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domingo, 22 de março de 2020

ANICERO RODRIGUES


Por Antônio Corrêa Sobrinho

AMIGOS,

De ANICETO RODRIGUES, o pernambucano da Polícia Militar de Alagoas, o homem que chefiou uma das três volantes que, em agosto de 1938, em Sergipe, mataram Lampião, Maria Bonita e nove outros cangaceiros, pouco sei, senão que este militar, após Angicos, atuou partidariamente na política local; que foi acusado de ter assassinado a esposa; que foi preso, expulso e, mais tarde, reincorporado à Polícia Militar; e que foi assassinado em 1959.

Mas, a reportagem que extraí do jornal DIÁRIO DA TARDE, do Paraná, publicada no dia 07 de outubro de 1957, portanto, menos de dois anos antes da sua morte, na verdade, naquilo que se refere a ANICETO RODRIGUES, podemos dizer que nasceu do acaso, artigo intitulado “NOTAS DE UM REPÓRTER EM ALAGOAS”, penso ser única, ou uma das poucas, em jornal, a dizer tanto de ANICETO RODRIGUES, inclusive o seu expressar, através da confiável pena do romancista e teatrólogo Antônio Callado. É matéria que diz muito nas suas entrelinhas, do momento existencial do estado nordestino das Alagoas, sobre o BAR DAS OSTRAS, em Maceió, sobre o pouco que evoluímos no campo da civilidade.

Trouxe, também, a notícia da morte de Aniceto Rodrigues, pelo Diário de Pernambuco.

NOTAS DE UM REPÓRTER EM ALAGOAS

O CANGACEIRO SINCERO

Um verbo novo, “impichar”, e turistas de Arapiraca – A verdadeira história das cabeças cortadas de Lampião e seu bando – “Misses” e aguadeiros – Ingredientes para o futuro no alpendre do Bar das Ostras
Intitulando-se simplesmente “repórter”, o romancista e teatrólogo Antônio Callado, redator chefe do importante “Correio da Manhã”, fez aqui um relato vivamente jornalístico de suas observações em Alagoas imediatamente após os acontecimentos da célebre sexta-feira 13 na Assembleia Legislativa. Com expressa e gentil autorização pessoal do escritor Antônio Callado reproduzimos o seu trabalho, publicado inicialmente naquele matutino.

“IMPICHAR”

“Entre outas coisas o estado de Alagoas já deu à língua um novo verbo: impichar. Desnecessário se falássemos sempre em impeachment nós teríamos chegado ao impichar. Em Alagoas o verbo se ouve naturalmente. Vejam por exemplo, como fizeram lá o relato das várias tentativas estaduais de impichamento:

- O negócio começou assim. Em 1948 tentaram impichar o Silvestre. Em 1953 quiseram impichar o Arnon, que só tinha 17 deputados a seu favor contra 18 na oposição. O Arnon conseguiu pescar o Adalberton Cavalcanti e o impichamento não teve curso. Agora com o Muniz o impichamento foi para valer.

Tenho a impressão de que nos aferramos ao termo inglês para dar a impressão de que na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos todos os dias há um impichamentozinho. Pela olhadela que dei a palavra no Webster e na Enciclopédia Britânica parece que o instituto do impichamento caiu em desuso inventando na Inglaterra (onde a Câmara dos Comuns propõe “impeachment” e dos Lordes o julga) o “impeachment” passou aos Estados Unidos, ficando a tarefa dos Comuns com os Representantes e a dos Lordes com os senadores. Isto no plano federal como no de cada Estado. Mas parece que os últimos impichamentos tanto na Grã-Bretanha como nos Estados Unidos ocorreram em meados do século passado.

Se o impichamento do Muniz funcionar tenho a impressão de que, em Alagoas, quando qualquer oposição tiver maioria o governador está impichado.

TURISTAS E CANGACEIROS

Outra palavra que em Alagoas está adquirindo sentido novo é turista. Quando cheguei a Maceió me disseram que me hospedasse no 20 BC, pois os hotéis da cidade estavam cheios de turistas.

- Não há vagas? Indaguei.

- Não é isto. Turista aqui são os capangas que vem de Arapiraca para executar o serviço e voltam no dia seguinte. O Claudenor está lá no Hotel Bela Vista com bem uns seis turistas.

Não consegui falar a nenhum dos turistas, mas devo dizer que são extremamente polidos todos os alagoanos pistoleiros. Três vivem de preto e tem maneiras corretíssimas. Um eu já encontrara no Rio, o deputado Oseas Cardoso e dois fui encontrar lá: Walter Mendes e Abraão Moura. Este último é o famoso deputado do colete de aço. Viajou comigo de Maceió para o Rio e tentei de todas as maneiras fazê-lo falar. Pequenino, franzino, grisalho, manso. Abraão fitava o solo, modesto, enquanto eu lhe dizia:

- Vou escrever que o senhor entrou no recinto da Assembleia de colete de aço e metralhadora e que os governistas é que iniciaram o fogo. Esta é a história que me contaram todos os oposicionistas e é a única que ouvi. Ninguém do seu lado quer desmenti-la, falando à imprensa.

- Nós combinamos não fazer declarações, ainda respondeu Abraão, como se eu lhe tivesse dito que era o maior alagoano vivo e ele se esquivasse aos meus arroubos.

O jovem Walter Mendes, ainda meio criança, é tipo que se encontra em qualquer esquina de Copacabana com seu bigode, sua atitude de sinhozinho que nasceu para dar ordens. Quando lhe perguntamos, numa varanda do Palácio do Governo em Maceió, se tinha entrado na Assembleia com metralhadora, respondeu, sério e macio:

- Ora qual nada. Eu só levava uma arminha de cano curto e nem pude sacá-la.

Arma de calibre baixo em Alagoas é coisa para maricas. Homem que se preza anda de parabélum 45 ou metralhadora quando é dia de votação importante. No dia em que toda a imprensa esperou e esperou no Palácio pela entrevista que o governador Muniz Falcão não concedeu, um fotógrafo, (...) de “Manchete”, Pedrosa, resolveu dar um susto nos palacianos. Andou mexendo lá no seu flash eletrônico de maneira a produzir um estampido seco, de tiro. Saiu, parece, mas fraco. Ninguém veio ver de que se tratava. Na sala de conferências alguém deve ter dito ao governador:

- Não se incomode, Excelência. Deve ter sido um 32.

CANGACEIRO SINCERO

Foi no Bar das Ostras que encontrei o único cangaceiro sincero, o coronel Aniceto, chefe da volante que capturou e matou Lampião, na fazenda do Angico, em Sergipe. Aliás, o Bar das Ostras e alguns restaurantes semelhantes da mesma zona, à beira da lagoa Mundaú, salobra, representam o único refúgio culinário de Maceió. A lagoa produz ostras exageradas, imensas, verdadeiros filés de ostra trancados em conchas que mais parecem lascas de sílex, e além disso produz camarão excelente e toda variedade de peixes. Na cidade, propriamente dita a gente se considera feliz quando consegue um sururu com ovo mexido, mas ao Bar das Ostras pode se levar qualquer comilão erudito. O Bar é uma tapera, mas a comida é de rei.

Comíamos no Bar das Ostras acompanhados de redatores da “Gazeta de Alagoas” quando surgiu um cinquentão atlético, um caboclo de chapéu de feltro desabado, blusão azul, bons dentes.

- Aquele é o coronel Aniceto, disse-me um dos rapazes.

Aniceto é figura popular em todo o Nordeste, desde os tempos de Virgulino Ferreira e há pouco tempo esteve no noticiário dos jornais por haver levado uns tiros políticos, ou meio políticos, da cidade de Pão de Açúcar. Em grande parte as lutas políticas de Alagoas são meros ramis de lutas familiares e quase sempre o fator familiar, ou da amizade quando em choque com o político, predomina. Aniceto é contra Muniz Falcão. No entanto, quando foi alvejado pelo pistoleiro Elísio Maia estava em companhia do deputado Luiz Rezende (PSP) que é munizista. Mas acontece que o pai do deputado foi assassinado pelo mesmo Elísio Maia, que assim odeia Anicleto, não pelo fato de ser munizista mas pelo fato de ser rezendista, quando Rezende no entanto é munizista... Além do deputado havia um cabra em companhia de Aniceto, quando Elísio tentou matá-lo. Esse amigo de Aniceto é que levou o chumbo.

- Felizmente não me acertaram não. Acertaram ele, diz Aniceto, o cangaceiro sincero.

TIRO PELO TELEFONE

Só com a intervenção federal resultasse do tiroteio de sexta-feira 13 de setembro na Assembleia Legislativa é que Aniceto saiu de casa para vir ao Bar das Ostras. Na noite do tiroteio estava na casa do deputado (PTN) Oseas Cardoso.

- Eu estava lá com mais sete homens, conta Aniceto, para o que desse e viesse. Ligaram o telefone para a gente depois de começar o tiroteio. Nós ficamos passando o telefone um para o outro, e ouvindo a metralhadora e os tiros.

- Você ficou horrorizado, não Aniceto? Indagamos.

- Para lhe dizer a verdade não fiquei não. Eu gosto disso. Quando começa um tiroteio e dá no ar aquele cheirinho de fumaça eu gosto, mesmo. Se eu estivesse na Assembleia naquela hora atirava logo.

A DEGOLA DE CAIXA DE FÓSFORO

Aniceto tem 47 anos e nasceu em Santa Maria da Boa Vista, norte de Petrolina, zona sanfranciscana de Pernambuco. Era o tenente do grupo que liquidou Lampião. Contei-lhe que um dia o sargento Bezerra tinha aparecido no “Correio da Manhã” para se explicar a respeito das cabeças. O fato é que, liquidados Lampião, Maria Bonita e todo o grupo, os macacos tinham decepado as cabeças de um por um dos jagunços, o que chocou um tanto os leitores do Rio. Acho que foi “A Noite Ilustrada” que publicou na ocasião a foto das cabeças de todo o bando arrumadas numa estante, chapéu na cabeça. Os bibelôs mais sinistros que já vi. Pois Bezerra, que é de Afogados de Ingazeira veio ao “Correio” explicar que as cabeças não tinham sido cortadas por malvadez, não senhor, era preciso provar que o bando tinha sido liquidado e era impossível carregar por léguas os corpos inteiros. Quando contei isto a Aniceto, ele resmungou qualquer coisa a respeito de Bezerra, mas não respondeu diretamente. Disse:

- Eu só cortei uma cabeça daqueles cangaceiros. Me disse até que o nome dele era Caixa de Fósforo.

- Foi para levar a cabeça de prova? insisti.

- Não, não pensei nisso, não. Me deu a gana, e cortei ali na hora.

É o que se chama, sem dúvida, o impulso do momento.

NÃO É LOTTISTA

Aniceto tomou parte em revoluções também. É um homem de situação legal, uma coluna da sociedade.

- Na revolução de 1930 eu estava com o governo e na de 32 lutei contra São Paulo.

- Você é mais legalista do que o general Lott, observou alguém.

- Mas não sou lottista, não, disse Aniceto sem maiores explicações.

Era um chefe militar austero quando comandava volantes pelos sertões atrás de bandidos.

- Quando eu estava comandando uma volante, não deixava ninguém reclamar. Eu dizia a eles: soldado é superior ao tempo. Hoje eu durmo em colchão de molas, tenho minhas aventuras, e gosto muito dessa vida que levo. Mas soldado é soldado. Quando algum dos meus reclamava eu berrava logo: “Homem, vá pra casa da peste!” E também não gostava de gente mangando comigo. Um dia, na Floresta do Navio, fui à farmácia comprar Melhoral, porque estava com dor de cabeça. Me perguntaram: “O senhor é policial de onde? De Alagoas?” “De Alagoas, sim senhor, apesar de ter nascido em Pernambuco”. “É verdade que mataram Lampião”. “Morreu mesmo, eu respondi”. E o outro disse: “Eu acredito no senhor porque é gente de Pernambuco. Mas me disseram que Lampião morreu foi envenenado”. Eu olhei para o camarada e os companheiros dele e disse: “É. Com veneno que vocês mandaram”. Eles aí me trataram logo direito e não perguntaram mais nada assim, não.

JORNAL EMPASTELADO

Aniceto cercado de jornalistas evoca um acontecimento do governo Silvestre Péricles. Aniceto mal tinha saído da prisão quando foi encarregado de quebrar um jornal da oposição – máquinas, repórteres tudo que fosse possível. Aniceto empacou. Em primeiro lugar mal saíra de um período de prisão e não desejava voltar às grades caso fosse apanhado. Em segundo lugar conhecia gente no jornal e não queria machucar conhecidos. Chamou um desses conhecidos e explicou:

- Olha, vou lhe pedir um favor. Não apareça no jornal hoje não, e diga lá à turma para não ir também.

- Mas...

- Deixe de mais, seu. Não apareçam lá, não.

- Combinado.

De noite Aniceto, com seu grupo, foi quebrar as linotipos. Não havia vivalma no jornal oposicionista, calado de véspera pelo coronel Aniceto.
PLUFT, O BATISTINHA

Aniceto estava satisfeito com a notícia da demissão do primeiro delegado de Maceió Batista Acioli, sobrinho do senador Antonio Sales. Sua alcunha é “Pluft, o Fantasminha” de Maria Clara Machado. O homem parece que andou botando presos políticos para marcharem na rua, de noite, dando a Maceió um aspecto algo fantasmal.

ADEUS AS OSTRAS

A beira da lagoa Mundaú do Norte havia também, além do cangaceiro sincero, duas misses: Alagoas e Minas Gerais; havia pequeninos saveiros pondo um rabicho chinês na paisagem: havia maltrapilhos meninos aguadeiros puxando o jegue carregado de latas e pacientes caboclas fazendo rede de pescar camarão. Havia ali, no Bar das Ostras, material com que organizar um futuro melhor para as Alagoas.

Não se pense que Aniceto, o cangaceiro sincero, da ideia de decadência e crime. Os que desolam a gente, são os cangaceiros jurídicos, os da Assembleia.

Diário da Tarde (PR) – 07/10/1957

SOBRE A MORTE DE ANICETO

“JÁ DEVIA TER MORRIDO...”

RIO, 14 (Meridional) – “Já devia ter morrido antes” – disse o senador Silvestre Péricles de Gois Monteiro à reportagem sobre o assassínio do coronel Aniceto Rodrigues, em Alagoas. Como foi noticiado, a vítima participava da oposição ao governo Muniz Falcão, sendo amigo íntimo do Sr. Oseas Cardoso.
Diário de Pernambuco – 15.05.1959
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NOVO CRIME AGITA ALAGOAS: O CORONEL ANICETO, MORTO POR TRÊS PISTOLEIROS
Era um dos remanescentes da luta de Angicos, onde foi massacrado o bando de Lampião – O oficial, assassinado em União dos Palmares, teria sido vítima de políticos governistas, de inimigos pessoais ou de irmãos de um pistoleiro a quem assassinara
MACEIÓ, 13 (Meridional) – Foi abatido ontem, a tiros, na localidade de Mundaú Mirim, município de União dos Palmares, o tenente coronel da reserva remunerada da Polícia Militar do Estado, Aniceto Rodrigues. O crime ocorreu cerca das 18,30, em um bar do referido povoado.
O coronel Aniceto, antigo participante da volante da Polícia alagoana que degolou o célebre cangaceiro Virgulino Ferreira, o Lampião, tombou varado por inúmeros disparos partidos das armas de três indivíduos cuja identidade ainda não foi apurada, estando o delegado de Ordem Política em diligências em União, a fim de apanhar os criminosos que fugiram para lugar ignorado.
Segundo informações ainda não de todo confirmadas, o coronel assassinado teria resistido a seus matadores, não logrando, no entanto, êxito, em face do alvo que se tornou para uma fuzilaria que teria constado de mais de trinta disparos.
Até o momento em que escrevemos estas notas, nada de oficial se conhece acerca da ocorrência, circulando variadas versões do crime, entre as quais a de que a esposa do militar teria abatido um dos pistoleiros.
O governador Muniz Falcão encontra-se no Rio de Janeiro, internado em uma casa de saúde. Em sua companhia, também seguiu, na semana última, o secretário do Interior, coronel Henrique Cordeiro Oeste. Por isso, sobre qualquer detalhe negam-se as autoridades a informar.
Para Mundaú Mirim seguiu desde a manhã de hoje grande número de Polícia, a fim de assistir ao sepultamento do coronel Aniceto. Também no referido local já se encontram representantes dos jornais desta cidade, apesar de as estradas, com as chuvas caídas ultimamente, se encontrarem praticamente obstruídas.
Homem de muitos inimigos, em torno de sua morte pairam as mais variadas suspeitas, atribuindo-se a responsabilidade do seu assassínio, inclusive a personalidades políticas da situação, uma vez que Aniceto, muito amigo do deputado Oseas Cardoso, era considerado um dos mais perigosos homens da oposição no Estado.
MACEIÓ, 13 (Meridional) – Aniceto Rodrigues dos Santos, anteontem assassinado na localidade de Mundaú Mirim, município de União dos Palmares, contava 52 anos de idade, era pernambucano e oficial reformado da Polícia Militar deste Estado, como tenente-coronel, posto mais elevado que se pode atingir naquela corporação.
A sua carreira de soldado iniciou-se em novembro de 1932. Nos seis primeiros anos de vida miliciana, conseguiu elevar-se até o posto de aspirante, graças aos seus atos de bravura, em repetidas lutas contra o banditismo.
Entre as expedições de maior vulto, de que participou, salienta-se o combate de Angico, onde ajudou a eliminar Lampião e seu bando.
Fatos da sua vida privada, entretanto, interferiram desfavoravelmente na sua conduta de soldado. Em 1944 foi excluído da Polícia, como desertor, punição que coincidiu com o crime de morte que praticou em sua primeira esposa, dona Iraci Brito, em Piranhas.
Cinco anos depois, em 1949, foi reincluído nas fileiras da PM com o mesmo posto de aspirante e, já um ano depois, era graduado 2º tenente. Após galgar normalmente os postos de 1º tenente e capitão, Aniceto Rodrigues reformou-se, como tenente-coronel, sendo beneficiado com as leis especiais da carreira e “do banditismo” que lhe conferiram duas promoções consecutivas – capitão e major.
OUTROS DETALHES
MACEIÓ, 13 (Meridional) – O tenente-coronel, reformado, Aniceto Rodrigues, abatido por três pistoleiros em Mundaú Mirim, distrito de União dos Palmares, bem na fronteira de Alagoas com Pernambuco, participou das lutas contra o bando de Virgulino Ferreira, o Lampião, estando presente no combate do qual saíram sem vida o Rei do Cangaço e alguns bandoleiros, degolados em Angicos, estado de Sergipe.
O assassinado participou também, em diferentes épocas, de outros acontecimentos sangrentos ocorridos em nosso Estado, dentre eles o do dia cinco de maio de 1957, na cidade de Pão de Açúcar, quando se deu cerrado tiroteio, saindo ferido o senhor Claudio Barbosa. Naquela ocasião o tenente-coronel Aniceto atribuiu ao seu inimigo, Elísio Maia, atualmente deputado estadual, a autoria da tentativa contra a sua existência.
Foi a julgamento, ainda, certa feita, sob a acusação de ter eliminado sua esposa dona Iraci Brito, quando ela se achava dormindo. Era filha do conhecido agricultor senhor Brito, do município de Piranhas, e prima-irmã da conserte do coronel João Bezerra, outro combatente do banditismo.
Existem várias versões sobre a autoria da morte do conhecido tenente-coronel Aniceto Rodrigues. Uma atribui ao deputado Elísio Maia o plano de extermínio do seu adversário. Outra a parentes da esposa assassinada. Uma terceira dá como matadores os três irmãos de Serafim de tal, pistoleiro conhecido como Pinga Fogo, morto barbaramente, pelo referido militar.

Diário de Pernambuco – 14/05/1959

ANICETO RODRIGUES


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