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quarta-feira, 24 de outubro de 2018

CORISCO | O Cangaço na Literatura | #232

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Com amor, pra vocês!
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NO PASSADO SERTANEJO, UM CASO ARREPIANTE DE ADULTÉRIO E MORTE

*Rangel Alves da Costa

Num tempo em que o adultério (a transgressão da fidelidade conjugal, através da traição) era crime, ocorreu nos arredores da cidade de Poço Redondo um caso pra lá de estarrecedor, envolvendo morte e consequências religiosas.
Não recordo bem se na região das Areias, Queimadas ou outra localidade, mas a verdade é que um marido flagrou a esposa em traição, em pleno ato sexual, e tacou fogo nos dois, na dita e no amante. E matou os dois, um por cima do outro, sem tempo de desapartarem. Preservando os nomes, eis que as famílias ainda estão presentes, fato é que, para a época, o contexto da ação criminosa acabou provocando, além da perplexidade, as discussões mais acirradas.
Acirradas por que uns defendendo a ação do marido traído, vez que as provas dos fatos estavam nos dois corpos nus, um por cima do outro, dentro do mato, sem qualquer chance de se afirmar ter havido uma relação de outra natureza que não a sexual. Já outros, de vertente mais piedosa, viam apenas uma ação criminosa incabível e que, por isso mesmo, merecendo todas as sanções penais.
Mas aconteceu assim, segundo ainda hoje é repassado. Os amantes já estavam acostumados e ter encontros sexuais pelos matos, pelas matarias catingueiras pelos arredores de onde moravam, pois quase vizinhos. Toda vez que o marido saía para se demorar mais um pouco, a esposa prontamente corria aos locais combinados e lá já estava à sua espera o amante.
Ação costumeira, eis que caiu na percepção de alguns, que passaram a desconfiar da traição. Quer dizer, alguns sabiam daqueles encontros, mas o marido não. Aliás, como sempre acontece até hoje. Pois bem. Talvez alguém já conhecedor do caso, prontamente alertou o traído sobre o que estava acontecendo. Este aguardou o momento certo para dar o bote, para perpetrar o flagrante. Não se imaginaria, porém, que a sua intenção não era apenas flagrar, mas matar os amantes.


Assim, o marido avisou que se ausentaria e chegaria tal hora. Saiu fora de casa e se escondeu pelos arredores, espreitando tudo. Então avistou ela saindo e adentrar pelos matos. Aguardou o tempo suficiente para que o encontro se transformasse em safadeza. Foi devagarzinho, pé-ante-pé, cuidadosamente para não ser percebido, e mais adiante já avistou os dois no bem-bom.
Como dito, os dois nus, um por cima do outro, no maior deliciamento do mundo. Foi o momento da ação. Tomado de ódio e fúria, com os olhos sangrando de raiva e o coração gritando de dor, ele nem pensou duas vezes. Aproximou-se mais, mirou a espingarda e tacou fogo. Certamente mais de um tiro. Foram pipocos tão grandes que as rolinhas e os bichos do mato desandaram no oco do mundo. Um gavião ficou na copa da catingueira onde estava e somente para dizer “Eu sabia que isso ia acontecer. Safadeza só dá nisso”.
Os tiros foram tão certeiros que não deu nem tempo de os amantes saírem da posição. Morreram encangados, como se diz. Depois de o serviço feito, o traído, e já transformado em assassino, abandonou o local e deixou os dois corpos lá estendidos. Com a descoberta do crime, pessoas daquela comunidade logo cuidaram de transportar os corpos para a cidade. A intenção era deixa-los na igreja para que depois fosse providenciado o enterro.
Contudo, ante a chegada daqueles corpos vítimas de adultério, o padre de então (um frei muito conhecido) não aceitou de jeito nenhum que os dois fossem colocados dentro da igreja. Então, como nada mais havia a ser feito, os amantes sem vida foram estendidos na calçada, um pouco além da porta do templo religioso. E foi um não acabar mais de conversas. Muitos diziam do desacerto do padre em não os ter aceitado dentro da igreja. Outros, de feição mais conservadora, afirmavam que era o chão mesmo e não numa casa sagrada que os dois pecadores deveriam ficar.
Há de se dizer que a visão daqueles amantes mortos e estendidos perante a porta, acabou provocando as mais intensas reações de ordem moral. Para muitos, ali estavam demonstradas as consequências da traição conjugal, do adultério, da safadeza, e que, portanto, a sociedade e os casais deveriam se espelhar naquele exemplo. Mas, como se tem até hoje, aquele espanto passou e tudo foi ficando cada vez pior.
Outras reações são dignas de nota. A esposa do falecido se aproximou da amante morta jazendo ao chão, puxou-lhe os cabelos e passou a dizer impropérios indescritíveis, até que foi afastada à força por pessoas que estavam ao redor. E soube-se depois que a falecida estava grávida. Mas nunca se soube se do marido ou do amante. Este, pelo cometimento de crime em defesa da honra e pelas provas irrefutáveis, livrou-se de duradoura cadeia.
Até hoje tal episódio é relembrado. Rememorado, porém jamais tido como exemplo para a diminuição das traições conjugais. Com efeito, se todo marido ou companheiro traído matasse a traidora e o amante, não haveria cadeia que desse. Foi tudo assim. Ou mais ou menos assim.

Escritor
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CASTELO ARMORIAL RECEBE SEGUNDA NOITE DE CARIRI CANGAÇO 2018

Manoel Severo, Jorge Remígio, Luiz Ferraz Filho e Sousa Neto

A noite do segundo dia de Cariri Cangaço São José de Belmonte novamente teve como anfitrião os salões do Extraordinário Castelo Armorial. A noite contemplaria um dos momentos mais aguardados do evento, uma mesa de debates onde a "saga" do embate secular entre as tradicionais famílias Carvalho e Pereira que prometia eletrizar o debate que reuniu um sensacional público que lotou o Castelo Armorial para mais um momento inesquecível de Cariri Cangaço.
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A Mesa Oficial do segundo dia contou a presença do Curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo, do Presidente da Comissão Organizadora Local, Valdir Nogueira, do Presidente do Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço, Narciso Dias, do Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Pajeú, Augusto Martins, do representante do Conselho Alcino Alves Costa, pesquisador Ivanildo Silveira, do representante do Castelo Armorial Clênio Novaes e do pesquisador e documentarista sergipano Robério Santos.
Cerimonial de Rossi Magne
Mesa de Abertura da segunda noite de Cariri Cangaço
Robério Santos, Ivanildo Silveira, Clênio Novaes, Manoel Severo, Valdir Nogueira, 
Narciso Dias e Augusto Martins
Divonildo Sobreira, Geraldo Ferraz, Ivanildo Silveira, Sousa Neto, 
Luiz Forro e Louro Teles
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Dentro da programação , o Mestre de Cerimônias da segunda noite; poeta e pesquisador da cidade de Propriá; Rossi Magne, deu inicio às homenagens da noite. Confirma Rossi: "Como foi dito na noite de ontem, São José de Belmonte é o 23º município que recebe o Cariri Cangaço nestes 9 anos de realização deste que já se configura como a maior iniciativa do gênero no Brasil. O Cariri Cangaço é uma grande construção coletiva que fomenta a pesquisa e o estudo de temas nordestinos, promovendo a integração de toda a nação sertaneja por onde passa" e continua Rossi:"O Cariri Cangaço é mais que um Evento e passou a se consolidar como um Sentimento; e o principal sentimento que norteia o Cariri Cangaço sem dúvidas nenhuma é a Gratidão e o  reconhecimento".
Edízio Carvalho, Manoel Serafim e Manoel Severo
Sousa Neto e Luiz Antônio
Rangel Alves da Costa, Rossi Magne e Ivanildo Silveira
Arthur Holanda, Ingrid Rebouças e Wescley Rodrigues
Manoel Severo, Ingrid Rebouças e Rossi Magne
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Dando prosseguimento foram convidados o Conselheiro Cariri Cangaço, poeta, cordelista e escritor Kydelmir Dantas e o pesquisador e documentarista da cidade de Itabaiana e do programa Cangaço na Literatura, Robério Santos para prestar a primeira homenagem da noite a uma das mais tradicionais manifestações culturais de todo o estado de Pernambuco. Recebeu o Título de Manifestação Cultural Imprescindível para a perpetuação da Memória e Tradições do Sertão a Cavalhada Zeca Miron, representada pelo Mestre Régis. Na oportunidade Kydelmir Dantas prestou uma homenagem à cultura belmontense ressaltando a memória do homem do campo, o herói agricultor retratado de maneira honrosa em uma das praças da cidade.
Kydelmir Dantas
Kydelmir Dantas, Mestre Régis e Robério Santos
Mestre Regis da Cavalhada Zeca Miron
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Em seguida foram convidados o Conselheiro Cariri Cangaço, pesquisador  e escritor da cidade de Água Branca nas Alagoas, Edvaldo Feitosa e o pesquisador e escritor; mestre em Padre Cícero; da cidade de Juazeiro do Norte, Daniel Walker para prestar a segunda homenagem da noite a uma outra das mais tradicionais manifestações culturais de todo o estado de Pernambuco e do nordeste e passar às mãos de Ernesto Carvalho, Mestre Bacamarteiro, o  Título de Manifestação Cultural Imprescindível para a perpetuação da Memória e Tradições do Sertão a Associação de Bacamarteiros da Pedra do Reino.
Edvaldo Feitosa, Mestre Ernesto Carvalho e Daniel Walker
Quirino Silva, Manoel Severo e Ernesto Carvalho
Ato contínuo o Mestre Bacamarteiro Ernesto Carvalho, um dos mais destacados personagens culturais de São José de Belmonte, ressaltou o trabalho desenvolvido e a grande iniciativa do Cariri Cangaço e passou às mãos do Curador do evento, Manoel Severo, uma homenagem em nome das Associações Culturais da cidade e na oportunidade convidou ao artista paraibano Quirino Silva para também realizar a homenagem.
Manoel Severo recebe homenagem em nome do Cariri Cangaço
Debora Cavalcantes e Mestre Ernesto Carvalho
Conselheiro Wescley Rodrigues e as cidades sedes do Cariri Cangaço, 
camisa lançada em São José de Belmonte.
 Clênio Novaes e Manoel Severo
Junior Almeida, Geraldo Ferraz, Ivanildo Silveira, Luiz Forró, Valdir Nogueira e José Irari
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Seguindo a programação da segunda noite, o cerimonialista Rossi Magne ressaltou o espirito da construção do Cariri Cangaço:"O Cariri Cangaço é resultado dos esforços de seu Conselho Consultivo, das prefeituras parceiras e de muitos outros organismos e instituições que se unem na direção da construção deste grande empreendimento. Agora para a última homenagem da noite gostaríamos de convidar o Conselheiro Cariri Cangaço, pesquisador e escritor da cidade de Recife, Geraldo Ferraz e ao pesquisador, advogado da cidade de Crato, Aglézio Brito; representando nesta noite o ICC - Instituto Cultural do Cariri; para prestar a terceira homenagem da noite a uma dessas valorosas instituições que estão ao lado do Cariri Cangaço."
Geraldo Ferraz, Augusto Martins e Aglézio de Brito
Presidente do IHGP, Augusto Martins
Louro Teles
Em seguida foi convidado o Presidente do IHGP - Instituto Histórico e Geográfico do Pajeú, vereador da cidade de Afogados da Ingazeira, Augusto Martins para receber o Título de Instituto Imprescindível para a perpetuação da Memória e Cultura do Sertão, das mãos do Conselho Alcino Alves Costa . Logo após o recebimento da honraria , Augusto Martins fez uso da palavra para agradecer a homenagem prestada pelo Cariri Cangaço como também apresentar aos presentes uma breve história do IHGP, que reúne em seus quadros representantes de todos os municípios que fazem parte do tradicional Vale do Pajeú, em Pernambuco.
Manoel Severo apresenta os Conferencistas da noite...
Luiz Ferraz Filho, primeiro conferencista da noite
Luiz Ferraz Filho, Sousa Neto e Jorge Remígio
A Noite teve seu encerramento marcado pelo ponto alto da programação em seu segundo dia. O Curador do Cariri Cangaço convidou para que a mesa solene fosse desfeita e ato continuo formou uma nova mesa, desta vez formada por qualificados conferencistas para o tema principal, "A Saga dos Carvalho e Pereira"; dois dos troncos familiares mais tradicionais de todo o estado de Pernambuco; os convidados Cariri Cangaço São José de Belmonte puderam "beber da fonte" e por mais de duas horas entraram em contato com recortes importantes da gênese e da historia desse conflito secular...
A Saga Carvalho x Pereira na noite de luxo do Cariri Cangaço São José de Belmonte

Luiz Ferraz Filho, Sousa Neto e Jorge Remígio
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Luiz Ferraz Filho, pesquisador de Serra Talhada; um dos jovens genealogistas mais brilhantes da atualidade em matéria de historia do Pajeú; Sousa Neto, Conselheiro Cariri Cangaço, pesquisador e escritor de renome nacional, secretário de cultura da cidade de Barro e Jorge Remígio, Conselheiro Cariri Cangaço, membro do GPEC e um dos mais lúcidos pesquisadores do cangaço dos tempos modernos, prenderam a atenção de todo o público até bem depois das 23 horas, numa demonstração da força e do magnetismo da temática, encerrado a segunda noite de Cariri Cangaço com chave de ouro.

A Conferência na íntegra se encontra postada neste mesmo blog em matéria específica, com imagens gravadas pelo Conselheiro Cariri Cangaço, pesquisador Raul Meneleu Mascarenhas.


Cariri Cangaço São José de Belmonte
Castelo Armorial, segunda noite
12 de Outubro de 2018
Fotos: Ingrid Rebouças e Louro Teles

 
 
 



 
 
 
 
 


 
 
 
 


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