Por José Moura Seu Nôza
A valentia de um soldado de Queimadas Bahia, antes de morrer! Desafia Lampião para um combate de homem para homem. Mas Lampião não o encara e manda matá-lo covardemente. Em um ato desumano o bandido juvenil Volta Seca chega a beber o sangue do soldado. Lampião libera o sargento Evaristo a pedido do cangaceiro Mariano que foi interlocutor a pedido de dona Santinha pela vida do sargento Evaristo:
O sargento,
liberado, sabendo o que ia acontecer, pediu:
– Capitão... Gostaria de sua permissão pra me afastar e não ver a morte dos
meus soldados... Se não puder, queria que o senhor me matasse... e por
primeiro... antes de todos eles.
Lampião olhou e mandou:
– Vá se embora!
Fizeram um anel assim, na saída, de uma janela a outra, na porta. E ele mandou sair o primeiro preso... Quando ele saiu, tinha aquele círculo de cangaceiros de frente pra porta... E ele disse:
– Tira a caneleira, aí!
Os soldados usavam umas caneleiras então... Ele baixou e levou um tiro na nuca...
Aí, Lampião dizia:
– Que venha outro!
O segundo ficou rogando pra não morrer, mas Lampião dizia:
– Tira a caneleira, macaco!
– Pelo amor de Deus! Não faça isso! Eu tenho filhos para criar!
– Tira a caneleira, macaco!
Aí, ele atirou. O tiro foi na boca do soldado que já caiu, na hora...
O meu pai me colocou pra dentro... Não era pra ver mais nada.
Os cangaceiros pegaram e colocaram ele assim, deitado do lado do outro... na calçada da prefeitura.
E chama o terceiro:
– Venha outro!
Este terceiro criou problema... Era magrinho tuberculoso mas até que disposto... por nome Evaristo... Eu sei, hoje, que o nome dele não era Evaristo, mas, na época, eu achava que era, porque, quando eu fui lá, ele se identificou assim pra mim... e eu chamava ele por Evaristo... Ele até me chamava de Catitinha, por causa do meu pai.
E foi este que quando Lampião mandou:
– Tira a caneleira!
Ele reagiu:
– Não tiro!
– Tira a caneleira, macaco!
– Não tiro! Não recebo ordem de bandido!
E começou a xingar Lampião, chamando ele de frouxo. Disse que ele não tinha mesmo coragem e que só pegando ele na traição pra ter vantagem... E pediu uma faca pra brigar com ele de igual... Até tabefe ele tentou dar em Lampião... Ele deu um jeito e pulou pra frente com uma disposição muito grande para dar a bofetada... Mas os cangaceiros o seguraram, e um mandou um tiro que jogou o soldado no chão.
Aí, o Volta–Seca pediu:
– Meu padrinho! Deixe eu sangrar esse, que é atrevido!
Lampião fez que sim, e Volta–Seca foi até ele e sangrou... Passou a faca...
Uns dizem que ele bebeu o sangue... outros que, quando acabou de sangrar os soldados, foi pegar a faca e lamber... Depois, dando uma de bom, em Salvador, já preso, disse por aí que não teve nada disto... Teve! Ele deu as facadas e meteu a boca onde o sangue saía e chupou! E lambeu! Tanto que vomitou três vezes... Uma no passeio do açougue... Outra em frente à igreja... A última vez foi no passeio do clube, hoje Avenida Nonato Marques...
Depois da morte deste terceiro, bagunçou tudo... Foi um tumulto lá com os soldados, que gritavam desesperados. Não teve mais ordem e teve soldado ferido dentro do quartel mesmo.
E ele matou os sete soldados... Só poupou o sargento Evaristo...
FOTOS FONTE:
DO LIVRO: TALENTOS DE QUEIMADAS COLETÂNEA COM VÁRIOS AUTORES QUEIMADENSES.
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