Por Antonio Corrêa Sobrinho
A prisão do
facínora Antônio Silvino – RECIFE, 29 – Antônio Silvino, cujo nome verdadeiro é
Manuel Batista de Moraes, é filho de Francisco Silvino Batista de Moraes e
cangaceiro há mais de 14 anos.
Pelos seus inúmeros crimes está pronunciado nos artigos 294 e 338 do Código
Penal em Belo Jardim, Timbaúba, Caruaru, Distrito de Tapera, Brejo, Lagoa
Baixa, Altinho e muitas outras localidades.
O famigerado facínora conta 39 anos de idade, tendo nascido em Alagoa do
Monteiro, no estado da Paraíba do Norte.
Fez-se cangaceiro para tirar desforra do assassínio de seu pai.
Tomou o nome de guerra porque é conhecido, indo buscar o seu sobrenome à
história de seu tio Silvino Ayres, conhecido e temido bandido da Paraíba.
Depois do assalto à usina de Santa Filonila, o célebre salteador promoveu-se,
em 1911, a chefe de grupo, onde era influente José Francisco, de triste e
execranda memória.
Esse grupo quase todo foi destruído na luta que teve de travar contra cem praças
da força policial de Pernambuco e Paraíba.
Antônio Silvino deve a sua vida talvez ao fato de ter procurado retirar-se, o
que fez logo depois de manter fogo durante alguns minutos. Silvino escolhera
para suas almas danadas os célebres “Cocada” e “Rio Preto”. O primeiro desses
bandidos finou-se na casa de detenção e o segundo acompanhou até a morte o seu
primo Argemiro Pereira, cangaceiro, que conseguiu fugir da ilha de Fernando de
Noronha, onde cumprira sentença.
Do seu bando fizeram parte os celerados “Bacurau”, “Pilão Deitado”, “Relâmpago”
e “Cavalo do cão cassaco”.
Antônio Silvino é de estatura regular.
30.11.1914
PERNAMBUCO
Remoção de
Antônio Silvino para Taquaritinga – Como foi feita a Prisão do Bandido –
RECIFE, 1 – Partiu esta noite em trem especial para Caruaru, de onde seguirá
para Taquaritinga, o chefe de polícia deste Estado, que vai acompanhado de um
médico legista, força de infantaria e cavalaria e vários repórteres.
“O Diário” tem publicado correspondências telegráficas de Taquaritinga.
O seu correspondente naquela cidade conta que o alferes Teófanes Torres, tendo
recebido denúncia de que Silvino andava nas proximidades, saiu de Taquaritinga
na noite de 26 do corrente, percorrendo nove léguas.
Chegando a força à fazenda de Lagoa Lage, o alferes cercou a casa do
proprietário, Joaquim Pedro, que se negava a indicar o paradeiro do bandido,
quando informações colhidas no percurso afirmavam que Antônio Silvino ali
estava.
O alferes penetrou na casa e efetuou a prisão da família.
Momentos depois, entrou um moço conduzindo uma bacia contendo talheres e pratos
sujos. Interrogado a respeito, o moço declarou que tinha ido levar comida aos
trabalhadores da fazenda. Diante dessa declaração, o alferes intimou Joaquim
Pedro e o moço a que lhe mostrassem os trabalhadores. Em caminho, confessaram
que a comida não tinha sido levada a trabalhadores da fazenda, mas sim, a
Antônio Silvino, que ali se achava.
O alferes surpreendeu a quadrilha do célebre bandido, travando com ela renhida
luta, que durou cerca de uma hora. Os bandidos, vendo-se obrigados a recuar,
entrincheiraram-se, resistindo tenazmente até às 18 horas, só se rendendo
depois de ter morrido o bandido Joaquim Moura.
Preso Silvino, verificou-se que o facínora estava ferido gravemente na região
lombar e trajava uniforme de tenente-coronel.
Da quadrilha, quatro bandidos conseguiram fugir.
Antônio Silvino, apesar de ferido, conserva-se altivo e calmo, contando as
peripécias de sua vida.
O povo recebeu a escolta que efetuou a prisão do famigerado Silvino com
estrondosas festas.
À cadeia onde está preso o facínora tem ido contínuas romarias de curiosos.
Notícias sobre
a prisão de Antônio Silvino – RECIFE, 1 – A expedição que foi hoje buscar
Antônio Silvino chegou pela madrugada a Caruaru, de onde partiu às primeiras
horas da manhã para Taquaritinga:
Adiantei-me à comitiva, encontrando ao pé da serra de Taquaritinga o alferes
Teófanes Torres e o destacamento conduzindo Antônio Silvino.
O bandido vinha montado num burro e amparado por duas praças. Gemia, mas vinha
calmo, resignado. Contou que, recebendo a primeira bala, caiu com uma síncope,
sendo despojado do dinheiro que possuía pelos seus companheiros, que o
abandonaram. Foi então preso.
“O Diário” abriu uma subscrição pública em favor do oficial e dos soldados que
capturaram Antônio Silvino.
_____
Proezas do
bandido Antônio Silvino – RECIFE, 1 – Entre outras muitas, contam-se as
seguintes proezas do célebre facínora Antônio Silvino:
O trovador popular Leandro Gomes de Barros encontrou um dia Silvino fardado com
o uniforme de capitão da polícia, trazendo um chapéu de couro.
- Que levas aí? perguntou-lhe Silvino.
Leandro, que levava um sortimento de folhetos, respondeu:
São livrinhos narrando histórias em versos.
- Há alguma a respeito de Antônio Silvino?
Leandro afirmou-lhe que sim, oferecendo-lhe um folheto e convidando-o a ler
algumas estrofes. Leu-as o trovador mesmo. Silvino gostou dos versos e pôs-se a
rir do que acabava de ouvir a seu respeito. Depois pediu vinte exemplares.
- Quanto custam?
Como Leandro lhe respondesse que não custavam coisa alguma, Silvino insistiu
com ele para que cobrasse os folhetos pedidos e acabou por lhe pagar
espontaneamente 20$000.
Doutra feita, uma noite Silvino foi a um rancho de certo sertanejo, e ali se
hospedou. Deitou, dormiu e uma hora depois levantou-se, dizendo ao dono do
rancho que queria ir-se embora.
Que há? perguntou-lhe o hospedeiro.
- Sinto cheiro de “fumaça”...
Perguntando quanto devia, e o dono do rancho não querendo cobrar a pousada,
Silvino retirou-se.
O seu pressentimento não falhara. Às 5 horas a casa estava cercada de polícia.
- Faz já alguns anos, o célebre facínora veio a Recife, onde visitou a redação
da “Província” para conhecer José Maria de Albuquerque de Melo.
Conversando com a pessoa que tanto desejava conhecer, Silvino disse que
regressaria descontente se não tivesse visto o homem cuja fama de democrata
chegava aos sertões.
Testemunhou esta cena Gonçalves Maia:
Uma ocasião Silvino fora ao lugar denominado Queimadas Fagundes, de propriedade
de conhecido sexagenário, que era seu desafeto.
O bandoleiro friamente assassinou o pobre velho, colocando o seu corpo sobre a
mesa de jantar com os pés voltados para o dorso.
Em seguida, ordenou a viúva e aos filhos da vítima que o servissem, e aos seus
companheiros.
02.12.1914
A Prisão de
ANTONIO SILVINO – Várias notícias – RECIFE, 4 – Um abalizado (...) define a
característica criminal de Antônio Silvino, dizendo que este não tem estigmas
aparentes de criminoso nato – nem prognatismo, nem dismetria facial, nem
estrabismo, conforme a Escola Positiva, na parte que se refere ao processo de
regressão atávica. Tem o aspecto comum do sertanejo.
Silvino odeia as tatuagens, dizendo que essas “calungas” são próprias de gente
baixa. Quando algum tatuado pretendia entrar no seu grupo, recusava;
desconfiando que fosse policial disfarçado.
A ausência de tatuagens e outros estigmas de degenerescência fazem acreditar
que Silvino não é um criminoso nato, mas um resultado do meio, um produto da
(...) bárbara e sertaneja, aliada às circunstâncias especiais da vida.
O bandido reduziu as entrevistas. Entretanto, respondeu a um ou outra pergunta.
Disse que está preso porque esta é a vontade de Deus. Acredita em Deus e na
Virgem Maria. “Deus quis ver-me preso, para depois ver-me solto”.
- Como assim?
- “Não sei”, respondeu o facínora.
- Porque preferiu o gênero de vida que tem levado?
- “Não o preferi. Mataram o meu pai, e fiz justiça, vingando-o, peguei-me com
Deus, e ganhei o mundo.”
Um soldado de polícia e o repórter do “Diário”, na viagem de Taquaritinga
caíram do cavalo. O primeiro feriu-se na cabeça e o segundo no queixo.
O representante do “Diário” trouxe inúmeras notas sobre a prisão de Antônio
Silvino. Este não permitiu que o fotografassem.
Designava os seus companheiros com um só nome – Mateus, Venâncio, etc.
Interrogado a propósito do seu sobrenome, respondeu: “Gente ruim só tem um
nome”.
Na viagem de Taquaritinga a Caruaru, Silvino perguntou ao chefe de polícia:
“Onde é que me vão matar? ”
Antônio Silvino declarou que nasceu em Afogados, no estado de Pernambuco.
Quando o bandido foi preso, muitas mulheres choraram...
- Entrevistei hoje o sargento José Alvim, ontem promovido a alferes, o que fez
parte da escolta que prendeu Antônio Silvino.
Disse-me ele:
“Como sabe, alistei-me na polícia com o fim, bem decidido, de inutilizar a ação
de Silvino, de quem eu era vítima. O meu cuidado era quase somente o de ser
incluído nas diligências policiais, que iam ao encalço do bandido. Algumas
vezes, estive prestes a ver realizadas as minhas aspirações; mas sempre sucedia
que, no último momento, as coisas se transtornavam.
- E quando foi a Taquaritinga?
- Ainda não perdera as esperanças. Lá me demorei um ano, até que chegasse o
alferes Teófanes...
- Já seu conhecido?
- Pois não. Ele e eu tínhamos feito algumas diligências, e por isso tinha e
tenho muita confiança nele.
- Como explica o fato de não ter sido ferido nenhum dos soldados que atacaram
Silvino?
- Foi uma surpresa. Os bandidos começaram a atirar à doida, e depois fugiram,
deixando munições pelo chão. O próprio Silvino confessa que gastou três cargas
de rifles e 36 balas, atirando contra nós, principalmente contra o alferes
Teófanes, único que estava fardado.
- De modo que era fama a tal pontaria do bandido...
- Não, pontaria ele tem; mas aquele dia não era dele. Quando as coisas estão
escritas, sucedem mesmo.
- Que impressão teve no mais aceso da luta?
- Não é a primeira vez que faço diligência arriscada. Mas digo-lhe que senti o
que nunca tinha sentido.
- Foi reconhecido por Silvino?
- Não. Somente lembrou-se de que me fizera quando eu me dei a conhecer. Então
pediu-me perdão, e eu atendi.”
As entrevistas do alferes Teófanes confirmam, inteiramente, os telegramas que
mandei, descrevendo o assalto, a luta e a prisão.
Como Silvino
narra a sua prisão – RECIFE, 4 – O bandido Antônio
Silvino vai experimentando algumas melhoras.
Hoje, interrogado pelo comandante da Força Pública, Silvino narrou, da seguinte
forma, o combate que, antes da sua prisão, manteve com a polícia:
“Depois da refeição, eu e o meu grupo estávamos descansando, sem que
pressentíssemos coisa alguma.
De repente, ouvi um tiro, dado atrás de mim, que foi seguido de outros.
Voltando-me rapidamente, indaguei se atiravam para mim, e os meus companheiros
responderam afirmativamente.
Foi, então que tomei do meu rifle, e iniciei o combate. Corri a arma três
vezes, disparando trinta tiros. Quando dava o último tiro, senti-me ferido. A
vista turvou-se-me, e esmorcei. Não tive mais ânimo pra nada.
Caído de costas, apenas pude ver um companheiro meu aproximar-se, e dizer:
“Manuel, lembra-te do nome de Jesus”.
Fiquei como morto. Algum tempo depois, levantaram-me e fui arrastado até a casa
onde o alferes Teófanes me encontrou. Antes, no campo onde caí ferido, quando
dei acordo de mim, não encontrei, nos meus dedos, os anéis de ouro.
E é só o que sei dizer sobre o meu triste fim”.
05.12.1914
Antônio
Silvino – RECIFE. A prisão de Antônio Silvino continua a preocupar a opinião
pública.
O facínora, embora tivesse experimentado algumas melhoras, ainda não está fora
de perigo.
Os jornais de hoje vêm cheios de episódios, anedotas, publicam até entrevistas
concedidas por Silvino.
Numa delas, o repórter se lembrou de interrogar o bandido sobre a guerra
europeia. Silvino declarou que é favorável à Alemanha. Acha que os soldados
franceses e ingleses são fracos ao passo que o alemão é forte...
A prisão de
Antônio Silvino – Festival em homenagem ao tenente Teófanes – Felicitações ao
Sr. Dantas Barreto – RECIFE, 5 (A.) – Realizar-se-á sábado próximo, no teatro
Santa Izabel, um grande festival em homenagem ao tenente Teófanes Ferraz, pelos
relevantes serviços que este oficial tem prestado ao desempenho de sua missão.
O general Dantas Barreto, governador do Estado, tem recebido grande número de
telegramas de felicitações pela prisão de Antonio Silvino, efetuada pelo
tenente Teófanes Ferraz, em Queimados, entre os quais se encontram um do Dr. Alberto
Maranhão, governador do estado do Rio Grande do Norte e outro do coronel
Antonio Pessoa, em nome da população de Umbuzeiro.
A prisão de
Antônio Silvino – PARAÍBA, 6 (A.) – O jornal daqui “União” abriu uma subscrição
para gratificar a polícia de Pernambuco, que capturou o bandido Antônio Silvino
07.12.1914
PERNAMBUCO
A saúde de
Antônio Silvino – RECIFE, 8 – Continua pouco animador o estado bandido Antônio
Silvino.
Durante a noite, foi medicado constantemente pelos médicos da cadeia pública.
Hoje, de madrugada, Silvino teve fortes calafrios.
Às onze horas, era julgado grave o seu estado.
09.12.1914
Uma entrevista
com Antônio Silvino, 10 – RECIFE – Um jornalista foi hoje à enfermaria da
cadeia, onde entrevistou Antônio Silvino.
O bandido declarou que nunca esteve em Recife. Em Taquaritinga, também não
entrou em Triunfo, como se diz. Ali foi apenas conhecido por ter passado perto
da feira, seguido de dois companheiros.
- Qual foi o fogo mais pesado que você sustentou?
- Foram tantos, que nem sei a conta.
Na cidade de Bonito, no estado de Pernambuco, tendo ido comprar um par de
esporas na loja, foi um dia atacado por alguns homens, que se haviam escondido
debaixo do balcão. Quebraram-lhe a ombreira do rifle, ficando Silvino com a mão
retalhada. Mesmo com arma sem coronha, sustentou o combate com os inimigos, que
eram valentes.
Disse que andou com “Tempestade”, Manuel Antão, João Godé e outros facínoras.
Gostava de jogar no bicho. Certa ocasião, ganhou muito dinheiro no pavão. Com
esse dinheiro, socorreu vários pobres.
Não podia ver os necessitados, sem lhes prestar auxílio. Uma vez, entrou num
engenho, onde encontrou muitas pessoas implorando caridade. Como tinha três
contos no bolso, dispendeu dois contos, repartindo entre todos, que ficaram
satisfeitos.
Referiu-se depois à sua prisão em Taquaritinga. Declarou que, após o forte
tiroteio que sustentara, não se queria entregar às praças. Mas, como ficara desarmado
e ferido gravemente, não teve outro remédio. Isto tinha que acontecer. Era no
ano de 1914, que, para ele, desde princípio, fora desfavorável.
No combate, não esmoreceu um só minuto. Atirou sempre, até receber o ferimento
nas costas.
20.12.1914
PERNAMBUCO
O bandido
Antônio Silvino – RECIFE (A) – Consta que, no dia 1º de janeiro próximo,
começarão os interrogatórios do célebre bandido Antônio Silvino.
29.12.1914
O bandido
Antônio Silvino – Um ato de loucura – RECIFE, 13 – O bandido Antônio Silvino
que, como há dias telegrafei, tem dado demonstrações de estar sofrendo das
faculdades mentais, praticou ontem mais um ato de loucura.
Na ocasião em que lhe foi servida a refeição, o bandido recusou-se a recebê-la
e desceu da enfermaria a que estava recolhido, veloz como um raio. Dirigindo-se
ao portão da prisão, pôs-se a dar-lhe formidáveis murros.
Como o administrador o repreendesse, ameaçando-o de castigo severo, Antônio
Silvino pediu-lhe que não continuasse com a repreensão. Preferia mil vezes eu o
mandasse fuzilar.
Quando voltou para a enfermaria, o famigerado bandido encontrou sobre uma mesa
uma raspadeira e uma tesoura. Tomando-as, dirigiu-se para o companheiro e disse-lhe:
“Querem fuzilar-me. Vou morrer pelas minhas próprias mãos.”
Ato contínuo, produziu com aqueles instrumentos três ferimentos no próprio
pescoço, ao lado esquerdo.
Dado alarme, Antônio Silvino a muito custo foi desarmado pelos guardas que o
acudiram.
Examinado depois, o médico verificou que os ferimentos não tinham grande
importância.
Depois de medicado convenientemente, o célebre bandido foi recolhido à prisão.
16.03.15
O facínora
Antônio Silvino – Censura do “Diário” à polícia – RECIFE, 17 – O “Diário”, na
sua edição de hoje, censura a polícia desta cidade por não haver até agora
interrogado o célebre bandido Antônio Silvino, que ultimamente tem dado
demonstrações de estar sofrendo das faculdades mentais e tentou suicidar-se.
Essa tentativa, segundo afirmam os jornais, foi simulada.
18.03.1915
O Julgamento
de Antônio Silvino – RECIFE, 1 – O célebre facínora Antônio Silvino, que vai
responder a júri em Caruaru, telegrafou com resposta para o Sr. Diocleciano
Mártir, pedindo-lhe que venha com urgência a esta capital, a fim de tratar de
sua defesa.
A seca –
Assalto a Tauá – Mortos e feridos – FORTALEZA, 1 (A) – Em todo o interior tem
caído pequenas chuvas.
Notícias aqui recolhidas de Crateús, Tauá e das zonas do norte e do este, dizem
que reina entre a população grande desalento.
Quase todo o gado morreu e as povoações se preparam para emigrar para os
Estados limítrofes.
Tauá foi ontem assaltada por um grupo de bandoleiros, chefiados por Vicente
Silvino, irmão do célebre Antônio Silvino, atualmente preso na Cadeia do
Recife.
A casa do Sr. Mariano Marques foi assaltada, morrendo o irmão do proprietário
Ernesto Marques.
Foram também feridas diversas pessoas.
O grupo, depois do assalto retirou-se em direção a Crateús.
02.04.1915
Julgamento de
Antônio Silvino – RECIFE, 6 – O bandido Antônio Silvino, que aqui se acha
preso, seguirá no dia 8 do corrente para Caruaru, a fim de ser submetido a
julgamento.
Antônio Silvino, que vai escoltado por 30 praças, requererá adiamento.
07.04.1915
Julgamento do
facínora Antônio Silvino – RECIFE, 8 – O célebre criminoso Antônio Silvino, que
deveria seguir para Caruaru a fim de ser submetido a júri, conseguiu que o seu
julgamento fosse adiado para o mês de julho. Para isso o criminoso alegou que
está sem advogado, visto como o sr. Deocleciano Mártir se acha enfermo e
impossibilitado de o defender.
09.04.1915
O julgamento
de Silvino – RECIFE, 9 (A.) – Retardado – O cangaceiro Antônio Silvino, que
responderá a júri brevemente em Caruaru, escolheu o Dr. Adolfo Simões para
fazer a sua defesa, visto o advogado Deoclecio Marques não ter aceito o seu
convite.
Antônio Silvino, cujo embarque para Caruaru se dará na próxima segunda-feira,
adiantou ao seu advogado a importância de 2:500$000.
Ainda o
julgamento de Antônio Silvino – RECIFE, 10 – O bandido Antônio Silvino, que
deveria entrar por estes dias em julgamento no Tribunal do Júri, requereu e
obteve que o seu julgamento fosse adiado para o mês de outubro.
11.07.1915
Habeas corpus
a favor de Antônio Silvino – RECIFE, 25 (A.) – O Tribunal Superior resolveu
pedir informações suplementares aos juízes de direito das comarcas onde existem
processos contra Antônio Silvino, que requereu ao mesmo Tribunal uma ordem de
habeas corpus.
26.09.1915
O julgamento
do habeas corpus requerido pelo bandido Antônio Silvino – RECIFE, 22 – O
Tribunal de Justiça adiou o julgamento da ordem de habeas corpus impetrada pelo
bandido Antônio Silvino.
Este compareceu ao tribunal em carro da Assistência, escoltado por uma força de
cavalaria.
À porta do edifício estacionou um piquete de 25 praças.
Ainda o
julgamento do habeas corpus a favor de Antônio Silvino – RECIFE, 22 – O
julgamento da ordem de habeas corpus impetrado a favor de Antônio Silvino foi
adiada a requerimento do Dr. Souza Filho, procurador do Estado, que alegou não
conhecer os fundamentos da petição.
Nas imediações do edifício em que funciona o Tribunal estacionou grande massa
popular, ansiosa por conhecer o famigerado criminoso.
Por ocasião do interrogatório, o presidente do Tribunal perguntou:
Como se chama?
- Manuel Batista da Silva.
Tem algum apelido?
- Algumas pessoas me conhecem por Antônio Silvino, mas há muitos Antônios
Silvinos.
Que motivo atuou no seu espírito para requerer o habeas corpus?
- Meu advogado dirá.
Não estou interrogando o seu advogado; interrogo o senhor, que dentro da lei
tem de me responder porque requereu o habeas corpus.
- Porque estou preso.
Acha que está preso ilegalmente?
- Numas coisas sim, noutras não.
Então acha que uns motivos da sua prisão são ilegais e outros não?
- Perfeitamente.
23.10.1915
PERNAMBUCO
Uma
interessante entrevista concedida pelo famoso bandido Antônio Silvino – O
correspondente do “Diário do Estado”, do Ceará, em Pernambuco, ouviu há poucos
dias o célebre facínora Antônio Silvino.
Para aqui trasladamos a entrevista.
O fato de haver Manuel Batista de Morais, mais comumente conhecido por Antônio
Silvino, por intermédio de seu advogado doutor Adolfo Simões, requerido em seu
favor uma ordem de habeas corpus ao egrégio Tribunal de Justiça deste Estado,
despertou em nosso espírito o desejo de ouvi-lo a respeito da esperança, que
naturalmente nutria sobre a concessão do remédio invocado.
A curiosidade guiava os nossos passos, queríamos ouvir o bandido falar sobre o
seu direito, porque duvidávamos muito de sua inteireza.
A opinião pública não se agitara, mostrando-se como que indiferente ao
resultado da ordem impetrada.
Psicologicamente é digno da maior consideração esse fato, porque a multidão
alheando-se por completo demonstra de modo evidente a mais plena confiança nos
julgadores do habeas corpus.
Não se pode crer que a massa social seja indiferente à sorte de Antônio
Silvino, o terror dos sertões pernambucanos, o catecismo dos crimes como a
alguém já aprouve chamá-lo, de modo que o desinteresse votado à decisão da
elevada corte de justiça não pode ser traduzido senão como prova de confiança
nos venerandos desembargadores pernambucanos, pois que a reclusão do bandoleiro
é exigida em nome da própria ordem social e da segurança pública.
Registramos, pois, com o máximo desvanecimento esse descaso pela sorte de
Antônio Silvino porque verificamos com ele a realidade do império da lei e do
direito.
Uma sociedade em que a Justiça não inspira confiança é uma sociedade em
desorganização.
A magistratura é o máximo esteio da sociedade.
Silvino na ocasião em que chegamos à grade da célula em que está recluso,
trajava calças de casimira cinzenta e camisa branca, calçando meias pretas e
sapatos de tapete. Tinha o ar prazenteiro, não demonstrando em sua fisionomia
nenhuma contrariedade.
É um tipo comum, de estatura regular e cheio do corpo, alvo, rosto arredondado,
denunciando, porém, proto-saliência maxilar, cabelos pretos, bigodes compridos
e bem cofiados, não impressionando mal a quem se aproxima.
É um representativo legítimo do homem rústico, com a educação peculiar do
sertanejo nortista, franco e desenvolvido, entremeando a palestra de risadas.
Boçal e “dogmático”, procura convencer de sua inocência a quem o ouve.
Suas palavras são confirmadas e auxiliadas por gesticulação constante.
Perquirimo-lo acerca da probabilidade da concessão da ordem de habeas corpus e
Silvino disse-nos sem subterfúgios – “não acalento nenhuma esperança em ser
solto agora; não porque não tenha direito, mas porque nesta terra não há
justiça. Todos os desembargadores afirmaram ao meu advogado que eu tinha
direito ao habeas corpus, porém, que não podia ser solto, pois eu era um
bandido. Bandidos tem na polícia”.
“Eu nunca fiz o que a polícia costumava praticar”.
“As forças que saíam em minha perseguição cometiam atrocidades sem igual,
desonravam e saqueavam até, sem nenhuma punição por parte do governo ou porque
não soubesse ou porque não quisesse”.
“O meu grupo – e cheguei a andar com cinquenta homens – era respeitador. De uma
feita um dos meus homens tentou violentar uma mulher, mas dois outros
descarregaram-lhe os rifles em cima e remataram com duas pauladas. O cabra
ficou como morto, porém escapou, saiu arrastando-se e o exemplo ficou”.
“Quando um homem ia ‘trabalhar’ comigo eu dizia o meu proceder, de modo que
depois daquele fato nenhum outro tive”.
- Quantos processos existem preparados contra você?
- “Um cento”, respondeu-nos num misto de ironia e cinismo.
- “Muitos, senão a maior parte dos processos feitos contra mim, foram por
crimes praticados por outras pessoas, que tomavam o meu nome.
Pensei por muito tempo que houvesse outro Antônio Silvino que não eu. Às vezes
estava num lugar e chegava ao meu conhecimento que Antônio Silvino tinha
matado, esfolado, saqueado, praticado, enfim, o diabo.
Ora, não podia ter sido eu que já não estava e por isso entendia que havia
outro Antônio Silvino.
Muita gente fez bandeira do meu nome”.
- Por que e desde quando pegou em armas?
- “Desde 1896, quando assassinaram meu pobre pai. Foi morto por causa de
política e quando os bandidos o mataram as armas que ele conduzia eram: - um
livro e uma carteira de homeopatia, porque ele gostava de curar gente.
Vivíamos do nosso trabalho, meu pai, eu e meus irmãos, e estávamos no serviço,
quando recebemos a notícia dessa fatalidade. Corremos, porém não pudemos chegar
junto do cadáver, porque os bandidos estavam à nossa espera, voltamos para
mandar buscar o corpo.
Meu pai foi morto porque votou com um amigo. Dois homens do mesmo partido
queriam ser chefe; meu pai tinha de ficar com um e por isso o outro mandou
assassiná-lo.
Era governador do Estado o senhor Barbosa Lima, que não puniu os assassinos,
parecendo ao contrário que os animou, porque começou para nós a perseguição,
não escapando ninguém de minha família.
Não pudemos continuar a trabalhar em nossas lavouras; fomos para a companhia de
um tio e os bandidos foram lá – incendiando o cercado, que ficou arrasado.
Nessa ocasião trocamos uns tiros, porque já era tarde demais. Tinham antes
destruído as propriedades de uma minha irmã viúva, que, coitada, ainda hoje
vive destroçada por causa disto.
Jurei vingar-me e vingar a morte de meu pai, porque tinha toda razão, mas a
Justiça não entendeu assim e começou a perseguir-me.
Nesta terra não há justiça.
Quem maiores perseguições fez foram os governadores Barbosa Lima, Segismundo
Gonçalves e Herculano Bandeira.
Eu não sou bandido, como dizem. Bandidos são todos que assim me chamam.
Aqui, eu queria que muita gente que conheço viesse para contar-lhe na cara
todas os crimes que cometeram em meu nome.
Há gente rica com esse expediente”.
Nesse ponto da conversa, interferiu o companheiro de prisão de Antônio Silvino,
dizendo-se um inocente, uma vítima de perseguições, mas que era desmentido em
suas palavras pela sua própria fisionomia.
Homem mal-encarado, retratando em si todos os traços do criminoso nato descrito
pelo professor Lombroso, no “Homem delinquente”, o companheiro de Silvino, que
na pia batismal recebeu o nome de Olegário de Gusmão, cumpre uma sentença de 9
anos e 4 meses, a que foi condenado pelo júri da comarca de Caruaru.
Olegário com muita propriedade pode ser chamado um tipo escovado e pernóstico.
Estuda a palavra que tem de proferir e escolhe termos.
É um “ilustrado”, tendo adquirido os seus conhecimentos no cárcere, durante os
vinte e um meses que ali está.
Discorreu sobre a prova testemunhal do processo e asseverou ir intentar o
recurso de revista, para reabilitar sua reputação enxovalhada pela acusação de
um furto que não cometeu.
Sua preocupação máxima foi convencer-nos de sua inocência e como pretendesse
desviar do nosso espírito qualquer dúvida traída, talvez, por um gesto, por uma
expressão fisionômica nossa suplicou-nos: doutor, ouça aquele rapaz que está
“residindo” ali defronte, que ele melhor dirá que não tenho culpa nenhuma.
Achamos graça no emprego da expressão “residindo” empregada pelo “inocente”
Olegário e procuramos sair, no que fomos obstado por Silvino que ainda tinha
para declarar:
- “Do meu habeas corpus vou recorrer para o Supremo Tribunal, no Rio, pode ser
que os juízes de lá sejam melhores que os daqui”.
O Superior Tribunal satisfez as previsões de Antônio Silvino negando por
unanimidade de votos o habeas corpus impetrado.
25.11.1915
Julgamento de
Antônio Silvino – RECIFE, 10 – O célebre bandido Antônio Silvino seguirá hoje
para Caruaru, a fim de responder a júri.
Sendo protestante, os evangelistas estiveram ontem na Detenção, onde fizeram
prédica e cantaram um hino evangélico.
O sicário, durante esse tempo, ficou resignado e contrito.
11.04.16
O bandido
Antonio Silvino – RECIFE, 27 – Entrará em julgamento no próximo mês de junho,
na cidade de Olinda, o famigerado bandido Antonio Silvino.
Contra Silvino são movidos onze processos, cujas peças chegaram hoje de
Caruaru, Limoeiro, Bom Jardim e Timbaúba, sendo remetidos para Olinda.
28.05.1916
PERNAMBUCO
Julgamento de
Antonio Silvino – RECIFE, 31 (A) – O bandido Antonio Silvino entrará em
julgamento no próximo dia 1º de setembro, no município de Olinda.
02.08.1916
Julgamento de
Antonio Silvino – RECIFE, 2 (A) – O julgamento do bandido Antonio Silvino foi
transferido para 5 de setembro próximo futuro.
Silvino nutre esperanças de ser absolvido.
03.08.1916
O bandido
Antonio Silvino – RECIFE, 31 – O “Jornal Pequeno” diz hoje que o bandido
Antonio Silvino, cujas faculdades mentais se acham bastante alteradas, está
atualmente possuído da ideia de aprender a discutir a Bíblia Protestante.
01.09.1916
PERNAMBUCO
Julgamento de
Antonio Silvino – RECIFE, 5 (A.) – O julgamento do bandido Antonio Silvino
prolongou-se até a madrugada de hoje.
Os debates correram animados, sendo, finalmente, o réu condenado a trinta anos
de prisão simples.
Julgamento de Antônio Silvino – O célebre bandido é condenado a trinta anos de
prisão – RECIFE, 5 – Anto Silvino, que, por motivo dos seus sintomas de
desequilíbrio mental, aguardava, há cerca de um ano, julgamento, na cadeia de
Olinda, foi ontem levado perante o Tribunal do Júri daquela comarca, sendo
condenado à pena de trinta anos de prisão.
A sustentação do libelo acusatório esteve ao cargo do promotor público dali,
Dr. Pedro Cahu, sendo a defesa confiada ao advogado Dr. Adolfo Simões.
Os trabalhos do júri foram iniciados às 12 horas e terminaram às 24,
permanecendo o salão, durante todo esse tempo, repleto de populares.
Ainda na presente sessão do júri, Antonio Silvino responderá a onze processos.
06.09.1916
O bandido
Antonio Silvino – RECIFE, 12 (A.) – Será julgado amanhã em Olinda outro
processo criminal a que responde o famigerado bandido Antonio Silvino.
13.09.1916
O julgamento
de Antonio Silvino – RECIFE, 27 – O advogado do facínora Antonio Silvino pediu
que fosse adiado para a sessão vindoura do Tribunal do Júri o julgamento do seu
constituinte, sendo atendido.
28.09.1916
PERNAMBUCO
O bandido
Antônio Silvino descompõe um jornalista – RECIFE, 23 – O bandido Antonio
Silvino regressou hoje para a Detenção. Vendo, ali, um repórter do “Jornal
Pequeno”, que queria aproximar-se dele, Silvino teve estas frases:
“Não quero conversa com repórteres, porque me chamam de bandido! Dou agora mais
atenção a um cachorro latindo que a um repórter. São muito santos junto de mim;
mas, nas folhas, me chamam de assassino. Parto o espinhaço de um sujeito desses
quando sair da cadeia”.
Em seguida, queixou-se que foi maltratado na cadeia de Olinda. E acrescentou:
“A alimentação, ali, é pouca, tendo às vezes sincopes de fome. A ‘boia’ daqui
dá para vinte da de Olinda. O meu advogado pediu a minha condenação! Aquilo não
é advogado nem aqui nem no inferno! ”
29.09.1916
Visita à Casa
de Detenção – RECIFE, 30 (A.) – O chefe de polícia esteve em visita à Casa de
Detenção, onde ouviu vários detentos, entre os quais Antonio Silvino, que se
queixou àquela autoridade de haver entregue a um guarda a quantia de 70$000
para a retirada de objetos penhorados, tendo o guarda extraviado essa
importância.
O chefe de polícia determinou a abertura de inquérito para apurar esse fato.
01.10.1916
Uma entrevista
com Antônio Silvino – RIO, 30 (A.N.) – Ouvido por um vespertino, o senhor
Washington Garcia referiu-se a uma visita que fizera, na casa de Detenção de
Recife, ao antigo bandoleiro Antonio Silvino, que ali está cumprindo sentença.
Observando, no presídio, conduta irrepreensível, a par de revelação de
sentimentos nobres e exemplares, são os serviços de Antonio Silvino
aproveitados: é auxiliar de chaveiro da cadeia, prestando aos visitantes toda
sorte de esclarecimentos e informações de que careçam.
Interpelado sobre sua vida, no cárcere, declarou que atualmente se entrega a
prazeres espirituais, como o demonstrava a sua pequena biblioteca, constituída
de livros de espiritismo. Ao ser interrogado sobre os desejos de liberdade, de
que certamente estaria animado, disse que de tal não cogita e que, ao
contrário, considerando dupla a sua prisão, isto é, a do espírito à matéria, e
a desta ao ergástulo, anseia apenas pela liberdade do espírito. Diz que os seus
72 anos de idade não lhe permitirão, certamente, o cumprimento total da pena
imposta, para cujo termo ainda lhe faltam 17 anos. Declarou que não o magoava a
reclusão, mas não podia perdoar à Justiça, que lhe negara os recursos a que se
julgava com direito.
Interrogado acerca dos atos do célebre cangaceiro “Lampião”, declarou que os
seus intuitos de outrora eram bem diversos dos daquele que, “sem justificar o
seu procedimento, o que seria impossível, comente atrocidades e desatinos que
bem definem os seus sentimentos”.
Afirmou Silvino que se fez cangaceiro com o fim de exercer o direito, a seu
ver, muito nobre, da vindita privada, pois seu pai fora morto e ele jurara
vingança. Posteriormente, viu-se na contingência de organizar a sua defesa. Se,
por vezes, foi forçado a atos reprováveis, assim o fizera ou em legítima
defesa, quando atacado, ou para estabelecer uma norma de moral entre os seus
“cabras” que, constituindo o seu séquito, deveriam observar conduta regular,
sendo castigados sempre que se afastavam dos princípios pregados por Antônio
Silvino. Negou que tivesse praticado a pilhagem, pois só exigia dos abastados e
fazendeiros apenas o necessário para a manutenção dos seus “cabras”, em um
verdadeiro regime de igualdade. Contou a morte trágica e impressionante de
“Negrão”, individuo façanhudo e ladrão homicida, que, em suas ações, no sertão
fazia constar ser autor das mesmas Antonio Silvino. Disse que, de uma feita,
“Negrão”, tendo invadido um lar, cujo chefe estava ausente, fez exigências de
toda ordem e recolheu-se aos aposentos particulares, onde se acomodou. Eis que,
por acaso, surgiu Antonio Silvino que, informado à porta, da presença do
referido indivíduo, no interior do lar, ali penetrou tendo descarregado o seu
rifle em pleno peito do famigerado bandido.
Contou ainda alguns fatos da sua vida acidentada. Disse o seu amor pelos
animais. E, para encerrar a visita, o dr. Washington Carlos percorreu com a
vista as paredes da célula de Silvino, tendo observado ali várias gaiolas de
pássaros e chicotes de crina de cavalo. É essa a matéria-prima de que lança mão
Antônio Silvino para, em horas de labor, fazer interessantes abotoadura de
punhos e cadeias de relógio, que vende aos visitantes a preço módico e mediante
uma declaração autografada. Em suma: Antonio Silvino se afigura um regenerado,
e procura fazer a prova de que a sua ação de delinquente foi menos dolosa do
que culposa.
01.10.1927
Fonte: facebook
Página: Antônio
Corrêa Sobrinho
Grupo: Lampião,
Cangaço e Nordeste
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