Por Raquel Nogueira
Penedinho quis
entrar no bando de Lampião, mas o Rei do Sertão tinha olho de lince e não o
admitiu no seu bando. Canário, sem o mesmo olho de lince do Rei do Cangaço, o
admitiu em seu grupo, Penedinho esperou a oportunidade certa e matou Canário
numa madrugada, no dia 12 de Agosto do ano de 1938, poucos dias depois da morte
dos onze de Angico do outro lado do Rio São Francisco.
No rancho em
que estava Canário, quedaram Maria Adília, Xexéu, Delicado, Sabia, Quina-Quina,
Pitombeira, uma outra mulher e um outro cangaceiro, o assassinato de Rocha
aconteceu dessa forma: Enquanto este misturava farinha de mandioca com açúcar
em uma cuia, Penedinho pegou o mosquetão com a desculpa de que ia limpar a
arma, matou Canário e lhe cortou a cabeça. Chegou à fazenda do Coronel com a
cabeça de Canário e o Coronel imediatamente mandou um de seus moradores avisar
ao tenente Zé Rufino que partiu com sua volante e encontrou o corpo de Canário
no mesmo local do assassinato e cento e cinquenta contos de réis.
Maria Adília
não derramou uma lágrima sequer pela morte do companheiro, depois das entregas
ela ficou presa durante cinco dias, a colocaram numa cela junto com outros
presos, mas dois soldados a tiraram de lá e ela ficou na cela livre da
delegacia durante esses dias.
Durante a vida
sofrida e violenta do cangaço ela só teve notícias dos familiares depois das
entregas, pois muitos deles foram para a cidade de Propriá. Seu pai, Antônio
Mulatinho, a recebeu bem e sua mãe, Dona Madalena, teve uma alegria tão forte
em saber que a filha estava viva e ali na sua frente que ficou três dias
deitada na cama sem falar. No outro dia ela foi se entregar então o pai dela
foi à casa do patrão, que fez uma carta para o Capitão24escrevendo sobre a
entrega da filha e indo para a delegacia junto com ela. O capitão a indagou se
ela foi cangaceira e bandida ela confirmou, mostrando a fibra de mulher valente
e cangaceira que foi ela disse que estava ali para o que desse e viesse e que
se ele queria matá-la, o momento seria aquele. Foi nesse momento em que ela foi
presa e os dois soldados colocaram ela na cela livre e como estava grávida e
provavelmente num estado adiantado, o capitão deu ordens para ela ir ter a
criança na capital de Sergipe, mas como ela conhecia um sargento da volante ele
a instruiu a dizer que estava com dor de dente e com dor nos quartos. Um dos
soldados desconfiou e a chamou de peste, dizendo que ela não tinha nada e que
devia ser levada mesmo para Aracaju, o sargento mandou que o soldado tivesse
respeito por ela e não a chamasse daquele nome.
(Nogueira
Emídio; As mulheres no Cangaço, páginas 65,66 e 66 Editora Clube de Autores).
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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