Por José
Mendes Pereira
Em 1968,
Mossoró teve o prazer de sediar a maior e mais falada campanha eleitoral de
todos os tempos, e a eleição foi realizada no dia 15 de novembro de 1968.
De um lado, como candidato a Prefeito, o agrônomo, professor, e um dos maiores
escritores do Rio Grande do Norte, Jerônimo Vingt-un Rosado Maia, que levantava
a bandeira do partido Arena.
Jerônimo Vingt-un Rosado Maia
Jerônimo
Vingt-un Rosado Maia é o vigésimo primeiro filho de Jerônimo Rosado Maia,
e o nome Vingt-un, significa o numeral ordinal (vigésimo primeiro), na
língua francesa.
Para nós, brasileiros, o numeral ordinal é escrito "Vigésimo
Primeiro". Como o vinte e um, no jogo do bicho representa "o
touro", a campanha do Dr. Vingt-un Rosado Maia foi denominada de: É o
touro.
Dr. Vingt-un
teve como vice-prefeito, Joaquim da Silveira Borges filho, sendo este
natural de Sobral, no Estado do Ceará, nascido a 6 de agosto de 1968 e faleceu
em Fortaleza-CE.
Joaquim
da Silveira Borges filho
Já pelo outro
lado, levantando a bandeira do "Movimento Democrático Brasileiro -
MDB" foi registrada a candidatura do ex-prefeito de Mossoró, Antonio
Rodrigues de Carvalho, nascido no sítio Capim Grosso, no atual município de
Upanema, em 13 de junho de 1927, dia em que o bando de Lampião invadiu Mossoró.
Antonio Rodrigues de Carvalho era médico, e foi prefeito de Mossoró por duas gestões
Como Antonio
Rodrigues de Carvalho era lá do sítio Capim Grosso, a sua campanha foi nomeada
de: "É o capim, meu filho!". E o seu candidato a vice-prefeito, era o
empresário, radialista e diretor artístico da Rádio Difusora, José Genildo de
Miranda.
Nilson Brasil e Genildo Miranda
A campanha de
Antonio Rodrigues de Carvalho foi apoiada pelo ex-governador do Rio Grande do
Norte, o maior orador, maior líder político e famoso cigano feiticeiro, o
jornalista Aluísio Alves, nascido na cidade de Angicos-RN.
Aluísio Aves foi Vereador, Deputado Estadual, Federal, Ministro, senador e governador
do Rio Grande do Norte
Durante
décadas Mossoró fora administrada pela famosa família Rosado, e sabendo que
para tomar o poder desta, tinha que suar muito, Aluísio Alves dedicou-se por
completo; trabalhava muito pelas outras cidades do Rio Grande do Norte,
mas não se esquecia um pouco de Mossoró, e nos finais de semanas, sem
intervalos, Aluísio Alves e a sua comitiva, à noite, estavam com redes armadas
e cachimbos acesos pelas ruas de Mossoró, puxando uma grande passeata. E antes
que terminasse o prazo dos comícios, Aluísio Alves incansável, passou três
dias com três noites, dentro de Mossoró, fazendo a chamada
"vigília".
Assim que
terminou a apuração das urnas, o capim comeu o touro, com uma maioria de 98
votos, eleição que nem todo mossoroense acreditava que um homem vindo lá de
Angicos, tomaria o poder dos Rosados. Com isso, Aluísio Alves que já era
famoso, passou a ser o maior político do Rio Grande do Norte de todos os temos.
Em 1968, eu
ainda era interno da Casa de Menores Mário Negócio, e me lembro que, assim que
terminou a apuração das urnas, a vice diretora da instituição de menores,
incumbiu-me para levar o resultado da eleição à sua mãe (dona Nanu, lá na
Benício Filho, na Ilha de Santa Luzia, pois a mesma estava sem veículo de
comunicação), que o Antonio Rodrigues de Carvalho tinha sido eleito a prefeito
de Mossoró.
Eu ia
pedalando uma bicicleta, e ao entrar na ponte, vinha um senhor muito
embriagado, ocupando todo espaço da ponte. E eu imaginei que ele já comemorava
a vitória de Antonio Rodrigues de Carvalho. E antes que eu passasse por
ele, gritei: "É o capim, meu filho!". O homem com um dos pés,
empurrou-me com toda força do seu pé, jogando-me sobre a calçada da ponte. Eu
me estendi sobre ela com todo corpo. Mas ele saiu dizendo os maiores palavrões
comigo. Naquele momento, quase não me levantei da calçada com tantas dores. O
homem era um adversário do MDB.
Que sorte! O
bom foi que ele seguiu seu destino, descendo para o centro da cidade, e não
voltou para me agredir fisicamente.
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