Seguidores

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

CASSIMIRO HONÓRIO DA SILVA AS TRÊS FASES DO CANGAÇO

Por Leonardo Ferraz Gominho (*)

Crimes e criminosos no Sertão nordestino são encontrados em todas as épocas, a partir do momento em que se iniciou a ocupação de suas terras. O cangaço, entretanto, foi iniciado na primeira metade do século passado, estendendo-se até o atual e constituindo-se numa ameaça constante, notadamente nas regiões assoladas pela seca. Aí foram identificadas três fases, cada uma com características próprias, embora por vezes superpondo-se umas às outras.

A primeira fase do cangaceirismo se caracterizou pela luta contra os índios, quando os brancos procuraram de toda forma manter o território conquistado àqueles, pelas armas. Os indivíduos eram arrolados por um fazendeiro ou criador para defender suas propriedades das ameaças ou dos assaltos perpetrados por nativos. Ou mesmo para expulsar ou exterminar os índios. Assim, já em 1834 se falava dos cangaceiros que se constituíam em grupos de homens armados que, protegidos, municiados e assalariados por seus patronos, davam caça aos Minaús e Chocós, havendo lado a lado lutas duradouras e sangrentas. Essa fase se estendeu até o ano de 1844, aproximadamente, e os cangaceiros apresentavam-se de chapéu de couro, clavinotes, cartucheiras de pele de onça pintada e longas facas enterçadas, batendo na coxa.

A segunda fase é caracterizada pelo indivíduo fazendo parte do bando de um fazendeiro - de quem é amigo, parente, afilhado ou compadre - empenhado em agredir ou se defender de outro fazendeiro, seu inimigo. São homens de responsabilidade e de famílias importantes; são fazendeiros, criadores e doutores que, por qualquer rixa com outras famílias ou vizinhos, organizam o cangaço nessa fase; são pessoas violentas, armadas com o fim de intimidar ou exterminar os contendores na primeira ocasião, sempre movidos por motivos quase sempre considerados justos, à luz da época.

Na terceira fase, por fim, surgem bandos independentes dos mandões locais e que acabam por se lhes impor como uma terceira força. Sua primeira grande estrela foi Antônio Silvino, que iniciou sua atuação em 1906, tendo sido preso em 1914 pelo alferes Theóphanes Ferraz Torres (v. capítulo), seguindo-se Lampião (de 1920 a 1938) e Corisco, morto em 1940. É a fase do banditismo desenfreado, ladravaz, dos assaltos e crimes que tanto revoltaram o Sertão.

Cassimiro Honório da Silva foi um verdadeiro representante do cangaceirismo da segunda fase. Nascido na região do Riacho do Navio, foi valentão afamado, não só na ribeira citada como também em todo o vale do Pajeú e Moxotó, durante a última década do século passado e nas duas primeiras do atual. Sustentou questões com inimigos de renome como José de Souza - outra figura lendária daquela região - e o próprio Antônio Silvino.

Como se disse, à luz da época os cangaceiros da segunda fase, como o foi Cassimiro Honório, quase sempre tinham motivos considerados justos nos conflitos em que se envolviam. “Honório, inclusive, era “chefe de polícia” e “juiz de Direito” em suas terras”. Não era, portanto, o cangaceiro por excelência, que na linguagem popular está associado ao da terceira fase. Seu nome, ao lado de um Basílio Quidute de Souza Ferraz, José de Souza, Joaquim Manuel Frazão, Adolfo Meia Noite, Cipriano de Queiroz ou Simplício Pereira da Silva, se inscreve na crônica da melhor tradição dos valentões românticos que, segundo Henry Koster, enganchavam a granadeira e, viajando léguas e léguas, iam desafrontar um amigo, parente ou mesmo estranho que tivesse algum constrangimento ou humilhação.

Esses cangaceiros eram homens de todos os níveis, cujo serviço consistia em procurar oportunidade para lutar. Freqüentavam as festas e feiras e seus desejos eram tornar-se tão célebres pela coragem que bastasse saber de sua presença para amedrontar as pessoas que intentassem promover brigas. Consideravam-se com o privilégio de vingar as injúrias próprias e dos amigos, não permitindo que houvesse barulho em que eles não fossem interessados.

Assim era Cassimiro Honório. Fazendeiro, dono das fazendas Riacho do Meio e Santo Amaro, situadas a cerca de 80 quilômetros de Floresta, criava gado bovino, caprino, lanígero e cavalar. Apesar de ter se constituído no principal chefe de cangaceiros da região do Riacho do Navio e de ser conhecido por suas atitudes fortes e mesmo temíveis, era um homem trabalhador e honesto, respeitado e admirado pela sua valentia. Diversas pessoas o tomaram como vaqueiro, sendo uma delas o padre Antônio Manoel de Castilho Brandão (mais tarde bispo de Maceió), quando foi vigário de Floresta, lá pelos idos de 1879, quando Honório ainda não se iniciara no convívio com as armas.

De aparência física comum e insignificante, era branco, de mediana estatura, ventre proeminente, vestido de modo desajeitado, “não dava a impressão de ser uma pessoa envolvida em pelejas mortais”.

O assassinato do tenente Frederico

Em 1900, quando a fama de Cassimiro já se estendia por toda aquela região, aconteceu um fato que ficaria por muito tempo na memória dos florestanos e do povo das redondezas. Depois de acabar com os criminosos de Alagoa de Baixo (Sertânia), o tenente Joaquim Frederico Soares foi despachado pelo Governo para o município de Floresta, onde uma limpeza se fazia necessária, especialmente na ribeira do Navio e Serra Negra, locais infestados de criminosos.

Ângelo José de Souza (JSF, Tn 191), ou simplesmente Ângelo Umbuzeiro (nome que parece ter adotado, transmitindo aos seus descendentes), foi um homem de força extraordinária, verdadeiro campeão na queda-de-braço. Já octogenário, patriarca na ribeira famosa, fora célebre nos seus melhores tempos. Tinha uma sobrinha (dona Biluca) casada com Cassimiro Honório. 

À frente de uma volante e desejando prender Cassimiro Honório, o tenente Frederico prendeu e conduziu por alguns dias o velho Ângelo. Ameaçou-o e em seguida mandou espancá-lo barbaramente, mais de uma vez, totalizando a humilhação em 100 pancadas dos velhos facões, como era o costume na época, batendo-se nas costas e no peito, conforme contou mais tarde o paciente e forte sertanejo.

O velho Ângelo, entretanto, dizia apenas que o tenente fosse com sua força até a fazenda Santo Amaro, de propriedade do procurado, e lá, ou em suas imediações, poderia encontrá-lo. Entregá-lo, porém, não o faria. E assim o tenente resolveu soltá-lo, voltando para Floresta.

Decorridos alguns dias, Frederico retornou ao alto Navio, onde a família do velho Ângelo já premeditara a vingança. Tendo à frente um genro do velho - Francisco Lourenço de Menezes (MOM, B 45), conhecido por Francisquinho Gomes -, morador na fazenda Caiçara , um grupo de dez homens passou a seguir a volante pela caatinga. Era o dia 17 de fevereiro de 1900. Quando o tenente passava com sua força, a cavalo, nos serrotes do São Brás, um irmão de Francisquinho, hábil atirador, de nome Ernesto Gomes de Menezes (MOM, B 46), alvejou-o na cabeça, prostrando-o por terra.

Constava que Frederico (que foi enterrado no cemitério da fazenda São Brás) usava um colete de aço e, por isso, Ernesto procurou atingir um ponto vulnerável. Mas, depois, dizia ter errado o tiro, pelo que ia quebrar a “riúna”, pois havia feito alvo o orifício auricular e a bala cravara-se um pouco acima, no pavilhão da orelha...
 Essas dez pessoas foram julgadas em Floresta, sendo todas absolvidas.

Mais tarde, em 1947, com a mesma arma, um neto de Francisquinho abateu Cláudio Ferraz, naquela mesma zona do Riacho do Navio, numa questão que por algum tempo se envolveram membros das famílias Ferraz e Menezes (v. Antônio Ferraz de Souza).

Fugindo do capitão João Nunes

Quando procurado pela polícia, Cassimiro embrenhava-se nas caatingas secas e desabitadas, situadas entre o Riacho do Navio e o Moxotó. Era um local que poucos se dispunham a enfrentar, face à escassez de água e à presença de áspera vegetação. Honório, entretanto, acostumara-se àquela vida. Sabia onde encontrar água: utilizava as raízes tuberosas de umbuzeiros, que retinham líquido; acendia fogueiras sobre rochas que, “sob a ação do calor, fissuravam em alguns pontos; com um pedaço de ferro escavava e alargava as partes enfraquecidas; as chuvas preenchiam os espaços, formando-se um poço impermeável”.

Assim faziam os habitantes do Sertão, quando não dispunham, como hoje, dos caminhões pipa. É daquela época um poço existente no sopé da Serra do Periquito, em Floresta, o qual abastece os agricultores durante os cruciantes meses de verão e é conhecido como “o açude de Cassimiro Honório”.

Cassimiro era de uma inteligência e sagacidade impressionantes. E também de sorte. Marilourdes Ferraz nos dá um bom exemplo. Diz ela que o coronel João Nunes, que foi Comandante da Força Pública de Pernambuco, “costumava recordar com um sorriso de como tinha sido ludibriado por ele em seus primeiros anos de oficialato, quando não estava habituado às táticas usadas pelos chefes de bando. Tentando prender o famoso cangaceiro, percorria a ribeira do Navio, quando obteve a informação: Cassimiro Honório se encontrava numa casa das redondezas. Ao se aproximar do local indicado, encontrou um senhor de aspecto físico decadente, em trajes de vaqueiro e montado a cavalo. Abordou-o e indagou do paradeiro de Cassimiro. A resposta veio tranqüila:
 - Ficou naquela casa.
Agradecendo a esse senhor, que logo desapareceu de vista, o oficial se dirigiu à casa; só encontrou ali uma senhora, a quem formulou nova pergunta sobre o paradeiro do procurado. Recebeu atônito a resposta:
 - Foi aquele homem com quem o senhor falou agora mesmo lá fora!
Era assim o famoso Cassimiro Honório: simples, astuto, de sangue frio e presença de espírito. O rifle, levava-o sempre na gualdrapa, sob a sela do cavalo.

O semanário diocesano e florestano “Alto Sertão”, em sua edição de 18 de novembro de 1916, traz outra notícia envolvendo João Nunes e Cassimiro: “O célebre criminoso do Navio, riacho deste município, Cassimiro Honório por um triz não foi preso esta semana passada pela força do capitão João Nunes. Ao passar o capitão João Nunes pela fazenda Rancho dos Homens, mandou alguns soldados em pesquisa na casa; ora, justamente ali estava Cassimiro que avisado da aproximação dos soldados fugiu com mais dois companheiros a toda brida; chegados a casa com algumas ameaças os soldados conseguiram saber que era Cassimiro Honório que corria e no qual eles haviam dado alguns tiros sem pontaria”.
  
 Capitão João Nunes

Cassimiro Honório x José de Souza

Entre os anos de 1912 e 1914, José de Souza (descendente de Manoel de Souza Ferraz - JSF, N 2) mantinha seu grupo de cangaceiros na ribeira do riacho São Domingos, onde tinha sua propriedade do mesmo nome, no município de Floresta.

Cassimiro Honório tinha uma filha, de nome Melania. José de Souza, impulsivo e destemido, e ressentido pela proibição imposta por Cassimiro ao namoro que pretendia desenvolver com a moça, sob a alegação de que era jogador inveterado, prontamente raptou a jovem, levando-a para a fazenda de um membro da família Carvalho, seu protetor.

Para reavê-la, Cassimiro travou combates violentos com José de Souza, iniciando-se a rivalidade e o ódio mortal entre os dois. As lutas em que se engalfinharam despertaram pavor e admiração nos habitantes do Pajeú e do Navio. Após retomá-la, Cassimiro foi atacado em sua fazenda, cercado por José de Souza que, acompanhado de muitos homens em armas, pretendia levar Melania pela força. Honório conseguiu fazê-lo recuar.

Certa vez, durante a madrugada, ao pressentir que o inimigo havia cercado sua casa e esperava as primeiras luzes para atacar, Cassimiro não deu mostras de estar abalado. Chamando sua mulher, pediu que lhe trouxesse o café e em seguida saísse calmamente, em companhia de outra senhora, ambas com potes na cabeça, fingindo dirigir-se ao poço para pegar água. Dali deveriam seguir o mais rápido possível para a fazenda Juá, onde pediriam reforços ao compadre Marcula, membro do grupo de Cassimiro.

“José de Souza caiu facilmente no engodo”, conta Marilourdes Ferraz (“O Canto do Acauã”). “As mulheres já haviam alcançado a fazenda Juá quando o tiroteio se iniciou; o fiel Marcula se demorou apenas o tempo estritamente necessário para reunir uma tropa de socorro”.

Os atacantes puseram fogo na latada da casa de Cassimiro. Sentindo-se em vantagem, José de Souza gritou para um de seus cabras:
 - Vamos lá dentro, Calango!
 A frase atrevida fez Cassimiro responder com outra ainda mais petulante e original:
 - Tu és besta, moleque! Aqui não entra teiú, quanto mais calango!
E José de Souza, o “Moleque”, como o chamava o “Jegue Velho” Cassimiro, teve de se retirar, como tantas outras vezes, ao ver os reforços chegarem.

O velho navieiro, entretanto, sabia dar valor a quem o tinha, mesmo que adversário rancoroso. Ao fim de sua luta com José de Souza, chegou a dizer que se soubesse que o “Moleque” era um homem tão valente como havia demonstrado em combate, teria permitido seu casamento com Melania “para ver os filhos que sairiam”.

O relacionamento com a família Ferraz

Naqueles tempos, Cassimiro mantinha com Antônio Ferraz de Souza (v. capítulo) um relacionamento de respeito e confiança. Homem de muitos inimigos, precisava ser prevenido. Quando o líder político queria conversar com ele, pedia para Ferraz seguir por uma determinada estrada. Num ponto qualquer, do conhecimento apenas do fazendeiro-cangaceiro, aparecer-lhe-ia. E, de fato, num trecho qualquer, ouvia-se a voz:
- Estou aqui, seu Tonho Ferraz.
Cassimiro dizia jamais ter armas para atirar num Ferraz. Antônio Serafim de Souza Ferraz (Antônio Boiadeiro), entretanto, entrou em desavenças com um seu irmão, José Honório, devido a questões em que se envolveram as mulheres de Antônio Boiadeiro e de José. Elas tinham até laços de parentesco. Tonho Boiadeiro chegou mesmo a juntar parentes e cabras em sua fazenda Mari, quando matou uma série de bois para alimentação do pessoal. Sem qualquer resultado e sem o maior empenho, esse grupo, por diversas vezes, foi mandado em busca de José Honório que, por fim, resolveu retirar-se para uma propriedade perto de Ibimirim, encerrando-se a questão (v. Antônio Serafim de Souza Ferraz). Em todos esses momentos, Cassimiro procurou defender o irmão, ao tempo em que procurava uma forma de acabar a questão. Aliviou-se quando o mano se retirou da região.

Cassimiro Honório x Lampião

 Em 1920, Virgulino Ferreira, em companhia de Antônio Matilde, retornou de Alagoas e dirigiu-se à Serra Vermelha com o propósito de hostilizar seu velho inimigo José Saturnino e membros da família Nogueira. “Carente de recursos para enfrentar o grupo, que lhe vinha acarretando mais danos que todos os anos de seca por si enfrentados, Saturnino finalmente recorreu a um experiente lutador: seu parente Cassimiro Honório” (segundo depoimento de Sinhô Pereira a Nertan Macedo - “Sinhô Pereira, o Comandante de Lampião” -, Cassimiro era tio de José Saturnino). “O idoso cangaceiro já estava com a fama em declínio depois de uma longa carreira, mas atendeu ao apelo e logo reuniu um grupo de homens aguerridos e fiéis”.

 O sobrinho José Saturnino

Antônio Matilde era seu compadre e Cassimiro sentiu combater o velho companheiro de lutas. Juntos haviam enfrentado o grupo de José de Souza. Mas, inteirado dos últimos acontecimentos e convidado para almoçar, respondeu:
- “Não, hoje eu quero é almoçar bala com compadre Antônio Matilde!”
Os “cabras” de Lampião e de Antônio Matilde haviam tomado os bebedouros do Tabuleiro e da Lagoa da Laje, situados entre o Pajeú e a ribeira do São Domingos, provocando a morte de considerável parcela de gado de José Saturnino e de sua família.

“Chegando à aguada do açude do Tabuleiro, não encontraram bandidos e resolveram ficar à espera, instalando piquetes. Mas as horas se passavam e os grupos não apareciam. O experimentado Honório indagou de José Saturnino:
 - José, só há essa aguada?
 - Não, tem outra que é na Lagoa da Laje. 
 - Pois então vamos ocupá-la, se é que os inimigos já não o fizeram!”
Ali chegando, encontraram nas proximidades dois cangaceiros abatendo uma cabeça de gado para provisão do bando. Surgindo um terceiro, foi capturado por Cassimiro, a quem revelou os planos do chefe, acampado na Mata do Pato, a seis quilômetros da vila de São Francisco.

“Os dois homens que haviam abatido o animal foram emboscados: um deles, Higino, foi mortalmente ferido, e o outro conseguiu fugir ileso (Honório e Saturnino haviam disparado contra o mesmo alvo).

Cassimiro Honório sabia que em pouco tempo Lampião e Matilde apareceriam. Distribuiu seus homens em pontos estrategicamente vantajosos para emboscada e rumou com parte do seu grupo para um serrote, posição à retaguarda que seus inimigos fatalmente tentariam ocupar. Suas previsões foram confirmadas. Os cangaceiros vieram diretamente para a elevação e foram apanhados em perigosa armadilha; alguns foram gravemente feridos, inclusive Antônio Matilde, mas a maioria procurou se abrigar para responder ao ataque.

Nesse combate, o velho Cassimiro deu uma demonstração da inteligência tática que tanto influenciou aos cangaceiros novos da região. Pequena parte de sua tropa ficara isolada em local perigoso e, para livrá-la dessa situação, ateou fogo ao capim, levantando cortina de fumaça que permitiu a seus homens evacuação segura do sítio desvantajoso”.

Ainda lutaram por muito tempo, até que Virgulino se retirou.

“Esse foi o último combate de que participou o veterano Cassimiro Honório. Nele havia demonstrado uma parcela da notável capacidade que lhe proporcionou a sobrevivência por muitos anos de lutas sem nunca necessitar se retirar da região do Navio”.

Ali continuou até morrer, em 1921, em cima de uma cama, como talvez jamais esperasse face à vida que levou. Correndo no campo, uma ponta de pau perfurou-lhe a barriga, causando-lhe a morte em pouco tempo. Permanecera naquela vida das armas por longos 25 anos, pois nela se iniciara em 1896.

Nas suas lutas, foram “seus principais companheiros: Marculino do Juá, o Marcula; Ângelo Carquejo, o Anjo Novo; José e João Davi, os Rajados; João Branco; Vicente Moreira; Cirilo Antão; Joaquim Cariri, seu genro; Pedro Fernandes; Elpídio Freire; Clementino Cordeiro de Morais; Antônio Matilde e Antônio Pereira dos Santos”.

Melania, sua filha, casou-se com Joaquim Cariri de Lima e deixou dez filhos: Joaquim Gomes Lima, Cassimiro Honório Lima (residia na mesma casa em que viveu o avô), Eulina, Lídia, Nazília, Constança, Inácia, Venâncio Gomes Lima (v. Antônio Ferraz de Souza), Manoel Gomes Lima (Nozinho) e José Gomes de Lima (o sargento Zuza).

Zuza, assassinado em Tacaratu - como o foram outros netos de Cassimiro -, era casado com Teonila Lopes Ferraz e foi o pai de Sebastião Gomes Lima (Sé, casado em Floresta com Nina) e de Elso Gomes Lima, além de José, Maria (casada com o primo Osmar), Melania e de Mirian Gomes Lima.

*Extraído do seu livro livro "Floresta, uma Terra - um Povo". 11ª parte.

http://lampiaoaceso.blogspot.com/search/label/Cassimiro%20Hon%C3%B3rio%20do%20Navio

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

RADINHO DE PILHA

*Rangel Alves da Costa

“Boa tarde queridos ouvintes, boa tarde amigos e amigas que neste momento sintonizam esta emissora. Boa tarde você da cidade e do campo, do asfalto e de debaixo do pé da jaqueira. Boa tarde Seu José, Seu João, Dona Maria, Filomena e Zefinha, boa tarde a todos que agora estão na varanda da casa, no alpendre da fazenda, descansando dos afazeres do dia num velho banco de sítio. Lenha no fogão, café na chaleira, lá fora as belezas do entardecer, e ao ouvindo o radinho de pilha. Boa tarde a todos, pois está no ar o programa que chega até você como um proseado de amigo...”.
Mais ou menos assim que se iniciavam os programas sertanejos preferidos pelos ouvintes dos radinhos de pilha. Famoso o programa Crepúsculo Sertanejo, magistralmente comandado durante muitos anos pelo saudoso Manoel Silva. Hoje rarearam os programas assim, restando alguns somente nas emissoras interioranas. Lembro-me bem do programa que meu pai Alcino Alves Costa comandava nas tardes de sábado pela Rádio Xingó de Canindé do São Francisco. O Sertão, Viola e Amor fez história nos sertões sergipanos, principalmente pelo fato de ser um verdadeiro diálogo com o humilde homem da terra.
Tais programas ainda causam verdadeiro encantamento perante os sertanejos. Nas distâncias do mundo-sertão, nos arredores da cidade, depois das porteiras e cancelas, rente aos tufos de matos e catingueiras, muitos são os sertanejos que continuam apaixonados pelos programas radiofônicos de fim de tarde e suas canções cheirando a terra, a estrume de curral, a pastagem. Aqueles ecos radiofônicos chegados como aboios, como toados, como mugidos de gado, como chuvarada barrufando sobre a terra. E tudo acompanhado na viola de pinho, na plangência da autêntica música de raiz.
Não só a música facilmente traduzida na alma, mas também as palavras amigueiras do locutor. Em meio a tantas canções de gostos duvidosos e a programas que deixam de falar a língua do povo, certamente que o homem da terra até fica apreensivo esperando que chegue logo o horário de ligar seu radinho. E radinho que é amigo inseparável, que serve de consolo em momentos de solidão, que lhe faz sorrir e relembrar momentos bons. Por isso mesmo que dele não se desgruda nunca. Depois de retornar dos afazeres do dia, a primeira coisa que faz é lançar mão de seu pequeno amigo.


O radinho de pilha é, verdadeiramente, o amigo inseparável do homem do campo. Aliás, também de muita gente dos centros urbanos. Há uma fidelidade tamanha que dificilmente nenhum outro meio de comunicação possua maior atenção e apego. A televisão é desprezada por muitos, o telefone só usado em ocasiões necessárias, a vitrola também apenas de vez em quando, mas com o radinho de pilha não. Este é levado no bolso, permanece junto ao travesseiro, acompanha a pessoa onde for. Seja para ouvir futebol, programa jornalístico ou musical, até mesmo a Voz do Brasil, o rádio sempre se mostra como a mais perfeita companhia.
No sertão, tudo isso é somado à solidão sentida por muitos. As casas, casebres, moradias de cipó e barro, geralmente distanciadas de tudo, mostram-se como lugares onde as solidões ponteiam o dia inteiro. Em muitos lugares, os moradores raramente recebem visitas, dificilmente o rangido da cancela é ouvido. Certamente que proseiam uns com os outros, dizem de suas alegrias e angústias, mas nada igual a ter uma voz exterior, chegada pelo radinho, que lhe chegue como o amigo tão esperado. Nascido numa relação de confiança, até mesmo a voz do locutor parece estar abancada ali bem defronte, falando uma conhecida palavra, dialogando o seu mesmo pensamento.
E de vez em quando surgem outras surpresas boas. Não é raro que as mocinhas dos sítios e chácaras enviem cartinhas pedindo músicas. E tudo se torna em festa quando o locutor anuncia: “Recebo aqui uma cartinha muito carinhosa de nossa ouvinte Maria das Neves, moradora do Sítio Jurema, que nos pede a música Tristeza do Jeca, na voz de Tonico e Tinoco, oferecendo a seu pai Bastião, e que também segundo ela não perde um só programa”. E logo a música cabocla invadindo o humilde lar sertanejo: “Nesses versos tão singelos, minha bela, meu amor, pra você quero cantar o meu sofrer a minha dor. Eu sou que nem sabiá, que quando canta é só tristeza desde o galho onde ele está...”.
Contudo, o que mais apaixona Seu Bastião é sentir o locutor falando as coisas que tanto deseja e gosta de ouvir. Mesmo não sendo endereçado a ele, enche-se de alegria quando no rádio começa a ouvir sobre o gado, sobre as chuvas, sobre plantações, sobre coisas do seu mundo e vivência. É com se seu silêncio e sua solidão recebessem a visita de alguém conhecido e que compartilha o seu modo de viver. E mais ainda quando uma canção caipira transborda da caixinha falante e vai diretamente ao coração, marejando os olhos, despertando antigas saudades. Tudo ali no radinho de pilha.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

http//blogdomendesemendes.blogspot.com

LUIZ GONZAGA RARÍSSIMO

https://www.youtube.com/watch?v=2R-pPy9IzNM

Publicado em 23 de jul de 2017
Entrevista
Categoria

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

UM LIVRO POLÊMICO


Em breve vem outro..., mas para tirar todas as dúvidas de uma vez! @mariaquiteria @rafaelborges.

https://www.facebook.com/OCangacoNaLiteratura/photos/a.472996196184869/1213163715501443/?type=3&theater&ifg=1

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

BRIGA DE LAMPIÃO... X... ZÉ SATURNINO...!


Por: Virgulino Ferreira da Silva

...

"Tudo partiu do desejo de confronto, ninguém queria ficar por baixo. Eramos todos jovens e sem juizo".

DÉCADAS DEPOIS, ZÉ SATURNINO DISSE AO HISTORIADOR LUIZ LORENA:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=380315992534688&set=a.110943652805258&type=3&theater&ifg=1

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CHICA JACOSA, ELÓI, ANA E A CRIANÇA PEDRO FERREIRA


Por Joel Reis

D. Chica Jacosa (tia de Lampião - não confundir com a avó), Ana Clemente (cuidava de Chica Jacosa), Elói Clemente (Vaqueiro da casa, irmão de Ana) e a criança é Pedro Ferreira Lima (Sobrinho-neto de Chica Jacosa e primo de segundo grau de Lampião).


Foto tirada por João de Souza Ferraz (filho de Manoel Flor), em 1947, Fazenda Poço do Negro em Nazaré do Pico – PE.

Pedro Ferreira Lima, 2017. - Foto: Raul Meneleu

Pedro Ferreira Lima, nasceu em 1945, era filho de Alfredo Ferreira (primo de primeiro grau de Lampião) e de Alcina Gomes Jurubeba (3ª filha de Manoel Gomes Jurubeba e Ursulina Gomes de Sá). Sobrinho-neto de Chica Jacosa e primo de segundo grau de Lampião.

https://viacognitiva.blogspot.com/2019/01/chica-jacosa-eloi-ana-e-crianca-pedro.html?fbclid=IwAR3Bumul4KLYfBJN_yK6AIS8ZGN3tSYhKfdNipzQHIjEkw40ZKhj64qmBYo

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?multi_permalinks=985161531692791&notif_id=1547057958370383&notif_t=group_activity

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

AS ROTAS PARA SE CHEGAR Á GROTA DO ANGICO-SE..!


Por Voltaseca

Local da morte de Lampião e mais 10 cangaceiros )... além do soldado Adrião.

Para se chegar á Grota, temos vária alternativas.

1º) Pega-se um barco em Piranhas-AL, e, desce pelo Rio São Francisco, até chegar ao restaurante Angico. Em seguida, caminha-se numa trilha na caatinga, em torno de 800 metros. (veja, esquema).

2º) Outra opção é ir pela cidade de Poço Redondo-SE, ou seja, por cima da Grota, sendo a maioria dos trechos de declive. (Percurso mais longo, em torno de 1200 metros );

3º) Idem, igual a opção nº 1, porém o barco aporta, desta feita, em um outro restaurante, mais adiante, denominado Ecopark... seguindo-se uma trilha na caatinga em torno de 1100 metros, até a Grota.

Na FOTO, ACIMA, (tirada do lado alagoano), Vê-se, o Rio, o restaurante, e trilha indicada pela seta no Restaurante Angico, que foi a trilha que a polícia volante do Tem. João Bezerra fez para dar cabo à Lampião.

Foto: Cortesia Antonio Amaury C. Araujo, com as indicações feita por Voltaseca Volta para esclarecer o tópico,,,,abs

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1000632670138707&set=gm.984777845064493&type=3&theater&ifg=1

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

Por Francisco Pereira Lima

Já tenho disponível esses dois excelentes livros, ao preço de 60,00 cada, com o frete incluso. Para adquirir: franpelima@bol.com.br e Whatsapp: 83 9 9911 8286.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

Por Francisco Pereira Lima

Mais um livro na praça: FLORO NOVAIS: Herói ou Bandido? De Clerisvaldo B. Chagas & França Filho. Este livro estará disponível a partir de amanhã no Cariri Cangaço São José do Belmonte e segunda feira dia 15/10 Para todo Brasil. Preço R$ 40,00 com frete incluso. 124 páginas. Franpelima@bol.com.br e fplima1956@gmail.com e Whatsapp 83 9 9911 8286.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2169108806691344&set=a.1929416523993908&type=3&theater

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

Por Francisco Pereira Lima

Alguns livros sobre Padre Cícero, Juazeiro e o Cariri.
Quem desejar adquirir: franpelima@bol.com.br e Whatsapp: 83 9 9911 8286.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

Por Francisco Pereira Lima

Dois excelentes livros que estão vendendo bem. Quem desejar adquirir estes e outros 550 titulos: franpelima@bol.com.br e Whatsapp 83 9 9911 8286. Preço 60,00 cada.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2195474580721433&set=a.1929416523993908&type=3&theater

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

Por Francisco Pereira Lima

Já estou com o livro de Frederico Pernambucano de Mello em mãos, a disposição dos amigos. Preço 60,00 com o frete. 332 páginas. Pedidos: franpelima@bol.com.br e Whatsapp 83 9 9911 8286.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2209363522665872&set=a.1929416523993908&type=3&theater

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

Por Francisco Pereira Lima

O excelente livro Flores do Pajeú, de Belarmino de Souza Neto, sempre será indicado como fonte de estudo e pesquisa sobre fatos referente ao Pajeú pernambucano. Quem desejar adquirir este é outros 550 títulos: 

franpelima@bol.com.br e Whatsapp 83 9 9911 8286

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2222982327970658&set=a.1929416523993908&type=3&theater

http://blogdomendesemendes.blogspot.com