Por: Geraldo Maia do Nascimento
Consta
que no ano de 1926 existia em Mossoró um comerciante turco, de nome Maurício,
que tinha a sua loja de bijuterias instalada na antiga Rua do Comércio. Era tido
como um homem de visão e não media esforços quando via a possibilidade de ganhar
um dinheirinho extra. E vivenciando a dificuldade que existia quando alguém
precisava se deslocar para outro município, resolveu comprar um caminhão e
adaptá-lo para servir de transporte coletivo.
Pouco tempo depois apareceu o tal caminhão, pintado de azul e branco, com duas filas de assentos na cabine, além da carroceria de carga. No mesmo dia o Sr. Maurício começou a anunciar que no dia seguinte, às quatro horas da madrugada, o seu caminhão faria a primeira viagem com destino à cidade de Lajes. E não demorou a aparecer os primeiros passageiros. O motivo da escolha do trajeto é que Lajes era entroncamento de várias linhas da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, com destino a capital Natal.
No dia seguinte, por volta das oito horas da manhã, o caminhão do seu Maurício continuava parado em frente a sua Loja, com um pneu furado e um “prego” no motor. E sonolentos passageiros aguardando que os problemas fossem resolvidos para que pudessem, enfim, iniciar a viagem. O curioso é que todos os lugares estavam ocupados e havia muita gente por cima da carga.
Resolvidos os problemas, iniciaram a viagem. De Mossoró para Assu foram consumidas mais de quatro horas, tendo direito a uma parada no Hotel Pátria, de Antônio Saboia, para descanso e almoço. Daí para Lajes, estirão maior, viagem mais demorada ainda. Quase ao anoitecer fizeram outra parada na Fazenda São Joaquim, que pertencia ao agrônomo Antídio Guerra. Esse, penalizado com a situação daquelas pessoas, matou a fome dos mesmos servindo copos de leite tirado no peito da vaca que estava ordenhando. Eram mais de nove horas da noite quando finalmente chegaram a Lajes.
Hospedaram-se no já famoso “Hotel da Feiticeira”, cujo proprietário era Tatu. Como o jantar já tinha sido servido tiveram que se conformar com uma xícara de café requentado e a sobra do pão do jantar. Mesmo assim foi um alívio para aquela gente cansada e empoeirada, que terminava ali a primeira jornada da viagem com destino a Natal.
Já no outro dia, ainda no amiudar dos galos, como se dizia antigamente, o proprietário acordava os hóspedes mal dormidos, badalando junto as portas de cada quarto um sino de estranha sonoridade, que diziam ser capaz de acordar até um surdo. Toda essa barulheira era para que ninguém perdesse o trem que por ali passava às cinco horas da manhã, para chegar a Natal lá pelas duas ou três horas da tarde.
Não encontrei, em minhas pesquisas, até quando o Sr. Maurício manteve seu caminhão desempenhando essa função. Sabemos apenas que tempo depois ele teria transferido sua loja de bijuteria para o vizinho estado do Ceará, dele não se ouvindo mais falar. Mas até que se prove o contrário, foi o caminhão de seu Maurício o primeiro transporte coletivo de Mossoró.
No início de 1929 começaram a aparecer em Mossoró os primeiros carros de transporte urbanos, ligando os bairros mais distantes com o centro da cidade. Esses veículos pertenciam a um comerciante do Assu, de nome Etelvino Caldas. Apesar da má qualidade dos veículos, que por nada se quebravam, representou um grande avanço para Mossoró poder contar com esse serviço.
Mas não ficou só nisso não. Etelvino Caldas era um homem de visão e logo atinou para outro plano, imaginando que uma linha de passageiro entre Mossoró e Lajes podia ser uma iniciativa proveitosa. E foi a ação botando em trânsito um ônibus confortável, bem diferente do caminhão do seu Maurício, que só possuía duas boleias. O ônibus, que logo ficou conhecido como “a sopa”, sempre viajava completamente lotado.
Foi mais ou menos por essa época que surgiu também em Mossoró “a era de Zé Rocha”, indiscutivelmente figura inconfundível no sistema de transporte em caminhões, fazendo a linha entre Mossoró e Natal. O seu entusiasmo pelos serviços de transporte credenciaram-no no conceito dos usuários, criando no povo das cidades e do campo o espírito de viajar e de comunicar-se com outros centros de atividades, estabelecendo o intercâmbio como gente de vivência coletiva.
Continua...
Pouco tempo depois apareceu o tal caminhão, pintado de azul e branco, com duas filas de assentos na cabine, além da carroceria de carga. No mesmo dia o Sr. Maurício começou a anunciar que no dia seguinte, às quatro horas da madrugada, o seu caminhão faria a primeira viagem com destino à cidade de Lajes. E não demorou a aparecer os primeiros passageiros. O motivo da escolha do trajeto é que Lajes era entroncamento de várias linhas da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, com destino a capital Natal.
No dia seguinte, por volta das oito horas da manhã, o caminhão do seu Maurício continuava parado em frente a sua Loja, com um pneu furado e um “prego” no motor. E sonolentos passageiros aguardando que os problemas fossem resolvidos para que pudessem, enfim, iniciar a viagem. O curioso é que todos os lugares estavam ocupados e havia muita gente por cima da carga.
Resolvidos os problemas, iniciaram a viagem. De Mossoró para Assu foram consumidas mais de quatro horas, tendo direito a uma parada no Hotel Pátria, de Antônio Saboia, para descanso e almoço. Daí para Lajes, estirão maior, viagem mais demorada ainda. Quase ao anoitecer fizeram outra parada na Fazenda São Joaquim, que pertencia ao agrônomo Antídio Guerra. Esse, penalizado com a situação daquelas pessoas, matou a fome dos mesmos servindo copos de leite tirado no peito da vaca que estava ordenhando. Eram mais de nove horas da noite quando finalmente chegaram a Lajes.
Hospedaram-se no já famoso “Hotel da Feiticeira”, cujo proprietário era Tatu. Como o jantar já tinha sido servido tiveram que se conformar com uma xícara de café requentado e a sobra do pão do jantar. Mesmo assim foi um alívio para aquela gente cansada e empoeirada, que terminava ali a primeira jornada da viagem com destino a Natal.
Já no outro dia, ainda no amiudar dos galos, como se dizia antigamente, o proprietário acordava os hóspedes mal dormidos, badalando junto as portas de cada quarto um sino de estranha sonoridade, que diziam ser capaz de acordar até um surdo. Toda essa barulheira era para que ninguém perdesse o trem que por ali passava às cinco horas da manhã, para chegar a Natal lá pelas duas ou três horas da tarde.
Não encontrei, em minhas pesquisas, até quando o Sr. Maurício manteve seu caminhão desempenhando essa função. Sabemos apenas que tempo depois ele teria transferido sua loja de bijuteria para o vizinho estado do Ceará, dele não se ouvindo mais falar. Mas até que se prove o contrário, foi o caminhão de seu Maurício o primeiro transporte coletivo de Mossoró.
No início de 1929 começaram a aparecer em Mossoró os primeiros carros de transporte urbanos, ligando os bairros mais distantes com o centro da cidade. Esses veículos pertenciam a um comerciante do Assu, de nome Etelvino Caldas. Apesar da má qualidade dos veículos, que por nada se quebravam, representou um grande avanço para Mossoró poder contar com esse serviço.
Mas não ficou só nisso não. Etelvino Caldas era um homem de visão e logo atinou para outro plano, imaginando que uma linha de passageiro entre Mossoró e Lajes podia ser uma iniciativa proveitosa. E foi a ação botando em trânsito um ônibus confortável, bem diferente do caminhão do seu Maurício, que só possuía duas boleias. O ônibus, que logo ficou conhecido como “a sopa”, sempre viajava completamente lotado.
Foi mais ou menos por essa época que surgiu também em Mossoró “a era de Zé Rocha”, indiscutivelmente figura inconfundível no sistema de transporte em caminhões, fazendo a linha entre Mossoró e Natal. O seu entusiasmo pelos serviços de transporte credenciaram-no no conceito dos usuários, criando no povo das cidades e do campo o espírito de viajar e de comunicar-se com outros centros de atividades, estabelecendo o intercâmbio como gente de vivência coletiva.
Continua...
Autor:
Geraldo
Maia do Nascimento
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