Seguidores

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

MARIA BONITA UM OLHAR PARA SEUS FAMILIARES.

Por José Mendes Pereira

"O capitão Alfredo Bonessi diz em seu artigo: “UM OLHAR SOBRE ANGICO PARTE I...” páginas do Cariri Cangaço, que Maria Bonita já vinha se queixando de Lampião, da vida que levava, pois queria ir embora para casa, largar a vida de cangaceiro... Mas o seu amado capitão Lampião não queria. Nesse dia em  véspera do ataque aos cangaceiros, o casal estava brigado e havia discutido muito. Maria Bonita estava de astral novo, pois ela tinha cortado os cabelos".

Em minha humilde opinião, Maria Bonita não só estava cansada da vida que levava como já havia adquirido o medo de viver embrenhada às matas, sabendo que a qualquer hora, poderia ser morta pelas volantes policiais.

AH, SE EU ME ENCONTRASSE COM A MINHA FAMÍLIA!

Maria Bonita quando se embrenhou às matas estava dominada pelo cupido, e depois de tantos sofrimentos, descobriu que havia se enganado, pois a sua loucura pela "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia", do capitão Lampião, era uma simples ilusão. Por esta razão, exigia do seu companheiro a desistência daquela amaldiçoada vida.

Foram oito anos vividos e perdidos entre os serrados. A vida do cangaço era um verdadeiro inferno, sofrendo naquelas matas como se fosse um animal, e como saldo, apenas ganhara o sol forte, poeiras, chuvas, dormindo no chão, desprovida de um acomodado teto, distante das festas decentes que aconteciam na sua terra querida, Malhada da Caiçara, localizada no município Paulo Afonso, na época, município Santo Antônio de Glória, na Bahia; solidão presente a todo instante, saudade dos pais, irmãos, familiares, amigas e amigos, parentes e aderentes.

Maria Bonita viveu o inferno que ela mesma o desejou. Queria voltar ao seu amado chão, abraçar os velhos e sofridos pais, irmãos, irmãs e lhes dizer que, a partir daquele dia, passaria a ser a nova Maria Déia e não mais falassem em Maria do capitão.

Mas ela apenas imaginava a desistência do cangaço, e não tinha coragem de fugir da presença do seu companheiro. Não queria tomar esta atitude, pois, a Rosinha do cangaceiro Mariano Laurindo Granja, fora assassinada, a mando de Lampião. 

Rosinha de Mariano - cangaceiros.

A Cristina do cangaceiro Português, também havia ganhado o mesmo presente, fora morta com ordem de Lampião. 

Cristina do cangaceiro Português.

A Lídia Pereira do cangaceiro Zé Baiano, foi assassinada por ele, e Lampião nem pediu a Zé Baiano que não a matasse. (Não existem fotos da cangaceira Lídia Pereira).

E ela mesma sabia, que sendo a verdadeira companheira do chefe do cangaço, e se fugisse em busca dos seus familiares, com certeza, seria seguida pelos cangaceiros, todos ordenados por Lampião.

A CAATINGA É BEM MELHOR DO QUE A PRISÃO.

Mas Lampião como chefe de bando, jamais imaginou sair daquela sofrida vida. Para ele, liberdade, somente entre os serrados, livrando-se de estilhaços de balas, estaria tudo bem, e para isso, ele fazia o seu malabarismo, porque se assinasse a desistência do cangaço, com certeza, iria passar pelas mãos vingativas de policiais. Não desistiria e nem autorizaria a saída de sua companheira do cangaço.

AS CONVERSAS MANTIDAS DENTRO DA MATA POR PEDRO DE CÂNDIDO E LAMPIÃO

Em relação às conversas mantidas por Pedro e Lampião, segundo fala o capitão Bonessi, dentro da mata, eu suponho que o interesse de Pedro era para saber se o bando iria passar mais alguns dias na Grota, ou se já estava de bagagem pronta e partir para outro lugar, pois é quase certo que Pedro de Cândido já vinha sendo pressionado pela volante do tenente João Bezerra, e, temendo ser executado, que na época, um policial ditava as regras, foi obrigado a delatar o lugar onde os asseclas se encontravam. Lampião que não tinha maldade no seu coiteiro Pedro de Cândido, caiu na malha fina preparada por ele.

ENTREGA DE BALAS A LAMPIÃO.

Quanto ao suposto envio de balas pelo tenente João Bezerra ao capitão Lampião, não há como eu acreditar, pois é muito difícil um perseguidor fazer venda de munição ao seu perseguido, e em seguida, ir atacá-lo. 

O jornal de Fato - Revista exemplar - Edição 315/2008 “Domingo” publicou um artigo do escritor Paulo Gastão que entrevistou o Durval Rosa. 

Diz o escritor: 

“- Durval Rosa, irmão de Pedro de Cândido, em depoimento a mim prestado e registrado em fita de vídeo, declara que na noite anterior, ele desceu a serra e foi levar um saco de balas dividido em duas porções em cima de um jumento. “Era muito peso”, dizia o entrevistado. Para que tantas balas? Que desejaria o capitão fazer com o material? Existia a compra de armas e balas, porém, se quem servia de intermediário, para que farto material chegasse às mãos dos bandidos? Um militar que atuou na volante que chegou a Angico, foi curto e grosso. “- A polícia!” 

Quando eu falo que não há como acreditar, não me refiro às palavras do escritor Paulo Gastão, e sim, as de Durval Rosa, pois o escritor apenas diz o que o depoente disse. Não é Paulo Gastão que está confirmando a remessa de balas feita por João Bezerra a Lampião.

Eu não duvido que alguns policiais desprovidos de patentes e que não participavam das perseguições aos bandidos, tenham feitos vendas de balas a Lampião, pois na época do cangaço, não era necessário se apresentar documentos para tal compra, e também, quem guardava as avantajadas caixas de balas, eram os próprios policiais, que eles mesmos poderiam negociá-las, sem que as autoridades, como sargentos, tenentes, capitães... soubessem o total de balas estocada.

O CÃO GUARANI EM PIRANHAS.

Quanto ao cachorro de Lampião que fora pego em combate pela volante de Zé Rufino, e posteriormente entregue ao Tenente João Bezerra, lá em Piranhas, e sessenta dias depois, o animal estava na companhia do seu dono, é possível que ao darem liberdade a ele, isto é, o soltado, achando que ele ficaria na residência de João Bezerra, o animal tomou rumo às caatingas à procura de seu dono, que não é coisa difícil para cão sair em busca do seu companheiro.

Informação: Este trabalho não tem nenhum valor para a Literatura lampiônica, é  minha opinião, e nem prejudica de forma alguma os escritores, pesquisadores e cineastas.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

Nenhum comentário:

Postar um comentário