Seguidores

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

UMA HISTÓRIA DE POBREZA E SOLIDÃO

*Rangel Alves da Costa

Seria a pobreza condição humana capaz de afastar o reconhecimento do desvalido por outras pessoas, até mesmo em igual condição?
Seria o nada ter, o viver na miserabilidade, sobrevivendo apenas do mínimo necessário para se manter em pé, algo tão terrível e capaz de negar o auxílio na hora extrema?
Seria o viver sozinho, o ter poucos amigos, morar nas distâncias dos centros urbanos e nas ruas de areia e barro, a justificativa para o abandono?
Seria o abandono e a falta de reconhecimento as consequências da pobreza, ou seria a pobreza a causa de tudo ruim que possa acontecer?
Seria humanamente justo que alguém por ser pobre, morar nos cantos da cidade, venha a falecer e não ter ninguém que acorra para uma prece, para velar o morto?
Ou seria apenas consequência da crescente falta de cristandade no coração das pessoas, carência de senso humanitário ou pouco caso com quem morre ou deixa de morrer?
De qualquer modo que possa ser visto, verdade é que um velho, senhor de mais de oitenta anos, partiu dessa vida e na hora do velório não havia uma só pessoa velando o morto.
Era pobre, vivia numa casinha que mais parecia um barraco caindo aos pedaços, viúvo, sem filhos, morava sozinho. Mas havia muitos parentes seus no lugar.
Aparentemente tinha muitos amigos. Ao entardecer, quando deixava sua moradia e seguia até a praça principal da cidade, sentava sempre no mesmo banco de esquina e logo era cercado por muitos.
Sua pobreza e simplicidade não afastavam sua reconhecida sabedoria, seu dom para repassar aos mais jovens as mais diversas lições sobre a vida e ensinar os melhores caminhos perante as tortuosas estradas.
A um dizia sobre a importância de preservar uma vida justa e digna para ter sempre o reconhecimento da comunidade; a outro discorria sobre os malefícios dos vícios e da vida desregrada; e ainda a outro falava apenas sobre sua vida de tantas lutas e do nada que havia conseguido.


Sem medo nenhum, dizia sobre o tempo, ainda rapazote, quando se meteu a ser jagunço do coronel mais importante e poderoso da região. Nunca havia matado ninguém, mas já tinha visto muito sangue de inocente escorrer.
Contava também do tempo que inventou de ser cangaceiro do bando de Lampião e só não foi lutar debaixo do sol porque no dia que ia se apresentar a cangaceirada havia deixado às pressas o coito onde estava escondida.
E assim levava sua vida conversando com um e com outro, ensinando e ouvindo, repassando lições dos tempos antigos e da vida presente. Até sobre porções de ervas medicinais o velho dialogava.
Mas numa daquelas tardes não compareceu ao seu banco de todo entardecer. Nunca mais voltaria ali. Aqueles que o procuraram naquele dia não sabiam que o velho amigo havia falecido quase chegando ao meio-dia.
Morreu sentado diante do barraco, sentado num banquinho. Vizinhos avistaram e correram para acudir. Já era tarde demais. Um caixão de ripas foi providenciado pela assistência social e o corpo estendido por cima de dois tamboretes na saleta apertada da moradia.
Duas ou três pessoas passaram por ali, para o último adeus. Mas depois do entardecer não apareceu mais ninguém. Nem vizinhos, amigos da praça ou outros conhecidos. E quanto mais o tempo passava mais a solidão do falecido aumentava.
A noite chegou e nenhuma vela acesa. Nenhuma beata acorreu para a sentinela, nenhum canto de despedida foi entoado. Apenas o vento soprando pela porta aberta. E lá dentro a solidão da solitária morte.
Sem uma vela, sem uma prece, sem um adeus, apenas a morte velando o morto, apenas a morte…

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com  

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LEMBRANÇAS DE BELMONTE 2: UMA MORTE PREMATURA


Por Junior Almeida

Além da enorme bagagem cultural e aprendizado, um dos momentos mais interessantes e gratificantes dos encontros do Cariri Cangaço, é a interação entre seus participantes, quem vêm de vários lugares do Brasil. Durante as palestras e visitas técnicas, alguns momentos de descontração, assim como nos deslocamentos e nas folgas das atividades são imprescindíveis na relação das pessoas.

São contados causos e anedotas, trocadas experiências entre pesquisadores e, sempre sai alguma conversa sobre fatos de temática nordestina de oitenta, noventa, cem anos atrás, e até datas mais antigas, curiosamente como se fossem relatos de passagens da semana anterior ou do mês passado. Acho fantástico esse tipo de coisa.


Por exemplo, no terceiro dia do encontro de São José do Belmonte, Pernambuco, quando nos dirigíamos de ônibus à Casa da Pedra, local onde em 1924 Lampião se escondeu para tratar de um grave ferimento no pé, e à Pedra do Reino, lugar de um funesto movimento “Sebastianista” em 1838, na área da Serra do Catolé, conversa vai, conversa vem, resenha pra lá, resenha pra cá, o “paraibano” de Mossoró, ou “norte rio grandense” de Nova Floresta, o confrade Kydelmir Dantas, se saiu com essa:

Segundo “Kydel”, o centenário avô de um amigo, residente em Mossoró precisaria saber de uma má notícia, e ele foi o encarregado da ingrata tarefa. É que um dos seus tios, Zequinha, beirando os oitenta anos tinha falecido, e por ser ele o xodó do velho foi escolhido pelos demais parentes para dar tal notícia. O amigo de Kydelmir resolveu então dizer da morte à prestação. Primeiro disse ao avô que o tio tinha adoecido e que tinha precisado ficar internado em um hospital. O velho até que aceitou bem. – Bom. – Pensou ele.

Na manhã do outro dia, já depois do velório e o enterro, o patriarca ficou sabendo pelo neto que o estado de saúde do seu filho tinha se agravado. O cabra até se surpreendeu com a tranqüilidade do avô, então resolveu “abrir todo o jogo”, mas, preocupado, ainda pensando no abalo que a notícia poderia causar ao avô, deixou para o final da tarde.

Já perto de ouvir a difusora da igreja tocar a Ave Maria, o neto disse ao seu avô de 106 anos que o tio Zequinha, de 78, havia falecido, e por recomendação do médico que tinha o atendido, já tinham inclusive o enterrado. “Soltou a bomba” para o velho e ficou apreensivo, esperando ele passar mal, uma crise de choro ou algo nesse sentido. Nada. 

Pensativo, com a mão no queixo e o olhar distante, o velho disparou:

Zequinha sempre teve a saúde delicada. Bem que sua avó dizia que era bem capaz desse menino não se criar...

https://www.facebook.com/groups/1617000688612436/

http://bogdomendesemendes.blogspot.com

O SERTÃO DE ARLINDO ROCHA, O CAPITÃO DAS BARROCAS (O FOGO DOS PILÕES)



Por Cicero Aguiar Ferreira, com a colaboração de Renato Rocha (neto de João Lica), José Romão Batista Targino (Zé de Penhinha) e Rogério Ferreira Barboza (Rogerio de Lulú).

Foi a partir da década de 20 que o cangaço lampiônico se intensificou nos sertões nordestino, para ser mais preciso, a partir do mês de agosto de 1922 na fazenda Preá município de Serrita-PE divisa com o município de Jardim, na propriedade pertencente à época a Napoleão Franco da Cruz Neves, quando Sebastião Pereira da Silva (Sinhô Pereira) resolveu deixar o Nordeste e seguir para o norte de Goiás onde Luiz Pereira da Silva Jacobina (Luiz Padre) seu primo já se encontrava. Lampião e os irmãos (Os Ferreiras) entraram no grupo de Sinhô Pereira em meados do ano de 1921 depois das desavenças com José Alves de Barros (Zé Saturnino), foram aproximadamente 1 ano e alguns meses ao lado de Sinhô Pereira. Mais foi a partir de agosto de 1922 que Virgolino Ferreira da Silva (Lampião) se torna definitivamente comandante do bando, entrando para a história como maior líder cangaceiro que já existiu.


Com a liderança do grupo, Lampião intensifica suas ações na região do sertão, deixando o sertanejo apreensivo e temeroso, além da seca e da fome que periodicamente assolava, soma-se também a violência do cangaço lampiônico. Era nessa conjuntura que o sertanejo Arlindo Rocha vivia na sua propriedade Barrocas, município de Salgueiro-PE, cuidando das suas propriedades e de um pequeno comercio que vendia fazenda “tecidos”, e exercendo o cargo de delegado da cidade de Salgueiro-PE. Arlindo Rocha nasceu em 23 de março de 1883, faleceu em 07 de outubro de 1956, era filho de Joaquim de Aquino Rocha e de Isabel Matias Rocha, casou-se duas vezes, dos dois casamentos nasceram 17 filhos, 11 filhos do primeiro casamento com Maria e 6 do segundo com Tereza (Têca).


FOGO DOS PILÕES

No exercício da função de delegado da cidade de Salgueiro, Arlindo Rocha emprega a pessoa conhecida como Antônio Padre, que sendo absolvido de um júri popular de um crime que cometeu, recorreu ao delegado para ajuda-lo, Arlindo atendendo ao pedido o leva para trabalhar na fazenda Barrocas. Arlindo Rocha e sua família residiam nas Barrocas, tinha mais outras duas propriedades, fazenda Melancia e Caieiras. O trabalho na fazenda e a convivência com a família, desperta em Antônio Padre uma paixão pela filha mais velha do patrão que se chamava Generosa Leite da Rocha (Generosa). Antônio, certamente ciente que Arlindo não aceitaria o relacionamento, e que se ele tomasse conhecimento, tomaria a sua atitude como uma desfeita, resolve propor a Generosa que ela fugisse com ele. Quando Arlindo fica sabendo das intenções de Antônio, se senti afrontado e expulsa o seu até então protegido de sua fazenda. Antônio Padre ruma em direção ao Ceará, parando nas terras de Francisco Pereira de Lucena (Chico Chicote) que aproximadamente 3 anos mais tarde é morto no famoso cerco a sua propriedade, pelas volantes policiais “ Fogo das Guaribas” uma dessas volantes era a do tenente Arlindo Rocha. Sobre a proteção do valente Chico Chicote e a aproximação com Lampião, Antônio Padre junto com Lampião de tempos em tempos enviava recados desaforados para Arlindo Rocha, ameaçando roubar a sua filha Generosa, como bem nos relatou a neta do Cap. Arlindo Rocha a Senhora Maria Leite Rocha que ainda reside nas Barrocas, em um desses recados Lampião dizia que ia “Partir a Melancia, aterrar as Barrocas e derrubar as Caieiras”, se referindo as propriedades de Arlindo. Com as constantes ameaças recebidas, Arlindo Rocha deixa alguns parentes e amigos em alerta para um eventual ataque de Lampião e Antônio Padre a uma de suas propriedades.


AS NOTÍCIAS DE QUE LAMPIÃO ESTAVA NA REGIÃO

Quando se tinha notícias que Lampião estava na região, todos ficavam em alerta máximo, tratavam de esconder a família em um lugar mais seguro possível. Seu Manoel Matias Rocha (Manoelzinho) nascido aproximadamente um ano depois do Fogo dos Pilões no dia 06/03/1925 hoje com 93 anos, filho de João Matias Rocha (João Lica), João Lica sendo primo e soldado de Arlindo, relata que quando se tinha notícias que Lampião estava nas redondezas, seu pai pegava os filhos e a esposa e levava para o sítio Lagoa Preta onde morava seu sogro Francisco Pedro da Silva, e depois ia se juntar a volante de Arlindo Rocha, isso já depois do acontecido nos Pilões.

A BATALHA

Era meados do ano de 1924, e o delegado Arlindo Rocha vivia de sobreaviso devidos os recados desaforados que recebia de Antônio Padre e Lampião, e sabedor da movimentação de Antônio Padre nos arredores do sitio Pilões, e que um morador da localidade poderia está dando guarida ao bando de seu desafeto, reúne alguns homens sendo a maioria deles seus parentes: João Matias Rocha (João Lica), Manoel Matias Rocha (primos de Arlindo), Vicente Pereira Matias, Marcolino Matias Leite, (cunhados), Antônio Matias de Santana (genro), Acilon Faustino (amigo), e Pedro Aureliano (morador da Fazenda Melancia de sua propriedade), partem da sua fazenda Barrocas em direção aos Pilões distante dali aproximadamente duas léguas. No final da tarde cercam a casa de José Targino o morador que diziam está dando abrigo a Antônio Padre e seus cabras. Não encontrando o bando ali, Arlindo energicamente inqueri o dono da residência sobre o paradeiro de seus inimigos. Com sua casa cercada, José Targino conta ao delegado Arlindo, que Antônio Padre e seus homens, estavam arranchados debaixo de dois pés de umbuzeiros a cerca de 500 metros de distância de sua residência, e que na parte da manhã, todos os dias ia deixar comida e água para os bandoleiros ali alojados. Com a informação precisa da localização do bando, Arlindo traça uma estratégia e resolve pernoitar na residência de José Targino, tomando as devidas precauções para que sua presença e de seus homens não fosse notada por nenhum membro do bando inimigo ou até mesmo por outros moradores da localidade. Logo no início da manhã, o delegado começa a colocar seu plano em pratica, fala para José Targino providenciar o almoço para o bando de Antônio Padre como normalmente vinha fazendo, e que no horário costumeiro seu José Targino ia levar a comida, porém, a água não, e que ao chegar lá sem a água, desse a desculpa que tinha esquecido e que ia voltar para buscar. Como os umbuzeiros ficavam na caatinga fechada, e a área era cortada por veredas muito estreitas, Arlindo pede que seu José Targino na sua volta para buscar a água, viesse quebrando alguns galhos para sinalizar melhor a direção, para não correrem o risco de tomarem um caminho errado, que ao invés dos alojados receberem a água iam receber fogo. Arlindo estava seguro que seu portador ia fazer de tudo para cumprir o que foi combinado, ficou com seus homens fortemente armados na casa junto com a família de seu José. Falar alguma coisa sobre a presença de Arlindo na sua residência e de seu plano de ataque, era colocar a família em grande perigo, obviamente era melhor para seu José Targino que o tiroteio ocorresse longe de sua casa e de seus familiares. O local dos umbuzeiros ficava em um ponto mais elevado em relação a casa da família Targino, a edificação estava localizada em um baixio onde se cultivava arroz na época de inverno bom. Talvez pela elevação do terreno, Arlindo tenha decidido seguir todos pelo mesmo caminho e não se dividirem para cercar o local, esse tipo de manobra era perigosa e que a movimentação de seus homens poderia alertar os arranchados, fora o risco até de um fogo amigo, não tinha tempo a perder, o delegado e seus homens rumam em direção ao coito do bando. Chegando perto dos umbuzeiros quando avistaram os cabras, Arlindo Rocha e seus companheiros abrem fogo contra o grupo de inimigos, onde alguns homens do bando de Antônio Padre tombam mortalmente, porém, Antônio Padre e Gavião mesmo gravemente feridos, conseguem fugir do local do tiroteio. Do grupo de Arlindo Rocha, apenas João Matias Rocha (João Lica) sai com um ferimento ocasionado pelo estilhaço de pedra, na ocasião João Lica pensou que tinha sido baleado, saia muito sangue do ferimento de seu pé, chamando um dos companheiros para dá uma olhada, verificou-se que uma bala acertou uma das muitas pedras do local, vindo um pedaço de uma delas acertar o pé de João. Providenciaram o enterro dos inimigos mortos ali nos arredores onde ocorreu a luta, logo depois voltam para a fazenda Barrocas.

A MORTE DE GAVIÃO

Gavião ao conseguir fugir do ataque, mesmo muito ferido toma o sentido do sitio alazão, cerca de meia légua de distância do combate, ali morava um tio dele por nome de Antonio Ricart. Era início da noite quando a tranquilidade e o silêncio da casa são quebrados pelos latidos dos cachorros, seu Antonio pede para seu filho Joaquim bradar os cachorros e ver do que se tratava. Os cães enfurecidos não obedeciam ao pedido, então Joaquim pega uma pequena pedra e joga em direção ao alvoroço, uma voz de dentro do mato ecoa –é Quinca? Joaquim confirma que sim, não atire pedra não, cadê meu tio Antonio? aqui é Gavião, chame meu tio Antonio eu quero falar com ele. Seu Antonio Ricart vai de encontro a ele que se encontrava deitado muito debilitado devido os ferimentos, então Gavião pede sua benção e proteção, num primeiro momento o tio responde que na sua casa não, não podia dá guarida a cangaceiro porque certamente sua residência seria cercada pela polícia. Seu Antonio decide deixar Gavião passar a noite na sua casa, mais que pela manhã ia leva-lo para um local mais afastado debaixo de um pé de juazeiro e ia ficar levando comida e água. Durante o decorrer da noite tratam os ferimentos do cangaceiro, usando raspa de casca de juá e creolina, e assim que amanhece transportam o ferido para o local escolhido. Antonio Ricart resolve procurar o seu compadre Arlindo Rocha e colocá-lo a par da situação do seu sobrinho cangaceiro, talvez sem saber que Gavião estava no grupo de Antonio Padre, inimigo mortal de seu compadre. Arlindo Rocha ao saber de onde se encontrava um cabra ferido e que tinha participado do fogo dos Pilões, chama seu primo João Matias Rocha (João Lica), Marcolino Matias Leite e mais um outro homem, e ordenou que fossem atrás do cangaceiro. Os três homens de sua confiança seguem rumo ao local indicado por Antonio Ricart, mesmo informados da situação em que se encontrava o indivíduo, foram bem armados para qualquer eventualidade. Ao chegarem no sitio Alazão, se aproximam com o máximo de cuidado do pé de juazeiro e observam que o homem está ali deitado, logo cercam o local e pegam Gavião, esse não esbouçou nenhuma reação estava gravemente ferido, suas pernas estavam varadas de bala. Os homens vasculham os arredores do juazeiro a procura de armas e não encontram, perguntam ao cangaceiro por sua arma, Gavião diz que a escondeu em um tronco de catingueira entre o seu trajeto dos Pilões até aquele local, não podia carrega-la, por causa de seus ferimentos nas pernas, praticamente só se arrastava. Com Gavião dominado, Marcolino pergunta ao cangaceiro o que ele faria se encontrasse o inimigo ferido? Gavião então responde, o mesmo o que vocês vão fazer comigo, só peço que me coloquem de costas para vocês. Marcolino era conhecido pela sua inclemência para com o inimigo, inclusive tinha um habito macabro de cortar as orelhas dos seus desafetos salga-las e depois colocar em um cordão, terminou seus dias sofrendo de problemas mentais. O último pedido de Gavião foi atendido, o colocaram de costas e o crivaram de bala.

CORPO DE ANTONIO PADRE

Passados alguns dias do fogo nos Pilões, moradores observam a presença de muitos urubus, saíram à procura do que estava chamando a atenção daquelas aves que são conhecidas por se alimentarem de animais em decomposição “carniça”, entre esses moradores estava seu José Targino. Quando seguiam por uma vereda estreita que levava em direção a um córrego onde os urubus sobrevoavam, encontraram um chapéu e umas alpercatas, ali a fedentina de carniça era grande, proveniente do corpo de Antonio Padre que se encontrava logo a frente dentro do córrego em avançado estado de decomposição. O corpo só foi reconhecido devido as vestimentas, seu José Targino tinha estado com ele no dia do tiroteio. Seu José Targino junto com outras pessoas cavam uma cova ali perto e enterram o que sobrou do corpo do cangaceiro Antonio Padre.

CAPITÃO ARLINDO ROCHA

Depois do ocorrido nos Pilões, Arlindo Rocha viaja ao Recife e procura o secretário de segurança, recebe armamento e é contratado como sargento e alguns parentes e amigos como soldados, a partir desse momento monta sua própria volante e sai em perseguição a Lampião, se tornando um dos maiores perseguidores do banditismo rural do sertão. Arlindo Rocha participou de muitos combates contra cangaceiros, um deles foi o do famoso combate da Serra Grande no dia 26 de novembro de 1926 que a época pertencia a Flores-PE, e hoje ao município de Calumbi-PE, saindo Arlindo com um ferimento no queixo.

Observação: Os dois pés de umbuzeiro que tinham as marcas de bala do tiroteio, onde os cangaceiros ficaram arranchados não existe mais, o local foi desmatado para passagem da transposição do rio São Francisco. As pessoas não souberam informar o nome dos outros cangaceiros que teriam morrido nesse mesmo fogo.

Fontes: José Romão Batista Targino (Zé de Penhinha), nascido nos Pilões e bisneto de José Targino, sendo bisneto de Zé Targino ouviu muitas vezes de parentes como aconteceu o fogo dos Pilões; Rogério Ferreira Barboza (Rogério de Lulú) formado em História; Manoel Matias Rocha (Manoelzinho) filho mais velho de João Matias Rocha (João Lica) hoje com 93 anos; Renato Rocha, neto de João Lica, que chegou a gravar uma fita com seu avô contando como ocorreu o combate nos pilões e a morte de Gavião, infelizmente a fita com a gravação foi extraviada; Maria Leite Rocha, neta de Arlindo Rocha que nos contou sobre os recados que Lampião e Antonio Padre enviavam para seu avô; Antonio Ricart (Padrasto de Zé de Penhinha), neto de Antonio Ricart que era tio de Gavião, seu José Romão Batista Targino (Zé de Penhinha) gravou um áudio com ele, onde ele fala como Gavião chega na casa de seu avô no sítio Alazão; Adelaide Ferreira Campos, Odenar Ferreira Rocha (seu Dida) e Maria Ferreira Rocha (Iaia) filhos de Generosa Leite da Rocha (filha de Arlindo) e de Pedro Leandro Ferreira, cederam as fotos do seu avô Arlindo Rocha e de seus pais. Maria Ferreira Rocha (Iaiá) infelizmente faleceu no dia 19 de agosto de 2018, dias depois de gentilmente ter recebido a gente na sua residência em Penaforte-CE. www.joaodesouzalima.com, Lampião e o Combate de Serra Grande: por João de Souza Lima; blogdomendesemendes.blogspot.com, Arlindo Rocha O Queixo de Ferro por Sávio Siqueira; cariricangaco.blogspot.com, A Saga de Chico Chicote e o Fogo das Guaribas, por Manoel Severo.

Salgueiro-PE, 26 de outubro de 2018

Clique no link para ver todas as fotos.

https://www.facebook.com/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ENTREVISTA COM PAULO BRITTO

https://www.youtube.com/watch?v=G8mRrmZizPA&feature=share&fbclid=IwAR0hCQOSxkvqGXZdFBg5ZAifvEOmuPLuILhs6jtHg_9hVngmhldOP0Rz4so

Publicado em 4 de jul de 2017

O filho do Tenente João Bezerra, Dr. Paulo Brito, narra um pouco da vida de seu pai e da campanha contra o cangaço.
Categoria

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

UM TEMA INTERESSANTE PARA UM DEBATE: O PAPEL DAS VOLANTES NO COMBATE AO CANGAÇO.

https://www.youtube.com/watch?v=-dXb2-enccA&feature=share&fbclid=IwAR31iMzMqaSCngbjd_jr96W4ro6VVF3fF4_Gco3hCPs9RpKKuHRCb79FZk8

Archimedes Marques
Publicado em 7 de jul de 2017
Categoria

https://www.facebook.com/groups/1617000688612436/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

GROTA DO ANGICO: A HISTÓRIA REVISITADA

Um novo olhar sobre um fato sem o respeito merecido e a homenagem através de uma lembrança que faltava

Por João de Sousa Lima

João de Sousa e o confrade Antonio Vilela

Dia 1º de abril de 2012, um domingo de Ramos, dia de oração para muitos fieis e por outro lado o que em nossa cultura comemora-se “Dia da Mentira” serviu para tornar verdadeira a história, sendo reconhecido um capítulo que por muito tempo se manteve sem o seu devido valor.

Lembro que tudo começou em 2008 quando Eu, Vilela e a equipe jornalística do Diário do Pernambuco, em visita para gravar uma entrevista com Antonio Vieira, soldado de volante e que residia na cidade alagoana de Delmiro Gouveia, prometemos ao velho combatente que iríamos realizar uma homenagem ao seu amigo de farda e companheiro de batalha, o soldado Adrião Pedro de Souza, que foi o único policial que morreu quando do confronto que matou o cangaceiro Lampião e mais dez companheiros incluindo sua mulher, a famosa Maria Bonita.

Em março de 2011 durante o evento do Centenário de Maria Bonita acontecido também na cidade alagoana de Piranhas, quando lá chegou o grupo de pesquisadores, escritores e estudiosos do tema cangaço oriundos de Paulo Afonso, fomos apresentados a Décio Canuto, neto do soldado Adrião e que tinha vindo de Maceió pra participar do evento e falar da possibilidade dos escritores realizarem a homenagem ao seu avô. Falamos para Décio que esse era um projeto meu e de Vilela e que vínhamos amadurecendo desde 2008, falando inclusive da promessa feita a Antonio Vieira.

Vilela ficou encarregado de colher mais informações com os familiares de Adrião e que ainda residiam próximos a sua cidade Garanhuns.

Depois de quatro anos do compromisso firmado com Antonio Vieira a promessa foi cumprida. Dia 1º de abril de 2012 saímos de Paulo Afonso, Eu, Jadilson Ferraz, Edson Barreto, Elaide Barreto e Evelin Barreto. De Garanhuns veio Vilela, sua esposa Da Paz, seu filho Hans Lincoln, a nora Soraya Crystina e o pesquisador de São Bento do Una, Edvaldo Primo.

Chegamos ao porto de Piranhas, embarcamos na canoa “O Cangaceiro”, comandada por Célio e descemos o Rio São Francisco até a Grota do Angico.

Edson Barreto transportou a cruz.

Na Grota, lateral a pedra onde se situa a homenagem aos cangaceiros escolhemos uma pedra e fixamos a cruz e a placa com o seguinte texto:


Jadilson "Bin Laden" Ferraz
descansa na sombra de uma árvore, olhos fixos na cruz. 

Edson, João e Jadilson Ferraz fixam a placa e a cruz

Desempenhamos nossa obrigação e retornamos com a confiança do dever exercido e com a certeza da reparação histórica que por tantos e tantos anos ficou como lacuna sobre o capítulo acontecido naquela manhã fria de 28 de julho de 1938.

Agora descanse em paz Adrião Pedro de Souza, descanse em paz Antonio Vieira. Que os remanescentes de Adrião possam se orgulhar dos atos de suas últimas horas de vida, que a policia em seus arquivos resguarde o mérito desse brioso guerreiro, que a história lhe atribua o respeito merecido informando pontualmente que na Grota do Angico doze pessoas (e não onze) tombaram sem vida naquele fatídico dia frio.

O novo aspecto de Angico

Paulo Afonso, 01 de abril de 2012.

Colhido no Sitio do primo João

http://lampiaoaceso.blogspot.com/2012/04/grota-do-angico-historia-revisitada.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

DOIS GRANDES DEFENSORES DE MOSSORÓ

Curiosidades sobre o soldado João Batista e o cabo "Pastel".

Soldado João Batista, Cangaceiro Jararaca e o Soldado João Arcanjo
(Foto de José Octávio)

O soldado João Batista nasceu no dia 24 de Junho de 1901, em Santana do Matos. Ingressou na Polícia Militar no ano de 1921 e em 1927 enfrentou, talvez, sua mais importante batalha em toda carreira policial, que foi a invasão do bando de Virgulino Ferreira, o Lampião, à cidade de Mossoró.

Entre outros, João Batista foi um dos valorosos componentes da PM que se juntou a população local para defender a cidade. O seu nome consta como participante da "Trincheira do Esgoto" onde fica a atual Praça Rodolfo Fernandes, conforme consta na relação gravada em placa afixada ao monumento existente ao lado da Igreja de São Vicente.

Com ímpeto forte e não querendo ver sua cidade saqueada pelos cangaceiros, João Batista não se aquietou e de acordo com o historiador Raul Fernandes, no seu livro A Marcha de Lampião - Assalto a Mossoró, também fez parte da trincheira comandada pelo próprio prefeito de Mossoró, Sr. Rodolfo Fernandes.

Já após a derrota do bando, que custou a vida do Cangaceiro Colchete e a prisão do cangaceiro Jararaca, o Soldado João Batista chegou a fazer parte da guarda do cangaceiro, enquanto esteve sob os cuidados da PM.

João Batista foi transferido para a reserva da PM em 31 de Julho de 1959, como terceiro sargento. Faleceu em 18 de Dezembro de 1990, aos 89 anos, em Mossoró, sendo considerado um homem bravo e corajoso, o que lhe permitiu em vida ser agraciado com uma medalha e certificado de honra ao mérito, pelos feitos durante a "Grande Resistência ao Bando de Lampião".

  Boletim Regimental que promoveu os soldados João Arcanjo e Minervino Fagundes

A histórica fotografia que aparece José Leite de Santana, o célebre cangaceiro Jararaca ao que parece foi tirada pelo fotografo J. Otávio. Alguns autores dizem que na verdade J. Otávio era apenas o dono do estúdio onde a foto foi revelada. De qualquer forma o crédito de autoria da foto deve ser dele. Ela consta em inúmeros livros, museus, etc.

TOXINA, com informações do Livro, 2º BPM, Notas para a História, de Antônio Nonato de Oliveira e do Coronel Ângelo, historiador da PM.

Cabo Pastel, o policial que matou Colchete


Rara fotografia do Sargento Pastel, autor da morte do cangaceiro Colchete

Acostumados a pilhar cidades inteiras, o bando do cangaceiro Lampião conheceu em Mossoró sua primeira derrota. Por volta de 16h:00 do dia 13 de Junho de 1927, Lampião e seus cangaceiros invadiam a cidade de Mossoró os quais foram recebidos e expulsos à bala pelos corajosos mossoroenses.

Entre os cidadãos que se encontravam nas várias trincheiras armadas pela cidade, estavam alguns policiais que pertenciam ao contingente policial local.

Um deles era o Cabo Leonel da Silva Pastel, pouco conhecido na história e cuja única fotografia foi descoberta tem pouco tempo pelo Coronel Ângelo, historiador da PMRN.

Conforme Boletim Oficial da PM, o Cabo Pastel teria sido o responsável pela morte do cangaceiro Colchete e também teria sido o autor da prisão de Jararaca, ferido no peito quando tentava ajudar seu companheiro Colchete.

Por tais razões, Pastel foi promovido ao Posto de Sargento, tudo isso registrado no Boletim Regimental da PMRN, nº 166, datado de 15 de Junho de 1927. Além disso, também foram promovidos ao Posto de Cabo, os soldados Minervino Fagundes e João Arcanjo, pela coragem com que ajudaram a população a enfrentar a investida do Bando de Lampião, tudo isso, registrado no Boletim Regimental nº 172, de 21 de Junho de 1927.

Outro policial que participou da defesa da cidade está na famosa foto em que Jararaca aparece ferido e escoltado por dois soldados. João Batista é o soldado que está com um pano amarrado no queixo motivado por uma forte dor de dente ou papeira e que também foi posteriormente promovido a sargento; chegou a ser agraciado com uma medalha da Prefeitura de Mossoró pelo reconhecimento a sua coragem e valentia no combate aos cangaceiros.

 Boletim Regimental que promoveu o cabo Leonel da Silva Pastel

O outro policial da foto, não mencionado nem mesmo pelos historiadores mais renomados é o soldado João Arcanjo. Depois de várias pesquisas nos arquivos históricos da PMRN, o Coronel Ângelo colheu informações precisas que indicam como sendo João Arcanjo o outro soldado que aparece na fotografia.


As informações são do historiador da PMRN, Coronel Ângelo Mário de Azevedo Dantas. Postado no Blog Toxina. página do pesquisador sargento Gama. Este fato dentre outros estarão com mais riqueza de detalhes no livro: Cronologia da PM/RN - de 1834 a 2009 do Cel. Angelo, que brevemente estará à venda.

Mas os Créditos são de: Nildo Alexadrino, que descobriu no Toxina, copiou e divulgou na Comunidade do Orkut Lampião, Grande Rei do Cangaço Clique, conheça e participe.

http://lampiaoaceso.blogspot.com/search/label/cabo%20%22Pastel%22

http://blogdomendesemendes.blogspot.com