Por: José Mendes Pereira
O que é paparazzi?
No dicionário Aurélio, paparazzi são profissionais que se dedicam a tirar fotos indiscretas de pessoas conhecidas ou ilustres.
No nosso caso, vamos aportuguesar esta palavra, passando a ser escrita, paparazo e lhe dando o feminino, paparaza. É claro que ela não significa o que segue, mas façamos de conta que sim. É apenas uma brincadeira.
Em todas as repartições públicas, o diretor tem duas pessoas de grande confiança, elas são as suas paparazas que se encarregam de todas as coisas relacionadas com a sua administração.
Vamos nomeá-las para que nós entendamos melhor o que segue.
A primeira paparaza é a Marcileide. Sempre está sentada ao lado direito do diretor, e se encarrega dos papéis, arrumando-os com muito cuidado, olhando se estão assinados, carimbados, e se os mesmos estão selecionados. Tem o maior prazer de carimbar diante do diretor. Tuf. Tuf. Torce muito para que algum deles esteja faltando a assinatura do diretor para ter o gosto de dizer:
- Seu Paulo, falta o senhor assinar este.
E o diretor cheio de ponderações, jamais teve tanto agrado, até mesmo em casa, sorri dizendo-lhe:
- Tem razão! Eu tinha me esquecido. Obrigado! Agradece ele com um obrigado lacônico.
E quando tem contas para pagar, a Marcileide está atenta! Sim senhor! Oferece-se para ir fazer o pagamento no banco, e muitas vezes ela não tem nem tempo para isso.
- Não posso negar nada a ele. Afinal, minha gente, ele é o meu diretor.
Diz isso a todos, na finalidade do diretor tomar conhecimentos através das outras pessoas que ela é muito responsável em tudo que toma de conta.
A segunda paparaza é a Kátia. Geralmente se senta ao lado esquerdo do diretor, e se encarrega de uma fofoca, mas ela não imagina que a turma já observou o seu comportamento de fofoqueira.
- Eu não tenho certeza, Seu Paulo, mas pelo que me falaram..., Deus me livre dele saber que eu comentei ao Senhor..., pelo amor de Deus, o Senhor não comente isso a ninguém..., mas foi ele quem levou os livros..., quebrou a garrafa de café..., quem criticou da sua administração...
Também é encarrega de um docinho, água bem geladinha, bolachinha, de um cafezinho, e tem o maior cuidado com as xícaras para que não estejam com cheiro de baratas. O café não pode ser forte.
Daí a pouco, ela aparece com o sorriso no rosto, e nas mãos, um cafezinho para o diretor.
- Quer um cafezinho, Seu Paulo?
- Lógico! Exclama ele. Recebe das mãos dela e começa a tomar.
Minutos depois ela pergunta meio desconfiada:
- O café está gostoso?
- Além de bom! Está ótimo! – Responde ele num tom de admiração..., é Kimimo ou Santa Clara?
- É Kimimo. Mas se o senhor gosta mais do Santa Clara, amanhã eu o compro.
- Não, Não! Faz ele meio sem graça. Não tenho opções. Todos são cafés.
- Está doce?
- Está! E gostoso!
- Nessa vasilha tem bolachas. – Diz ela meio tímida e sorrindo.
O diretor apodera-se de uma bolacha, mas não é a do seu gosto. Bolacha recheada é para criança que ainda não mudou os seus dentes de leite. Afinal, ele cuida bem dos seus.
Mas continua comendo quase sem querer descer na hora de engolir.
A Kátia está ali por perto, quase como uma mãe protetora, e não desgruda o olhar.
Mas de repente ela nota coisas diferentes com o diretor, e pergunta-lhe:
- O que houve Seu Paulo?
- Nada! Nada! – Diz ele quase entalado.
- O Senhor quer um copo d’água?
- Não, não é necessário.
E ele continua comendo, e vez por outra faz: unrum, mastiga, pede água e tome água e unrum, e tome café e unrum, e tome mais bolachas, unrum...
O diretor não precisa se preocupar, pois ao seu lado está uma grande protetora. É uma coisa fantástica o zelo que ela tem com o diretor.
Mas o Seu Paulo parece que está querendo provocar, e está engasgado causado pelas bolachas. E de vez enquando quer cair sobre o birô, quer provocar, com um enjoo terrível. Tenta jogar fora o que comeu, mas não tem jeito, apenas está com nojo das bolachas recheadas. Abre a boca para vomitar, tem uma boca enorme, pois se tentar cabe um pacote de pão de forma.
- Meu Deus! Que homem de boca grande! - Admira-se a Kátia com a voz baixinha para que ele não a perceba. Mas ela continua preocupada. Afinal, foi a única causadora de tudo, pois o diretor não é criança para estar comendo bolachas recheadas.
- Quer mais um copo d’água, Seu Paulo?
-Não! Não! – Eu estou bem, obrigado! Não se preocupe comigo! Já passou. – Diz ele passando a mão sobre a barriga..., e assim são os paparazos de um diretor.
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