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domingo, 11 de agosto de 2013

Radiografia do crânio de "Maria Bonita"

Por: Rubens Antonio

Prezado Rubens O crânio perfeito com leve afundamento do frontal devido ao impacto com o chão. Nota-se um degrau ósseo na superfície acima da órbita.


Os dentes...

Quando acompanhei a perícia, não tinham cáries. A arcada era completa ou é completa. Verifiquei fratura com perda do bordo incisal do segundo incisivo inferior direito.

Ela deve ter sido jogada pelo impacto de um tiro possante, pelas costas. Caindo sobre pedras do solo, ao gritar com a boca aberta. O que se comprova com a não fratura, mesmo pequena, dos incisivos da arcada superior.

O impacto da dor e com a boca aberta ao máximo.
Ela caiu de frente ao chão e sobre o lado direito.
Deixo legado aos maravilhosos e competentes estudiosos do cangaço.

Dr Orlins Santana de Oliveira
Membro do Instituto Histórico da Bahia
Um dos responsáveis da exumação da cabeça que foi justamente entregue à família e enviada ao amado Sergipe.


Enviado Pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio

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Lançado recentemente, o livro O fenômeno humano, de Agassiz Almeida, alcança a 2° edição.


Lançado com ampla repercussão em todo o país, o livro O fenômeno humano. Reais objetivos da viagem de Charles Darwin no HMS. Beagle, de Agassiz Almeida, ganha a 2° edição.

Num mercado editorial altamente competitivo, sobretudo pela grande publicação de livros de autores estrangeiros, este fato é surpreendente, principalmente para os livreiros e donos de distribuidoras.

Segundo informações de Ricardo Pinheiro, diretor presidente da Livraria do Luiz, em João Pessoa, ele  telefonou diretamente para a diretora de distribuição da editora Contexto, Ana Paula, e ela lhe comunicou que o livro O fenômeno humano tinha se esgotado  nas distribuidoras e livrarias, o que nos leva , em virtude deste fato a providenciar uma nova edição  do livro.

Conforme informações de gerentes de lojas das redes de livrarias Saraiva, Leitura e Martins Fontes, de várias capitais do país, este livro já está  esgotado.

João Luiz Fonseca dos Santos, doutor pela Universidade de Paris, estudioso da obra de Charles Darwin, e com trabalho publicado sobre o livro O fenômeno humano, destacou que esta obra é uma das mais desafiadoras nas últimas décadas da literatura brasileira.

Enviado por Jorge Brito

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NOVO ARTIGO: “8 de agosto: Parabéns ao historiador Verneck Abrantes”

Clemildo Brunet

Coluna Especial por Clemildo Brunet - Publicado em 08/08/2013

Natural de Pombal-PB – VERNECK ABRANTES DE SOUSA nasceu no dia 08 de agosto. Filho de José Benigno de Sousa (Lelé) e Elisa Abrantes de Sousa (In memoriam), Irmão de: Elieaer Ghandi Abrantes de Sousa (In Memoriam), Elisane, Eliene, Maria do Socorro (In Memoriam), José Filho, Francisco José e Cândida Abrantes de Sousa.

O nosso homenageado tem nível superior de engenheiro agrônomo formado pela CCT/UFPB - Campos III de Areia com formação profissional tendo cursos de especialização em Agronegócio, Agente de Inovação e Difusão tecnológica, e Irrigação e Drenagem, todos esses pelo Campus II da UFPB de Campina Grande. Ativo na sua área de trabalho participou de vários Seminários e Congressos.

Sua consorte é Berta Leonia e da união conjugal nasceu Alana Alcântara Formiga de Abrantes. Verneck exerce a função de Assessor Regional da Emater com sede em Campina Grande.

Foi eleito em 2005 Coordenador Regional do Sindicato dos Engenheiros no Estado da Paraíba e Conselheiro do CREA-PB. Eleito em 2007 para Academia Brasileira de Extensão Rural com sede em Brasília. É sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico do Cariri Paraibano. No ano de 2002, foi eleito Titular do Conselho Fiscal do Sindicato dos Trabalhadores em Extensão Rural da Paraíba-SINTER-PB.

Coleciona e possui um grande arquivo fotográfico sobre a cidade de Pombal e sua gente. Em 2005 fez viagem internacional chegando a conhecer, Portugal-Lisboa e Fátima; Itália-Roma, Pádua, Assis, Veneza; Suíça - Lucerna; França – Paris.

VERNECK, O PESQUISADOR

O nosso homenageado demonstrando a sua vocação de escritor e historiador, começou a fazer pesquisas em torno da história de Pombal e desvendou alguns mistérios que deixavam dúvida. Por exemplo, o caso da Cabocla Maringá. Diz Verneck: “uma Canção homenageia a cidade de Pombal”. Maria é um nome comum nos sertões nordestinos. Ingá, uma cidade do agreste paraibano.

“A junção de Maria com Ingá deu formação à palavra Maringá, por exigência métrica de composição”. Em outro trecho do livreto Nossa História, Nossa gente Nº 03, ele retrata com precisão a existência dessa cabocla: “Acredita-se que ela morou no sertão da Paraíba nos idos da seca de 1921, mais precisamente em uma das ruas periféricas da então pequenina e graciosa cidade de Pombal, e depois de ali viver por indeterminado tempo, partiu numa leva de retirantes a caminho de outras paragens, onde o céu fosse mais complacente e a terra menos desventurada”.

O certo é que Maria partiu deixando uma lacuna entre os pombalenses que ficaram, segundo informações de Ruy Carneiro na época um jovem que gostava de serestas aos 20 anos de idade.

Segundo comentários, Ruy Carneiro, que depois daquela época viria a ser Interventor da Paraíba, Senador da República e que em 1932 era chefe de gabinete do então Ministro da Aviação e Obras públicas José Américo de Almeida, teria comentado de forma sutil no Rio de Janeiro no momento de uma conversa informal os sentimentos de saudade por essa cabocla, quando no diálogo com um consagrado músico e um político, comentando as coisas do sertão; como as secas e as levas de retirantes.

Ruy Carneiro instigou o poeta a compor uma música que falasse sobre a seca no sertão. Esse poeta era o compositor Joubert de Carvalho, que de inicio, pensou na cidade do Ministro; como a cidade de Areia não dava rima, virou-se para Ruy Carneiro e perguntou: onde você nasceu? Nasci em Pombal Sertão da Paraíba. Pombal da rima e ai Ruy começou a contar sobre a devastação da seca citando vários lugares, destacando a cidade de Ingá.

E assim o compositor fez a junção das palavras e deu Maringá. “Há quem diga que Ruy Carneiro colaborou na letra e na música”

ORIGEM DO NOME POMBAL

Outro ponto da história de Verneck: Foi à questão do nome Vila Nova de Pombal, que segundo Irineu Joffily, quando escreveu, “Notas Sobre a Paraíba” deu a versão que era em homenagem ao Marquês de Pombal, I Ministro de Dom José I, rei de Portugal e que foi recebida sem averiguações por todos os autores que lhe seguiram, daí o equivoco.

O nome veio em decorrência de se homenagear uma cidade de Portugal chamada Pombal. A carta Régia de 22 de julho de 1766 mandava erigir novas vilas e denominá-las com nome de localidades e cidades de Portugal.

AS TRÊS DATAS

Em um de seus escritos publicado em 2004, Vernekc destaca a importância das três datas de Pombal. “Pombal foi o primeiro núcleo populacional do sertão paraibano, tem 306 anos de fundação, 232 de Vila e Emancipação Política e, 142 de cidade”.

Quanto mais antigo o lugar, maior referencial histórico e cultural para os seus filhos, portanto, é interessante valorizar e divulgar a data de sua Fundação, 27 de julho de 1698, a qual contempla Pombal com 306 anos de fundação.

“Propagar” isso não é difícil, “porque o dia do aniversário da cidade é 21 de julho e da fundação 27 de julho, as datas estão próximas, assim, na mesma semana poderemos comemorar as duas datas, claro, referenciando a maior e, logicamente, mantendo a tradição da festa no mês referenciado. Esperando a quebra do paradigma e a valorização da nossa história”.

DEFENSOR DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO

Verneck é um historiador que não somente se preocupa com a veracidade dos fatos, como também é um defensor intransigente do nosso patrimônio histórico. Numa determinada ocasião em uma Festa do Rosário, em um compartimento da velha Igreja, alguém entendeu de realizar uma reforma para o estabelecimento de uma cantina que serviria para a barraca da Igreja, ocasionando mudança no aspecto físico do imóvel sem o mínimo respeito ao patrimônio histórico; pois bem, Verneck juntamente com o seu amigo também escritor Jerdivan Nóbrega, protestou contra tal absurdo, ocupando emissoras de rádio e denunciando aos órgãos competentes, até que medidas foram tomadas no sentido de repor tudo no seu devido lugar.

FESTA DO ROSÁRIO

Outro ponto importante a se destacar é quanto a referencia feita a maior festa frequentada por pombalenses que estão distantes e turistas, e que alguns por desconhecimento de causa a chamam de Festa de Nossa Senhora do Rosário, Verneck conseguiu nas suas pesquisas um dado importante: “A Festa não é de Nossa Senhora do Rosário é simplesmente Festa do Rosário, numa alusão ao rosário e não a Santa do Rosário”.

EM DEFESA DA CASA DA CULTURA

Em 2004 Verneck Abrantes juntamente com o colunista José Tavares Neto, enfrentou uma luta em defesa da conservação da Casa da Cultura de Pombal que tem como sede o prédio da Cadeia Velha de nossa cidade. É que na época a Casa da Cultura estava uma lástima sofrendo um desprezo total por parte do Poder Público Municipal, já que os fundadores da instituição abandonaram de vez o órgão e estava entregue ao deus-dará.

Foi publicado em livro e distribuído gratuitamente com a população um manifesto em defesa do Patrimônio Histórico, intitulado “A Cadeia Velha de Pombal”. Obra da lavra de Verneck e José Tavares, onde consta o protesto de muitos pombalenses em torno do assunto.

Graças a essa manifestação o Poder Público Municipal resolveu tomar conta e restaurou a Casa da Cultura que hoje se encontra aberta para visitação de todos. Além das publicações em Revistas e Jornais desde histórias de Pombal as mais antigas até os dias atuais,

OBRAS PUBLICADAS

Verneck tem também escrito sobre assuntos relacionados com o profissionalismo que ele exerce e a sua função na Emater em Campina Grande. Dentre os livros publicados do nosso homenageado, podemos destacar: A Cadeia Velha de Pombal - manifesto em defesa do patrimônio histórico com José Tavares. (Gráfica Andyara) 2004; Um Olhar sobre Pombal Antigo- (Editora União) 2002; A Trajetória Política de Pombal-(Editora Imprell)1999; O Velho Arraial de Piranhas (Pombal) de Wilson Seixas. Revisão crítica com Evandro da Nóbrega e Jerdivan Araújo-2004; Belarmino de França – Um Trovador do Sertão-com Irani Medeiros-2006; Série Nossa história, nossa gente- A Cadeia Velha de Pombal; A Cruz da Menina de Pombal e Maringá. E em 2012 no Sesquicentenário de Pombal publicou o livro “Memorial fotográfico” FESTA DO CENTENÁRIO DA CIDADE DE POMBAL-PB 21 de julho de 1962.

Verneck tem uma atuação na vida cultural e social de Pombal, já atuou em teatro e até como figurante na longa metragem “O Salário da Morte”, filme rodado em Pombal por iniciativa de W.J.SOLHA, assim como na Diretoria da Associação dos Estudantes Universitários de Pombal (AEUP).

Nesta justa homenagem que prestamos ao jovem escritor e historiador, nada mais justo de chamá-lo de O HISTORIÓGRAFO NATO como ele muito bem expressa:

“Pombal foi o berço, a porta de entrada para a civilização sertaneja. Arraial, Vila e Cidade de Pombal; Os caminhos de luta fazem sua sequência histórica”.

PARABÉNS VERNECK, FELIZ ANIVERSÁRIO!

Pombal, 08 de agosto de 2013

Clemildo Brunet é Radialista. Considerado o precursor da Comunicação em Pombal. Atualmente, é Colunista em vários sites do Sertão e responsável pelo blog www.clemildo-brunet.blogspot.com            


FONTE: http://www.liberdade96fm.com.br/colunistas/clemildobrunet

Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço José Romero Araújo Cardoso

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Ao meu PAI (In memoriam)

Por: Antonia Aruza
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Papai, hoje é mais um dia sem você. Quanta saudade e falta eu sinto de Ti. Se ainda estivesses aqui, poderíamos estar juntos hoje como foram tantas vezes, e como sempre ser recebida com seu sorriso alegre e seu carinho.

Meu amor essa música retrata o que foi parte de nossa vida lá no sitio, o quão bom foi você. TE AMAREI por toda minha existência. Que Deus te ilumine e te dê sempre a felicidade eterna e o seu AMOR. Minha MÃE SANTÍSSIMA cuida do meu PAI.  

Lembranças do velho Pai (Lellis e Lennon) 

Pai falar de você é difícil de mais, porque a saudade provoca meu pranto 

Pai, falar de você com sinceridade é preciso dar um jeito na saudade 
Pra não embargar minha voz quando eu canto 
Pai, às vezes eu passo noites acordado buscando você sempre do meu lado 
Pai, mas tudo que resta é apenas lembrança de quem está velho, mais já foi criança 
Ah como eu queria voltar ao passado! 
Pai, aqui sem você tudo é solidão 
É isso que vejo no olhar dos irmãos 
Toda vez que eu apareço lá em casa 
Pai, a sua ausência machuca de mais 
Até a viola tristeza me trás
Mesmo quando eu canto, estou cheio de mágoa 
Pai, às vezes me lembro, quando era menino 
Tinha um cavalo, mansinho ensinado 
Pai, ainda me lembro a roça de feijão 
Que a gente trazia para o terreirão e à tarde ainda ia apartar o gado.
Pai, eu sei que aonde está morando agora, vai ser impossível a gente se vê. 
Pai, mas eu sempre peço em minha oração, 
Olhai por mamãe e também meus irmãos 
Que eu não demoro pra encontrar você.

http://blogdomendesemendes.blogspot.combolsa de valores
Por: Rubens Antonio

"Existem, na Bahia, algumas peças de ouro maciço que pertenceram aos cangaceiros. Muitas delas, não todas, fruto de comércio ou saque.


Nesta imagem, um diamante de mais de 2 quilates, peça do cangaço de uso feminino, que a tradição aponta ter pertencido a Maria Bonita, tendo sido recolhido em Angicos. 


O numero é pequeno Aro 14, o que indica dedo pequeno. Atualmente, estimado em 8 mil reais. Está à venda." Orlins Santana.

Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio

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A abolição da escravidão em Mossoró

Por: Emanoel Pereira Braz
paduacampos.com.br

No que se refere à história da abolição da escravidão em Mossoró, a abordagem histórica predominante tenta omitir os fatos que refletem as causas do processo abolicionista em Mossoró, e assim, não faz referências ao período imediatamente anterior à abolição dos escravos nesta cidade. Esta deficiência de abordagem revela uma produção historiográfica que não prioriza a contextualização do acontecimento em seus aspectos econômico, social e político, e isto dificulta a compreensão real daquele período histórico.

A propagação do movimento abolicionista não encontrou proprietários de escravos receosos de perderem seu patrimônio, ou exigindo indenização para libertar seus escravos. Não há registros de depoimentos de políticos no âmbito local que fossem contrários ao abolicionismo. Documentou-se, no entanto, como uma das primeiras adesões à causa abolicionista a do presidente da Câmara Municipal de Mossoró Romualdo Lopes Galvão, fiel participante da campanha (NONATO,1983,228). Constatações que são reforçadas em parte pela condição econômica da cidade que às vésperas da abolição vivia fundamentalmente do comércio. A base dos seus negócios como peles, carne seca, algodão, couro, sal entre outros.

Mossoró havia conquistado a condição de empório comercial; até mesmos as secas na região contribuíram para a expansão das atividades do comércio local desde que os socorros da parte do governo para a população flagelada eram concentrados para a distribuição em Mossoró, e a presença dessa população faminta serviu de opção aos comerciantes de Mossoró como força de trabalho barata (FELIPE,1982,52-60).

Considerando que o comércio desenvolvido em Mossoró mantinha uma relação com a produção regional, e que a burguesia comercial sediada em Mossoró mantinha negócios no setor rural, chegamos a presumir que as atividades desenvolvidas no campo estivessem mais relacionadas ao trabalho escravo. Neste sentido, procuramos observar o desenvolvimento da cotonicultura que, no período bem recente ao da abolição da escravidão, aparece como uma das principais fontes de riqueza na província do Rio Grande do Norte. Cultivado principalmente nas terras do Sertão e Agreste, foi neste período o principal produto comercializado em Mossoró para várias ouras regiões do Brasil, e até mesmo para o exterior. Ao analisar o algodão no quadro da economia do Rio Grande do Norte, Takeya focaliza as relações de trabalho que mais corresponderam às circunstâncias da região e da produção. Segundo a autora, o algodão se incluía entre as culturas de ciclo vegetativo curto, e por seu plantio incidir em regiões onde a seca era uma constante, se tornou inviável o uso do trabalho escravo.

Estas condições não permitiram que a utilização da mão-de-obra escrava proliferasse, o que ocorreu também na economia criatória que deu origem ao povoamento e à evolução de Mossoró. Mesmo se confirmando a presença do escravo nas fazendas de gado, esta presença não veio a tornar-se indispensável para o desenvolvimento das atividades daquelas unidades de produção. Além da criação de gado, teve lugar nas fazendas outras atividades que dependiam desta principal, tais como: a indústria da carne seca e o ciclo do couro. Todas contribuíram direta ou indiretamente com vultosos lucros para os seus proprietários, os quais, por esta época, em sua maioria, eram também comerciantes em Mossoró. Estas e outras atividades do cotidiano da fazenda eram assumidas por trabalhadores livres com presença sempre mais numerosa que a dos escravos.

Por estas condições os habitantes das fazendas mantiveram uma convivência neste espaço de moradia e trabalho que fez desaparecer a fiscalização rígida e a utilização dos castigos tão comuns, os quais eram aplicados aos escravos rebeldes dos canaviais ou cafezais.

Na realidade, o Rio Grande do Norte não chegou a possuir grande número de escravos. Até mesmo no período de ascensão da produção açucareira que ocorreu entre as décadas de quarenta e sessenta, não há registros que comprovem ter o trabalho compulsório predominado nos engenhos de açúcar dos vales do Ceará-Mirim, São José de Mipibu, Canguaretama e São Gonçalo. Assim sendo, a mão-de-obra escrava não foi uma determinante na vida econômica das fazendas criatórias. Estando longe de se tornar a principal nos engenhos de açúcar ficou ainda mais marginalizada durante o período em que o algodão tomou conta das terras do Rio Grande do Norte. Estas constatações encontram respaldo nos estudos de Câmara Cascudo, quando ao referir-se à população escrava do Rio Grande do Norte durante a década de sessenta, enumerou a quantidade de escravos retidos nas cidades de Natal, Extremoz, Goianinha, Angicos, Príncipe, São José de Mipibu, Mossoró e Touros. O referido autor afirmou ainda que eles eram em menor número comparados ao restante da população livre, e mesmo em São José de Mipibu, local de maior produção de açúcar, o escravo não foi o principal trabalhador naqueles engenhos. Ainda mais, ao comparar a população escrava da cidade de Mossoró com a dos demais locais, constatou que os escravos concentrados em Mossoró nesta época era o menor grupo em toda a província, depois tinha apenas Touros (CASCUDO,1952,168).

É de se presumir que os proprietários de escravos da província do Rio Grande do Norte, como talvez tenha ocorrido em toda a região Norte, insistiram em permanecer com seus escravos até quando as condições ambientais e materiais favoreceram. Quando as secas constantes impossibilitaram a criação e a plantação, o escravo tornou-se um peso, um gasto a mais. Nesta situação, e diante dos preços que os cafeicultores passaram a oferecer na compra dos escravos durante as décadas de sessenta e setenta, a diminuição da população escrava principalmente na região Norte foi drástica. O escravo que já não era a força motriz da economia desta região foi valorizado na forma de mercadoria, resgatando ao senhor o valor do investimento pela sua compra. Dessa forma, o tráfico inter-regional serviu de alguma maneira, para que os proprietários de escravos do Norte emancipassem seus escravos sem prejuízos, aproveitando-se da vigência deste comércio e da cotação por escravos que esteve sempre favorável.

Todas essas circunstâncias justificam porque na cidade de Mossoró o movimento abolicionista que foi iniciado em janeiro de 1883 conseguiu, em menos de um ano, em 30 de setembro de 1883 decretar o fim da escravidão. Os abolicionistas foram favorecidos pelas condições locais, onde praticamente não houve reação à realização dos seus objetivos. A abolição dos escravos sendo efetivada antes da Lei Áurea, trouxe de volta a atenção da nação para o Norte, com seus personagens e cidades antecipando-se aos centros mais importantes do país, colocando estes abolicionistas na vanguarda da libertação de uma população oprimida e injustiçada.

Outra condição que favoreceu ao surgimento dos chamados abolicionistas de última hora, foi o fim do tráfico interno dos escravos. Enquanto o porto de Fortaleza controlou a exportação de escravos para a região do café, traficantes como Joaquim Filgueira Secundes e João Cordeiro, entre outros, contribuíram e lucraram com o comércio de escravos. E quando ocorreu a interdição do referido porto, entre outros fatores, como conseqüência do aumento do imposto sobre os escravos comercializados nas províncias cafeeiras, estes tornaram-se abolicionistas, ganhando na historiografia local a condição de heróis por lutarem e consolidarem a abolição dos escravos em Mossoró.

(Texto extraído da obra: A Abolição da Escravidão em Mossoró - Pioneirismo ou Manipulação do Fato/Emanuel Pereira Braz. -Mossoró, RN: Fundação Vingt-un Rosado, 1999. Páginas 53-58)

http://www2.uol.com.br/omossoroense/1810/esplib6.htm

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CORONEL LUCENA. - CONTOS 21/11/2009

Coronel Lucena

Vou ao cemitério visitar o túmulo de minha mãe. Estou em Maceió e sou adulto. Na saída pergunto para um funcionário: – Aquele é o túmulo do coronel Lucena? Ele me diz que não sabe, que trabalha ali faz pouco tempo. Fico a me lembrar de que o coronel foi prefeito de Maceió. E de que o seu túmulo foi uma homenagem da Prefeitura, ao tempo do prefeito Sandoval Caju. E mais: que morrera humilde e sem riquezas. E logo um frio percorre o meu corpo. E os ventos - tais os da infância - me transportam aos anos quarenta. Estou em Santana do Ipanema. A cidade se confunde com as minhas lembranças. O velho Quartel da Polícia Militar enche o meu olhar. Nele funcionava o "Comando de Caça a Lampião", que tinha como comandante o coronel Lucena. Tipo forte, cabelos ondulados, boca pequena, nariz fino, corado e sempre alegre, ele encarnava o mito da coragem. Fora disso, era o homem venerado e de quem jamais se colocou em dúvida a honestidade de princípios. E de súbito, vejo-me na formatura do curso primário tendo o coronel como nosso padrinho, fato sobre o qual até bem pouco eu ainda tinha uma fotografia. Depois o coronel está abraçado com "Seu" Carola, dono da maior farmácia da cidade, brincando o carnaval acompanhado por uma multidão de foliões, entrando em todas as casas da cidade e recebido como um rei. Um rei para o qual as famílias preparavam comidas e bebidas. Mas os dois foliões não bebiam. Os seus acompanhantes, pessoas simples do povo, é que se fartavam. O que valia era a alegria de receber o coronel e o seu inseparável amigo de carnaval. Percorrendo ruas e ruas o coronel a todos prestigiava tornando os carnavais tranqüilos. Mas o coronel Lucena não era o único mito da cidade. Ele dividia o privilégio com o padre Bulhões. 

Padre Bulhões - Pai adotivo de Sílvio Bulhões - filho dos cangaceiros Dadá e Corisco

Um era o poder material e outro o poder espiritual. Coronel Lucena, no Monumento – parte alta da cidade. E padre Bulhões, no Camoxinga – parte baixa da cidade. Assim, eles estendiam um arco de proteção sobre toda cidade. Um dia o tenente Porfírio, homem valente, tornara-se suspeito de que se preparava para formar um bando de cangaceiros. Já houvera morto uma esposa, segundo suspeitas. A desculpa fora simples: encontro casual com grupos de cangaceiros, tiroteio e etc. Saíra-se bem com a justiça. Mas haveria de matar outra esposa de nome Durvalina, refugiando-se no Camoxinga. Todos sabiam que cangaceiros não agiam nas terras de Senhora Santana. E o coronel Lucena mandou-lhe ordem para comparecer ao quartel, através de seus dois soldados de confiança, Artur e Zé Pereira. Mas tenente Porfírio debochou: – Digam ao coronel que a distância é a mesma. Ele que venha aqui. Acabrunhados, os soldados comunicaram o fato ao coronel. E ouviram: – Muito bem: voltem e tragam Porfírio de qualquer jeito! Quando os dois se aproximaram da casa de Porfírio ele já saltou de revólver em punho, na varanda. Mas tombou (numa fração de segundos) mortalmente ferido, sem ter tido tempo para algum tiro certeiro. Colocado numa rede foi levado para o quartel e depois sepultado com uma sava de tiros a que tinha direito. Abriu-se inquérito policial para apuração da ocorrência. Motivo: desacato a autoridade. Desperto-me. Estou outra vez em Maceió. Olho para a presumível sepultura. Não consigo ir vê-la de perto. E deixo o cemitério.

Fonte: Luiz Nogueira Barros
Fonte de pesquisa: Jornal Gazeta de Alagoa.

Adquiri no blog Família Camboa do pesquisador Grismarim
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A temerosa invasão de Lampião


Ao saber da morte do seu mais respeitado cangaceiro, Zé Baiano, morto em emboscada ardilosamente planejada pelo coiteiro Antônio de Chiquinho, na Lagoa Nova em Alagadiço. 


Tendo o corpo do cangaceiro sido jogado em um formigueiro, o seu líder, Virgulino Ferreira da Silva, reuniu seu bando e partiu com destino a Frei Paulo para por em prática um sórdido plano de vingança. Ele planejara uma sangrenta invasão de nossa cidade. Isso ocorreu nos anos 30, durante a famosa seca que assolou o sertão sergipano. Além das aflições causadas pela longa estiagem, a população vivia apreensiva com a eminência desse ataque. 

Eronildes Ferreira de Carvalho

O interventor federal Eronildes Ferreira de Carvalho, proprietários da Fazenda Jaramataia  determinou a criação de uma “Força Volante” que permaneceu acampada por meses na antiga praça do mercado, atualmente Praça Capitão João Tavares. O grupo dormia em dezenas de redes armadas e os mantimentos eram cozinhados em panelões.

O povo de Frei Paulo ainda hoje acredita que foi a espada do padroeiro São Paulo que impediu a entrada do bando de Lampião. Segundo uma lenda contada em prosa e versos pelos mais antigos, toda vez que o cangaceiro tentava entrar em Frei Paulo, era acometido de uma terrível dor nos olhos e nos ouvidos e uma caganeira que o deixava muito debilitado. O Padre Madeira mandou virar para cima a espada da imagem de São Paulo, que era voltada para baixo. Foram tempos difíceis e o medo imperava.


Meu pai relata que viu Lampião e seu bando na feira de Ribeirópolis no anos de 1927, como ele era uma criança, passou por baixo das pernas dos adultos que se aglomeravam para ver de perto o rei do cangaço, imponente, com suas indumentárias, olhar de mau, taciturno e sério. Armado de punhais, parabelo nos quartos, ostensivas cartucheiras em forma de xis e em uma das mãos um rifle papo amarelo. Era a lenda viva dos sertões bem ali na sua frente, cercado de outros cangaceiros e sua mulher Maria Bonita.

Mas em Frei Paulo ele jamais pisou os pés, graça a bravura de seus habitantes que voluntariamente se juntavam à "Força Volante" para enfrentar os cangaceiros. Logo os rumores de atrocidades praticadas pelo bandoleiro começaram a chegar. Ele já teria invadido fazendas em Carira, Cipó de Leite e Mocambo, sua chegada a Frei Paulo seria uma questão de tempo. Lampião mandou um bilhete para o intendente Maurício Ettinger com o seguinte teor: “Quando menos isperá nois invade sua cidade; num vai iscapá nem menino de 9 mês, a cabeça do delegado Germino vai rolar”

Germino Góes era o pai de Antônio de Germino, dono do Alambique da Imbira, que fabricava a Ibiracema, a melhor cachaça da região. Ele teve que fugir para o sul da Bahia para não ser morto, pois sua fazenda fora diversas vezes saqueada pelos bandos de Lampião e Zé Baiano. Fez isso porque se recusava a ser coiteiro de Lampião. O seu neto, Germino Neto é casado com minha irmã Selma. A morte de Zé Baiano, planejada por Antônio de Chiquinho não trouxe paz, pelo contrario, deu início a uma guerra que por pouco não se consumou.

Lampião e seu bando ainda ficaram alguns dias acampados às portas de Frei Paulo, o local onde ele se preparava para a invasão era ali, onde fica hoje o Curral do Açougue, no pé da ladeira que dá acesso à cidade. Felizmente o bandido bateu em retirada, ao saber que teria uma resistência à altura. Rumou para a Bahia e tempos depois foi morto numa troca de tiros com a volante na gruta de Angicos, próximo de Propriá.

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