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sexta-feira, 10 de abril de 2020

BOA PROCURA PELO NOSSO SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO NA FLIPIRI 2016


A escritora e editora Clara Arreguy, que é uma referência no setor livreiro hoje, quando teceu amáveis palavras de incentivo: "...Você brilhou, Luiz Serra!" Está vendendo livros como ninguém!… "Eu agradeço a Clara que sabe incentivar e apoiar, além de trabalhar com equipe"... Comentário de Luiz Serra...


Apoiadores do Espaço Cultural de Pirenópolis (e Tertúlia Pirenópolis) ofertaram um Estandarte da Flipiri ao escritor Luiz Serra (foto), pelo trabalho de pesquisa que se traduziu na receptividade e interesse pelo tema sertanejo histórico. 

Leidi Silveira, jornalista.

Reiterando que a equipe de escritores do Instituto Casa de Autores e da Outubro Edições, da Clara movimentaram a Feira do Livro de Pirenópolis, auditórios superlotados, belas palestras, e o programa de doações de livros às escolas públicas da cidade de ´grande significado humano e cultural... Igualmente aplausos às autoridades locais, e a Curadora escritora Íris Borges, da Arco-Íris por produzir projetos tão relevantes para o setor livreiro e educacional!... Uma referência de louvor!


ADQUIRA- ATRAVÉS DESTE E-MAIL:

franpelima@bol.com.br
Em que pese um ligeiro problema de saúde do genial Ziraldo, todos lembravam de seus livros e trabalhos com carinho!

Culminando no auditório com a apresentação tríplice do cronista Ignácio Loyola Brandão e do escritor e jornalista Maurício Melo Júnior e mediado pela escritora Íris Borges, um fecho bastante aplaudido nesta Feira do Livro de Pirenópolis – FLIPIRI – 2016.

Leidi Silveira

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PADRE VITAL GURGEL GUEDES E LAMPIÃO EM LIMOEIRO DO NORTE


Por Beto Rueda

Vital Gurgel Guedes nasceu em Aracati - CE, em 10 de setembro de 1880. Filho de Antônio Batista Guedes e Jesumira Gurgel Guedes.

Foi ordenado em Fortaleza, a 30 de novembro de 1910. Serviu como pároco de Limoeiro do Norte - CE., entre 20 de dezembro de 1926 a 22 de dezembro de 1929.


Ordeiro e moderador teve papel importante nas negociações da entrada pacífica de Lampião e seus cangaceiros na cidade, depois do ataque frustrado a Mossoró - RN., em 13 de junho de 1927.

Foi nomeado monsenhor em 05 de fevereiro de 1942 como então vigário de Russas - CE.

Faleceu em 1958 aos 78 anos incompletos.

REFERÊNCIAS:

ARAÚJO JÚNIOR. Raimundo da Silva.
Memórias de Lampião em Limoeiro. Limoeiro do Norte: Pronto Color Gráfica, 2017.
Divulga-se que a Santa Sé agraciou como monsenhor o Pe. Vital Gurgel Guedes, vigário de Russas. Revista Instituto do Ceará, 05 fev.1942
Disponível em <http://portal.do.ceara.pro.br/index.php…>. Acesso em 10/04/2020.


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HERCULANO BORGES SALLES


Por Rubens Antonio

Conseguida. junto à família, imagem de Herculano Borges Salles... Estará no livro Cangaço na Bahia... Obtida, assim como da sua viúva, Ossanta, através da imensa gentileza da família, que quer suas histórias resgatadas. Este evento só pode ser viabilizado graças à atuação fundamental e imprescidível da amiga Ana Cataldi.


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RUBELVAN, JOÃO GOMES DE LIRA E BEZERRA...

Pedro Barbosa, Manoel Severo e Rubelvan Lira em Festa do Cariri Cangaço em Nazaré na Casa de Netinho Flor...

Caro amigo Manoel Severo, na primeira vez em que estive em Nazaré, entrei num bar para me informar onde era a casa de João Gomes de Lira. O dono do bar disse: "Esse rapaz aí é filho dele". O rapaz, chamava Rubelvan Lira que me disse: "Se quer ver meu pai, vamos agora, porque daqui a pouco ele vai dormir". E me levou à casa de seu pai. 

Isso faz um bocado de anos. A partir de então, toda vez que ia a Nazaré, eu já sabia onde era a casa do saudoso João Gomes. Nunca mais vi Rubelvan. Avise a ele, Manoel Severo, que em maio em nosso Cariri Cangaço Floresta 2016 ele vai receber, devidamente autografado, o meu "Lampião - a Raposa das Caatingas", onde tem tantas referências ao pai dele. Rubelvan com certeza vai cobrar direitos autorais. E eu pago! Se não tiver dinheiro, o Cariri Cangaço me empresta...

José Bezerra Lima Irmão
Pesquisador, escritor
Aracaju, Sergipe

ACHAMOS QUE A MISSÃO FOI CUMPRIDA POR PAULO GASTÃO

Publicado em 2009
Paulo Gastão entre Ingrid e Mabel, no Cariri Cangaço

Saudações Cangaceiras

O Cariri Cangaço já nasceu forte, robusto e com credenciais endossadas por 4 forças representativas da região do Cariri;são elas formadas pelos municípios de Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e Missão Velha. Achamos que todos os espaços foram preenchidos e a missão considerada cumprida.E o futuro que se aproxima como teremos que trabalhar? Com a participação de outros municípios caracteriza-se o sucesso empreendido, a confiança de quem vai investir num projeto consagrado, principalmente, pela população visitante que já levou aos quatro cantos do Brasil o que aqui se passou neste ano 1º de 2009.

Necessário se faz nova leitura dos Estados que participaram diretamente do Evento, são eles:Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, além do Distrito Federal. Excelente comparecimento.Companheiros vamos a luta, ela é boa para ser lutada.

Severo, Gastão e Gabriel, em noite do Cariri Cangaço

A SBEC ocupou lugar de destaque dentro do universo caririense. Saiu-se por demais vitoriosa. Apta para novas conquistas no seio da cultura nordestina. Disposta a trabalhar para com o sucesso do II Cariri Cangaço em 2010.

Sendo do conhecimento de todos, a forma de trabalho existente, principalmente, entre o Juazeiro e o Crato, verificamos que o Cariri Cangaço trouxe novos conceitos de boa convivência e respeito mutuo. Muitas arestas devem ter desaparecido e outras que ainda permanecem deverão ser abolidas em definitivo, é só uma questão de tempo.

Os locais escolhidos para realização da programação sempre foram representativos e acolhedores, onde com assiduidade recebe a comunidade caririense. Os temas abordados sempre estiveram à altura do Evento. As visitas sempre estiveram à altura da Organização. Principalmente na manutenção dos horários; transporte confortável; oportunidade de novos conhecimentos. Apenas foi unânime o conceito de cansaço e pouco tempo para banho e troca de roupa para se chegar ao recinto das palestras. Um corre-corre que poderá ser evitado,com habilidade a Coordenação do Cariri Cangaço 2010 haverá de superar esse momento.

O setor de hotelaria nota 10, no conforto, higiene, café farto e variado.Os condutores dos veículos sempre educados e solícitos. Nota alta a todos. Queremos repetir a dose. A equipe coadjuvante sempre esteve a postos no sentido de dar solução aos problemas que por acaso aparecessem. As meninas foram excepcionais (duas delas: Ingrid e Mabel ilustram a foto da matéria). Cumpriram as tarefas com carinho em todos os momentos. Nota 10 com direito a repetir.

O kit distribuído com os convidados esteve de muito bom gosto, principalmente, no que se refere ao artesanato regional. A presença dos Jornais (tablóides) da SBEC e Poranduba deram um colorido especial aos participantes que sempre estão atentos no sentido de levar para casa algum material como troféu, recordação ou servir de elemento de futuras pesquisas. Valeu o esforço e ficou o registro. Tenho recebido solicitações para envio desse material para companheiros que não tiveram a oportunidade de participar do Evento.

Cariri Cangaço na fazenda Piçarra

Quero me congratular com Coordenadores e respectiva equipe de trabalho pelo empenho e carinho como fomos tratados. Estamos de braços abertos para novas jornadas.Com um grande abraço fico no aguardo de novas ordens

Paulo Gastão
Mossoró RN.


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CANTE, CANTE CANTADOR

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de abril de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.280

Lugar de pintura é tela
Lugar de formiga é roça
Lugar de barbeiro é choça
Lugar de moça é janela...
Lugar de lume é na vela
Lugar de grau é calor
Lugar de santo é andor
Lugar de lã é a touca
Lugar de beijar é boca
Cante, cante cantador.

Lugar de chave é “tramela”
Lugar de prego é madeira
Lugar de bunda é cadeira
Lugar de chute é canela...
Lugar de vaqueiro é sela
Lugar de corola é flor
Lugar de som é tambor
Lugar de agulha é seringa
Lugar de boi é caatinga
Cante, cante cantador.

Lugar de moeda é cuia
Lugar de tinta é parede
Lugar de cansado é rede
Lugar de beleza é lua...
Lugar de passeio é rua
Lugar de reta é vetor
Lugar de vela é motor
Lugar de muleta é manco
Lugar de namoro é banco
Cante, cante cantador.

Lugar de preá é loca
Lugar de pilha é lanterna
Lugar de onça é caverna
Lugar de raposa é toca...
Lugar de índio é maloca
Lugar de zona é setor
Lugar de giro é rotor
Lugar de estrofe é cordel
Lugar de puta é motel
Cante, cante cantador.


Lugar de lobo é covil
Lugar de lazer é praia
Lugar de cavalo é baia
Lugar de bala é fuzil...
Lugar de pinga é barril
Lugar de sonho é langor
Lugar de casca é licor
Lugar de ovo é a cesta
Lugar de cangalha é besta
Cante, cante cantador.

Lugar de força é cambão
Lugar de grampo é estaca
Lugar que fede é ticaca
Lugar de cobra é grotão...
Lugar de mecha é canhão
Lugar de fama é fulgor
Lugar de marcha é trator
Lugar de letra é artigo
Lugar de bela é comigo
Canta, cante cantador.

FIM


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A BUCHUDINHA

*Rangel Alves da Costa

Coisas mais comumente aparecidas no sertão, mas fatos que estão por todo lugar. Basta o olho mirar ou a mente imaginar, e logo a língua do povo começa a desandar e dar o feitio que quiser até ao impensável. Mas é assim que acontece.
A mocinha apareceu buchuda e a cidade inteira parou para tomar conta da vida dela. Como se fosse o fato mais estranho e inusitado do mundo, com nenhuma outra coisa a cidade passou a se preocupar.
Os pratos ficavam sujos na mesa, as roupas imundas estocadas num canto, as calçadas cheias de poeira, as panelas queimando no fogão, os remédios esquecidos, os filhos chorando com fome, até os banhos e os asseios eram deixados de lado.
Nada mais na vida importava. A única coisa que importava era a mocinha que de repente apareceu buchudinha. Parecia coisa de fim de mundo. Talvez nem o aparecimento de um disco voador ou de uma porca falante fosse mais interessante.
Portas e janelas abertas, esquinas tomadas de pessoas, calçadas cheias de vizinhos e outros, por todos os lugares os olhares furtivos, as bocas em segredos, as línguas ferinas. Os ares tomavam-se de olhos, bocas, ouvidos, de tudo o mais que servisse para alimentar a boataria.
Tudo de mais desonroso passou a tomar conta de tudo: fofocas, fuxicos, boatos estapafúrdios, disse-me-disse, calúnias, aleivosias, um festim de maledicências. Uma dizia uma coisa e na outra esquina já havia se transformado numa condenação ainda maior. Tudo semeado para ser bem pior.
E também tudo tão próprio de quem não tem o que fazer e deixa de tomar conta da própria vida para se arvorar da vida dos outros. Certamente que as conversinhas e as fofocas acontecem em todo lugar, mas ali parecia nutrir suas forças e sua vitalidade como imprestável, que é o tomar conta da vida dos outros a todo custo.
Enquanto isso, a mocinha andava de canto a outro como se nada daquilo estivesse ocorrendo. Bonita, perfumada, arrumadinha - e buchudinha. Caminhava toda faceira, toda cheia de vida e de formosura, parecendo que nada daquilo estava acontecendo. E para ela tanto fazia, pois bem sabia que vivia num antro de cobras ruins, de serpentes inescrupulosas e linguarudas.
Mas para o lugar era o fim do mundo que a mocinha tivesse aparecido buchudinha. “Como pode uma moça que nem namora aparecer assim?”. Indagava um. “Quem vê a santidade não vê o pecado”. Dizia outra. “Safadeza pura, quenguice deslavada”. Mais uma dizia. “Aí não sabe nem quem é o pai”. Alguém falou. “O pai deve ser qualquer um”. A outra concluiu.
E bota fofoca nisso: “Comadre, bem garanto que nem é o primeiro bucho que pega. Toda desconfiadinha e não vale nada. Já deve ser muito passada e bem passada”. Uma chegava dizendo. E a outra completava: “É o que dá criar fia pro mundo. Pai e mãe são pior do que a própria fia. Depois vai virar rapariga, não vai dar outra...”.
Num canto de calçada, debaixo de pleno sol do meio dia, outras comadres - esquecidas de que existia casa pra cuidar, comida a fazer e tudo o mais - iam cuspindo aleivosias e falsidades. Segundo uma, só podia ser coisa do fim do mundo mesmo, pois quem já havia visto uma virgem engravidar. Contudo, pura ironia em tais palavras. Num repente e todas caíram numa gargalhada só.
E assim a cidade foi se esquecendo de que existia para entrelaçar e remendar maldades acerca da buchudinha. Mas a mocinha nem aí. Continuava passando feliz, alegre, cantando, toda cheia de contentamento. Levava a mão à barriga, sorria, no olhar com que fazendo planos para o amanhã.
A falta de reação da buchudinha aos ataques causava indescritível ferocidade aos fofoqueiros e fofoqueiras. Decidiram então arranjar um responsável pela gravidez da mocinha. De solteiro a casado, de velho a novo, tudo foi inventado. Mas não surtiu nenhum efeito. “O que vamos fazer agora?”. Esta foi a preocupação da fofoqueira maior.
Queriam de qualquer jeito que a mocinha reagisse e, com tal reação, acabasse dizendo ao mundo o que somente a ela e a quem desejasse deveria saber. Também uma forma de alimentar ainda mais a indignidade daqueles que unicamente se comprazem com o que os outros fazem ou deixaram de fazer.
Então outra disse: “Deixar pra lá, é o jeito”. “Não, de jeito nenhum. Sabe que a gente não vive sem falar mal da vida dos outros. A gente tem de continuar falando mal sim”. A maledicência falando. Então a outra ajuntou: “Se é pra falar mal, então vou logo dizer que sua filha logo vai aparecer igualzinha àquela. Não vê macho que não dê em cima”. “O que? Repita isso sua sirigaita, sua lambisgóia, sua rampeira...”.
E foi vestido rasgado, cabelo puxado, saia levantada, um rolo pelo chão. E a cidade inteira ao redor observando feliz. Logicamente que para depois ter o que falar. E a buchudinha vivendo apenas o seu mundo e de vez em quanto se perguntando: será um menininho ou uma menininha?

Escritor
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A SUPOSTA MORTE DE ANTÔNIO DE ENGRÁCIA


Por Francisco Alvarenga Rodrigues

Em junho de 1930, Lampião apoiou Ângelo Roque na morte de um cangaceiro chamado Sabiá, sobrinho de Cirilo e Antônio de Engrácia, por ter estuprado a filha de um coiteiro. Em virtude desse fato, os Engrácia ficaram divididos: Cirilo se conformou, mas Antônio de Engrácia considerou uma desfeita imperdoável a morte do sobrinho. Recado pra lá, recado pra cá, Lampião sentenciou: Antônio de Engrácia podia se considerar um homem morto. Dos Engrácia, o único que ficou com Lampião foi Zé Baiano, que reconhecia abertamente o erro do primo. Cirilo, embora não tivesse rompido com Lampião, afastou-se por uns tempos, esperando a poeira assentar. Ele não tinha poder de decisão. Quem dava as cartas na família era Antônio. Passados meses, Cirilo pediu a um coiteiro para falar com Lampião, dizendo que seus parentes queriam fazer as pazes. Lampião mandou a resposta: perdoava Cirilo e os sobrinhos, mas para Antônio de Engrácia não tinha perdão. Os Engrácia, comandados por Antônio, estabeleceram-se na zona que historicamente era a sua base: as caatingas sem fim de Chorrochó, Feira do Pau e Patamuté. Os coitos prediletos eram na fazenda Cacimba do Meio, dos irmãos Benjamim, Conélio e Feliciano, na fazenda Varjota, de Teodorico, e na fazenda Silva, de seu Dé. Em dezembro de 1930, morreu o sobrinho Antônio de Seu Naro. Como ambos se chamavam Antônio, correu a notícia de que quem tinha morrido era Antônio de Engrácia. Convenientemente, os Engrácia nem desmentiam nem confirmavam os boatos. Em fins de junho de 1931, soube-se da "segunda" morte de Antônio de Engrácia. Dizia-se que os Engrácia tinham feito uma festa na fazenda Retiro, na região de Várzea da Ema. Cirilo ficara bêbado. Havia poucas mulheres para dançar. Cirilo estava dançando com uma, e Antônio pediu que ele lhe cedesse a dama, pois queria dançar também. Cirilo não cedeu. Houve uma troca de socos e empurrões. Antônio correu e entrou numa casa. Cirilo correu atrás. Ouviu-se um tiro, e Cirilo voltou chorando, dizendo que tinha matado o irmão. Ele próprio enterrou o corpo dentro da casa, mandou quebrar o telhado por cima e tocou fogo. Nao deixou ninguém ver o corpo. Depois disso, os Engrácia voltaram em peso para a companhia de Lampião. Cirilo os havia redimido.


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MARCHANTE NORDESTINO,


Por José Francisco Gomes de Lima

MARCHANTE NORDESTINO,
profissão praticada por ; vaqueiros, comerciantes, homem do campo e até mesmo por CANGAÇEIRO .

Por volta do século XXl a monarquia portuguesa loteou o Brasil como se fosse um consórcio. Os portugueses não queria perder seus territórios (lucros) para franceses é holandeses que quase tomaram a região nordeste do país . daí adotaram o regime das SESMARIAS .

As sesmarias só eram vantajosa para quem ganhasse terras no sul do país ou em toda a costa litorânea do Brasil. Em todo litoral da Costa brasileira estabeleceu-se os famosos SENHORES DE ENGENHOS. Estes homens foram responsáveis pela dominação da região e a expansão das zonas Canavieiras. Frutas como, abacate, banana ,caqui ,coco, figo ,laranja, limão ,mamão, manga ,melão ,maçã ,melancia, melão, pera , e pêssego; não existiam no Brasil e foram muito cultivadas principalmente no Sul.

Na região do nordeste principalmente no sertão a cultura Canavieira não dava certo por conta do clima. Com decorrer do tempo foi inserida a cultura da (agropecuária) nestas terras que não davam tanto lucro. Como tudo do Brasil e importado o gado também foi trazido do Uruguai pelos padres jesuítas. Esse gado antes da América do Sul eram oriundos da África.


Nos séculos XVll é XXlll agropecuária deu tão certo no sertão nordestino que o Rio São Francisco era chamado de , RIO DOS CURRAIS. Isso por conta de milhares de cabeças de gado espalhados pelas margens São Francisco. este sucesso só foi alcançado por conta do Vaqueiro nordestino.

O VAQUEIRO nordestino aprendeu o artesanato é medicina da caatingapara e a confeccionar suas próprias roupas de couro por conta do trabalho árduo na (caatinga = mata branca) a caatinga e uma floresta de espinhos. Mas não pense que o vaqueiro só corria atrás de boi nas veredas.Em algumas ocasiões ele também era usado como jagunço particular.

O Vaqueiro nordestino trabalhava no sistema de três por um, ou seja. A cada três bezerros que nascia o quarto era do Vaqueiro.

No século XVlll apareceu a figura do MARCHANTE, agora mais popular que antes. Antes existiam poucos profissionais já que quase todo gado eram de senhores potentados . O marchante era um homem que comprava gado e fazia o abate do animal para vender a carne nas feiras livres é açougues.

Na década de 1870 surgiu na região de ingazeiras no estado de Pernambuco um homem chamado MANOEL DO GADO, Manoel do gado era um exemplo de marchante nordestino. Por conta de brigas de famílias envolvendo seu primo Adolfo meia-noite um célebre cangaceiro da região, Manoel do gado entrou para o Cangaço .com o vulgo de OITICICA ele passou a ser um fora da lei.

Já na década de 1920, outro grande machante abandona o ofício para seguir carreira no Cangaço. Esse homem chamava-se MASSILON LEITE DE OLIVEIRA, um homem que ganhou notoriedade quando invadiu as cidades de Apodi, gavião , Itaú e depois junto com o bando de lampião e invadiu a cidade de Mossoró-RN no ano de 1927 .

No ano de 1927 um cangaceiro faz ao contrário. Ele deixa de ser cangaceiro e vira marchante. Este cangaceiro chamava-se CRISTINO GOMES DA SILVA CLETO mais conhecido por (corisco, o diabo loiro).

Ele entra no Cangaço em 1926 mas depois de 9 meses abandona o ofício e se dedica somente ao trabalho. Em certa ocasião o delegado Herculano Borges faz cobranças de impostos abusivos a ele. Corisco se nega a pagar aquelas quantias altas.

Conclusão: corisco leva uma surra.

Em 1931 corisco já está no Cangaço inserido de corpo e alma e quando ele pega o delegado Herculano e tira o couro dele vivo. A prática de tirar couro ele aprendeu quando trabalhava como MARCHANTE.

Em 2004 eu conheci um MARCHANTE bem famoso da região do Ceará. Este homem me falou alguns relatos macabros. Ele disse que era corriqueiro ter visões de animais abatidos. Também era comum ter pesadelos com animais falando.ele disse também que Chegou a um certo ponto que segundo ele,, (ver o próprio diabo ). Hoje esse homem não mata uma mosca. Disse que não ganhou nada nesta profissão.

Querendo ou não , esses personagens fazem parte de uma das profissões mais importantes do Brasil. Já que ainda hoje e comum ver estes homens praticando seus ofícios em meio a caatinga nordestina.

Espero que algum deles leiam este texto.
Fonte: depoimento de volta seca ao jornal o globo de 1958.
Fonte: arquivo pessoal.
Fonte: massilon -nas veredas do Cangaço e outros temas afins-Honório de Medeiros.
Apoio:casa da cultura de Jati-CE.
"Deus está no comando"

ALCIDES FRAGA QUE FOTOGRAFOU O BANDO DE LAMPIÃO EM POMBAL


Por Rubens Antonio


Imagem de Alcides Fraga, que fotografou o bando de Lampeão, em Pombal... Estará no livro Cangaço na Bahia... Obtida por imensa gentileza da família, que quer sua história resgatada, especialmente graças à atuação fundamental e imprescidível da sua sobrinha, Ana Cataldi.



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