Maria Gomes de
Oliveira, conhecida como Maria de Déa a Maria
Bonita (Paulo Afonso, 8 de
março de 1911 ou 17
de fevereiro de 1910[nota
1] — Poço Redondo, 28 de
julho de 1938),
foi uma cangaceira brasileira,
companheira de Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião,
e a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros.
Filha de Maria
Joaquina Conceição de Oliveira, conhecida como Dona Déa, e de José Filipe Gomes
de Oliveira, Maria nasceu e cresceu em uma família humilde, no povoado de Malhada
da Caiçara, que atualmente se localiza no município Paulo
Afonso,[3] na
época pertencente ao município de Santo Antônio de Glória, atualmente
conhecido como Glória, no sertão baiano.[3]
Primeiro
Casamento
Aos quinze
anos, em um matrimônio arranjado pelas famílias, casou-se com seu primo,
o sapateiro Zé
de Neném.[4] O
relacionamento era conturbado, e Maria sofria em um matrimônio infiel, com
constantes agressões do marido alcoólatra.
Maria era espancada sempre que contestava as atitudes adúlteras do marido. Por
vingança, passou a trair o marido com diversos homens. Um dia, seu matrimônio
ruiu de vez, quando Virgulino Ferreira da Silva entrou em sua vida, tendo
verdadeiramente apaixonado-se por ele, formando um triângulo amoroso.[5]
União com
Lampião e Ingresso no Cangaço
Em 1929, ainda
casada, tornou-se a amante de Virgulino Ferreira da Silva, conhecido também
como o Lampião. Nesse mesmo ano, decidiu fugir com ele, para fazer
efetivamente parte do bando de cangaceiros, assim se tornando a mulher de
Lampião, com quem viveria por nove anos. Entre o bando, Maria começou a ser
chamada de Maria da Déa, ou Maria do Capitão, e assim a nova cangaceira
aprendeu cada lei do bando.[5]
Conhecida por
sua beleza e personalidade forte, diferentemente de todas as outras mulheres do
cangaço, Maria nunca foi abusada pelos cangaceiros, e tinha diversas regalias.
Andava com vestidos de seda, luvas com estampas florais, sandálias e botas de
cano curto. Também usava joias caras, broches, portava moedas de prata e
enfeites de ouro decoravam seus cabelos. No pescoço e nos pulsos, usava o
mesmo perfume francês
que Lampião. Quando estava ao lado do marido nos campos de batalha, vestia
botas de couro e roupas de algodão.[5]
A vida no
cangaço era difícil, onde passavam bastante necessidade, e viviam
escondendo-se. A realidade do cangaço também era cercada de muitas
superstições. Quando o assunto era manter relações sexuais com as próprias cangaceiras,
os homens tinham algumas exigências e rituais. Por exemplo, Maria não poderia
deitar-se com Lampião às sextas-feiras. O ato também não era permitido nas
vésperas da fuga para um novo esconderijo. Antes de qualquer ato sexual,
entretanto, as mulheres deveriam banhar-se. Uma porção da água do rio era
guardada apenas para que elas fizessem a limpeza íntima. Em um movimento
contrário, os homens, por vezes, não se lavavam, e até transmitiam doenças
sexualmente transmissíveis, adquiridas nos cabarés da região. Agora, quando o
ato sexual realmente acontecia, as superstições eram levadas muito a sério. Na
noite do ato, os cangaceiros tiravam seus colares de orações. Lampião mesmo
carregava oito deles — além de um crucifixo de ouro puro.[5]
Constantemente
traída por seu companheiro, Maria tinha diversas crises de ciúmes de Lampião,
mas o cangaceiro tratava sua esposa com paciência e carinho. Em 1931,
inclusive, os dois viajaram para uma fazenda, a fim de desfrutar da lua de mel
que nunca tiveram. Para a jovem cangaceira, no entanto, aquilo não era o
suficiente. Diversos relatos afirmam que Maria, por vingança, iniciou um caso
extraconjugal com João Maria de Carvalho, um comerciante. Do amante, ela
ganhava sapatos, roupas e outros presentes, e Lampião jamais desconfiou, ou
Maria pagaria com sua própria vida.[5]
Logo depois de
sua lua de mel na fazenda, Maria engravidou. Comprovadamente ela teve uma filha
com Lampião, batizada como Expedita Gomes de Oliveira Ferreira,[6] a
única reconhecida legalmente,[7] que
sob as regras do cangaço, foi entregue para ser criada por um casal de amigos
vaqueiros. Saudosa pela filha perdida, Maria amarrou um pano em seus seios
cheios de leite para que eles não vazassem mais.[5]
Existem,
porém, dúvidas sobre o parentesco dos supostos gêmeos Arlindo e Ananias Gomes
de Oliveira. Ambos até então considerados filhos de Maria Bonita e Lampião.
Outras fontes afirmam que eles eram, na verdade, irmãos caçulas de Maria.[8]
Morte
Em 28 de julho
de 1938, quando os cangaceiros estavam acampados na Grota de Angicos, em
Poço Redondo, no Sergipe, o bando foi atacado de surpresa pela polícia armada
oficial, conhecida como volante. Eles foram mortos a tiros e
posteriormente, degolados.[6] Maria,
tentando fugir, foi baleada duas vezes: uma no abdômen e
outra nas costas, e logo em seguida foi decapitada viva
por José Panta de Godoy, o mesmo que lhe deu os tiros. Nessa hora, com a cabeça
separada do corpo, recebeu o apelido de Maria Bonita.[5]
Representações
na cultura popular
Nome
A baiana Maria
Gomes de Oliveira era chamada desde a infância de Maria de Déa, em referência a
sua mãe. Nem a família nem o bando de Lampião a tratavam por Maria Bonita,
apelido que só se difundiu após sua morte. Há algumas versões sobre a origem
desse nome. Uma delas diz que se tratou de invenção dos repórteres dos jornais
do Rio de Janeiro, possivelmente inspirados no filme Maria Bonita, lançado
em 1937 e baseado na obra de mesmo nome de Afrânio Peixoto, de 1921. Outra, que teria sido
dado por soldados que se impressionaram com a beleza da cangaceira quando ela
foi morta em 28 de julho de 1938.[9]
Patrimônio
histórico
Em 2006 a
Prefeitura de Paulo Afonso restaurou a casa de infância de Maria Bonita,
instalando o Museu Casa de Maria Bonita no local.[3]
Notas
O dia, mês e ano de nascimento da biografada é
polêmico, pois existem fontes para as duas datas e como exemplo:[1][2]. Mais
detalhes, ver PD
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Bonita
http://blogdomendesemendes.blogspot.com