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quinta-feira, 17 de julho de 2014

II Seminário Regional Parahyba Cangaço e Cariri Cangaço Paraíba

Por Wescley Dutra

Nobres amigos e amigas “vaqueiros(as) da história”,

Saudações cangaceiras.

É com grande alegria que encaminho em anexo o convite para participarem do II Seminário Regional Parahyba Cangaço e Cariri Cangaço Paraíba. 

Certo da presença de todos(as).

Atenciosamente, 
Prof. Me Wescley Rodrigues


Agosto se aproxima e junto com ele teremos o II Seminário Regional Parahyba Cangaço e Cariri Cangaço Paraíba. Esse é um ano festivo, pois comemoraremos 90 anos do ataque a cidade de Sousa pelo bando de Lampião, capitaneado pelos cangaceiros Chico Pereira, Antônio Ferreira e Livino Ferreira, no fatídico amanhecer do dia 27 de julho de 1924. De 22 a 24 de agosto as cidades de Sousa, Nazarezinho e Lastro abrem os braços para acolher todos os pesquisadores, estudantes e “vaqueiros da história” interessados em conhecer um pouco da história do cangaço no alto sertão paraibano.

Momentos como esse são de grande valor por possibilitar a abertura de novos rumos no entendimento do movimento do cangaço e da história social e cultural do Nordeste brasileiro, levando-nos a quebrar paradigmas já cristalizados que focam a história do cangaço apenas nas figuras do “estado maior”: Lampião, Corisco, Zé Sereno, Maria Bonita, Sila, Dadá...

É necessário uma “nova leva” que promova uma reflexão sobre outros agentes que foram lapidares na constituição histórica do cangaço. Torna-se latente o resgate desses sujeitos para os anais, pois eles também foram importantes na teia formadora do cangaço. Abrimos assim espaço para um cangaceiro pouco conhecido, Chico Pereira, mas de grande relevância para entendermos como se dava as relações de poder, a política, justiça, criminalidade e cangaceirismo no sertão paraibano.

Chico Pereira foi um dos mais importantes cangaceiros do sertão da Paraíba, sendo responsável por maquinar o ataque a cidade de Sousa, tido como um dos maiores ataques cangaceiros no estado durante a década de 1920, para vingar a morte do seu pai, João Pereira,

2 que fora assassinado brutalmente, não tendo sido justiçado pela justiça oficial, que relegou o caso a um segundo plano.

A “cidade dos dinossauros” juntamente com Nazarezinho e o Lastro irmanam-se para comemorar essa data festiva, lembrando ser a história um espaço de memória e rememoração, significação e resignificações. Não temos assim pretensão de exaltar o banditismo, mas entendê-lo dentro de um contexto social de uma época marcada pelo descaso, falta de políticas públicas e justiça promotora da dignidade humana.

Esse também é um momento propício para lutarmos pela criação do Museu do Cangaço na casa grande do sítio Jacu, que pertenceu a Chico Pereira e hoje encontra-se em ruínas. Essa luta é de grande importância não só para as cidades do sertão paraibano, mas para a história nacional, haja vista Chico Pereira não mais pertencer apenas a história da cidade de Sousa e Nazarezinho, mas ser uma figura da história nacional.

Reforçamos assim o convite, nobres amigos e amigas, vaqueiros e vaqueiras da história. Em breve divulgaremos a programação oficial.

Saudações cangaceiras,
Prof. Me. Wescley Rodrigues

Enviado pelo autor Wescley Rodrigues

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FEIRAS, SALTIMBANCOS E NOTÍCIAS

Por Clerisvaldo B. Chagas, 17 de julho de 2014 - Crônica Nº 1.222

Com o início da festa de Senhora Santa Ana, hoje, em Santana do Ipanema, Alagoas, associamos a ela, a palavra “feira”.

Foto: indicação abaixo da crônica.
Obs. Você que acompanha o blog, estão faltando três crônicas: "Agripa: vuvuzelas para os desentendidos"; "A cueca do deputado"; "Escritores visitam a CPAI". Encontradas, porém, no site: alagoasnanet, onde são reproduzidas.

Com o aumento de terras cultivadas na Europa, durante a Idade Média, cresceu significativamente a produção de grãos. O que excedia o consumo passou a ser comercializados em inúmeros lugares. Os pontos que mais atraíam o comércio eram os entroncamentos de estradas por onde circulavam os fiéis católicos de várias regiões para seus festejos anuais. As entradas dos castelos também fizeram surgir às feiras medievais, palavra que já foi sinônimo de festa.

O que acontecia antes, ainda hoje acontece nesses encontros. Os negociantes armam barracas, expõem mercadorias, trocam informações e notícias e fecham negócios com os seus produtos.

Ontem como hoje, surgem os artistas populares (saltimbancos), os que emprestam dinheiro a juros e os que chegam somente porque gostam de passear no ambiente.

Por questões de segurança, artesãos e comerciantes se estabeleceram nos arredores das muralhas dos feudos, surgindo pequenos povoados que recebia o nome de “burgos”, nos dias atuais, palavra depreciativa.

Santana do Ipanema, ainda hoje tem a sua feira-livre principal que ocorre aos sábados. Quem sugeriu o dia de sábado, foi um dos seus fundadores, o padre penedense Francisco José Correia de Albuquerque (visionário e rico em virtudes) evitando assim esse trabalho aos domingos, dia dedicado ao Senhor e ao descanso semanal.

Quando adolescentes ouvimos por várias vezes, pessoas que ─ referindo-se à feira do sábado ─ diziam com sorrisos expressivos: “Vou pra festa!”. E de fato, feira é festa e vice-versa, atualmente ameaçada nos centros maiores pelos mercadões, supermercados e o tal Shopping Center.

Portanto, tem início hoje o novenário de Senhora Santana, encerrando no mesmo dia marcado em todos os lugares do mundo por determinação da Igreja, onde houver festejos à avó do Cristo. Vamos à feira... Ou à festa.

Foto antiga de domínio público, uma das mais significativas de Santana do Ipanema e que estará no livro “227” de Clerisvaldo B. Chagas. Breve.


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EM MEMÓRIA DOS VIVOS

Por Rangel Alves da Costa*

Talvez os vivos mereçam uma missa, um pranto de saudade, um buquê de flores e um emocionado discurso louvando sua memória e suas virtudes. Seria um tipo de Réquiem para os vivos, um rogo pela purificação das almas que se alastram perdidas nos desvãos da existência. Assim, ao invés de o celebrante dizer “dai-lhes o repouso eterno”, diria “dai-lhes o renascimento do que de mais puro ainda existe nas suas almas”.

Somente na louvação e na memória é possível lustrar as feições humanas com os bálsamos inexistentes perante a realidade. Mas o que os viventes, os que continuam vivos e perambulando por aí, fizeram para que sua memória precisasse ser reverenciada antes do desaparecimento terreno? Não seria mau augúrio nem antecipação dos fatos, mas apenas um forma de reconhecimento agora daquilo que certamente o homem esconde em si. E também uma maneira de despertar as tais virtudes que parecem enclausuradas e sufocadas pelo lado frio e arrogante do ser.

Não há de se duvidar que o homem que anda por aí é um ser transformado pela realidade que vivencia no seu dia a dia. A bem dizer, é apenas um ser revestido de outra roupagem que não aquela inicialmente concedida. Despido de sua natureza intrínseca, e esta nascida boa pelo próprio desígnio humano sobre a terra, aos poucos foi convergindo para si os males do mundo e assim se deixado levar no convívio e nas suas relações. É como se a sua bondosa natureza tivesse sido tomada pelos fluídos negativos da Caixa de Pandora.

Envolvido e transformado sem ser esse o seu destino, é preciso que se diga. Nenhum homem nasceu com a sina da maldade, da violência, da desonestidade consigo mesmo e com o próximo. Nenhum ser humano nasceu carregando a cruz da miséria, da discórdia e do sofrimento. Nenhum ser humano veio ao mundo para expurgar de si seus relevos espirituais e se transformar em algo medonho e temido. Logo se tem que a roupagem adquirida nada lembra aquela vinda no corpo, na alma e no coração do homem.


Quer dizer, o homem não é assim tão desumano, egoísta, soberbo, falso, mentiroso, aproveitador, que só pensa nele mesmo e depois em si mesmo. Não, o homem não pode ser assim, e certamente não é, mas algo o impulsiona a assim ser e se comportar. E uma missa em sua memória, ou à memória de suas virtudes, talvez possa fraquejar o lado insidioso e fazer renascer aquilo que se espera ressurgindo. As palavras de glorificação e reconhecimento de suas capacidades servirão como remição para os tantos erros e ressurgimento das boas virtudes que acabaram nas sombras.

A verdade é que o homem não pode continuar aprisionado por aquilo que não deseja. Assim porque se presume não desejar ser, viver e agir sendo comandado pela sua feição mais desumana e insensível. Em muitos há uma verdadeira luta íntima para não se deixar conduzir pelas ações que lhe retiram o que tem de mais virtuoso. E porque seu lado bom continua prisioneiro das exigências e influências negativas do mundo, o homem espiritual precisa ser urgentemente libertado destes tormentosos grilhões.

O homem é um ser essencialmente esquecido das lições primordiais da vida. Basta que algo brilhe como ouro, e já larga as preciosidades duramente alcançadas. E na ganância, na ambição desmedida, acaba rejeitando princípios éticos, morais e de bondade, para se alimentar somente da acumulação daquilo que nenhuma serventia traz à alma. E neste afã de conquista, todo aquele que se puser à sua frente tenderá a ser visto como empecilho e pisado como verme asqueroso.

E num mundo de disputas, ambições e injustiças, a medida da ação será aquela que lhe garanta não só a sobrevivência, mas principalmente ter sempre mais do que necessita, e custe o que custar. Nesse estágio, a violência não comove, a arrogância não é sentida, a desonestidade não provoca revolta, o medo não provoca qualquer espanto. E nada disso faz sofrer ou causa reflexão porque também é agente dessa situação. É como se aprendesse no erro a também errar. É como se escolhesse negligenciar as condutas positivas da vida porque pressente e se guia pelos desacertos de seus semelhantes.

Lamentável que seja assim. Ora, o homem, enquanto dádiva da criação, é um ser bondoso, digno, virtuoso, nascido para o companheirismo e o agradável convívio. Que se tome como exemplo a criança brincalhona, feliz, cheia de satisfação, ainda que nascida em leito empobrecido. Tome-se como exemplo o jovem sonhador, lutador, que vai abrindo caminho e enfrentando os espinhos sem perder a candura nem afrontar o destino. Mas parece que tais qualidades acabam depois da curva da estrada. Após isso, já não mais será avistado como antes.

Diferentemente do que se possam imaginar, tais palavras não são pessimistas nem carregadas de descrenças no ser humano e generalizando de modo negativo as feições existentes em cada indivíduo. Pelo contrário, surgem como reconhecimento de sua capacidade para agir positivamente diante do que lhe foi confiado na existência. E reconhecimento também que os malefícios acaso surgidos, e proliferados de modo tão danosos, não são fruto de escolha pessoal, mas do meio que impõe a sujeição a todos os tipos de indignidades.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com  

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Corisco não se entrega porque a mulher não deixa.

Por José Mendes Pereira

Afirmam os estudiosos do cangaço que quando o cangaceiro Velocidade entregou-se à polícia, abriu a boca dizendo: "- Corisco não se entrega porque a mulher não deixa". A mulher que ele se referia era a Dadá, esposa do perverso Corisco.

Foto colorida pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio 

Mas o cangaceiro Corisco tinha suas razões para não contrariar, magoar ou machucar fisicamente a sua amada Dadá. Era um homem que não gostava de machucar mulheres. Além de valente, Corisco era um sábio. 

tokdehistoria.com.br - Acervo do Rubens Antonio

Ele sabia que era muito melhor enfrentar os fuzis e a maldade de Zé Rufino do que contrariar uma mulher, no caso a sua companheira. Mas o cangaceiro Velocidade não concordava e dizia o contrário. "- Corisco não se entrega porque a mulher não deixa". 

Se analisarmos direitinho o cangaceiro Velocidade quis dizer mais ou menos assim:

"- Corisco é mandado pela mulher e morre de medo dela".

Mas não devemos dizer que o cangaceiro Corisco era "Manicaca", como diz o velho ditado, quando um homem obedece a sua esposa. E ainda: "Em mulher não se bate nem com uma flor". 

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"DOMINGUINHOS, O NENÉM DE GARANHUNS"


O livro "DOMINGUINHOS, O NENÉM DE GARANHUNS" de autoria do professor Antonio Vilela de Souza, profundo conhecedor sobre a vida e trajetória artística de DOMINGUINHOS, conterrâneo ilustre de GARANHUNS, no Estado de Pernambuco.

Adquira logo o seu através deste e-mail:
incrivelmundo@hotmail.com

R$ 35,00 Reais (já com o  frete)

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http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com 

Próxima visita ao Museu do Sertão em Mossoró

Professor Benedito Vasconcelos Mendes - Proprietário do Museu do Sertão

Amigo Zé Mendes:

A próxima visita ao Museu do Sertão será no dia 09 de Agosto de 2014. O ingresso é um kg de alimento não perecível, que deverá ser entregue no Lar da Criança Pobre. 

A visita começará as 7:00 horas e terminará às 12:00 horas. Mais informações você encontrará no Site: www.museudosertao.com.br

Forte abraço, Benedito





Você que gosta de visitar Mossoró no Rio Grande do Norte, precisa conhecer o "Museu do Sertão", fundado pelo professor e Presidente da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço Benedito Vasconcelos Mendes. O Museu do Sertão em Mossoró não pertence a nenhuma repartição do governo. Foi fundado com os próprios recursos do professor.

Você que é diretor de escolas em Mossoró leve seus alunos ao "Museu do Sertão", no dia 09 de Agosto de 2014. E para maiores informações, entre em contato com o Museu através do seu site: 


Leve os seus filhos para eles verem o que os seus olhos nunca viram. Vale a pena conhecer o "Museu do Sertão" em Mossoró-Rn. São 11 galpões, com mais de 5.000 peças para os seus olhos conhecerem.

Nota: - 
Vale lembrar ao leitor que você não pagará nada para visitar o Museu, apenas colaborará com um kg de alimento não perecível, que deverá ser entregue no "Lar da Criança Pobre" em Mossoró, e lá você receberá o ingresso para a visita ao Museu. O Museu do Sertão em Mossoró não necessita de ajuda para sobreviver. 

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Sinhô Pereira e Lampião

Sinhô Pereira

Quando Lampião e seus irmãos Antônio e Livino caíram em definitivo no cangaço, em Junho de 1920, para vingar a morte de seu pai, Virgolino teve que aguardar bastante tempo até ser chamado de chefe, ou líder de bando ou até de Lampião. Com efeito, a princípio os Ferreiras entraram para o bando de Sebastião Pereira mais conhecido como Sinhô Pereira, um pernambucano nascido em 1896 e falecido em Minas Gerais em 1972.


Segundo Sinhô Pereira em entrevistas: “- Lampião e os irmãos chegaram de Alagoas depois do assassinato do pai, dispostos a confrontar com José Saturnino, seu inimigo comum. Não tinham condições financeiras nem experiências e participaram com muita bravura de alguns combates”.

Havia muitas ligações entre Lampião e Sinhô Pereira: eram vizinhos; a mãe de Lampião era afilhada do pai de Sinhô Pereira; o pai de Lampião era afilhado do Padre Pereira, tio de Sinhô Pereira; as famílias eram amigas; e com comuns inimigos: “Os Saturninos” e José Lucena.

Sinhô Pereira possuía alguns antepassados ilustres, pois descendia do coronel Andrelino Pereira da Silva (1830-1901), o Barão de Pajeú. Era alfabetizado e trabalhava no campo, o que o diferia culturalmente bastante dos outros bandoleiros. 

http://www.piracuruca.com/index.php/historia/169-chefe-de-lampiao-foi-expulso-do-piaui

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“A TRIBUNA” – 17/06/1931 O CORONEL ANTONIO FRANCO E A LEGALIDADE


Senhor Redator:

Venho acompanhando, com vivo interesse, o noticiário do seu jornal, destacando-se, nestes últimos dias, as gafes cometidas no Rio de Janeiro, pelo industrial sergipano, coronel Antônio do Prado Franco.

Que homem inconveniente, senhor Redator!?

Como ele tem se deixado iludir naquela terra!?

Se fosse mineiro, o coronel Antonio Franco, diríamos que Sua Senhoria tem honrado, na capital da República, as velhas tradições dos célebres compradores de bondes...

O coronel ilustre procurou o Sr. Bernardes!

Estou francamente admirado, senhor Redator!

E sabe por quê?

Quando Sergipe estava na iminência de cair nas mãos dos revolucionários de Outubro, o senhor Antonio Franco mandou pedir ao presidente Manoel Dantas, que lhe fornecesse armas para organizar um batalhão “patriótico”, que deveria ficar às ordens do governo.

O Presidente de então, negou terminantemente o pedido, alegando que, de forma alguma, admitiria, no seu governo, fossem armados cangaceiros pois, desde o início da sua administração, vinha-os combatendo com energia, como aconteceu com os que residiam nas fazendas do aludido coronel.

Com esta resposta, fulminante, o coronel Antônio Franco procurou o major Pinto Guedes, comandante do 28º Batalhão de Caçadores para solicitar sua intervenção no sentido de conseguir do governo as armas e munições solicitadas.

O coronel Manoel Dantas respondeu ao major Pinto Guedes da mesma maneira que ao coronel Antonio Franco e terminou dizendo “se o comandante quiser armar a gente do coronel Franco deve incluí-la como voluntários nas fileiras do 28 BC”, o que de fato sucedeu.
Daí a razão do meu espanto.

O senhor coronel Antonio Franco, que ontem auxiliava o governo oferecendo-lhe apoio moral e material, hoje vai procurar o Sr. Bernardes, que teve papel saliente na revolução de Outubro.

Como se transformam os homens, senhor Redator!

O senhor Antonio Franco devia estar silencioso.

Diante de todos esses fatos que confundem, afinal de contas, o seu critério de homem rico e independente, Sua Senhoria não devia fazer declarações inoportunas na hora que passa.


Mas, o homem é irrequieto e não pode fica calado. Dá entrevistas, passa telegramas, informa, a seu belo prazer, notícias inverídicas relativamente às incursões do facinoroso grupo de Lampião, neste Estado, cometendo assim, um mundo de inconveniências e prejudicando, cada vez mais, o seu nome. JOÃO DO SUL

Imagens: Manoel Dantas; Virgulino Lampião; Usina Central, em Riachuelo/SE, de propriedade do coronel Antonio Franco; e fac-símiles das edições referidas de "A Tribuna".

Fonte: facebook

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A Família de Lampião em Juazeiro

Por Leandro Cardoso
Dr Leandro Fernandes Cardoso

Muita gente não sabe, mas a família de Lampião viveu em Juazeiro do período de 1923 a1927, com a permissão do Padre Cícero.Na segunda década do século passado, por duas vezes, a família Ferreira teve que se mudar em razão dos entreveros com o vizinho José Alves de Barros, o Zé de Saturnino. Na primeira vez, obedecendo a um pacto de acomodação arbitrado pelo Coronel Cornélio Soares de Vila Bela, mudaram-se para a Vila de Nazaré.

Na segunda vez, demandaram à cidade alagoana de Mata Grande, ocasião em que morreram os genitores de Lampião, José Ferreira (vítima da volante de José Lucena Maranhão) e Dona Maria (vítima de um ataque cardíaco). Em 1922, o jovem cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, já definitivamente com o pé fincado no cangaço, assume a chefia do bando do célebre Sinhô Pereira, que deixava o Nordeste em fuga para Goiás. A família Ferreira, sem possibilidade de retornar para Vila Bela, procura abrigo em Juazeiro do Norte. Com a morte dos pais, João Ferreira (o único dos irmãos que não entrou para o cangaço), assume a chefia da família. Após conversa com o Padre Cícero, recebe permissão para se estabelecer em Juazeiro com as irmãs, cunhados, primos (os Paulo) e sobrinhos.Na passagem de Lampião por Juazeiro do Norte, em 1926, foram tiradas várias fotografias da família.

Identidades: 1- Zé Paulo, primo; 2 - Venâncio Ferreira, tio; 3 - Sebastião Paulo, primo; 4 - Ezequiel, irmão; 5 -João Ferreira, irmão; 6 - Pedro Queiroz, cunhado (casado com Maria Mocinha, que está à sua frente, sentada); 7 - Francisco Paulo, primo; 8 - Virgínio Fortunato da Silva, cunhado (casado com Angélica) 9 - Zé Dandão, agregado da família. Sentados, da esquerda para direita: 10 - Antônio, irmão; 11- Anália, irmã; 12 - Joaninha, cunhada (casada com João Ferreira); 13 - Maria Mocinha, ou Maria Queiroz ,irmã; 14 - Angélica, irmã e 15 - Lampião.

Na célebre foto da família reunida (que é vista acima), vemos na extrema esquerda sentado, Antônio Ferreira e na extrema direita, Lampião; a segunda sentada da direita para a esquerda é Dona Mocinha (tendo seu marido, Pedro Queiroz, atrás de si); ao lado direito de Pedro está João Ferreira; do lado esquerdo de João está Ezequiel (que depois entraria para o cangaço com o vulgo de Pente Fino); e, finalmente, o segundo da direita para a esquerda, em pé, é Virgínio (seria o futuro cangaceiro Moderno, chefe de grupo), casado com uma irmã de Lampião, que logo morreria de parto em Juazeiro.

Na ocasião da foto, Dona Mocinha (Maria Ferreira de Queiroz) estava recém-casada com Pedro e, nas várias ocasiões em que a entrevistei, ela sempre externou a enorme benevolência do Padre Cícero, e que todos da família se sentiam seguros em Juazeiro.  Dona Mocinha, hoje com 96 anos, única remanescente viva dos irmãos e irmãs de Lampião, moraem São Paulo e foi diversas vezes entrevistada por mim. Contou-me que aprendeu a dançar com Virgulino tocando “harmônica” no terreiro da fazenda “Passagem das Pedras”, em Vila Bela, e que o irmão vivia na casa da avó, Dona Jacosa Lopes. Refere-se aos irmãos sempre com muito carinho, dizendo que o mais fechado era Antônio e o mais brincalhão era Levino Ferreira. E, em todas as vezes que conversamos, sempre externou a excelente acolhida que a família teve em Juazeiro, e gratidão de todos ao Padre Cícero. Tanto é que seu primogênito é afilhado do Padre Cícero. Rememora com muita satisfação dos familiares de João Mendes de Oliveira, de quem se tornaram amigos.

Aderbal Nogueira, Leandro Cardoso, Antonio Amaury, Paulo Britto e Alcino Costa, no Cariri Cangaço.

Dona Mocinha casou em Juazeiro com Pedro Queiroz e só deixou a Meca nordestina quando a polícia pernambucana intimou seu marido em Vila Bela, e o prendeu arbitrariamente. Então, Dona Mocinha (e parte da família), teve que deixar Juazeiro em 1927 para residir em Serra Talhada. Para finalizar, deixo minhas homenagens à Dona Mocinha, que hoje, quase centenária e lúcida, é um repositório vivo da história recente do Brasil e de Juazeiro do Norte, uma vez que foi expectadora de camarote de um dos períodos mais interessantes e polêmicos da nossa história recente, além de ser testemunha inconteste do desprendimento e da bondade incondicionais do Padre Cícero Romão Batista. (O autor é médico, cordelista, escritor, residente em Teresina, PI – Foto 1: O autor com Dona Mocinha. Foto 2: Lampião com seus familiares em Juazeiro 

Leandro Cardoso Fernandes, Médico, Pesquisador e Escritor
Conselheiro Cariri Cangaço

Fonte:http://historiadejuazeiro.blogspot.com.br
http://cariricangaco.blogspot.com

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Lampião e Maria Bonita, Luneta do Tempo trata de amor e cangaço


Lampião e Maria Bonita: ressuscitados pela luneta do tempo

O Luneta do Tempo, filme escrito e dirigido por Alceu Valença, está pronto para estrear na tela grande. O longa que começou a ser filmado em 2009, concorre ao Kikito do Festival de Cinema de Gramado. Com Irandhir Santos e Hermila Guedes nos papeis de Lampião e Maria Bonita, Luneta do Tempo trata de  amor e cangaço, mergulhando no universos de aboiadores, emboladores, violeiros, grupos de forró e cavalo marinho, poesia e circo. A saga revisita estas influências e as destrincha em versos e imagens. Mergulha no inconsciente dos cantadores anônimos, dos cegos arautos de feira, no universo da literatura de Cordel e expõe sua herança cultural, política e poética.

Divulgação

A história de Severo Brilhante (Evair Bahia), o temido braço direito do bando de Lampião (Irandhir Santos) e Maria Bonita (Hermila Guedes), vive em permanente confronto com as volantes comandadas por Antero Tenente pelas caatingas do Nordeste. A mulher do tenente, a fogosa Dona Dodô (Ana Claudia Wanguestel) mantém um relacionamento extraconjugal com o circense argelino Nagib Mazola (Ceceu Valença) enquanto o marido se ocupa em perseguir os cangaceiros nas imediações de São Bento. Depois de uma batalha sangrenta, Nair (Khrystall), a mulher de Severo Brilhante, decide abandonar o cangaço e seguir junto com o circo. Nagib Mazola logo conquista a cangaceira e desta união nasce um menino.  Ao mesmo tempo em que Nair dá à luz, nasce também o bebê de Dona Dodô.  Embora este venha a ser criado como filho de Antero, São Bento inteira sabe que o verdadeiro pai da criança é o sedutor Mazola.  Trinta anos se passam até que os jovens Antero (Charles Theony) e Severo (Ari de Arimateia) se encontrem na cidade.  Enquanto Antero torna-se um policial tão implacável quanto seu suposto pai, o sanfoneiro Severo sonha tornar-se o novo Luiz Gonzaga. O conflito é acompanhado pelo desocupado Mateus Encrenqueiro (Helder Vasconcelos) e pelo poeta Severino Castilho (Tito Lívio). Contestador, iconoclasta e boêmio, Severino escreve um cordel sobre o improvável encontro de Maria Bonita e Lampião no paraíso, ao mesmo tempo em que ataca a igreja e propõe soluções para o povo do Nordeste.

Após o regresso do Circo liderado pelo velho Mazola (Roberto Lessa), o confronto entre os irmãos se estabelece em pleno picadeiro. Um duelo repleto de magia e música, humor e tragédia, verdades e lendas, capitaneado pelo palhaço Véio Quiabo, interpretado por Alceu Valença. Espectadores e atores não sabem ao certo se sangue, teatro e cangaço são reais ou imaginários. Nos versos do cordel, Lampião avisa: “Pela luneta do tempo, eu serei ressuscitado”. Em algum lugar do paraíso, Virgulino e Maria Bonita celebram a vida.

Confira filmes da mostra

LONGAS BRASILEIROS
A Despedida, de Marcelo Galvão (SP)
A Estrada 47, de Vicente Ferraz (RJ)
A Luneta do Tempo, de Alceu Valença (RJ)
Esse Viver Ninguém Me Tira, de Caco Ciocler (DF)
Infância, de Domingos Oliveira (RJ)
O Segredo dos Diamantes, de Helvécio Ratton (MG)
Os Senhores da Guerra, de Tabajara Ruas (RS)
Sinfonia da Necrópole, de Juliana Rojas (SP)

Fonte: Jornal Tribuna do Norte RN.
Enviado pelo pesquisador do cangaço Antonio Ferreira da Silva Neto

(Neto) Natal-RN

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Lampião, o cangaceiro capitão


Sinopse:

A trajetória de Virgulino Ferreira, o Lampião.

A infância, a morte dos pais assassinados pelos macacos (policiais), a entrada no cangaço, o contato com os outros cangaceiros, os principais combates. A fé em Deus, em Padim Padi Cíço, o amor por Maria Bonita, o nascimento da filha Expedita Ferreira, a morte dos seus irmãos e de outros cangaceiros. As alegrias e tristezas vividas no sertão nordestino.

Sobre o ator - Rodrigo Jundiá

Em meio a uma realidade nada fácil. Onde sonhos são vistos apenas em filmes.

Eis que foi inserida uma semente em um menino pobre, quando ainda criança não tinha sonhos para nada, nem esperança.

Foi no teatro, que o ator Rodrigo Jundiá mudou a sua historia para melhor, quebrou barreiras à timidez, os seus medos que o mundo, que as pessoas o fizeram ter delas.

Foi plantado um desejo de ser ator, um desejo de levar a felicidade através da arte onde sua missão é mostrar aos jovens e adultos que você se reencontrando nos seus sonhos você será plenamente feliz.

Sobre o texto

Por que Lampião?!

Quando se trata de citar e ou encenar a respeito de uma figura seja ela pública ou não, herói ou bandido há um pré-julgamento!

Muitos ficam na superficialidade e não procura conhecer o que motivou o “herói ou o bandido” a se tornar o que se tornou. É preciso deixar o prejulgamento, ampliar nossos conhecimentos, sei que cada um tem a sua verdade, porem a minha função como artista é simplesmente trazer a tona uma parte da historia sem fazer qualquer tipo de julgamento. Fazendo com que cada um dos espectadores se tornem pensadores e então busquem na historia suas próprias verdades. Escolhemos sim; Lampião, por ser uma figura polêmica que levanta a bandeira para muitos de herói e para outros de bandido, o Robin Hood do sertão nordestino. É claro, e eu tenho plena consciência de que em 45 minutos não há maneira de contar tudo que aconteceu a Lampião, e aos seus, o que levou 20 anos. Mas, há sim uma maneira de manter viva essa historia, através do espetáculo: Lampião, o cangaceiro capitão, o qual faz parte do Nordeste, que faz parte do nosso Brasil.

Por: Rodrigo Jundiá.

Em meio ao cenário construído pelo Ator, com: cerca, cabeça de boi. No cenário há um baú que trava uma cumplicidade maior com o ator e com a plateia. Dele saem algumas cenas tornando-as lúdicas e muito teatrais. O qual transforma o espetáculo e aproxima o publico do que há de universal em Lampião, sem romantizar o cangaceiro, nem condená-lo, mas entender; Seus motivos diante do abandono das leis de uma nação.

Com pesquisa iniciada em 2006, buscamos a cada experiência nas apresentações e nos debates adquirir material para aperfeiçoar o espetáculo.

Te espero!
Rodrigo Jundiá

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“A TRIBUNA” – 16/06/1931 LAMPIÃO E AS INFORMAÇÕES DO CORONEL ANTONIO FRANCO


Observações feitas pelo coronel Antônio do Prado Franco (irmão do ex-governador Augusto do Prado Franco), sobre a presença funesta de Lampião em Sergipe, vistas, por este diário sergipano, já extinto, como direcionadas ao ex-presidente do Estado, Manoel Correia Dantas, e devidamente contestadas.

O coronel Antonio Franco, atualmente no Rio de Janeiro, forneceu ao “Diário de Notícias” uma fotografia do grupo sinistro de Lampião, acompanhada de informes bastante exagerados.

Da leitura do jornal carioca, tiramos a conclusão de que o coronel Franco visou, exclusivamente, atingir o governo Manoel Dantas, tornando-o culpado pelas incursões do bandido, no território sergipano. E, para isso, não teve a menor cerimônia de torcer a verdade dos fatos, adulterando-os de uma maneira irritante.

O coronel, autor do famoso telegrama, informou ao “Diário de Notícias” que Lampião entrou sozinho na cidade de Capela, “deixando acampada nos arredores a sua cabroeira.”

Não é verdade.

Lampião invadiu inesperadamente aquela cidade acompanhado por todos os seus asseclas e não foi “apresentado às famílias capelenses”, como informou o coronel Franco.


Também não é verdade que o honrado intendente de Capela, àquela época, tenha feito discursos “dando conta à numerosa assistência do tributo estabelecido por Lampião”.

E o exagero do coronel Antonio Franco deu até para dizer que o terrível bandoleiro, “cansado das incursões pelos ambientes familiares”, depois de “comunicar-se pelo telefone com o governador Manoel Dantas, fazendo-lhe uma ameaça insultuosíssima, retirou-se tranquilamente”.


Lampião não conseguiu, de maneira alguma, comunicar-se, nem pelo telégrafo, nem pelo telefone, pois as comunicações foram todas interceptadas imediatamente pelas autoridades dos lugares vizinhos, a não ser que o facínora tenha conseguido falar com o Engenho Central, onde reside o coronel Antônio Franco, e com quem sempre manteve amistosa correspondência.

O que é sabido em Sergipe é que Lampião vive apadrinhado pelos ricaços da terra, pois se aponta as fazendas por ele respeitadas e dentre elas estão as do coronel Antonio Franco, onde Lampião passa e recebe as homenagens da melhor camaradagem.

O governo passado perseguiu o grupo facinoroso, combateu com toda eficiência o banditismo, acabando com os criminosos que viviam guardados por poderosos capitalistas nas margens do São Francisco, nas terras de Riachuelo e etc...

Não tem dúvida que o coronel Antonio Franco tem sido infeliz na sua viagem... 

Fonte: facebook

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LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS

Autor José Bezerra Lima Irmão

Este livro contém: 736: Páginas
Tamanho: 28 centímetros.
Largura: 20,5 centímetros.
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Tel.: (79)9878-5445 - (79)8814-8345
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É fantástica esta obra. Eu estou lendo e vale a pena você adquiri-la. É o rei Lampião com todos os seus ingredientes

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A Sedição, Zé Pinheiro e Floro...

 Por José Mauricio Machado Lima
Raimundo de Oliveira Borges

Esta é uma história que Raimundo de Oliveira Borges (Tio Mundinho), conta, numa das dezenas e dezenas de livros que escreveu; este chamado “O Padre Cícero e a Educação em Juazeiro”, ABC Editora, 2004. O cenário era a revolução de 1914, assim sumariamente descrita, conforme aconteceu na região do Cariri, situada no sul do Ceará, fazendo fronteira com o noroeste de Pernambuco: 

“Em 4 de outubro de 1911, Padre Cícero e outros dezesseis líderes políticos da região firmaram um acordo de cooperação entre si e apoio ao governador Antônio Pinto Nogueira Accioli. Tal evento ficou conhecido como Pacto dos Coronéis e representa um marco na história do coronelismo brasileiro.

No ano seguinte, o então presidente da República Hermes da Fonseca depôs o governador Nogueira Accioli e nomeou o coronel Marcos Franco Rabelo como interventor do Ceará. Houve eleição apenas para vice-governador onde o Padre Cícero foi o escolhido. Depois de assumir o posto, Franco Rabelo rompe com o Partido Republicano Conservador (PRC) e passa a perseguir Padre Cícero, chegando a destituí-lo da prefeitura de Juazeiro e a mandar um batalhão da Polícia estadual prender o padre. Então, o médico Floro Bartolomeu (braço direito do padre) reuniu jagunços e romeiros para proteger Padre Cícero. Em apenas uma semana, os romeiros cavaram um valado de nove quilômetros de extensão cercando toda a cidade e ergueram uma muralha de pedra na colina do Horto; a fortificação recebeu o nome de "Círculo da Mãe de Deus". O batalhão, ao ver que seria impossível romper o círculo, recuou e pediu reforços.

 
Franco Rabelo

Um contingente muito maior foi enviado a Juazeiro, levando consigo um canhão para derrubar a muralha que protegia a cidade, porém, o canhão falhou e os romeiros armados apenas com algumas espingardas, facas, foices e muita fé venceram os invasores. O canhão foi tomado e está exposto até hoje no "Memorial Padre Cícero". Floro Bartolomeu consegue então o apoio do Presidente Hermes da Fonseca e do Senador Pinheiro Machado, e parte para Fortaleza com o intuito de derrubar o governador. No caminho, os romeiros tomam o poder no Crato, Barbalha, Estação Afonso Pena (próxima a Iguatu), Messejana, Maracanaú e Maranguape, fechando todas as entradas da capital, enquanto uma esquadrilha da Marinha de Guerra capitaneada pelo Cruzador Barroso impõe um bloqueio marítimo à cidade. Franco Rabelo é deposto e eleições são convocadas, onde Benjamim Liberato Barroso é eleito governador e Padre Cícero mais uma vez eleito vice. Vitoriosos, os romeiros retornam a Juazeiro desarmados e desocupam as cidades tomadas durante a sedição.”

Agora, eu: No resumo, dois grupos disputaram o poder: o de Franco Rabello e o de Floro Bartolomeu, que seguia apoiando o Padre Cícero. E Franco Rabello perdeu, assumindo o controle político o Floro Bartolomeu. A minha família, que morava em São Pedro do Caririaçu (hoje apenas Caririaçu), cidade serrana situada acima de Juazeiro do Norte, era toda rabelista, cujo insucesso a condenou ao ostracismo e determinou perseguições por parte dos jagunços contratados pelo Floro Bartolomeu, dentre os quais se incluíam, mais tarde, alguns elementos do bando de Virgulino Lampião, que adentrou no cangaço a partir de 1919. Essa nossa história aconteceu cerca de 1913 e é narrada pelo Tio Mundinho, em seu livro já citado. Um dos cangaceiros, jagunço violento, era José Pinheiro, mau como o diabo pode ser. Naquela ocasião (1914) ele, indo do Crato para Lavras,

Padre Cícero e Floro Bartolomeu (Museu Vivo - Horto, Juazeiro)


“três léguas abaixo de Caririaçu, ribeira do Riacho do Rosário, no Serrote, teve um desentendimento com a mulher que lhe servia de companheira e a enterrou, dizia-se, viva, quase à beira do caminho, um pouco para dentro do mato. Desapareceu. Dias depois, vaqueiros ou caçadores que ali andavam, sentiram mau cheiro e, notando urubus pousados em árvores próximas, para lá se dirigiram, encontrando a sepultura meio aberta e o cadáver já em parte destruído pelos animais. As diligências e investigações levadas a efeito pela polícia conseguiram identificar sem maior tardança o criminoso.

Descoberto seu paradeiro, ele foi preso e recolhido à cadeia de São Pedro (Caririaçu) e enviado depois para a do Crato, por medida de segurança. Meu pai (Clemente Ferreira Borges) há esse tempo, exercia ali, no testemunho de meus familiares, as funções de juiz suplente, leigo. Foi justamente nessa qualidade que se dirigiu ele à cadeia local para conhecer de perto o criminoso, tendo exprobado, na ocasião o facínora pelo seu bárbaro procedimento, matando indefesa mulher, sem motivo justo. Não seria preciso mais para que a fera em forma humana que era José Pinheiro guardasse na memória a atitude de meu pai, aguardando, qual cascavel, o momento azado para um dostorço pessoal.

Jagunços com Floro Bartolomeu (Arquivo Renato Casimiro)

Com a derrota das forças legalistas nos ataques à cidade dos insurretos e a invasão em seguida do Crato e de outras cidades da região pelas hordas desenfreadas, abriram-se as portas das prisões, pondo-se consequentemente, em liberdade, todos os sentenciados que passaram, então, a engrossar as fileiras dos rebeldes. Contava-se nesse número o famigerado José Pinheiro, a quem foi confiada a chefia de um grupo, dada a sua valentia e a energia de que era dotado para o comando dos capangas como ele afeitos à criminalidade."

"A Vila de São Pedro (hoje Caririaçu) amanheceu num claro dia de domingo repleta de cangaceiros sob suas ordens. Precisamente à hora da missa, meu pai, incautamente, dirigia-se para a igreja, quando, ao penetrar na praça, foi chamado pelo truculento chefe que bebia cachaça com seus cabras numa bodega da esquina. Pressentindo que iria ser agredido, respondeu que poderia servir-se na mercearia com seu grupo do que quisesse, que depois da missa pagaria a despesa. Não foi, porém, atendido e a sua presença foi imposta sob ameaça de morte com os rifles apontados em posição de descarga. Disposto ao sacrifício, meu pai penetrou, cabisbaixo, no estabelecimento e fez-se logo em torno dele um círculo de malfeitores, cada qual mais sedento de sangue e de rapina. 

José Pinheiro puxou do bolso um maço de bigodes e disse em rictus de fera satisfeita que aquilo era o troféu, a lembrança que trazia dos chefes rabelistas (partidários de Franco Rabelo, correligionários da minha família) encontrada no caminho de Fortaleza e que os bigodes de meu pai iriam também para ali, dentro em pouco. Começou o martírio. Humilhações, ameaças com exibição de armas, a toda sorte de angústia foi submetido o velho. A certa altura José Pinheiro sacou de um afiado e comprido punhal e ia vibra-lo certeiro, quando meu irmão José de Oliveira Borges interveio corajosa e oportunamente, rogando ao algoz que não matasse o pai, conseguindo assim, demover o monstro no lance extremo de consumar o seu funesto intento. 

Caririaçu, no cariri do Ceará

José Borges tinha a esse tempo cerca de 14 anos de idade mas já era manifesto seu cuidado; e o cangaceiro parece que sentiu aquela autoridade e refugou, naquele momento, aguardando os novos acontecimentos. O Padre Augusto Barbosa de Menezes, vigário daquela freguesia, celebrava, no momento, a missa dominical. Toda a família, em prantos, sentindo iminente a morte do chefe da família querido, corria para a igreja pedindo socorro ao celebrante. Este, sem mais delonga, partiu apressadamente para o local da cena triste, arrancou meu pai das garras do criminoso e o conduziu são e salvo para sua residência, conservando-o ali sob a sua guarda até quando o perigoso bandido abandonou a vila sobressaltada.

Adversário politico de minha família, chefe local do partido marreta (designação dada a antigo partido político do Ceará), prefeito do município mais de uma vez, e correligionário decidido do Padre Cícero, junto ao qual gozava de absoluta confiança, o Padre Augusto, não obstante, era antes de tudo amigo de seus paroquianos, com a particularidade, no caso, de ser compadre de meu pai, padrinho de batizado que era de minha irmã Rosinha".

"O facínora José Pinheiro pagou caro as atrocidades que praticou. Teve fim trágico, horripilante. Aumentara o seu rosário de crimes matando, em Juazeiro, em pleno dia, Quintino Feitosa, cercando-lhe a casa com seu famigerado grupo de bandidos. Quintino resistiu horas ao nutrido tiroteio, mas, sem mais munição, teve a casa invadida pelo grupo. José Pinheiro abateu-o a punhaladas, decepou-lhe o bigode (seria mais um sinistro troféu), espremeu-o num copo de cachaça e sorveu a bebida asquerosa a longos tragos.

Alguns anos depois transferiu a residência para o Estado de Alagoas. Lá moravam alguns parentes de Quintino. Localizaram o criminoso, mataram-no e o esfolaram como se fosse um bode. A cena é descrita assim pelo historiador Joaryvar Macedo: 

´Pavorosa e horripilante a morte de Zé Pinheiro, uma das mais temíveis feras que produziram os nossos sertões. Vítimas de sua perversidade crucificaram-no numa catingueira e o esfolaram vivo, em Alagoas´. (In Irineu Pinheiro – O Juazeiro do Padre Cícero e a Revolução de 1914, pág. 145 e o Império do Bacamarte, mesmo autor, pág. 172). “.

Floro Bartolomeu e Padre Cícero

Meus amigos, eu sei que o texto ficou longo, mas eu achei muito interessante essa história contada por uma – digamos – testemunha ocular da história. O Tio Mundinho, com seu estilo todo característico, é sempre uma figura muito bem lembrada por toda a família, como exemplo de pessoa que fez da sua vida o melhor que poderia fazer. Ele era meu tio-avô. E essa passagem serve para ilustrar bem como era a vida no alvorecer do século XX, lá na região de origem da minha família. 

Os fatos da vida, naquela época, eram por demais dramáticos, muitas vezes. Tal era o peso da dramaticidade que minha bisavó, a velha Mãe-Dois, dona Maria Machado, sogra do meu avô, vivia com a memória dos sobressaltos vividos naquela época de política perigosa. Por volta de 1960, vindo do Crato para o Rio de Janeiro a passeio, ela fez questão de ir ao Cemitério de São João Batista, em Botafogo, onde está enterrado aquele Deputado Floro Bartolomeu, braço direito do Padim Ciço, inimigo político de minha família e causa dos terrores por lá vividos pelos meus parentes e disse, na beira do seu túmulo:

´Ah, seu cabra, eu vim ver se você estaria mesmo aí...´ e cuspiu no chão, junto ao túmulo...

José Mauricio Machado Lima
Fonte:http://www.cofamep76.med.br/index.php?pg=artigos2&id=24

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