Por Analucia Gomes
A violência não
foi um produto do cangaço. Desde os primórdios aos tempos atuais, a violência
se pauta de forma assustadora. Após 80 anos da morte de Virgulino Ferreira da
Silva, o cangaço ainda desperta curiosidade, admiração e ódio. Para a
psicanalise, essa ambivalência se deve ao comportamento de hierarquização
conferida por Lampião que vai muito além da ordem tática e planejada das ações
do cangaço. Remete, de sobremaneira, aos valores em comunidade, impondo um
sistema de disciplina cuja quebra gerava punições severas.
Para Sigmund Freud em
“A Psicanálise da guerra” (1941), “Não há lei que ordene ao homem que coma e
beba ou que o proíba de introduzir as mãos no fogo”. Lampião, como em tudo que
fazia era bem feito, foi também um perfeito apreciador das artes, possuidor de
uma subjetividade carregada de sentimentos, valores, atitudes e crenças. No
entanto, isso não significa classificar sua orientação sexual. Gostar das artes
não é coisa só de mulher, como valentia na mulher não significa sinonímia de
masculinidade.
Para Paulo Moura, poeta, escritor, pesquisador e membro da
Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, surgem Lampiões, vão-se Lampiões, o
mundo continua com seus bandidos vários, uns de arma em punho, outros de
gravata, alguns de farda, extorquindo cidadãos e fabricando novos bandidos.
Aplausos então para o lado feminino de Lampião que nos brinda com suas artes e
com o lado masculino de Maria Bonita, uma das precursoras do feminismo no
Brasil.
*Analucia Gomes/ graduação em psicologia FACID/especialização em psicanalise
UNIDA/ formação Corpo Freudiano de Teresina.
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