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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Caravana Cariri Cangaço - GECC: Desafio de Carnaval

Por: Manoel Severo
Afrânio, Tomaz, Aderbal, Lívio e Manoel Severo

Tudo pronto para a Grande Caravana Cariri Cangaço- GECC: Desafio de Carnaval. Durante sete dias os vaqueiros da história estarão percorrendo cinco estados: Ceará, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia; serão mais de 3.500 km percorridos sertão a dentro, num "estirão" fantástico. Na bagagem, equipamento de filmagem, fotografia e muita disposição para enfrentar o fascínio da doce caatinga de nosso nordeste.

Na noite da última terça-feira, dia 07, integrantes do GECC - Cariri Cangaço estiveram reunidos para fechar o roteiro da Caravana que sairá de Fortaleza na madrugada do sábado de carnaval e pretende retornar no sábado subsequente, perfazendo um total de 192 horas de pura aventura e emoção.

O Nordeste palmilhado passo a passo para a formatação da Caravana...


Para Aderbal Nogueira a possibilidade de conhecer mais de perto "vários cenários marcantes da história do cangaço, alguns deles que inclusive não conheci, serão de uma importância muito grande, pois estaremos também gravando um Documentário Especial dessa Caravana do GECC - Cariri Cangaço". Já Lívio Ferraz, pontua a "grande oportunidade de rever amigos que fazem parte dessa história e que poucas vezes temos a chance de encontrar"; Antônio Tomaz ressalta "o verdadeiro universo de aprendizagem que será vivenciado numa Caravana como essa, sem dúvidas uma oportunidade única".

Para saber tudo sobre a Caravana Cariri Cangaço - GECC: Desafio de Carnaval, continue conosco, em breve o roteiro, as cidades, os personagens...

Extraído do blog: "Cariri Cangaço"

QUANDO VOCÊ SE EMBRENHA PELA CAATINGA...


Minha mãe dizia que o pai do meu pai tinha sido cangaceiro. Não sei se ela dizia para meter medo em mim e em meus irmãos ou se era mesmo verdade. O certo é que eu fiquei com aquilo na cabeça e a história do cangaço e seus homens me perseguiram. Esta admiração pelas histórias de Virgulino e seus cabras me fizeram criar um projeto que nasceu em 1994, quando montei "Lampião", de Raquel de Queiroz; em seguida, em 2002, concebi e dirigi "Arapuca - tragédia sertaneja", também sobre o cangaço. E por fim, em 2008, estreiamos "Cangaço", que narra a trajetória dos últimos dias de Lampião até a fatídica manhã de 28 de julho de 1938.

Ficamos dois anos em cartaz com "Cangaço", ganhamos três prêmios e fizemos mais de trinta apresentações. Quando pensei que já havia encerrado o ciclo sobre Lampião, eis que escrevo "A Casa de Santinha", texto que narra a vida de Maria Bonita até o dia em que ela foi embora com Lampião. Não sei se montarei algum dia. Talvez, quem sabe. 

O fato é que quando você se embrenha pela caatinga, bebe na caneca, arranca os espinhos da pantorrilha e sente o sol escaldante arder o lombo, dificilmente esquece a história deste movimento. É, Santinha, quem sabe um dia a gente se encontre atrás da ribalta.

Postado por: Pawlo Cidade

Mossoró e os velhos carnavais - 13 de Fevereiro de 2012

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Podemos dizer que o carnaval é uma das festas mais antigas da humanidade. Dez mil anos antes de Cristo, homens, mulheres e crianças se reuniam no verão com os rostos mascarados e os corpos pintados para espantar os demônios da má colheita. As origens do carnaval têm sido buscadas nas mais antigas celebrações da humanidade, tais como as Festas Egípcias que homenageavam a deusa Isis e ao Touro Apis. Os gregos festejavam com grandiosidade nas Festas Lupercais e Saturnais a celebração da volta da primavera, que simbolizava o Renascer da Natureza.
               

O carnaval, tal como conhecemos, tem sua origem no entrudo português, onde, no passado, as pessoas jogavam uma nas outras, água, ovos e farinha. O entrudo acontecia num período anterior à quaresma e, portanto, tinha um significado ligado à liberdade. Este sentido permanece até os dias de hoje no Carnaval.
               
O entrudo foi trazido para o Brasil por volta do século XVII, por influência dos portugueses das Ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde. Era uma brincadeira de loucas correrias, mela-mela de farinha, água com limão, colorau, etc. Em meios mais nobres, esses produtos eram substituídos por confetes e serpentinas. Esse formato primitivo do entrudo permanece até hoje em algumas regiões do Brasil, principalmente no Nordeste. Damos como exemplo a vizinha cidade de Aracati, no Ceará, onde essa prática ainda é usada. Em países como Itália e França, o carnaval ocorria em formas de desfiles urbanos, onde os carnavalescos usavam máscaras e fantasias. Personagens como a colombina, o pierrô e o Rei Momo também foram incorporados ao carnaval brasileiro, embora sejam de origem européia.
               
E dessa forma foi sendo formado o carnaval brasileiro. Uma mistura do entrudo português, com os mascarados da Itália e França, apimentado com o ritmo alucinante dos tambores africanos e o requebrado de nossas mulatas. Vieram depois as marchinhas que deram um novo ritmo ao carnaval brasileiro, tornando-o mais animado e com características únicas.
               
No final do século XIX, começaram a aparecer os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os famosos \"corsos\". Estes últimos, tornaram-se mais populares no começo dos séculos XX. As pessoas se fantasiavam, decoravam seus carros e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades. Está ai a origem dos carros alegóricos, típicos das escolas de samba atuais. Continuou crescendo até tornar-se a maior festa popular brasileira.
               
Em nosso país é festejado tradicionalmente no sábado, domingo, segunda e terça-feira anteriores aos quarentas dias que vão da quarta-feira de cinzas ao domingo de Páscoa. Na Bahia é comemorado também na quinta-feira da terceira semana da Quaresma, mudando de nome para Micareta. Esta festa deu origem a várias outras em estados do Nordeste, todas com características baiana, e com a presença indispensável dos Trios Elétricos. Com esse formato são realizadas no decorrer do ano; em Fortaleza realiza-se o Fortal; em Natal, o Carnatal; em João Pessoa, a Micaroa; em Campina Grande, a Micarande; em Maceió, o Carnaval Fest; em Caruaru, o Micarú; em Recife, o Recifolia, etc.
               
As primeiras notícias que temos da festa de momo em Mossoró é de 1913, quando “um pequeno grupo de cavalheiros e pouco maior número de crianças” saíram fantasiados pelas ruas da cidade no domingo de carnaval. Naquele mesmo dia houve uma festa no Cinema Almeida Castro, onde “a fina flor mossoroense” travou uma verdadeira batalha de confete, serpentina e lança-perfumes. Na segunda-feira outros bailes se realizaram. O jornal “O Mossoroense” registrava “uma soerée familiar na casa do diretor desta folha e, outro ainda no Polytheama como remate à festa anual tão cheia de atrativos.” Dessa forma começavam as comemorações do carnaval em Mossoró.

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Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

Fonte:

Como morre um cangaceiro


Antes de ser executado, Jararaca riu com as lembranças de sua vida ao lado de Lampião

Um dia depois do combate, quando o povo de Mossoró ainda temia o possível retorno de Lampião sequioso por vingança, um dos principais cangaceiros do bando, Jararaca, foi capturado se arrastando por um matagal.


O que se deu a seguir foi um roteiro tragicômico, conforme a narrativa de Lauro da Escócia, então repórter do jornal O Mossoroense. O nome do pernambucano Jararaca era José Leite de Santana. Ele tinha apenas 22 anos – nos registros policiais, contudo, aparece com 26. Mesmo com um rombo de bala no peito, conseguiu gargalhar durante uma entrevista na cadeia. 


O cabra de Lampião dizia que era por causa das lembranças divertidas do cangaço”. Entre as memórias que ouviu do preso, Escóssia descreve o dia em que Lampião teria invadido a festa de casamento de um inimigo e, com seu próprio punhal, sangrado o noivo. Já a noiva teria sido estuprada na caatinga pelos cabras do bando. 

Segundo o relato de Jararaca, Virgulino também ordenou que os convidados de um baile tirassem as roupas e dançassem um xaxado completamente nus. 


Vera Ferreira, neta de Lampião, que hoje cuida das memórias do avô em Aracaju, Sergipe, vê muito folclore nesse tipo de história. Nega, a partir das suas pesquisas, que o cangaceiro tenha ordenado ou praticado estupros (ela é co-autora do livro independente De Virgolino a Lampião, que escreveu com o pesquisador 


Amaury Corrêa, dono de um dos maiores acervos sobre o rei do cangaço, em São Paulo). Fato é que, na cadeia, Jararaca virou atração pública na cidade potiguar. Quando já apresentava alguma melhora do ferimento, mesmo sem ser medicado, ouviu que seria transferido para a capital, Natal. Era mentira. 

Alta noite, da quinta para a sexta-feira, levaram Jararaca para o cemitério, onde já estava aberta sua cova”, relata Escóssia. Pressentindo a armação, Jararaca diz: 

"Sei que vou morrer. Vão ver como morre um cangaceiro!"  


O capitão Abdon Nunes, que comandava a polícia em Mossoró, relatou dias depois os momentos finais do capanga de Lampião: Foi-lhe dada uma coronhada e uma punhalada mortal. O bandido deu um grande urro e caiu na cova, empurrado. Os soldados cobriram-lhe o corpo com areia”. 


Pelas circunstâncias da morte, o túmulo de Jararaca virou local de romaria. Até hoje as pessoas rezam e fazem promessas com pedidos ao cangaceiro executado. Na terra do Sol, Deus e o Diabo ainda andam juntos.

Cem anos da Guerra do Contestado


Fanáticos da Irmandade de São Sebastião

Saiba aqui a história da Guerra do Contestado e consulte 24 textos de documentos sobre os seus 100 anos. 


Extraído do blog: "Saiba História", 
do professor Adinalzir Pereira Camego

http://saibahistoria.blogspot.com/

Inteligência hermeticamente fechada


A História registra que o presidente Hermes da Fonseca (1855-1923) não era lá muito conhecido por sua inteligência. O marechal frequentemente era alvo fácil dos jornais, que o acusavam de ser fraco e de governar a reboque de outras figuras políticas, como o senador gaúcho Pinheiro Machado.

blogdogutemberg.blogspot.com 

Uma das várias anedotas que corriam a seu respeito demonstra bem o que se pensava sobre o presidente.

Conta-se que o velho militar, acamado, recebeu a visita de Pinheiro Machado (1851-1915). O senador disse ao marechal que mantendo as janelas hermeticamente fechadas ele jamais se curaria. O presidente ouviu o conselho, arejou o quarto e ficou curado.

Tempos depois, a situação se inverteu, e o presidente foi visitar Pinheiro Machado doente. 

Cortejo fúnebre de Pinheiro Machado - Fonte: lealevalerosa.blogspot.com

Hermes, repetindo a lição do mestre, profetizou: 

- Assim o senhor não se cura, senador. 

- Por quê?, perguntou o enfermo. 

- Porque o senhor fica com as janelas pinheiristicamente fechadas.

Do livro: Histórias de presidentes, de Isabel Lustosa.

Extraído do blog: 
Saiba História, do professor Adinalzir Pereira Lamego
http://saibahistoria.blogspot.com/

CHICO MENDES



Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido como Chico Mendes, (Xapuri15 de dezembro de 1944 — Xapuri22 de dezembro de 1988) foi um seringueirosindicalistaativista ambiental brasileiro. Sua atividade política visada à preservação da Floresta Amazônica e lhe deu projeção mundial.

Chico Mendes, ainda criança, começou seu aprendizado do ofício de seringueiro, acompanhando o pai em excursões pela mata. Só aprendeu a ler aos 19 e 20 anos, já que na maioria dos seringais não havia escolas, nem os proprietários de terras tinham intenção de criá-las em suas propriedades.[1]

Iniciou a vida de líder sindical em 1975, como secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia. A partir de 1976 participou ativamente das lutas dos seringueiros para impedir o desmatamento através dos "empates" - manifestações pacíficas em que os seringueiros protegem as árvores com seus próprios corpos. Organizava também várias ações em defesa da posse da terra pelos habitantes nativos.

Em 1977 participou da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, e foi eleito vereador pelo MDB local. Recebe então as primeiras ameaças de morte, por parte dos fazendeiros, e começa a ter problemas com seu próprio partido, que não se identificava com suas lutas.

Em 1979 Chico Mendes reúne lideranças sindicais, populares e religiosas na Câmara Municipal, transformando-a em um grande foro de debates. Acusado de subversão, é submetido a duros interrogatórios. Sem apoio, não consegue registrar a denúncia de tortura que sofrera em dezembro daquele ano.

Representantes dos povos da floresta (seringueirosíndiosquilombolas) apresentam reivindicações durante 2º Encontro Nacional, em Brasília.

Chico Mendes foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e um dos seus dirigentes no Acre, tendo participado de comícios com Lula na região. Em 1980 foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional a pedido de fazendeiros da região, que procuraram envolvê-lo no assassinato de um capataz de fazenda, possivelmente relacionado ao assassinato do presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Brasiléia,Wilson Sousa Pinheiro.

Em 1981 Chico Mendes assume a direção do Sindicato de Xapuri, do qual foi presidente até sua morte. Candidato a deputado estadual pelo PT nas eleições de 1982, não consegue se eleger.

Acusado de incitar posseiros à violência, foi julgado pelo Tribunal Militar de Manaus, e absolvido por falta de provas, em 1984.

Liderou o 1º. Encontro Nacional dos Seringueiros, em outubro de 1985, durante o qual foi criado o Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), que se tornou a principal referência da categoria. Sob sua liderança a luta dos seringueiros pela preservação do seu modo de vida adquiriu grande repercussão nacional e internacional. A proposta da "União dos Povos da Floresta" em defesa da Floresta Amazônica busca unir os interesses dos indígenas, seringueiros, castanheiros, pequenos pescadores, quebradeiras de coco babaçu e populações ribeirinhas, através da criação de reservas extrativistas. Essas reservas preservam as áreas indígenas e a floresta, além de ser um instrumento dareforma agrária desejada pelos seringueiros.

Em 1986 participa das eleições daquele ano pelo PT-AC candidato a Deputado estadual ao lado de outros candidatos entre eles Marina Silvapara Deputada federal, José Marques de Sousa(o Matias) para Senado, e Hélio Pimenta para Governador, não sendo nenhum deles eleito[2].

Em 1987, Chico Mendes recebeu a visita de alguns membros da ONU, em Xapuri, que puderam ver de perto a devastação da floresta e a expulsão dos seringueiros causadas por projetos financiados por bancos internacionais. Dois meses depois leva estas denúncias ao Senadonorte-americano e à reunião de um banco financiador, o BID. Os financiamentos a esses projetos são logo suspensos. Na ocasião, Chico Mendes foi acusado por fazendeiros e políticos locais de "prejudicar o progresso", o que aparentemente não convence a opinião pública internacional. Alguns meses depois, Mendes recebe vários prêmios internacionais, destacando-se o Global 500, oferecido pela ONU, por sua luta em defesa do meio ambiente.

Ao longo de 1988 participa da implantação das primeiras reservas extrativistas criadas no Estado do Acre. Ameaçado e perseguido por ações organizadas após a instalação da UDR no Estado, Mendes percorre o Brasil, participando de seminários, palestras e congressos onde denuncia a ação predatória contra a floresta e as violências dos fazendeiros contra os trabalhadores da região.

Após a desapropriação do Seringal Cachoeira, em Xapuri, propriedade de Darly Alves da Silva, agravam-se as ameaças de morte contra Chico Mendes que por várias vezes denuncia publicamente os nomes de seus prováveis responsáveis. Deixa claro às autoridades policiais e governamentais que corre risco de perder a vida e que necessita de garantias. No 3º Congresso Nacional da CUT, volta a denunciar sua situação, similar à de vários outros líderes de trabalhadores rurais em todo o país. Atribui a responsabilidade pela violência à UDR. A tese que apresenta em nome do Sindicato de Xapuri, Em Defesa dos Povos da Floresta, é aprovada por aclamação pelos quase seis mil delegados presentes. Ao término do Congresso, Mendes é eleito suplente da direção nacional da CUT. Assumiria também a presidência do Conselho Nacional dos Seringueiros a partir do 2º Encontro Nacional da categoria, marcado para março de 1989, porém não sobreviveu até aquela data.

Morte

Em 22 de dezembro de 1988, exatamente uma semana após completar 44 anos, Chico Mendes foi assassinado com tiros de escopeta no peito na porta dos fundos de sua casa[3], quando saía de casa para tomar banho. Chico anunciou que seria morto em função de sua intensa luta pela preservação da Amazônia, e buscou proteção, mas as autoridades e a imprensa não deram atenção. Casado com Ilzamar Mendes (2ª esposa), deixou dois filhos, Sandino e Elenira, na época com dois e quatro anos de idade, respectivamente. Em 1992 foi reconhecida através de exames de DNA uma terceira filha.

Após o assassinato de Chico Mendes mais de trinta entidades sindicalistas, religiosas, políticas, de direitos humanos e ambientalistas se juntaram para formar o "Comitê Chico Mendes". Eles exigiam providencias e através de articulação nacional e internacional pressionaram os órgãos oficiais para que o crime fosse punido. Em dezembro de 1990, a justiça brasileira condenou os fazendeiros Darly Alves da Silva e Darcy Alves Ferreira, responsáveis por sua morte, a 19 anos de prisão. Darly fugiu em fevereiro de 1993 e escondeu-se num assentamento do INCRA, no interior do Pará, chegando mesmo a obter financiamento público do Banco da Amazônia sob falsa identidade. Só foi recapturado em junho de 1996. A falsidade ideológica rendeu-lhe uma segunda condenação: mais dois anos e 8 meses de prisão.

Legado

Como resultado da luta de Chico Mendes, o Brasil tinha, em 2006, 43 reservas extrativistas (Resex) que abrangiam 8,6 milhões de hectares e abrigavam 40 mil famílias. Este tipo de Unidade de Conservação (UC) de uso sustentável garante legalmente a preservação dos recursos naturais e, ao mesmo tempo, a manutenção da atividade econômica e a posse coletiva da terra pelas populações tradicionais (seringueiros, castanheiros, babaçueiros, caiçaras etc). A criação de uma Resex e a regularização fundiária estabelecida por ela, permitem a esses grupos ter acesso a financiamento agrícola, programas de segurança alimentar e investimentos na comercialização de seus produtos. Também fica mais fácil conseguir a construção de escolas e postos de saúde.[4]

Em 1989, o Grupo Tortura Nunca Mais, uma ONG brasileira de direitos humanos, criou o prêmio Medalha Chico Mendes de Resistência, uma homenagem não só ao próprio Chico Mendes, mas também a todas as pessoas ou grupos que - segundo a entidade - lutam pelos direitos humanos. O prêmio é entregue todos os anos e personalidades como Dom Paulo Evaristo ArnsJaime WrightLuísa Erundina,Hélio BicudoPaulo FreireBarbosa Lima SobrinhoHerbert de SousaAlceu Amoroso LimaLuís Fernando VeríssimoZuzu Angel,Oscar NiemeyerBrad Will e organizações como a Human Rights WatchAnistia InternacionalOrdem dos Advogados do Brasil (OAB),Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Centro de Mídia Independente (CMI) e a Comissão de Justiça e Paz de São Paulo já receberam a homenagem.[5]

Em 10 de dezembro de 2008, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça aprovou, em Rio Branco, no Acre, a condição de anistiado político post-mortem de Chico Mendes. O pedido de anistia havia sido protocolado pela viúva Ilzamar Mendes em 2005.[6]

Elenira, filha de Chico Mendes, criou uma ONG chamada Instituto Chico Mendes, para projetos sociais e ambientais. Em 2009, o Ministério Público do Acre propôs uma ação de improbidade administrativa contra ela e sua mãe, Ilzamar, viúva de Chico Mendes, por desvio de verbas recebidas do governo do Acre, que em três anos totalizaram 685 mil, sendo que Ilzamar foi acusada pela própria irmã de ser funcionária fantasma da ONG.[7]

Em 2007 foi criado o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia responsável pela gestão das unidades de conservação federais do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza no Brasil.

Biografia extraída   da Wikipédia,  na íntegra

Homenagem a Antonio Vieira

Por: Aderbal Nogueira
Luitgarde Barros, Padre Roserlandio e Aderbal Nogueira

Há poucos dias o amigo João de Souza comunicou a morte do ex - volante Antônio Vieira. 


Mais um participante da história que se vai, pois é, o tempo é cruel. Venho aqui prestar uma homenagem póstuma ao ex-combatente e também ao incansável garimpeiro da história, meu amigo João, pois através dele tive a oportunidade de conhecer e entrevistar o Sr. Antônio. Como disse há pouco no blog do Cariri Cangaço, em quase todos os depoimentos gravados por mim, sempre tive ao lado vários amigos me dando suporte, entre os quais o ímpar 


Paulo Gastão e vários outros, como Lemuel Rodrigues, Ângelo Osmiro, Waldir Júnior, Jairo Oliveira, Kydelmir Dantas, entre outros. Eu simplesmente apertei o botão da câmera. Agradeço a João de Souza pela oportunidade de ter conhecido mais um personagem importante do combate da Grota de Angico.

Coloco agora uma pequena parte de como a volante de seu Antônio chegou ao local onde tombou o Rei do Cangaço.

João, continue na sua luta incansável em prol da verdadeira saga Lampiônica. Você tem uma mina ao seu alcance. Destrinche todo o sertão Baiano, Alagoano e Sergipano; nós, seus amigos, só temos que agradecer.

Aderbal Nogueira

Extraído do blog João de Sousa Lima

NOITES ADORMECIDAS (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

NOITES ADORMECIDAS

Ainda tem luz no espaço, um pouco de vermelho entre as nuvens, um fogo que queima o dia para trazer as cinzas da noite. Mas quando chegar o anoitecer sei que tudo será diferente. Bem diferente...

Um trago na taberna, talvez uma aguardente, um conhaque ou um copo de vinho. O problema é o descontentamento com apenas um trago e a vontade de pedir sempre mais um. É melhor colocar o conhaque na mochila e depois deixá-lo em cima da mesa, ao alcance da mão, assim que eu sentar para escrever as cartas que minha saudade e recordações já pedem faz tanto tempo.

Pouca coisa além da velha e carcomida mesa de madeira possui a sala de minha casa, que também é o meu quarto e quase tudo. Uma janela virada pra paisagem pintada com pouca tinta mais adiante, um antigo sofá que muitas vezes também serve de cama, uma cristaleira com algumas taças e outras e outras lembranças de dias muito melhores. Tudo isso, só isso, ou quase nada...

Não, há ainda o baú num canto da sala, uma estante que já não cabe mais nenhum livro, cadernos de anotações, diários e outros papéis. Nos escritos estão parte da minha história, minhas memórias sem medo, mas também coisas felizes que invento pra contrabalançar a dor. Como quase sempre está sem energia, candeeiros, lamparinas e velas ficam espalhados pelos cantos escurecidos.

A noite já chegou completamente, está tudo escurecido lá fora. A lua brinca de se esconder, as nuvens acompanham o jogo, há um silêncio sepulcral por todo lugar, e talvez seja por isso que ouço algo parecido com um uivo de lobo lá por cima de qualquer montanha ao redor. Sempre que é noite e a janela está entreaberta ouço o lobo uivando, talvez me chamando também para acompanhá-lo nos seus motivos de sofrimento.

Às vezes gostaria de viver com a mesma razão que os lobos possuem ao uivar. Eles não escondem o que sentem, não jogam nos travesseiros arenosos sua dor, não lastimam a sorte embaixo do silêncio de sua solidão. Sobem nos montes e uivam, e cada uivo é um grito dizendo tudo, é um canto/lamento espalhando pelo ar todo o sentimento.

Também não escondo nada do que sinto, e é tanto que o meu íntimo conhece mais de mim do que eu mesmo. Como se fosse um baú de coisas antigas, um depósito de acontecidos e não vividos, o meu eu interior talvez não suporte mais ter de guardar tudo aquilo que não quero carregar na face, mostrar no semblante, levar comigo para onde vou. Por isso mesmo que todas as vezes que saiu na porta deixo as chaves do meu baú e do meu depósito lá dentro de casa.

Verdade é que muitas vezes já pensei em pular a janela e sair por aí procurando o lobo no seu monte solitário. Não precisaria nem subir até lá para compreender seus motivos, pois já os conheço muito bem nos meus uivos interiores. Bastaria olhá-lo da estrada, enxergar o seu corpo perante o clarão da lua, vê-lo de cabeça erguida, voltada para as alturas, de boca aberta e gritando o nome do seu amor. Também já tive um, também conheço essa dor.

Mas me basta ser o meu lobo de agora, e que certamente subiria no telhado para uivar se não fosse a garrafa de conhaque que está logo ali adiante. Feito uma tela de Rembrandt onde a luz amarelada entra pela janela ou sobe da chaminé, a luz sutil e afoqueada em meio à escuridão vem da lamparina que cintila uma chama no seu pavio.

Por causa da pouca luz, vejo a fumaça que passeia feito espectro fantasmagórico pelo ar. Na rua fumo cachimbo, mas em casa prefiro o charuto. Alguém me disse uma vez que fumar assim faz lembrar o velho pajé expulsando os maus espíritos, e muita coisa preciso mandar pra bem longe. Já tomei duas doses depois que cheguei, já coloquei algumas folhas em branco sobre a mesa, bem como o tinteiro com a pena já não tão fina e deslizante.

Tenho uma caneta novinha, Mont Blanc. Ganhei da única parenta que lembrou que existo. Também tenho outras canetas e lápis, mas nesses momentos prefiro escrever à moda antiga, como faziam os velhos poetas adoecidos por ficarem noites inteiras em busca do melhores versos que hoje estão escondidos ali na minha estante, adormecidos dentro dos livros.

Talvez tão cedo não escreva a primeira palavra, o primeiro verso, nada. Certa vez cheguei até o meio-dia do dia seguinte e não consegui descrever adequadamente uma paisagem. Nessa feita tomei um litro de conhaque inteirinho, aos pouquinhos, com goles miúdos. Quando adormeci embriagado sonhei com as palavras que não havia conseguido encontrar.
Por isso passo noites assim, entre o sono e a necessidade de escrever, em noites apenas adormecidas na luz opaca que se derrama pela minha folha e reflete no meu copo. E aquela paisagem que um dia não consegui descrever e que somente o sonho embriagado me trouxe à mente, irei escrever agora:

“O tempo era de brumas, embaçado, como se uma fumaça tomasse a visão de tudo. Eu precisava encontrá-la na paisagem, mas não via nada...”. Apenas uma lamparina, um copo com conhaque, um charuto aceso, uma folha. Ah, sim, e também um lobo uivando lá fora, e aqui dentro também.


Rangel Alves da Costa* 
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

O segredo (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa


O segredo

  
Um dia escrevi um segredo
depois que a onda se foi
mais tarde a onda não veio
e o segredo ficou na areia

no outro dia voltei à praia
e ao longe avistei as palavras
sem poder ler novamente
porque a onda veio e levou

um dia soube que ela estava ali
passeando descalça pela areia
quando uma onda foi chegando
e trazendo uma concha do mar

a linda concha parou a seus pés
e encantada segurou-a na mão
e dela ouviu um sublime segredo
palavras dizendo do meu amor.


Rangel Alves da Costa
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com