreender uma grande operação militar para aniquilar a insurreição. Sob o
comando do general Setembrino de Carvalho, 6 mil soldados rumaram para o sul do
país. Além deles, 2 mil civis (chamados vaqueanos), a maioria integrantes das
guardas privadas armadas mantidas pelos coronéis da região, foram contratados
para auxiliar o Exército. A ordem do governo era clara: “acabar com os
fanáticos”, como contou o próprio general Setembrino em suas memórias.
Artilharia
das forças paranaenses que seria usada nos ataques contra os sertanejos Acervo
Dorothy Jansson Moretti
Quando o cerco
aos redutos se apertou, começou a faltar comida, remédios e munição para os
rebeldes. Sobreviventes relataram que, no final, comeram até couro de cintos e
arreios para não morrer de fome. Para evitar deserções, alguns líderes, como
Adeodato, impuseram um regime de terror nos redutos, executando os suspeitos de
traição.
O reduto de
Santa Maria foi destruído na Páscoa de 1915. Em telegrama a Setembrino, o
capitão responsável pelo ataque detalha: “Tomei e arrasei 13 redutos com
enormes sacrifícios do meu heroico destacamento. Matamos em combate perto de
600 jagunços, não contando o grande número de feridos. Arrasei perto de 5 mil
casas e 10 igrejas”.
Guerra
do Contestado: forças legais acampadas às margens do Iguaçu em Porto União da
Vitória (PR).
Os últimos
combates ocorreram em dezembro de 1915, e os rebelados, derrotados, se
dispersaram. Houve rendições em massa das famílias sertanejas.
Os vaqueanos
começaram então uma caçada aos últimos líderes rebeldes. Muitos deles foram
mortos em execuções sumárias, mesmo depois de rendidos. Alguns vaqueanos
ganharam fama por retirar sertanejos da cadeia para executá-los.
Acordo de
limites
Com a captura
de Adeodato Ramos, o último e mais temido líder dos rebelados, a guerra foi
encerrada de vez, naquele inverno de 1916. Logo em seguida, em outubro,
finalmente veio a assinatura do acordo de limites entre Santa Catarina e
Paraná. Pressionados pelo presidente Wenceslau Braz, cada um dos dois estados
teve que ceder um pouco. A partilha, porém, foi vista como favorável aos
catarinenses, que ficaram com 28 mil dos 48 mil quilômetros quadrados da área contestada.
Em
janeiro de 1915, um dos chefes rebeldes, Bonifácio Papudo, se rende às forças
policiais. O militar que conversa com o rebelde era o tenente Castelo Branco.
Acervo Dorothy Jansson Moretti
Na assinatura
do acordo, no Palácio do Catete, no Rio, o governador de Santa Catarina, Felipe
Schmidt, comemorou a paz, encerrando um “passado amargo” que fazia os dois
estados se olharem com desconfiança, como “dois povos estranhos que
aguardassem, de arma em punho, a hora da peleja”.
O governador
do Paraná, Affonso Camargo, também exaltou a paz, mas deixou claro o
ressentimento com um desfecho que considerava injusto. Ele justificou sua
decisão de assinar o acordo mesmo assim citando a necessidade urgente de
encerrar uma “luta fratricida sem precedentes”: — Ali caíram sem vida
oficiais do Exército, bravos soldados das forças nacionais e estaduais e
milhares de sertanejos, na sua maioria laboriosos, em uma confusão desumana que
dolorosamente impressionou todo o país.
Ao citar os
sertanejos “em sua maioria laboriosos”, o governador reconhecia que o
movimento, hoje visto como uma das maiores revoltas camponesas do Brasil, era
mais que uma combinação de fanatismo e banditismo.
Essa
consciência se ampliaria a partir dos anos 1970, explica o historiador Paulo
Pinheiro Machado. Com a redemocratização do país, criou-se um ambiente
favorável para a retomada da memória e dos estudos sobre a Guerra do
Contestado.
Família
de sertanejos se rende às forças oficiais em Canoinhas (SC), em 1915 Acervo
Dorothy Jansson Moretti
No Senado,
essa releitura histórica ficou patente numa sessão especial realizada em agosto
de 2009 para lembrar a guerra. No Plenário, os senadores ressaltaram o caráter
de revolta social do movimento, as injustiças cometidas contra a população
pobre do Contestado e a ausência do Estado.
“Quando o
Estado falta, não cumpre com seu dever, se omite, o resultado é este: as
pessoas reagem”, disse o senador Raimundo Colombo, hoje governador de Santa
Catarina.
O então
senador Flavio Arns, do Paraná, afirmou que o governo desconsiderou uma
população pobre para privilegiar empresários e fazendeiros.
Guerra
do Contestado – Sertanejos após a rendição. Canoinhas (SC), janeiro de 1915
Na época da
guerra, uma rara visão lúcida do conflito veio justamente de um comandante do
Exército, o jovem capitão Mattos Costa. Idealista, ele defendia uma solução
pacífica e morreu em combate, em 1914. Ficou registrada em relatos militares
sua concepção da guerra: “A revolta do Contestado é apenas uma insurreição
de sertanejos espoliados nas suas terras, nos seus direitos e na sua segurança.
A questão do Contestado se desfaz com um pouco de instrução e o suficiente de
justiça, como um duplo produto que ela é da violência que revolta e da
ignorância que não sabe outro meio de defender o seu direito”.
Guerra
do Contestado: Adeodato Ramos, o último líder rebelde (entre os dois
policiais), é preso, em agosto de 1916.
Último líder
dos rebeldes ganhou fama de “demônio”
A Guerra do
Contestado começou com um líder considerado santo — o monge José Maria — e
terminou com outro tido como o próprio diabo — Adeodato Ramos.
“O demônio
está encarcerado”, anunciou em agosto de 1916 o jornal O Imparcial, de
Canoinhas (SC), referindo-se à captura de Adeodato, que tinha fama de assassino
e era temido pelos próprios companheiros.
O repórter do
jornal O Estado, de Florianópolis, porém, se surpreendeu ao entrevistar
Adeodato na prisão.
General
Setembrino de Carvalho (de quepe branco) em estação em União da Vitória (PR)
“Nós, que esperávamos ver o semblante perverso
de um bandido, cujos traços fisionômicos estivessem a denotar sua filiação
entre os degenerados do crime, vimos, pelo contrário, um mancebo em todo o
vigor da juventude, de uma compleição física admirável, esbelto, olhos de
azeviche [pretos], dentes claros, perfeitos e regulares, e ombros largos”,
escreveu, destacando a postura recatada do “célebre bandoleiro”.
O jornal O
Dia, de Florianópolis, relatou que ele respondia aos policiais de forma serena
e “tinha o olhar suave”.
Adeodato era
uma figura controvertida. “É evidente que ele cometeu muitas atrocidades nos
redutos, mas não era muito diferente de outros líderes rebeldes”, escreveu o
historiador Paulo Pinheiro Machado, ressaltando que houve uma “demonização” do
último líder rebelde, alimentada pelos próprios sertanejos.
Milícia
armada (vaqueanos) protege serraria de ataques, em Três Barras (SC)
Conta-se que,
no julgamento, após a ouvir a sentença de 30 anos de prisão, o réu declamou no
tribunal versos irônicos:
“Para tirar o
mal do mundo / Tinha feito uma jura / Ajudei nosso governo / A quem amo por
ternura / Acabei com dez mil pobres / Que livrei da escravatura / Liquidei
todos os famintos / E os doentes sem mais cura / Quem é pobre neste mundo / Só
merece sepultura.”
Adeodato foi
morto em 1923, numa suposta tentativa de fuga da prisão.