Por Antonio Corrêa Sobrinho
AMIGOS,
Quantas e
quantas, das incontáveis imagens produzidas pelo cangaço, por exemplo, o de
Lampião, pela sua maior expressividade, deixaram de ser registradas em fotos,
sendo traduzidas, como deveria em parte ser, pela literatura, por
representações teatrais e cinematográficas e, obviamente, pela imaginação,
especialmente dos apaixonados pelo tema, como muitos dos que aqui estão a
formar este grupo de estudo e entretenimento.
Permitam-me,
portanto, dizer em devaneio...
Em que
instante de Lampião levando Maria Bonita para viver maritalmente com ele, uma
fotografia deveria ter sido batida? Em que momento do ainda aspirante a rei do
cangaço atacando a mansão da baronesa de Água Branca, em Alagoas? Em que
oportunidade de Lampião conversando com o capitão Eronides de Carvalho um
registro deveria ter sido feito? E do ínfimo tempo, em Angicos, entre a bala
inaugural que alvejou Lampião e a sua decapitação? Não ficaria muito mais
interessante e sugestionável se uma das fotografias mostrasse o frenesi dos
seus algozes disputando os despojos? Já imaginou o quão famoso ficaria o
soldado que levou o saco nas costas com as cabeças desmioladas dos cangaceiros
mortos junto com Lampião?
Seria mais
rico, iconograficamente, penso eu, o cangaço, se tivéssemos guardado em fotos
os tantos e tantos fatos e acontecimentos ocorridos nesta quadra de violência
endêmica e às vezes hepidêmica vivenciada pelos sertanejos, denominada cangaço,
parte integrante da história do Nordeste brasileiro. Foram, não há negar,
muitas e muitas as cenas, nestes vinte anos de experiências, de embates, de
acertos, de negociatas, muitas pitorescas, singulares, dramáticas, trágicas,
engraçadas até, relacionadas a este fenômeno, e que aqui poderíamos cansar de
elencar, tal qual a de músicos tocando, numa canoa em pleno rio São Francisco,
para Lampião e os seus; momentos, alguns, por certo, inimagináveis, aconteceram
nas horas terríveis das grandes batalhas, Serra Negra, Maranduba, Serrote
Preto, entre volantes e/ou civis e cangaceiros; dos assassinatos pelas vias de
Virgulino, de soldados desarmados, na ribeirinha Queimadas, e dos seis
inocentes moradores da fazenda Patos, em Piranhas, por Cristino; o lendário
Mané Fumaça, militar nazareno, ávido e destemido perseguidor de cangaceiros, em
postura de ataque, no from de suas muitas guerras; Lampião atirando,
apunhalando; o pânico que a inesperada presença de Lampião, em 1929, no cinema
da cidade de Capela, em Sergipe, causou nos espectadores, bem como, as caras
que o pianista, o cinegrafista e o telegrafista Zozimo, ante a tão ameaçadora
presença de Lampião; de Lampião e Maria Bonita, de Corisco e Dadá, de Neném e
Luís Pedro, de Sereno e Sila, em carinhos, camaradagens; de Lampião com um dos
seus amigos coronéis, fornecedores de armas e munições; de Zé Baiano ferroando
mulheres em Canindé, ou mesmo matando a sua mulher; de Lampião ao levar um tiro
no pé.
Que imagens do
cangaço vocês, meus amigos, gostariam que tivesse sido fotografadas?
Resta-me,
agora, pedir que os artistas plásticos façam descansar a minha imaginação.
E viva
Benjamim Abraão Boto! Sem ele, muito mais imaginativa seria esta história.
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