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quinta-feira, 1 de março de 2018

EXCELENTE LEITURA


Por Antonio Corrêa Sobrinho

Amigo, leia o texto abaixo, da “REVISTA DA SEMANA”, do Rio de Janeiro, publicado na edição do dia 18 de fevereiro de 1950 ( 68 anos atrás), e me diga se você concorda com ele, total ou parcialmente, ou, absolutamente, não.

Imagem que ilustra a matéria


PRAZER DE MATAR

Quando Lampião estava na ordem do dia, os jornais transcreviam noticiário de capitais do Nordeste, relatando as crueldades praticadas pelo bandoleiro, pintando-o como uma fera em forma de gente. Cinco Estados daquela zona mobilizavam suas polícias militares para a caça à fera. Lampião dominou os sertões por muitos anos, repetindo a mesma façanha de seu mestre Antonio Silvino.

O cangaceiro não nasce com o instinto de matar, nem sente prazer nisso. Ele se torna um sicário, um salteador, um assassino forçado pelas circunstâncias ambientais. Quase sempre é levado a praticar seu primeiro crime para vingar injustiças contra si e contra sua família. Assim foi com Antonio Silvino, Lampião e outros.

Nós, da capital, ficamos indignados com as atrocidades levadas a efeito pelos cangaceiros do Nordeste; mas nos esquecemos de que no próprio Rio de Janeiro se mata muito mais do que nas caatingas do sertão. Diariamente publicam os jornais do Rio copioso noticiário sobre crimes inacreditáveis em plena Capital Federal. Parece que todo mundo anda nas ruas premeditando um crime de morte, procurando o seu desafeto para descarregar-lhe a cartucheira ou vara-lo de facadas.

Nas vizinhanças do Rio temos a cidade de Caxias, centro motor de crimes e homicídios quase que diários. Montam-se tocais ali como se estivéssemos em pleno sertão despoliciado.

Tudo isso é profundamente deprimente para nosso grau de civilização.

Há uma espécie de prazer de matar, sentimento mórbido, selvagem, que precisa acabar.
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