Por Sálvio Siqueira
Naquele tempo,
estando Estácio Coimbra com as rédeas do Estado do Leão do Norte nas mãos, seu
chefe de gabinete, Gilberto Freire, junto com seu Secretário de Segurança,
Eurico de Souza Leão, os dois últimos acatam e põem em prática uma grande ideia
vinda de um chefe cangaceiro que, no momento, encontrava-se preso na Casa de
Detenção da cidade do Recife.
Vinda de quem
no cangaço esteve por vários anos, sendo líder de bando, a ideia, posta em
prática, logo começa a surtir efeito positivo. Claro que, sendo tão bem
arquitetada, a ‘pirâmide’ de auxiliares, coiteiros, construída pelo “Rei dos
Cangaceiros”, sua destruição foi lenta. Tendo início antes da Revolução de
1930, seu clímax só consolida-se em meados de 1938, já no chamado Estado Novo,
resultando de um golpe no Congresso do revolucionário vitorioso impondo sua
dura ditadura a Nação.
A meta desse
movimento contra o Cangaço era exatamente aqueles que lhes fornecia
mantimentos, roupas, armas, munição e informações preciosas. Acabando com esses
auxiliares, o chefe mor do cangaço, foi ficando encurralado, sozinho, sem a
proteção, principalmente de grandes latifundiários, os ‘coronéis’, que outrora
faziam parte da sua, tão larga e elástica, malha de colaboradores.
O tenente Zé
Rufino descobre um grande colaborador do “Rei Vesgo” em terras baianas. Não o
mata nem o prende. Pelo contrário, faz com que ele passe a ser seu colaborador.
Sendo muito conhecido e dono de vasta imensidão de terras, esse colaborador,
agora das duas partes inimigas, cangaceiros e volantes, passa a fornecer
importantes locais onde os cangaceiros costumavam armar seu acampamento, os
coitos. Com essas informações preciosas, o pernambucano José Osório, tenente Zé
Rufino, da Força Pública baiana, arquitetava o plano e o colocava em ação,
tendo, sempre, êxitos. Tornando-se, na história do Fenômeno Social Cangaço, o
maior matador de cangaceiros.
Voltando ao
plano de desbaratar a ‘organização’ de Virgolino Ferreira, o Lampião,
mostraremos, abaixo, recortes de jornais da época, noticiando prisões de
auxiliares, combates e nomes de cangaceiros que foram tombados nos mesmos.
O pesquisador/historiador Rubens Antonio, nos detalha o local e as mortes de quatro cangaceiros na segunda metade de 1933, que assolavam as regiões de Mairi, Várzea do Poço, Miguel Calmon, Várzea da Roça, Serrolândia, Jacobina, em território baiano.
“(...)Um
subgrupo do bando de Lampião, composto por 4 cangaceiros e 3 cangaceiras,
liderado por Azulão, assolou as regiões de Mairi, Várzea do Poço, Miguel
Calmon, Várzea da Roça, Serrolândia, Jacobina, em setembro e outubro de 1933.
Muitas agressões foram cometidas pelos cangaceiros, especialmente com o uso de palmatórias.
Cabeças dos
cangaceiros Zabelê, Canjica, Azulão e Maria Dória. mortos no combate da Lagoa
do Lino.
Em outubro de 1933, o grupo foi localizado na Fazenda Lagoa do Lino, e travado
um combate, no qual morreram os cangaceiros Azulão, Zabelê e Canjica, e uma
cangaceira de nome Maria.
Cabeças
do casal cangaceiro, Maria Dória e seu companheiro Azulão. no Instituto Nina Rodrigues, em Salvador, capital do Estado baiano.
Dentre os que escaparam estava o cangaceiro Arvoredo(...)Em Salvador, ficaram
as cabeças expostas, no Instituto Nina Rodrigues, até 1969. Então, por uma
determinação do governador Luiz Viana Filho, no mesmo evento que levou ao
sepultamento das cabeças de Lampião, Maria Bonita e Corisco, finalmente foram
sepultadas.
Isto no cemitério de Quintas dos Lázaros(...).”(cangaconabahia.com)
Lampião ainda reinaria o cangaço por mais cinco anos. No entanto, ao estudarmos seu reinado funesto nesses últimos anos, vemos que até suas andanças caíram em mais de 60%, com certeza sendo devido às perseguições constantes e incansáveis das Forças Públicas de vários Estados nordestinos, agindo conjuntamente, para acabar, de uma vez por todas, com o banditismo... Nas quebradas do Sertão.
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