O cangaceiro Esperança, resolve abandonar o cangaço de uma forma inusitada e covarde... ele desagradou profundamente Lampião... e quando se desagrada o rei do cangaço, a coisa fica preta... e deu ruim.
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Teria sido Jesuíno Brilhante um cangaceiro, um justiceiro ou um bandido comum?
A história do lendário Jesuíno Alves de Melo Calado o "Jesuíno Brilhante" pela ótica do pesquisador José Otávio Maia "Zezito".
Assistam e tirem suas próprias conclusões.
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Forte abraço... Cabroeira!
Atenciosamente:
Geraldo Antônio de Souza Júnior - Criador e administrador do canal.
Este surgiu de
um desejo e necessidade de introduzir motivos sobre a participação canina entre
grupos cangaceiros lampiônicos, para completar minhas impressões acerca de
traços essenciais da personalidade dos mais famosos cangaceiros Virgulino
Ferreira da Silva e da Maria de Déia, a Maria Bonita. Como em toda ciência,
também no conhecimento sobre a o comportamento animal exige um trabalho de
pesquisa extensa. Por ser um estudo fora de laboratório peço aos leitores que
relevem os pequenos lapsos. Alguns fenômenos obrigam a examinar sob vários
aspectos fatos que ainda não foram estudados, mas que são necessários.
"Portanto, como é a teoria que dá valor e o significado que os fatos têm,
ela frequentemente é muito útil, ainda que parcialmente falsa; pois ela projeta
luz sobre fenômenos a quem ninguém dava atenção , obriga a examinar sobre
vários aspectos fatos que ninguém estudara antes , e estimula pesquisas mais
extensas e bem sucedidas” (Guillaume Ferrero)
Não posso
deixar de chamar atenção do leitor para as peculiaridades e de fantasias que
surgem decorrentes de exemplos que tratam alguns livros sobre as relações dos
animais que acompanhavam os cangaceiros. É que mesmo que haja uma interação
animal e ser humano não há possibilidade de penetrar na área subterrânea do
conteúdo existente dentro da cabeça do animal. Segundo a fonte “Os cães na
cultura humana” a inteligência canina refere-se a capacidade que o animal
possui para captar informações e fixá-las em seu conhecimento, sendo que estas
noções serão utilizadas durante todo o período de vida. No entanto os animais
não são capazes de ampliar nem de expandir tarefas criativas mantendo hábitos e
costumes naturais de suas espécies.
Algumas
descrições mostram que os cães são hábeis para algumas tarefas condicionadas,
mas incapazes de raciocínios morais. O cão tem seu comportamento modificado e
até é possível colaborar com o ser humano em determinadas tarefas, mas não é
raro ocorrer uma metanóia no seu comportamento e não capazes de expandir nem
tampouco levar à matilha os comportamentos adquiridos.
Quem conseguiu
ler o livro Dos mitologemas na imortalidade do passado lampiônico... há de
lembrar que buscamos raízes no drama de Édipo para constatar os comportamentos
dos cangaceiros,que nos deparamos com uma multiplicidade de singularidades nos
comportamentos de cangaceiros e da grandiosidade de da tragédia e sobras do
passado de Virgulino, o Lampião. Mas também é necessário nos voltarmos e lançar
nova luz sobre conjunturas psicológicas individuais.
O Animal
idolatrado pelo cangaceiro Lampião e sua companheira Maria de Déia, conhecida
por Maria Bonita, é o cachorro. Os cangaceiros chegam a colocar jóias nos cães
– notamos aqui que o significado do animal coincide com o instinto agressivo do
cangaceiro. No filme feito por Abhaão Benjamim aparece primeiramente a Maria do
Capitão recebendo um chapéu e jóias das mãos de Lampião, e o cachorro não
exerce um papel diferente, e podemos dizer quase tão importante quanto a mulher
quando surge ornado de jóias que indica quase o mesmo episódio de semelhança
entre o animal e a mulher. Parece existir entre essas, uma relação íntima que
as conduz à mesma finalidade. A imagem da mulher e o cachorro tornam-se
símbolos da libido e em alguns pontos, quando os conceitos se encontram o fator
comum às duas imagens está na libido. Sob o aspecto do cangaceiro e do animal
surgem como representação da idéia do homem com sua esfera dominada de
instintos animais. Neste caso, o cachorro surge como animal e/ou mascote do
cangaceiro e da mulher. Identificação com o cangaceiro. Tudo isto corresponde a
manifestações características do inconsciente. Em nenhum momento vimos outro
animal substituindo o cachorro, mesmo que os cangaceiros tenham grande relação
com os equinos, e suas atividades de almocreve. Os cavalos serviam aos
cangaceiros como meio de transporte e eram constantemente trocados de acordo
com as necessidades, mas não foram criados quaisquer laços afetivos entre eles.
Em momentos críticos os cangaceiros abandonavam os cavalos assim como roubavam
outros, tudo com a finalidade de facilitar as a logística dos cangaceiros. Por
isso também é compreensível que o cachorro, como símbolo do componente animal
do homem, tenha amplas relações com os cangaceiros. Lembremos que Lampião foi
almocreve, que surrava os cavalos, mas os cavalos aparecem nessa relação como
força e brutalidade, característica do cangaceiro Lampião. No caso o canino é
um animal menor e domesticável, por isso o significado fálico. A explicação da
sensibilidade do cangaceiro Lampião, mostra em alguns momentos em que entrega
jóias para a Maria, é que ele se identifica com a mãe e por isso age de modo
bastante glamoroso. Um fato importante que psicologicamente percebemos é que
Lampião era aparentemente poderoso e isso tem identificação com a própria mãe.
Já vimos em outros comentários tecidos neste, que a preferência do cangaceiro
recai sobre o cachorro porque ele vai colocar jóias na mulher e sobre o animal
como símbolo do composto da libido, uma das criações de Lampião é a
transformação da libido em atividade artística e estética. O presente trabalho
ficaria incompleto se não mencionássemos que o cachorro de Lampião exercia
papel fundamental para a Maria de Déia que também se identificava com o animal
que a acompanhava em modo de submissão para todos os lugares. A figura
produtora das fantasias na Maria de Déia relatam este ou aquele traço da sua
autora; ela ainda não tinha consciência da parte masculina de sua natureza. O
ideal representado através do homem não a obriga a nada, apenas possibilita
pretensões fantásticas. Se o ideal fosse o seu sexo, ela poderia descobrir que
não correspondia inteiramente a ela. A forma teatral de Maria impressionava o
cangaceiro Lampião e ela produzia nele sentimentos dificilmente compreensíveis
para serem substituídos pelo cangaceiro que almejava dela também o seu lado
feminino.
Temos que
ocuparmo-nos com o assunto dos cães analisando as suas naturezas, sua vida
fisiológica. Os cães dos cangaceiros eram adquiridos já na idade adulta, não
viviam em cativeiro tampouco se reproduziam. Por isso mostram que seus
criadores também condicionavam os animais aos seus estilos; os cães tinham a
energia psiquica de seus criadores. Eram seres vivos independentes, dando para
simbolizar o inconsciente em seu aspecto plástico-criador. Unidos aquela força,
com aventuras nefastas para realizar tarefas, eram instrumentos nas mãos dos
cangaceiros. Algumas características encontradas nos cangaceiros tornaram-se
características para os animais. “O adestramento de caninos não foi o mesmo que
o almocreve dava aos seus animais de grande porte e de montaria, mas os cães de
acordo com o ambiente modificaram os impulsos de latir, de procriar. Assim o
homem pode levar o cão ás doenças, ao envelhecimento com problemas de medo,
depressão e mudanças de humor. “O cão aceita o seu dono como chefe da matilha”.
No dizer de MacLean, elas são três computadores biológicos que, embora
interconectados, conservam, cada um, nas palavras do cientista. É aí que nascem
os mecanismos de agressão e de comportamento respectivo. É aí, também, no
complexo-R, que se esboçam as primeiras manifestações do fenômeno de
ritualismo, através do qual o animal visa marcar posições hierárquicas no grupo
e estabelecer o próprio espaço.
No ano de 2010 soube do desenvolvimento do “Projeto Território Sertão do Apodi – Nas Pegadas de Lampião”, pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas e Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Norte – SEBRAE/RN, do qual a gestora era a competente consultora Kátia Lopes. Fui ao seu encontro soube que Kátia planejava criar um grupo para percorrer o mesmo caminho palmilhado por Lampião e seus cangaceiros, como parte de um amplo reconhecimento histórico. Ali estava uma oportunidade imperdível de conhecer esse caminho e o que restava de sua memória.
Foi realmente um momento muito especial e um trabalho maravilhoso. Depois de 2010 eu tive a oportunidade de percorrer esse caminho em mais outras quatro ocasiões. As duas primeiras oportunidades, em 2012 e 2014, foram com pessoas que me contrataram para conhecer trechos no Rio Grande do Norte, com foco nas áreas da Serra de Martins e de Mossoró. Já em 2015 estive percorrendo esse antigo caminho dos cangaceiros durante dezessete dias.
Desta vez partindo da cidade cearense de Aurora, adentrando depois em território paraibano, percorrendo na sequência todo trecho potiguar e encerrando na cidade cearense de Limoeiro do Norte. O objetivo da jornada de 2015 foi à realização da película Chapéu Estrelado, um documentário de longa metragem da Locomotiva Produções Cinematográficas, do Rio de Janeiro, sendo dirigido pelo mineiro Silvio Coutinho, com roteiro de Iaperi Araújo e produção de Valério Andrade e o autor desse texto, esses últimos potiguares. Apesar de filmado com esmero em sistema 4K, com interessantes depoimentos, esse documentário nunca esteve no circuito de festivais e, afora algumas exibições em rede nacional através da TV Brasil, ele foi pouco visto pelo grande público. A razão principal foi o falecimento precoce do diretor Sílvio Coutinho, ocorrido no ano de 2018, em decorrência de um ataque cardíaco fulminante, ocorrido no Rio de Janeiro.
A última oportunidade se deu em 2017, quando uma grande parte do trajeto com o artista plástico e fotógrafo Sérgio Azol. Potiguar de nascimento, mas radicado há muitos anos na capital paulista, Azol me chamou para percorremos esse caminho visando o desenvolvimento de uma exposição fotográfica a ser realizada em São Paulo. Ele clicou as paisagens, as vivendas e as pessoas de forma magistral. Aquela era a segunda oportunidade que percorria o sertão nordestino com Sérgio Azol, tendo tido oportunidade em 2016 de visitar importantes locais ligados a história do Cangaço na Paraíba, Pernambuco e Alagoas.
Essa memória se inicia em um sábado, dia 11 de junho de 1927, o segundo dia de Lampião e seus cangaceiros em solo potiguar.
Em meio a um grande lajedo ao norte da atual cidade potiguar de Marcelino Vieira, os cangaceiros vão acordando e se preparando para seguir a sua jornada em direção a Mossoró. Após acordarem parte em direção aos Sítios Cascavel e São Bento, cujas terras em dias atuais são parte do município potiguar de Pilões. Depois atacam os Sítios Poço Verde, Poço de Pedra e a Fazenda Caricé, do prestigiado pecuarista Marcelino Vieira da Costa. Sobre o assalto ao Caricé vejam esse texto que escrevi, onde trago alguns detalhes do episódio – https://tokdehistoria.com.br/2019/02/10/marcos-de-religiosidade-no-caminho-de-lampiao-no-rio-grande-do-norte/
A partir da velha Fazenda Caricé, mesmo a distância, já é possível visualizar o grande maciço rochoso que formam as Serras de Martins e de Portalegre, onde se encontram alguns dos pontos de maior altitude do Rio Grande do Norte, com locais que ultrapassam os 800 metros. Essas duas grandes elevações se interpunham diante daqueles viajantes que seguiam em direção a Mossoró vindos do extremo oeste da Paraíba. Para os cangaceiros continuarem em busca do seu alvo principal, vários caminhos se colocavam a disposição. O matreiro Lampião, certamente secundado por Massilon, o mais experiente de todos aqueles bandoleiros em relação aos caminhos potiguares, perceberam que teriam de optar por um desses caminhos.
O primeiro trajeto poderia ser: subir a Serra de Martins, passar pela cidade homônima e descer do outro lado da elevação. Bastava seguir pelo antigo caminho que ligava essa cidade até a Vila de Alexandria. Segundo as pessoas da região, partes do antigo trecho dessa estrada ainda existem, fazendo parte da atual rodovia estadual RN-075.
O segundo caminho, caso o grupo desejasse seguir em direção a Mossoró sem passar pela cidade de Martins, poderia ser feito do seguinte modo: cavalgar até a extremidade oeste do grande maciço rochoso. Nesse caso, os cangaceiros fatalmente chegariam próximo de Pau dos Ferros. Então, depois de passar ao lado da serra, eles percorreriam a antiga estrada que seguia pela cidade de Apodi e, depois de vários quilômetros, chegariam a Mossoró.
Teoricamente, esses dois caminhos não trariam maiores problemas para um viajante comum. Entretanto, aquele estranho grupo de homens armados poderia ser classificado de tudo, menos de “viajantes comuns”.
Desde a saída do bando no Ceará, os celerados deixaram de lado a discrição, passando para a prática aberta de toda sorte de delitos, chamando a atenção das autoridades potiguares. Inclusive, essas autoridades já tinham entrado em contato e combatido o grupo na Caiçara. Mesmo com a derrota da polícia estadual naquele entrevero, Lampião sabia que a qualquer momento as forças do governo potiguar poderiam dar o devido revide. Se decidissem subir a serra, poderiam facilmente esbarrar em um piquete de homens armados, já previamente alertados. Como o bando tinha poucos recursos humanos e bélicos para realizar combates contínuos, esse possível confronto poderia infringir sérios problemas aos cangaceiros na tentativa de galgar a grande serra.
Se o bando seguisse próximo da cidade de Pau dos Ferros, a maior e a mais policiada da região, para depois trotarem em direção a Apodi (uma cidade invadida por Massilon apenas um mês antes), fatalmente homens armados poderiam estar aguardando o grupo em um desses locais, ou nos dois. Aí os resultados desses novos tiroteios poderiam ser extremamente negativos. Deve-se levar em consideração que, além da polícia potiguar, Lampião se preocupava igualmente com a polícia de outros estados no seu encalço, principalmente a paraibana.
Lampião na Fazenda Morada Nova
Havia outra alternativa: era possível contornar o grande maciço através da extremidade mais a leste dessas elevações, passando por um caminho que os levariam para a Vila de Boa Esperança, atual município de Antônio Martins.
O grupo de bandoleiros então se afastaria de áreas onde presumivelmente haveria mais atividade policial, poderiam então alcançar zonas teoricamente mais desprotegidas e possivelmente ainda não alertadas da presença deles na região. Esse caminho se mostrava mais promissor!
Contudo, aparentemente, essa decisão não deve ter ocorrido antes ou durante a passagem pela Fazenda Caricé, pois, logo depois da saída da propriedade do fazendeiro Marcelino Vieira, os cangaceiros seguiram primeiramente na direção sudoeste, apontando para a cidade de Pau dos Ferros. Após rápida cavalgada, surgiu o próximo alvo daquela jornada insana – A Fazenda Morada Nova.
Quando visitei essa propriedade pela primeira vez em 2010, ali encontrei a senhora Firmina Aquino de Oliveira, então com 95 anos de idade, e sua nora Maria Ivaneide de Aquino. Ivaneide era neta de Antônio Januário de Aquino, antigo dono do lugar, que teve a difícil missão de receber Lampião em 11 de junho de 1927.
Elas me informaram que não tinham conhecimento se o parente já falecido possuía laços de amizade, ou de inimizade, com o cangaceiro Massilon. Igualmente não souberam comentar se a chegada do bando se deu a uma indicação desse celerado, ou se a casa dos seus antepassados foi atacada simplesmente por ter sido um alvo que surgiu à frente do grupo.
Entretanto, essas senhoras relataram que antes do bando chegar à casa de Aquino, que não mais existia em 2010, eles arrombaram uma residência onde vivia um trabalhador da propriedade, que juntamente com sua família fugiu para o mato. Logo os bandidos pararam diante da casa grande da Fazenda Morada Nova.
Além do proprietário, na casa estavam sua mulher Raimunda Nonato de Aquino, seu filho Cosme e suas três belas e jovens filhas, Raimunda, Arcanja e Maria. Segundo Sérgio Augusto de Souza Dantas (Lampião no Rio Grande do Norte – A História da Grande Jornada, 1ª edição, págs. 119 e 120), foi exigido alimentos e dinheiro ao dono da Fazenda. Antônio Aquino era um produtor próspero, sendo apontado inclusive como dono de um engenho de açúcar e aguardente.
Diante da beleza das moças, alguns cangaceiros logo se mostraram interessados nas meninas. Sérgio Dantas relatou que Aquino pediu proteção a Lampião, que prontamente refreou os ânimos da cabroeira e o próprio chefe chegou a pedir desculpas ao pai das jovens pela falta cometida pelos seus homens. Após varejarem toda a casa e retirarem o que os interessava, a malta de bandidos seguiu viagem.
A Foto
As senhoras Firmina e Maria Ivaneide comentaram que a passagem do bando causou extrema comoção entre os membros da família Aquino. Todavia, Antônio Januário se sentiu até mesmo com “sorte”, pois, apesar de ter havido perda material com o saque praticado, o fato das suas filhas não haverem sofrido qualquer tipo de violência, principalmente sexual, foi considerado um resultado extremamente fortuito diante da extrema gravidade do problema.
No dia 11 de novembro de 1928, um domingo, quase um ano e meio depois da passagem dos cangaceiros, Antônio Januário reuniu sua família em um estúdio fotográfico de Pau dos Ferros para a realização de um interessante instantâneo. Essa fotografia, que trago com exclusividade e conseguida a partir do material original, possui no verso a seguinte frase “Uma pequena lembrança que ficará para sempre”.
Nela é possível ver Antônio e sua esposa Raimunda sentados em um pequeno sofá de madeira e vime, em uma posse de tranquilo comando de suas vidas e de sua prole familiar, que se encontravam todos presentes. De pé, logo atrás do móvel é possível ver Cosme, tendo a sua direita suas irmãs Maria e Arcanja e ao seu lado esquerdo Raimunda. Essa última e Arcanja trazem dois objetos que escaparam das mãos dos cangaceiros – são dois belos crucifixos com corrente e pedras.
Depois de observar milhares de fotos antigas, ao longo de vários anos de pesquisas, posso comentar que, a exceção de Dona Firmina, todos os outros participantes do instantâneo se vestem com roupas modernas para os padrões sertanejos do interior potiguar da década de 1920. Inclusive suas filhas, onde é possível ver Maria e Arcanja utilizando saias acima do joelho, apesar de estarem com meias. Antônio e Cosme igualmente seguem um padrão de vestimenta masculina bem moderna para a época. Ao olhar detidamente essa foto, vejo o registro de uma família que aparentemente superou o susto causado pelo bando de Lampião.
Violeiros Cantam a História do Assalto
A senhora Ivaneide me comentou em 2010 que nessa propriedade era comum a apresentação de cantadores de viola afamados da região e até de outros estados. Mesmo com o crescimento das bandas de forró eletrônicas, da televisão e outros meios de entretenimento, na época essas cantorias de viola possuíam público cativo na comunidade.
Ela narrou que era praxe as pessoas do lugar transmitirem para os violeiros visitantes os acontecimentos testemunhados pela família Aquino em 1927 e o que eles sabiam do ataque do grupo de cangaceiros a Mossoró. Com isso, solicitava-se que esses artistas transformassem as histórias ouvidas em uma cantoria tipicamente nordestina.
Já as estradas existentes entre as propriedades Caricé e a Fazenda Morada Nova foram sem nenhuma dúvida o pior trecho percorrido para a realização deste trabalho. As maiores dificuldades se encontravam na já rotineira falta de sinalização, mas principalmente no péssimo estado de conservação desses caminhos.
A Fazenda Morada Nova está localizada em um ponto extremamente afastado de áreas urbanas. A cidade de Pau dos Ferros fica a cerca de 24 quilômetros de distância, já a zona urbana de Pilões se encontra a 16 quilômetros e a cidade de Antônio Martins a 19. Entretanto, o melhor acesso utilizado é a partir de Antônio Martins, onde o motorista percorre oito quilômetros de asfalto da rodovia federal BR-226 e depois segue por mais 11 quilômetros de estradas vicinais. Contudo, nesse caso, existe a imprescindível necessidade de contar com a ajuda de uma pessoa da região que conheça o trajeto. Nesse caso eu contei com o apoio do amigo Chagas Cristóvão, da cidade de Antônio Martins.
Atualmente, Pau dos Ferros é a principal cidade da Região do Alto Oeste Potiguar, com uma população acima de 30.000 habitantes, estando a 389 quilômetros de distância de Natal, ocupando uma área de aproximadamente 260 km² e possuindo uma história bem antiga.
Acredita-se que a toponímia Pau dos Ferros foi criada a partir de uma determinada árvore. Essa árvore certamente devia ser um excelente local para repouso e com ótima sombra, onde vaqueiros viajantes, utilizando ferro em brasa, deixavam marcado no seu tronco as marcas do gado sob sua responsabilidade. Em uma época onde as fazendas não tinham arames farpados e o gado era criado solto, essa prática serviu para esses trabalhadores conhecerem as marcas de outras propriedades. Isso tornava mais fácil a identificação dos animais perdidos nos pastos e a realização de troca das reses encontradas. Não é difícil imaginar como essa árvore ficou bem conhecida na região. Logo ao seu redor se fixaram pessoas e isso deu início a uma pequena comunidade. Já sobre a questão da posse da terra, consta que no ano de 1733, por ocasião da morte do Coronel Antônio da Rocha Pita, foi doada a sesmaria de Pau dos Ferros a seus filhos e herdeiros. Um deles, Francisco Marçal, foi a pessoa que mobilizou os que ali viviam para erguer uma capela em 1738. Somente através da Resolução Provincial nº 344, de 4 de setembro de 1856, Pau dos Ferros tornou-se um município, sendo desmembrada da cidade serrana de Portalegre.
Na trajetória do bando em direção a Mossoró, ao se aproximar dos contrafortes da Serra de Martins, o caminho percorrido por Lampião passou onde atualmente estão localizadas as áreas territoriais das cidades de Serrinha dos Pintos, Antônio Martins, Frutuoso Gomes, Lucrécia e Umarizal.
Pescado no Tok de História
Repesquei no blog Lampião Aceso do pesquisador do cangaço Kiko Monteiro
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canal? Nossa chave Pix é o e-mail: narotadocangaco@gmail.com Luiz de Cazuza nos
fala sobre Antônio Rosa, um cangaceiro que ousou desafiar Lampião. Link desse
vídeo: https://youtu.be/6Fo0blf0964