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sexta-feira, 18 de julho de 2014

Lauro foi responsável pelo maior furo de reportagem da história do RN

Por Bruno Barreto

O dia 19 de junho de 1927 foi importantíssimo na história do Jornal O Mossoroense e de toda a imprensa potiguar, pois foi neste dia que foi publicado o maior furo de reportagem do Estado. Tratava-se da entrevista que o cangaceiro Jararaca concedeu a Lauro da Escóssia na prisão, antes mesmo de depor em inquérito policial.

O cangaceiro Jararaca

Com a reportagem, de repercussão nacional, transformada em matéria do jornal O Estado de São Paulo, o jornal chegou a uma vendagem recorde de 5.400 exemplares, patamar nunca mais alcançado.

A manchete dizia "Hunos da nova espécie" e a sub-manchete, "O famigerado Lampião e seu grupo de asseclas atacam Mossoró". As chamadas diziam "A heróica defesa da cidade" e "É morto o bandido Colchete é gravemente ferido o lombrosiano Jararaca".

Cid Augusto

Em seu livro "Escóssia", Cid Augusto transcreve a reportagem, que é introduzida por comentário discordando do adjetivo atribuído a Jararaca na chamada, e que pode ser conferida abaixo na íntegra:

"- Não, nada. Sujeito simpático. Ele começou me dizendo que se chamava José Leite, tinha 27 anos e nasceu no dia 5 de Maio em Buíque, Pernambuco. Sujeito moreno, muito moreno, mas não era negro. Era solteiro e andava com Lampião há um ano e alguns meses. Ele tinha um fuzil mauser e cartucheiras de duas camadas, ms 560 mil réis no bolso e uma caixinha com obras de ouro no valor de 1 conto de réis. 

O cangaceiro Massilon

Disse que o ataque a Mossoró foi idealizado por Massilon Leite e que Lampião relutou um pouco, por causa da história das duas Igrejas. Que quando Lampião chegou a Mossoró não gostou nada, nada, daquela 'igreja da bunda redonda' (de onde estavam partindo os tiros contra o bando). De repente, Jararaca começava a rir, diz Lauro da Escóssia, e a gente perguntava por que, espantado como um homem com um buraco de bálano peito ainda conseguia rir.

-Mas, enfim, Jararaca, para que Lampião queria tanto dinheiro?

'- Era pra comprar os volantes de Pernambuco.'

Voltamos a outros episódios com Jararaca na prisão.

Clementino José Furtado - Quelé

Kelé não entrou na cadeia. Um seu ordenança, negro bem alto chegou perto de Jararaca, tendo-lhe arrancado do pescoço, num gesto brusco, uma volta de ouro que trazia com uma medalha de Santa. Depois cobiçou um anel que o bandido trazia no dedo. Jararaca tentou tirar, não conseguindo, ao que o negro foi logo dizendo: '- Coloque a mão aqui. Eu vou cortar o dedo para tirar o anel'. E puxou um faca (facão) ao que o Dr. Marcelino implorou:

'- Meu senhor, não faça isto. Cortar o dedo na minha frente, não'.

O negro desistiu, por certo atento à sensibilidade do doutor.

Jararaca, fez um pedido com certa ironia:

'- Tragam Kelé que eu quero dizer quem é cangaceiro'.

Disse depois:

'- Kelé era do nosso bando e a polícia paraibana fez dele um sargento para nos perseguir'.

Mesmo ferido, Jararaca não escondia seu riso, o desejo de ainda viver e no momento em que uma linda jovem de nossa sociedade penetrava na sala, atenta à sua curiosidade para ver o bandido, este pergunta:

'- Esta moça é daqui?'. Ao que, recebendo a afirmativa, disse: '- Se o capitão (Lampião) soubesse que aqui tinha uma moça tão bonita teria entrado na cidade.'

A uma pergunta de D. Marola Silva (esposa do Sr. Veriato Silva), se os vinte e tantos traços que tinham na coronha de sua arma eram anotações de morte feitas pelo mesmo, como dizem, respondeu-lhe:

'- É tudo mentira, minha senhora. Eu nunca matei ninguém'. E deu uma boa gargalhada, saindo o vento pelo furo do peito. Apenas impaciente ficou seguidas horas naquele sofrimento, pelo que chegou a pedir um canudo de mamão e algumas pimentas malaguetas, dizendo que com isso ficaria bom.

Perguntei-lhe como. Disse: '- No bando, quando alguém recebe ferimento como este (apontando para o peito), sopra-se malagueta pelo canudo colocado na ferida. Sai toda salmoura do outro lado. Arde muito, mas a gente fica curado'.

Mas, apesar de tudo isto, Jararaca vinha aos poucos melhorando e se tivesse sido medicado convenientemente não morreria pelos ferimentos.

Tenente Laurentino de Morais - honoriodemedeiros.blogspot.com

O tenente Laurentino de Morais tinha ido a Natal de onde voltou na quarta-feira seguinte. Esperou pela quinta, quando Jararaca seria transportado para Natal. Alta noite, da quinta para a sexta-feira, levaram Jararaca, não para Natal e sim para o cemitério, onde já estava aberta a sua cova.

Disse o bandido: '- Vocês não me levam para Natal. Sei que vou morrer. Vão ver como morre um cangaceiro!'

Naquele local foi-lhe dada uma coronhada e uma punhalada mortal. O bandido deu um grande urro e caiu na cova, empurrado. Os soldados cobriram-lhe o corpo com essa areia.


Essa ocorrência feita às escondidas foi guardada com as devidas reservas por alguns dias. Tempos depois, o capitão Abdon Nunes, naquela época comandante da guarnição policial de Mossoró, revelou em depoimento a morte de Jararaca'.

http://www2.uol.com.br/omossoroense/160305/universo.htm

Ilustrado por José Mendes Pereira

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“O ESTADO DE SERGIPE” – 28/06/1936


Exumados os despojos de José Baiano e seus sequazes enterrados num formigueiro. A cabeça do facínora temido! – o estado dos cadáveres – quase criança e já perigoso delinquente – o regresso da caravana

“O Estado de Sergipe” ouve o major Osvaldo Nunes, chefe de polícia. 

Sabedores do regresso do major Osvaldo Nunes, zeloso chefe de Polícia do Estado, que anteontem fora ao teatro da luta na qual os bandidos perderam a vida, tratamos de procurar a distinta autoridade, que nos recebeu com a lhaneza de trato que lhe é peculiar.

Sua Senhoria disse-nos, preliminarmente: - Não esqueça de explicar no seu jornal que o Governo de Sergipe e as autoridades policiais tinham conhecimento da ação que há meses se preparava para extinção do grupo de cangaceiros chefiado por José Baiano, pois as volantes, quase sempre pressentidas, só podem oferecer combate aberto, ao qual os bandidos ordinariamente fogem.

E acrescentou a ilustre autoridade: - Todos sabem que o desaparecimento de um grupo de cangaceiros é um benefício para a coletividade, diante do que esses homens, que expuseram a própria vida para eliminar os ferozes bandoleiros, só mereciam a ajuda eficiente dos poderes públicos.

Inquirimos então ao major chefe de Polícia:

- Havia vestígios da luta no local?

- Claro. Galhos quebrados, chão revolvido, tudo indicava a luta de vida e morte ali desenrolada, na qual só a arma branca foi utilizada.

- Não houve dúvida na identificação dos bandidos? – Perguntamos, do que obtivemos a seguinte resposta:

- Nenhuma. A identificação principal, que era a de José Baiano, foi perfeita, não só pelos sinais característicos do facínora, e conformação craniana, como pelo confronto feito com a fotografia do mesmo.

- E é intenção do governo premiar o esforço dos valentes sertanejos?

- Sim, disse-nos Sua Senhoria, no entanto por ora nada posso dizer de positivo.

Terminando a rápida entrevista, o major Osvaldo Nunes teve as seguintes palavras:

- O governo está providenciando com urgência o reforço policial das localidades mais assoladas pelo banditismo, apesar das dificuldades oriundas do pequeno efetivo da tropa, especialmente Alagadiço, Carira, Pinhão e outros pontos distantes, de difícil comunicação.


Conforme dissemos em nossas edições anteriores, às 5 horas da manhã de anteontem, uma caravana composta do major Osvaldo Nunes, chefe de Polícia, seu assistente militar, tenente Ulisses Vieira, comandante Rivaldo Brito, senhor Raimundo Carvalho, oficial de gabinete do governador Eronides de Carvalho, tenente Afonso Mota e Oscar Pinho, Dr. Carlos Menezes, médico legista da Polícia, os sertanejos Antônio Pereira e Pedro Guedes, que tão saliente papel tiveram na dizimação do bando de José Baiano, fotógrafo Artur Alves Costa, escoltados por um contingente composto de 15 soldados da milícia estadual, viajou de automóvel para o local onde se dera o desforço que redundou no aniquilamento total do perigoso grupo de bandoleiros chefiado pelo célebre José Baiano, a fim de proceder às medidas julgadas necessárias pela lei para comprovação do ocorrido, entre as quais, a exumação dos cadáveres dos quatro facínoras desaparecidos.

A estrada, devido às últimas chuvas, retardou um pouco a chegada a São Paulo, que se deu às oito e trinta horas. Aí, após servirem-se de um lanche reconfortador, descansaram os servidores da lei até as 10 horas, rumando em seguida para Alagadiço, que alcançaram às 12 horas, onde se apearam e continuaram a marcha a pé, em vista das dificuldades que a estrada oferecia para a passagem dos veículos.

O LOCAL DA TRAGÉDIA

Às 12 e meia precisamente chegavam o chefe de Polícia e seus companheiros à Lagoa Nova, onde se deu a luta que resultou no benefício social da extinção de José Baiano e seus caibras.

ISOLANDO O LOCAL

O comandante Rivaldo Brito ordenou providências para que o local fosse isolado, valendo-se para este fim da tropa volante que, sob o comando do sargento Epaminondas, viera de Carira e se juntara, à saída de Alagadiço, aos 15 homens do contingente.

EXUMADO OS CADÁVERES

Após o isolamento, o Dr. Carlos Menezes mandou que dois trabalhadores das cercanias abrissem a cova onde jaziam os bandidos, no que foi coadjuvado pelos sertanejos Antônio de Chiquinha e Pedro Guedes, que apontavam onde devia ser feita a escavação. Verificou-se que os bandidos haviam sido enterrados num formigueiro, por ser de areia frouxa, mais fácil portanto para ser cavada...

A CABEÇA DE JOSÉ BAIANO

Logo mais, a picareta de um dos homens trouxe a descoberto a cabeça separada do tronco, do bandido José Baiano, ainda perfeitamente reconhecível, apesar de cheia de areia. O doutor Carlos Meneses lavou a cabeça do facínora temido, que tantos males concebera e praticara, transparecendo então uma fisionomia morena, cabelos crescidos e encaracolados, boa dentadura, onde faltava apenas um dente, que foi incontinenti fotografada. Prosseguindo a escavação, surgiu o corpo de um bandoleiro, tipo atarracado, alvo, que entrara recentemente no grupo. Também foi fotografada. O segundo corpo a surgir foi o de um bandido corpulento, claro, aquele, no dizer de Antônio de Chiquinha, que mais reagiu na luta e que semimorto, ainda quis empunhar o fuzil. O terceiro corpo estava em adiantado estado de desagregação, e era de um rapazinho há tempos integrante do grupo. Por último apareceu, decepado, o tronco de José Baiano, revelando uma forte compleição física. Trajava mescla azul, camisa de quadrinhos da mesma cor e culote.


Após fotografar os despojos sinistros de um a um o médico ordenou o batimento de uma chapa dos corpos em conjunto.

HORRÍVEL MAU CHEIRO

Devido aos vários dias já decorridos desde a consumação do trágico episódio, os despojos exalavam horrível odor, tornando a atmosfera quase irrespirável, apesar da água de colônia e outros perfumes e desinfetantes que os presentes utilizavam a fim de assistir aos trabalhos.

GRANDE AFLUÊNCIA AO LOCAL

Durante o decorrer da diligência policial, chegavam, continuadamente, grupos de curiosos procedentes das cercanias e até de Itabaiana, São Paulo, Alagadiço e Carira.

O REGRESSO

A caravana policial regressou incontinenti, chegando a esta cidade cerca das vinte e uma horas e alguns minutos.
Fonte: facebook

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O Massacre dos Salinas - 1932

A foto é só para ilustração

No município de Jeremoabo, na Bahia, há um sítio chamado Almesca, que foi palco de uma das maiores atrocidades cometidas por Lampião no tempo do cangaço.

Sempre passavam grupos de cangaceiros nestas terras. O dono do referido local, senhor Manoel Salina, toda vez que “avistava” os cabras, corria até Jeremoabo e dizia para as autoridades o ocorrido.

O pesquisador Antônio Amaury, em seu livro “De Virgolino a Lampião”, na pg. 221, refere que o tenente Zé Rufino tenha dito: “(...) Manoel salinas tinha brasa na língua e que precisava falar para ventilar e aliviar a boca (...)”.

Ainda segundo o pesquisador na ob. cit., “(...) Lampião foi informado desse hábito (...) mandou-lhe um recado bastante claro: “Deixe de contar nosso roteiro para os macacos, senão vamos matá-lo! (...) contrariando a expectativa normal e demonstrando grande falta de bom senso (...) continuou com suas denúncias (...)”.

 O dono do sítio foi morar na cidade. Porém, certa vez juntou seus familiares e conhecidos para fazer uma “farinhada”.

Sabendo que ia acontecer tal coisa, Lampião mandou um coiteiro sondar se a conversa era verdadeira, tendo a confirmação positiva, chamou a tropa e informou para onde iam. Chegando à fazenda, prenderam todos rapidamente. Nas pags. 222 e 223 da cit. ob. o autor nos relata,”(...) João Grande, Cirilo Batata, Antônio Batata e Boa batata foram mortos de imediato. Sem demora (...) pegaram Manoel Salina e um de seus filhos e amarram-nos juntos, em pé (...) executaram o filho com um tiro na cabeça. Ao tombar no chão, sem vida, trouxe consigo seu pai (...)”. Repetiram esta atrocidade de amarrar um filho ao pai e matar o filho em três de seus filhos. Todas às vezes que foi morto um dos filhos, ao cair, levava o pai ao chão. o filho chamado Fabiano foi obrigado a subir no telhado da casa de farinha e ir quebrando suas telhas. Com uma coragem de monstro, sem saber de onde veio, saltou do telhado e correu até a cidade. comunicando as autoridades do que se passava. As autoridades resolveram só ir ao dia seguinte.

Voltando ao livro do grande pesquisador “(...) depois de matarem os três filhos (...) quebraram-lhe todos os dentes, arrancaram todas as suas unhas a punhal, castraram-no e vazaram um de seus olhos (...) nesse estado o puseram em cima de um cavalo (...) até a fazenda bandeira, onde morava um outro filho de salina (...) Chamou seu filho Ulisses (...) foi sumariamente, abatido a tiros (...), e depois de tudo isso é que Lampião resolveu colocar um fim ao sofrimento de Manoel salina (...)”.

(Obs.: a foto acima postada não quer dizer que foi esse o grupo que cometeu as barbáries, mas nesta foto Lampião é o primeiro da esquerda). 

Fonte: facebook
Página: Sálvio SiqueiraLampião, Cangaço e Nordeste

Confira também neste site: 
http://cariricangaco.blogspot.com.br/2012/02/chacina-da-familia-salinas-e-caravana.html 

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MANOEL VICTOR OU MANOEL VICTOR MARTINS:


Ingressou no cangaço no ano de 1926. Nesse mesmo ano atacou e agrediu dois sobrinhos do Coronel Ângelo da Gia.


Manoel Victor pertencia a uma família de relativo poder econômico e existe a possibilidade, não comprovada, de ter sido filiado ao Partido Comunista, o que o tornaria o primeiro e único cangaceiro-comunista.

Chegou a executar várias missões por ordem de Lampião, na região de Tacaratu-PE (Não comprovado).

Alguns pesquisadores e historiadores acreditam que MANOEL VICTOR não tinha relações amistosas com Lampião e inclusive em 19 de Agosto de 1926 teria Lampião com outros 90 homens atacado Tacaratu-PE, pondo cerco de 12 horas de fogo na casa de Manuel Victor, ferindo-se seu irmão Januário, que veio a perder sua perna.

Esse ataque foi por conta de uma questão gerada com Manuel Victor, com membros da tradicional família Faceiro Lima de Tacaratu-PE.

- Participou da batalha da Serra Grande no município de Vila Bela em 26 de Novembro de 1926.

- Foi morto em 20 de Junho de 1937, no Sítio Brejinho, município de Tacaratu-PE, pela volante comandada pelo Tenente Arlindo Rocha.

Fonte: facebook

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Lampião em Alagoas

Autores: Clerisvaldo B. Chagas e Marcello Fausto
  
O livro tem 468 páginas. 
Preço R$ 55,00 (Cinquenta e cinco reais) com frete incluso, para todo o Brasil.

Onde comprar?
Com o revendedor
Professor Pereira
através do E-mail:
franpelima@bol.com.br
ou pelos telefones:
(83) 9911 8286 (TIM) - (83) 8706 2819 (OI)

http://lampiaoaceso.blogspot.com.br

Camuflas e camuflagens.

Jorge Lundgren

Eu estava pensando aqui, Galera... Lampião sem duvidas, um cangaceiro de grande inteligência, estrategista, mas vendo as imagens coloridas pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio, o rei e seus cabras usavam roupas muito coloridas, o que facilitava a visualização de seu bando em meio à caatinga. 


Será que com tanta inteligência assim, ele nunca pensou em técnicas de camuflagem, para quando estivesse em meio à caatinga, usando roupas de tons que os camuflassem em seus momentos de descanso?

O professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio disse:


"- O que devemos perceber, Jorge Lundgren, é que a caatinga era muito diferente do que temos atualmente. Havia as áreas efetivamente de "mata branca" ou "mata cinzenta", mas havia abundância de cores também, naquela secura... Além disto, os cangaceiros, por mais coloridos e emperequetados que estivessem, sabiam se deslocar... Aquela visão de cangaceiros passeando pelos caminhos, andando como os anões da Branca de Neve, em passos lerdos... ou montadinhos no alto da serra... como quem volta da praia... é coisa de filmes. Eles andavam era mocozados... permeando vales e ravinas.. O mais fácil era dar de cara com eles... assim... de supetão".


" - Essa parte final amigo Rubens Antonio, será que teria como expressar numa linguagem mais simples... partir de mocozados... sou meio leigo no assunto e não compreendi".

Rubens Antonio voltou a explicar dizendo:

" - Os cangaceiros se deslocavam de maneira eficiente, pois raramente eram visos, salvo quando saltavam já na frente, emergindo da caatinga arbórea. Quando não estavam nos coitos, os cangaceiros quase não andavam, praticamente só correndo ou andando muito apressados. Ou seja... Aquilo de caminharem tranquilinhos, como na abertura do "Lampião e Maria Bonita" é coisa pra gringo ao tema ver... Quando estavam a cavalo, eram também muito velozes. Mesmo passando geralmente por veredas, picadas ou mesmo "mata bruta", seus deslocamentos poderiam variar entre 20 e poucos e incríveis 120 km por dia".


Continua o Rubens Antonio:

" - Esta caminhadinha aqui... neste vídeo... a campo aberto ou pelo caminho com aquela passadinha.... é coisa de filme. Bem distante da realidade: https://www.youtube.com/watch?v=l1f4nRIz0ZY".

Jorge Lundgren agradeceu dizendo:

 " - Muito obrigado pela explicação Rubens Antonio, agora entendi...".

Giovani Costa disse:


"- Mocó meu caro Jorge Lundgren, é um animalzinho esperto da família do preá, que vive nas locas das pedreiras e muito difícil de ser alvejado, por isso o amigo usou o termo "mocozados"!

O pesquisador Wellington Lopes reforçou o que disseram:


" - Todos nós temos um pouco de camaleão, quando criança eu brincava de Cowboy, e o meu instinto me levava para o melão de Sao Caetano e me camuflava com os ramos no meu corpo. Portanto em um combate na caatinga podem ter certeza que o Rei do Cangaço usava roupas de cores que confundia a volante, principalmente o linho cor de areia".

Veja o filme completo de Lampião e Maria Bonita clicando no vídeo abaixo:


Duração do filme: 1:39:37 segundos

Fonte: facebook
Página: Jorge Lundgren

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RAIDS AO INÍCIO DA AVIAÇÃO COMERCIAL

Publicado em 10/07/2014 por Rostand Medeiros

Localização estratégica de Natal, nas rotas aéreas entre as Américas e os continentes africano e europeu, chamou atenção dos pioneiros da aviação. Cidade foi base para aventuras e rotas comerciais.


Autor – Rostand Medeiros

Publicado originalmente no jornal Tribuna do Norte, Natal, Rio Grande do Norte, edição de domingo, 26 de janeiro de 2014. Mas o presente artigo que apresento está completo e não foi colocado desta maneira no jornal por questões de espaço.

Não existem dúvidas que a história do voo é a história de um sonho: o sonho dos homens de voarem através dos céus como pássaros. Não existem dúvidas que a história do voo é a história de um sonho: o sonho dos homens de voarem através dos céus como pássaros.

Pintura do holandes Jacob Peter Gowi, denominada “A queda de Ícaro”. Do século XVII, se encontra no Museu do Prado, Madrid e retrada o antigo sonho do homem de voar através da história da fuga de Ícaro e Dédalos.

Este sonho vai se concretiza utilizando tecnologias revolucionárias, que culminam na invenção do avião. Este momento da história inaugura o período onde os humanos não estariam definitivamente mais ligados à superfície da Terra. Foi o início de uma viagem onde a pura alegria de voar capturou a imaginação de muitos. Logo a vontade ir além do horizonte crescia. Seguir pelo vasto céu azul, atravessar milhares de quilômetros de terra, superar montanhas e, da mesma forma como fizeram os antigos navegadores, cruzar os oceanos passou a ser o objetivo e o desejo nas mentes dos primeiros aviadores. Para muitos este desejo era pura aventura, busca de reconhecimento, notoriedade, ou simplesmente porque deveria ser feito. Mas para outros aviadores havia um lado prático; a busca de pontos estratégicos para encurtar distâncias entre os continentes e ganhar dinheiro voando.

E é neste ponto que Natal, uma pequena capital localizada na porção nordeste do Brasil, vai despontar para o mundo da aviação como um dos mais importantes e estratégicos pontos de apoio para aquele novo empreendimento da aventura humana.

A primeira indicação do RN como ponto de apoio

Pouco depois das primeiras aeronaves deixarem o solo, o desejo dos aviadores de vencer as distâncias, principalmente sobre os oceanos, era noticiado em Natal. Na edição de 5 de abril de 1910, do jornal natalense A República, vemos a reprodução de um artigo de uma revista inglesa onde era debatido o futuro da aviação.

Mapa do Rio Grande do norte e dos estados vizinhos no início do século XX

Entre posições positivas e negativas, já era exposto que o seu desenvolvimento logo iria proporcionar a “travessia entre o Velho e o Novo Mundo pelo ar” e que isso poderia se fazer em “75 horas”. Mas o debate, a propagação das ideias e o desenvolvimento da aviação são drasticamente interrompidos com o início da carnificina que foi a Primeira Guerra Mundial.

5 de abril de 1910, Jornal “A República”

Apesar disso, é inegável que o fim do conflito impulsionou de maneira extraordinária a aviação. Mesmo com a precária estrutura e potência dos motores dos aviões existentes, o grande número de máquinas e pilotos excedente permite o início da exploração de novos horizontes e até mesmo de rotas aéreas comerciais. Em 23 de outubro de 1918, poucos meses após o fim da Primeira Guerra, o jornal A República reproduziu uma reportagem do jornal “O Estado de São Paulo”, onde o Comandante José Maria Magalhaes Almeida, adido naval brasileiro na Itália e futuro governador do Maranhão, declarou que ao realizar uma visita oficial a fábrica de aviões do industrial Giovanni Battista Caproni, este comentou que tinha o “grande sonho de voar através do Atlântico”.

Gianni Caproni, de terno, na nacele de um de avião fabricado pela sua empresa
.
O italiano, conhecido como Gianni Caproni, coletou de Magalhaes Almeida informações sobre a nossa costa. O plano de Caproni era para uma travessia aérea em um “colossal hidroplano, entre Serra Leoa (África) e Rio Grande do Norte ou Pernambuco”. Provavelmente esta foi a primeira vez que uma pessoa com forte atuação no meio aeronáutico mundial apontava a importância estratégica da costa nordestina para a aviação.

23 de outubro de 1918, jornal “A República”

Apesar da elite potiguar fazer questão de propagar nos jornais locais qualquer notícia positiva sobre o nosso estado produzida lá fora, acredito que ninguém levou a sério a informação do Comandante Magalhaes Almeida.

Provavelmente colocaram a possibilidade de um aeroplano Caproni chegar a nossa região voando sobre o Oceano Atlântico apenas no campo dos sonhos.

A 1ª aeronave em céus potiguares

Mas, lá fora, a aviação progredia.

A primeira travessia aérea do Atlântico Sul foi concluída com sucesso em 17 de junho de 1922, pelos aviadores portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, como parte das comemorações do primeiro centenário da independência do Brasil. Os lusos realizaram a travessia oceânica cobrindo uma distância de 1.890 milhas com muitas dificuldades, onde tiveram que utilizar três aeronaves.

Sacadura Cabral e Gago Coutinho em 1922

Os aviadores portugueses não passaram por Natal e seguiram de Fernando de Noronha direto para Recife.

Apesar da frustração por não receberem a dupla Coutinho/Cabral, no dia 21 de dezembro de 1922 os potiguares viram pela primeira vez uma aeronave sobrevoar sua terra. Era um hidroavião biplano Curtiss H 16, batizado como “Sampaio Correia II” (o primeiro fora destruído em Cuba, sem ferimentos nos aviadores). A tripulação era de cinco pessoas. O piloto era o oficial da marinha americana Walter Hinton e o copiloto era Euclides Pinto Martins, um cearense de Camocim, que havia morado no Rio Grande do Norte e aqui tinha muitos amigos.

O norte americano Walter Hinton e o cearense Euclides Pinto Martins, piloto e copiloto do hidroavião “Sampaio Correia II”, a primeira aeronave a voar sobre o Rio Grande do Norte

O “Sampaio Correia II” tocou as águas do rio Potengi as 12:45, atracando no Cais Tavares de Lyra, diante da aclamação popular e muitas homenagens prestadas pelas autoridades do Estado. Pelo fato de Pinto Martins ser conhecido em Natal, muita gente pensou que o cearense iria ficar aqui algum tempo com seus amigos, participando de inúmeras homenagens típicas da época. Mas o “Sampaio Correia II” partiu no dia posterior a sua chegada, ás sete da manhã, sem dar muitas satisfações ao povo natalense.

Entretanto Hinton e Pinto Martins não deixaram a terra potiguar tão rapidamente como desejavam. Perceberem falhas em um dos motores da aeronave e tiveram de amerissar no mar, próximo a comunidade de Baía Formosa. Analisado o motor descobriram que algumas engrenagens estavam irremediavelmente danificadas e tinham que ser substituídas. Só conseguiram o conserto das peças em Pernambuco, mais exatamente em Recife.


O hidroavião decolou dias depois de Baía Formosa rumo  a Recife. Existe a informação que a saída da aeronave foi realizada com muitas dificuldades e, aparentemente, gerou uma nova pane que os forçou descer em Cabedelo, já na Paraíba. Ao final o “raid” do hidroavião de Hinton e Pinto Martins demorou 75 dias para ser concluído no Rio de Janeiro.

Pássaros de aço que passam e não param

Apesar do Comandante Magalhães Almeida haver apontado para o italiano Caproni que as terras potiguares era um ótimo ponto estratégico na eventualidade de uma travessia aérea do Oceano Atlântico, os potiguares ficaram um tempo sem testemunhar a passagem de aviões. Só veriam outra aeronave no ano de 1926.

Mapa do trajeto do hidroavião espanhol “Plus Ultra”

Primeiramente houve uma grande expectativa no mês de fevereiro com a possibilidade da  chegada em Natal do hidroavião espanhol “Plus Ultra”, comandando por Ramon Franco, irmão do futuro ditador espanhol Francisco Franco Bahamonde. Mas este e sua tripulação repetiram a rota dos lusos Gago Coutinho e Sacadura Cabral e seguiram de Fernando de Noronha direto para Recife, aparentemente sobrevoando o território potiguar sem tocá-lo.

Os argentinos do Raid Nova York-Buenos Aires, passaram por Natal e pararam em na praia de Barra de Cunhaú, município de Canguaretama. Na imagem aspectos da chegada desta aeronave no Rio de Janeiro

Nas primeiras semanas de julho de 1926 um hidroavião de fabricação italiana, com uma tripulação argentina e batizado como “Buenos Ayres”, era por aqui aguardado. Eles realizavam um “raid” de Nova York a capital argentina. Mas a aeronave com seus três tripulantes, comandados por Eduardo Oliviero, após vários acidentes no trajeto entre Havana e a região norte do estado do Pará, apenas sobrevoou Natal no dia 11 de julho, as 11:20 da manhã.


Mas tal como aconteceu com o “Sampaio Correia” não deixou rapidamente o Rio Grande do Norte. Devido a uma forte tempestade tiveram de amerissar na região de Barra de Cunhaú. Os aviadores receberam total apoio do coronel Luiz Gomes, chefe político da cidade mais próxima, Canguaretama, e só seguiram viagem na manha de 13 de julho.

O ano em que tudo mudou

Em fevereiro de 1927 chega a notícia que um hidroavião bimotor italiano, modelo Savoia-Marchetti S 55, estava atravessando o Atlântico em direção a capital potiguar. A aeronave havia sido batizada como “Santa Maria”, tinha como piloto o herói de guerra Francesco De Pinedo, tendo como companheiros o capitão Carlo Del Prete, e o sargento Victale Zachetti.

Francesco De Pinedo – Fonte – http://www.aeronautica.difesa.it

Haviam partido do porto de Elmas, Itália, em 13 de fevereiro, bordejaram a costa oeste africana até Porto Praia, capital da atual República de Cabo Verde. Somente no dia 22 alçaram voo em direção a Natal. Mas em Fernando de Noronha houve problemas com a quantidade de combustível e De Pinedo teve de fazer um pouso de emergência. Foi apoiado pelo Cruzador “Barroso”, da Marinha do Brasil. No dia 24 de fevereiro, pelas 7 horas decolavam para Natal.

Foi com um estrondoso repicar dos sinos das igrejas que Natal recebeu a notícia da partida daquela nave do arquipélago. Logo o comércio, as repartições públicas, as escolas fecham suas portas e uma multidão calculada em 10.000 pessoas, vai se aglomerar desde o Cais da Tavares de Lira, até a então conhecida praia da Limpa, onde atualmente se localizam a áreas do prédio histórico da Rampa, o Iate Clube de Natal e as dependências do 17º Grupamento de Artilharia de Campanha.

O “Santa Maria” – Fonte – http://www.aeronautica.difesa.it

No alto da torre da igreja matriz, na Praça André de Albuquerque, escoteiros estão posicionados, vasculhando os céus com binóculos e lunetas em busca do hidroavião. No mastro ali existente tremulam as bandeiras italiana e brasileira. Finalmente, às nove e vinte da manhã, um ponto é avistado para além da praia da Redinha, ao norte da cidade. Os escoteiros estouram rojões, novamente os sinos das igrejas repicam e navios ancorados no porto apitam ruidosamente, deixando Natal em polvorosa.

O hidroavião sobrevoa a cidade, segue em direção a região do atual bairro de Igapó, retornando na direção do porto. Vai baixando devagar, extasiando a todos ao amerissar tranquilamente no sereno rio Potengi.

Apesar de toda pompa e circunstancia com que o aviador foi recebido em Natal, De Pinedo parecia cansado, com aspecto carrancudo. Mesmo sem externar maiores emoções típicas dos latinos, em um banquete oferecido pelo governo estadual, De Pinedo ergueu um brinde de agradecimento à acolhida efetuada pelos natalenses, à figura heroica do aviador potiguar Augusto Severo e comentou entre outras palavras que “Natal seria a mais extraordinária estação de aviação do mundo”.


De Pinedo foi o primeiro aviador a se pronunciar publicamente sobre a positiva condição que Natal possuía para a aviação mundial, sendo este pronunciamento repetido em diversos jornais nacionais e estrangeiros.

Um italiano realizava o sonho de outro italiano, Giovanni Battista Caproni, da travessia aérea do Oceano Atlântico entre a África e o Brasil, tendo a costa potiguar como ponto de apoio.

A vinda de De Pinedo a Natal tornou conhecida a capital potiguar no cenário da aviação mundial e mostrou ao co-piloto e navegador Carlo Del Prete, que nesta cidade havia um ponto seguro para receber qualquer aeronave que desejasse se aventurar a cruzar o vasto Oceano Atlântico.

Raids que eram uma festa e entraram para a história

Vinte dias após a passagem do “Santa Maria”, a cidade de Natal recebe outro “raid” histórico. Era um hidroavião bimotor, modelo alemão Dornier DO J Wall, batizado como “Argos”. A nave pertencia ao governo português, era pilotado por José Manuel Sarmento de Beires, um major do exército, que tinha como auxiliares os militares e patrícios Jorge de Castilho e Manuel Gouveia.

Da esquerda para direita temos Sarmento de Beires, Castilho e Gouveia, os portugueses do “Argus”

Seu feito foi haver realizado a travessia Atlântica à noite. Decolaram de Bolama, na atual Guiné Bissau, às 17 horas do dia 12 de março de 1927 e pousaram em Fernando de Noronha na manhã do dia 18, uma sexta feira, por volta das 10:15. A parada no arquipélago foi rápida e às 12:55 o hidroavião português já evoluía várias vezes sobre Natal. Depois amerissaram no rio Potengi e prenderam seu hidroavião em boias defronte á pedra do Rosário.

Foram recebidos com muita atenção pela população de Natal. Os aviadores lusos estiveram em várias recepções. A mais importante foi no palacete do comerciante Manoel Machado, o mais abonado da cidade naquela época e nascido em Portugal. No domingo, dia 20 de março, pelas oito da manhã o “Argos” partiu. Em Recife, em uma entrevista ao Diário de Pernambuco, Beires declarou que “Natal era um excelente ponto para aviação”.

Hidroavião da esquadrilha Dargue

No mesmo dia da partida do “Argos”, mas por volta das quatro da tarde, de uma maneira um tanto surpreendente para grande parte da população de Natal, surgem sobre as dunas do Tirol três hidroaviões monomotores pintados de azul escuro e amarelo. Estes realizaram um voo a 300 metros de altitude sobre a Natal de pouco menos de 40.000 habitantes e amerissaram tranquilamente no rio Potengi. Era a esquadrilha comandada pelo Major Herbert Arthur Dargue, que havia partido dos Estados Unidos ainda no ano anterior e percorria toda a costa da América Latina.

Oficialmente a esquadrilha era denominada Pan-American Goodwill Flight, sua equipe original era composta, além do major Dargue, de três capitães e seis primeiros tenentes. Todos vinham acomodados em cinco hidroaviões modelo Loening OV-1 e cada aeronave havia sido batizada com o nome de uma grande cidade americana.

Este Loening OV-1, o “San Francisco”, que esteve em Natal em 1927, está preservado no Smithsonian’s National Air and Space Museum, em Washington D. C.

Haviam partido de Kelly Field, no Texas, no dia 21 de dezembro de 1926 e progrediram de forma relativamente lenta em direção sul. Tinham como missão levar mensagens de amizade dos Estados Unidos para os governos e os povos latino-americanos, promover a aviação comercial dos Estados Unidos na região e forjar rotas de navegação aérea através das Américas. Extra oficialmente esta esquadrilha voava para “mostrar a estrela” abaixo de suas asas. Ou seja, demonstrar aos países abaixo da fronteira sul dos Estados Unidos a capacidade e alcance de seu aparato aéreo militar.

Major Herbert Arthur Dargue. Morreu durante a Segunda Guerra Mundial

Sobrevoaram a costa do Oceano Pacifico desde o México a Argentina, sempre em meio a muitos festejos. Em Buenos Aires, durante uma apresentação no aeroporto de Palomar, dois hidroaviões se chocaram em voo e caíram. Um capitão e um primeiro tenente morreram no desastre. Deste ponto as aeronaves da marinha americana seguem em direção norte, acompanhando a costa Atlântica da América do Sul. Em decorrência do acidente trágico na Argentina voam de forma discreta, sem festividades nas suas paradas. Além disso, os jornais de Natal haviam sido informados que estas aeronaves não amerissariam no rio Potengi, seguindo de Recife direto para São Luís do Maranhão. Por isso houve tanta surpresa na capital potiguar no domingo, 20 de março de 1927.

General Ira C. Eacker, comandante da 8th Air Force, a grande força de bombardeiros americanos baseados na Inglaterra durante a II Guerra, era um dos membros da Esquadrilha Dargue e esteve em Natal em 1927

A viagem do Pan-American Goodwill Flight como ficou conhecido, foi amplamente divulgado na época, com cobertura de primeira página em todos os principais jornais dos Estados Unidos e de outros países, durante quase todos os dias do trajeto aéreo. Em outubro de 1927 a conceituada revista National Geographic dedicou 51 páginas para o épico voo. Na edição de 22 de março de 1927 do jornal A Republica, o Major Dargue foi entrevistado pelo engenheiro agrônomo Octavio Lamartine, filho do político Juvenal Lamartine, que por realizar uma especialização na Universidade de Geórgia, Estados Unidos, dominava perfeitamente o idioma inglês. O oficial aviador americano declarou entre outras coisas que “Natal era um ponto ideal para a aviação”. Para ele a posição geográfica da cidade, o clima e a condição do rio Potengi para os hidroaviões apontavam que a capital potiguar viria a ser “Necessariamente uma base intercontinental de aviação mundial”.

No centro da foto vemos o general Muir S. Fairchild, membro da Divisão de Planos Estratégicos em Washington durante a II Guerra e outro membro da Esquadrilha Dargue em Natal no ano de 1927

Em pouco mais de 15 anos, com a implantação da grande base americana de Parnamirim Field, as palavras do Major Dargue se tornaram verdadeiras.

Interessante comentar que dois dos comandados de Dargue que estiveram em Natal, o então Capitão Ira Clarence Eaker e o Primeiro Tenente Muir Stephen Fairchild, se tornaram oficiais generais de extrema relevância durante a Segunda Guerra Mundial. O primeiro foi comandante da 8º Força Aérea de bombardeiros, onde muitos dos seus quadrimotores B-17 e B-24 passaram por Natal a caminho de bases na Inglaterra, de onde atacavam com suas bombas o coração do Terceiro Reich. Já o outro foi um renomado membro da Divisão de Planos Estratégicos em Washington, um dos grandes planejadores das ações aéreas americanas e que certamente deve ter opinado sobre a construção de uma grande base aérea em Natal durante aquele conflito.
Um voo que nunca chegou e outro que marcou

Os próximos “raids” a passarem por Natal é uma grande marca na história aeronáutica brasileira e da aviação mundial. Enquanto isso, o que não faltava nos céus de todo o planeta eram aeronaves realizando “raids”.

O aviador norte americano Charles Lindbergh. Ele esteve em Natal na década de 1930, realizando um Raid em um hidroavião monomotor, junto com a sua esposa

Pretendendo a travessia do Atlântico Norte estava os franceses Nungesse e Coli, com o seu avião batizado “Pássaro Azul”. Da Inglaterra os Tenentes Carr e Gilman preparavam o voo que ligaria a Inglaterra a Índia. Da Espanha chegavam notícias da volta ao globo pretendia por Ruiz Alba e Padelo Roda e voando de New York para Paris, buscando ganhar um prêmio no valor de 25.000 dólares, havia um desconhecido piloto chamado Charles Lindbergh.

O “Jahú”- Fonte – Coleção do autor

O Brasil estava em uma extrema expectativa com o voo através do Atlântico Sul do hidroavião brasileiro “Jahú”. Era um aparelho Savoia Marchetti S-55, de fabricação italiana, comandado por João Ribeiro de Barros, paulista da cidade de Jaú. Tinha como companheiros João Negrão, Vasco Cinquini, e o Capitão Newton Braga. Em meio a inúmeros problemas, que incluíram inclusive sabotagem, o “Jahú” decolou às quatro e meia da manhã, do dia 28 de abril de 1927, de Cabo Verde. Os natalenses e pessoas de várias cidades dormiram nas calçadas dos jornais, aguardando notícias. Somente no dia seguinte, soube-se que o “Jahu”, pelas 17:30, amerissou a 100 milhas de Fernando de Noronha. Natal aguardava com ansiedade o brasileiríssimo “Jahú” e, enquanto ele não vinha, foi noticiado que outro voo estava programado para chegar a Natal e desta vez a nave viria pilotada por um nobre francês: o capitão Pierre Serre de Saint-Roman, filho do Conde de Saint-Roman e sua ideia era vir a América do Sul para percorrer 52 cidades do continente e a primeira seria Natal.

O aviador francês Pierre Serre de Saint-Roman, aquele que nunca chegou a Natal

Os momentos iniciais do voo de Saint-Roman foram atribulados. Talvez por ele possuir apenas 250 horas de voo como experiência anterior a um salto sobre o Atlântico. Talvez pelo seu avião Farman F.60 Goliath, um biplano bimotor, batizado como “Paris-Amérique-Latine” e concebido originalmente como bombardeiro, não ser a nave ideal. Em todo caso, ele e mais dois companheiros decolam de Saint-Louis (Senegal), no dia 5 de maio de 1927, às seis da manhã. Em Natal muitos imaginam que Saint-Roman vai chegar primeiro que o “Jahú”, mas o “Paris-Amérique-Latine” e seus tripulantes jamais foram vistos novamente. Somente no dia 29 de junho, restos do avião de Saint-Roman foram encontrados entre o Maranhão e Pará, bem distantes da rota planejada pelos aviadores desaparecidos.

Apesar da competitividade reinante entre os voos do “Jahú” e do “Paris-Amérique-Latine”, percebe-se lendo os jornais da época que Natal sentiu o desaparecimento do avião francês.

O “Jahú”, um hidroavião Savoia-Marchetti S.55, o último de seu modelo no mundo, atualmente se encontra no Museu de aviação da TAM, em São Carlos, São Paulo – Fonte –http://www.panomario.com

Mas logo ele seria esquecido com a triunfal chegada do “Jahu”.

Os pilotos brasileiros partiram de Fernando de Noronha no dia 14 de maio e por volta das 13 horas ouviu-se o crescente ronco dos motores e uma silhueta vermelha surgiu no horizonte vindo do mar. A chegada desta aeronave a capital potiguar foi algo marcante na população local.


Dois meses depois, em 18 de julho de 1927, Natal foi surpreendida com a chegada de uma aeronave de rodas, um autêntico avião. Ele era francês, biplano monomotor, do tipo Breguet, e pertencia a uma empresa comercial francesa chamada Latecoère. Percorriam o litoral brasileiro em busca de locais para construção de campos de aviação para uso comercial, através de um convênio com o governo brasileiro para fazer o transporte do correio internacional.

Paul Vachet no centro da foto

O problema era que o biplano só poderia aterrar em um campo de pouso, que não existia ainda na cidade e o piloto Paul Vachet, acompanhado de Dely e Fayard, aterrissou na praia da Redinha.

Com eles, começou a aviação comercial em Natal e a aventura de voar, aos poucos, foi ficando no passado.

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Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand medeiros

http://tokdehistoria.com.br/2014/07/10/a-aviacao-pioneira-nos-ceus-potiguares-dos-primeiros-raids-ao-inicio-da-aviacao-comercial/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com