Por Polyanna Fernandes
Raimunda Plácida de Paiva nasceu fruto do amor entre
Geraldo Franklino da Costa e Francisca Nobilina de Paiva, em 05 de Outubro de
1920, na residência dos seus pais, uma casa humilde no sítio Tanques, na zona
rural, entre os municípios de Patu e Umarizal-Rn, onde residiu até 1942. Filha
de pai agricultor e mãe doméstica; viviam basicamente da agricultura. Tinham
vida simples e difícil. Família grande de muitos irmãos. Brincavam com bonecas
de pano, sabugos de milho, panelinhas de pedra, brincavam de roda. Meninos e
meninas brincavam juntos. Escutavam estórias de Trancoso nos finais de tarde,
após a ceia.
A educação das crianças era de responsabilidade dos
padrinhos, que a disponibilizava através de professores contratados para
ensinar o bê-a-bá. Depois, foi matriculada numa escola no município de Rafael Godeiro-Rn,
onde estudou até a primeira série. Nesta época, vestia-se de chita.
Já mocinha, divertia-se com os bailes nos sítios em
dias de casamentos, que eram arranjados pelos pais e avós. Às vezes,
juntavam-se na casa de parentes, aos domingos para dançar ao som de uma sanfona.
Impossível esquecer a seca que assolava a região e a
dificuldade financeira da família, o que resultou na ida para a zona rural do
município de Mossoró-RN, Alagoinha. Pra tentar uma vida melhor. No entanto, com
pouco tempo de nova moradia, seus pais, juntos com alguns irmãos, retornaram ao
município de Patu-Rn, ela permanecendo na casa de sua irmã, Elisa que já estava
casada.
CASAMENTO
Meses depois, conheceu em Alagoinha Domingos Fernandes Pimenta, natural do sítio João Pereira, zona rural do município de Patu-Rn. Um
senhor viúva e pai de 20 filhos, alguns já falecidos na época.
Uniu-se em matrimônio em 26 de Setembro de 1949, com
apenas 28 anos, na Catedral de Santa Luzia – “Mossoró”, com “Seu Domingos”. A partir
dessa data tornava-se a senhora Raimunda Fernandes Pimenta.
Após o casamento eles foram ao município de Caraúbas-Rn
para buscar os filhos dele para morar com eles. Ela foi muito bem recebida
pelos filhos de “SEU DOMINGOS”. E os tinha como filhos.
FILHOS DO
CASAL
Nada mais natural que gerar seus próprios filhos.
Sendo assim, aos 29 anos, em 1950, no sítio Bom Destino, deu a luz a primeira
filha do casal, Luzimar Paiva Fernandes . Em 1951, nasce Domingos Fernandes Pimenta Filho, e em 1952, nasce Francisca Paiva Fernandes. Com o passar dos
tempos as crianças foram crescendo e começaram a ajudar na lida da casa e
também na colheita do sítio.
Não existia luxo, mas quanto à alimentação sempre foi
muito farta e todos gostavam da vida que tinham. Depois de ajudarem no roçado e
na lida de casa, as crianças brincavam em baixo de um pé de cajarana.
Depois de um ano, em 1953, vieram para Mossoró, no
bairro Alto de São Manoel, com a promessa de emprego para o patriarca, na
função de vigia no saneamento, hoje CAERN. Mas o emprego só deu certo por dois anos, e a família retorna à Alagoinha. Nessa estadia em Mossoró, em 1954, nasce Antonio Paiva Fernandes, e em 1955, Rita Paiva Fernandes.
De volta ao sítio, em 1956, nasce Geraldo Paiva Fernandes. E em 1957, Luzia Paiva fernandes. Em 1958, Pedro Nascimento Paiva Fernandes, E em 1961, nasce o último filho do casal, Sebastião Paiva Fernandes.
Após voltarem ao sítio Alagoinha o marido caiu pela primeira
vez de uma carroça e quebrou o pé. Como já estava com idade avançada, começou
também a apresentar sinais de algumas doenças. Então, costumava ir à Mossoró
para tratamentos.
EDUCAÇÃO DOS
FILHOS:
Para estudarem, alguns dos filhos vieram para Mossoró,
sobre a responsabilidade de uma tia – Dona Osana, no bairro Baixinha. Logo
depois, alugaram uma casa em Mossoró, na Rua 06 de Janeiro, pertencente ao Sr.
Toinho de Caboclo. Depois, os irmãos moraram 30 dias na Rua Pedro Velho, na
casa de Maria Panema e, em seguida, na Avenida Alberto Maranhão.
Em 1970, ainda na Alagoinha, casou-se a primeira filha Luzimar. Nesse mesmo ano, o casal teve a alegria de receber a primeira neta: Cleide Fernandes de Sousa. Em seguida casaram-se a Rita e a Francisca. Com a
continuação dos anos, os outros filhos foram se casando, Domingos, Pedro, Luzia, Geraldo, Antônio e por último, o caçula Sebastião.
MUDANÇA DE
ALAGOINHA PARA MOSSORÓ
Insatisfeitos com a rotina que levava, dias em Mossoró,
dias em Alagoinha, o casal decidiu vender o sítio e morar de uma vez por toda
em Mossoró, comprando a primeira casa na Avenida Melo Franco, de propriedade do
Sr. Henrique Mendes, morando apenas sete meses, pois tendo em vista “Dona
Mundica” não ter se adaptado ao local, por motivos de saúde; compraram outra
casa na Rua Juvenal Lamartine, que pertencia ao casal Chailton e Marlene, pois as
coisas seriam mais fáceis no centro, vez que a família estaria junta, e as
visitas aos médicos se tornaram mais constantes.
SEU DOMINGOS
SOFRE ACIDENTE
Em 1980, quando ainda moravam na Juvenal Lamartine, enquanto
caminhava até ao Hospital dos Salineiros, na Avenida Alberto Maranhão, em
frente à Escola Dix-Sept Rosado, Seu Domingos sofreu um acidente, sendo
atropelado por um carro táxi, de propriedade do Sr. Manoel Peru, ficando em
cadeira de rodas.
CUIDADOS DOS
FILHOS AO PATRIARCA
Nessa nova época, era necessária a ajuda e a compreensão
dos filhos, pois, devido a dependência física, fazia-se necessário alguém, o
tempo todo para ajuda-lo nas atividades mais simples. Aos poucos, ele foi se
restabelecendo e começou a andar de muletas.
ACIDENTA-SE NOVAMENTE
ENQUANTO RECEBIA FILHO
Meses depois, caiu de uma cadeira quando levantara
para receber o filho Antonio Paiva, que chegara de viagem; o que agravou o seu
estado de saúde. Apesar de toda a debilidade, Seu Domingos, em nenhum momento
reclamava do que ocorrera com ele, e continuava sendo a pessoa doce e
maravilhosa que sempre fora. Ele continuou frequentando as missas todos os
domingos, na Igreja São José. E a vida continuava sem maiores problemas. Em
1981, ainda passou por uma cirurgia de próstata.
DONA MUNDICA
ABRAÇA COM GARRA A SITUAÇÃO DO MARIDO
Incansavelmente, “Dona Mundica” estava sempre ao lado
do marido, cuidando e o zelando. Passava noites e noites acordada ao seu lado.
Nesse período, o seu filho PEDRO e a família foram morar com eles para ajudar à
mãe. Os outros filhos também se reversavam, já que ela sozinha não podia cuidar
do marido. Entre os anos de 1983 e 1984, foram morar no Abolição IV, por um
ano, indo depois para o Abolição III.
MORTE DE SEU
DOMINGOS FERNANDES PIMENTA
Visivelmente fragilizado e debilitado, em 26 de
Dezembro de 1985, Domingos Fernandes Pimenta veio a falecer. Momento muito
triste e doído, tanto para Dona Mundica como para sua família. Hoje, ainda dói
falar nele. Ela se esquiva de falar nesse assunto, pois sente um vazio enorme.
Seu Domingos foi uma pessoa muito importante na vida
dessa mulher. Ela o respeitou e o amou a sua maneira até o último dia de vida.
A gratidão, dedicação, respeito que ela tinha e tem por ele até hoje e tocante.
Ela tinha uma eterna gratidão por Seu Domingos, como se fosse um favor ele ter
casado com ela.
DONA MUNDICA - AGORA É A
MÃE E O PAI DOS SEUS FILHOS
Após a morte do marido dedicou-se a comandar e cuidar
da sua família e a frequentar as suas missas. Foi um período muito difícil e de
adaptação, qual contou com a ajuda da família. Afinal, foram 36 anos de
convivências. Mas, a vontade de viver é muito grande, pois mesmo diante da
perda do marido, ela continua firme.
FELICIDADE
COM A CHEGADA DOS BISNETOS
Em 1995, ela tem o prazer de conhecer Daniel Francisco
da Silva Filho, seu primeiro bisneto. Em meio a tantas dificuldades, tristezas e
momentos felizes na sua vida, ela pode realizar
em 2010, um grande sonho, que sempre cultivava em seu coração. Voou pela
1ª vez e foi a São Paulo-SP, conhecer Aparecida do Norte.
RAIMUNDA significa AQUELA QUE É PODEROSA E PROTEGE A
TODOS. E esse é o papel dessa mulher que completará em Outubro deste ano, 93
anos de vida. Proteger, zelar, acompanhar, guardar, orientar e amar a todos
nós, familiares e amigos, papel que ela desempenha com todo carinho. É uma grande
mulher frágil e forte, determinada, durona e sabe como defender suas vontades.
No decorrer dos anos essa família cresceu e hoje, tem 86
pessoas, entre filhos, filhas, noras, genros, netos, netas, bisnetos e bisnetas
agregados. Pode-se dizer que são “A GRANDE FAMÍLIA”. E como diz a letra da
música de Dudu Nobre:
Esta família é muito unida...
E também muito ouriçada...
Brigam por qualquer razão...
Mas acabam pedindo perdão.
Assim é a família Paiva Fernandes, tem a sua diferença
como toda família, mas os membros desta família estão sempre juntos e prontos
para nos ajudar. A forma simples e humilde de ser dessa grande mulher, sua
sabedoria, sua vontade de viver é um exemplo de vida para toda essa família. As
marcas do tempo no seu rosto sinalizam as experiências de vida. Mas, na alma essa
mulher tem a alegria de uma criança que pula e brinca que sonha, mesmo diante
das dificuldades.
Nada mais justo que, estarmos aqui, hoje, para
homenageá-la, como fazemos todos os anos. Não importa a distância, sempre damos
um jeito de estarmos reunidos na data do seu aniversário, que é tão especial. E
esse ano de 2013, novamente estaremos reunidos para comemorarmos, não só os
seus 93 anos, mas também a sua história de vida.
Por tudo que construiu ao longo de sua vida, Dona Mundica, pode ser considerada uma Boa Pastora, que cuida do seu rebanho, guia
as pastagens, as águas vivas e ao descanso, protegeu o seu rebanho das feras
devoradoras. Em contra partida, suas ovelhas, conhecem a sua voz e seguem-no por
onde quer que ele vá. “O bom pastor procura sempre o melhor para o rebanho que
o segue, o qual se beneficia do seu amor e dos seus conhecimentos, (livro dos
salmos)”.
Diante disso, só temos a agradecê-la por tudo que nossa
“DONA MUNDICA” tem feito por todos nós. E são por essas e outras que é
impossível tentar explicar esse imenso amor que carregamos. E tudo que
dissermos, ainda será bem pouco, perto desse imensurável amor que temos por
essa grande mulher. Então, usamos em vídeo as palavras do rei Roberto Carlos
para tentar expressar o que sentimos.
Só desejamos que a senhora viva muito mais e esperamos
que, essa reunião que acontecerá em Outubro, comemoração ao seu nonagésimo
terceiro aniversário não se resume só a essa data, e que a nossa família
continue unida e que o espírito de paz reine, mesmo diante das diferenças
existentes.
Autora: Polyanna Fernandes
Dona Mundica é a sogra do administrador deste blog.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com