Por José Bezerra Lima Irmão
Natal? Papai
Noel? Cuidado: estão de olho no seu bolso... A palavra “Natal”, da qual se
derivam “natalício”, “nativo”, já representou a data – 25 de dezembro – em que
se convencionou comemorar o nascimento de Jesus, o Messias. Mas a ganância de
uns e a parvoíce de outros desvirtuaram o sentido do Natal. Fazem a festa, mas
se esquecem do aniversariante. Agora só se ouve falar em “Papai Noel” e em
“Amigo Secreto”, invenções do comércio. De olho no 13º salário do trabalhador,
os shoppings apressam os tolos, exortando: “Antecipe o seu Natal” – ou seja,
passe pra cá o seu dinheirinho... Um mês antes do Natal, o setor de varejo
deflagra uma campanha importada, a Black Friday (nada melhor para pegar os
néscios deslumbrados do que uma expressão em inglês). No rastro desta,
sucedem-se as chamadas Black Nights. E assim, “de black em clack”, o 13º do
trabalhador “leva a breca”. Durante o ano, tem o Dia das Mães, o Dia dos Pais,
o Dia das Crianças, e por aí vai, tem dia pra tudo, e só se ouve compre isso,
dê aquilo de presente... Ora, para demonstrar afeto ou gratidão não é preciso
dar presente no exato dia apregoado pela mídia, como se fosse uma obrigação, um
fardo. Se você quer mesmo presentear alguém, ofereça-lhe algo que venha
engrandecer a pessoa a ser presenteada, dê-lhe algo que a faça lembrar-se de
você toda vez que olhar o objeto recebido. E saiba que, ao dar um presente,
você, mesmo de forma inconsciente, deixa transparecer o que pensa da pessoa a
quem está presenteando: denota se você a considera uma pessoa frívola ou uma
pessoa inteligente. O melhor presente continua sendo um bom livro: Machado de
Assis (Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas...); Jorge Amado (Gabriela
Cravo e Canela, Mar Morto, Tenda dos Milagres, Tocaia Grande...); João Ubaldo
Ribeiro (Viva o Povo Brasileiro, Sargento Getúlio...); Domingos Pascoal
(Experimente mudar, A Mudança Começa em Você - autoajuda); Oleone Coelho Fontes
(Um Jagunço em Paris); Antônio Francisco de Jesus (O Menino Amarelo, Os
Tabaréus do Sítio Saracura, Tambores da Terra Vermelha, Os Ferreiros...); Jorge
Henrique Vieira Santos (Mutante in Sanidade, Glória Cantada em Versos, A
Polidez no Discurso sobre a Inclusão da Pessoa com Deficiência na Escola);
Lucas Lamonier (Janelas da Alma). Estou falando essas coisas porque também
estou vendendo o meu peixe... Sou autor de Lampião – a Raposa das Caatingas,
Capítulos da História do Nordeste, Corisco e Dadá (uma saga de amor, cachaça e
sangue), Maria Bonita – Dona Maria do Capitão. O livro “Lampião – a Raposa das
Caatingas” está na sexta edição. Veja bem: seu pai, sua mãe, seu tio, sua tia,
seu amor, seu amigo (inclusive seu "amigo secreto"), enfim, qualquer
pessoa que tenha algum vínculo com a cultura e a história do sertão nordestino
certamente adorará receber neste Natal uma obra que, mais do que a simples
história do rei do cangaço, vem sendo considerada pelos estudiosos do tema como
sendo uma síntese da história do Nordeste na virada do século XIX até a metade
do século XX. A história do Nordeste resume-se a esses três personagens:
Lampião, Padre Cícero e Antônio Conselheiro. “Lampião – a Raposa das Caatingas”
é um livro concebido e realizado com seriedade, deixando de lado as lendas,
mitos e invencionices sobre a figura do legendário guerrilheiro do Pajeú. Além
da farta bibliografia sobre o cangaço, baseei-me nos jornais da época,
entrevistei dezenas de personagens ligadas aos fatos. O livro contém fotos e
dezenas de mapas, indicando os lugares onde os fatos ocorreram. Indica até as
coordenadas geográficas. Analisa as causas históricas, políticas, sociais e
econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que
cangaceiro era a profissão da moda. Os fatos são narrados na sequência natural
do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês. Destaca os principais
precursores de Lampião. Conta a infância e juventude de um típico garoto do
sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e
do meio empurraram para o cangaço. Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por
motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional –
raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por
incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do
Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados. A leitura desse livro, espero
eu, fará com que o Natal da pessoa presenteada se prolongue por mais tempo,
durante o Ano Novo, já que a obra tem exatamente 736 páginas. Feliz Natal! Boas
Festas! E que em 2024 e nos anos vindouros se mantenha sempre acesa a chama do
interesse pela história e pela cultura do nosso querido Nordeste. A melhor
forma de demonstrarmos amor à nossa terra é estudando a sua geografia e a sua
história. Um fraternal abraço.
josebezerralima369@gmail.com.br - Vendas
presenciais: Livraria Escariz - Veja, anexa, a capa do livro.
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