Por: Archimedes Marques
O dia 1º de
novembro de 2013, sem dúvida, ficará guardado para sempre na memória dos
moradores de Poço Redondo e convidados que ali se fizeram presentes. A data que
marcou um ano do falecimento do grande ALCINO ALVES COSTA, apesar de lembrar a
todos com tristeza e saudade o passamento do CAIPIRA DE POÇO REDONDO, trouxe
festa e alegria para a cidade, aliás, fatos que fazem justiça a esse festeiro e
alegre personagem das letras, das canções e do amor, hoje na eternidade e aqui
onde viveu a se transformar em vulto histórico, um homem que sempre irradiou
paz e harmonia para aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo.
Cavalhada
O dia contou
com alvorada festiva, visitação ao acervo provisório MEMORIAL ALCINO ALVES
COSTA, cavalhada, missa especial em intensão da alma do homenageado,
apresentação do grupo musical e teatral NA PISADA DE LAMPIÃO e coroando de
êxito, já por volta das 23:00 horas, com o lançamento do livro de autoria do
seu filho Rangel Alves da Costa intitulado TODO SERTÃO NUM SÓ CORAÇÃO – Vida e
Obra de Alcino Alves Costa.
Cavalhada
A programação
teve início às 5:00 horas da manhã com a alvorada festiva seguida da Praça da
Matriz até o cemitério local. Uma verdadeira procissão de amigos de Alcino ao
som das suas canções e do ribombar dos fogos de artifício fez Poço Redondo
acordar mais cedo para reverenciar seu ícone maior. A banda marcial local
roncou e bradou com louvor as suas caixas, clarinetes, trompetes, tambores, e
demais instrumentos pertinentes, relembrando além das suas canções outras
tantas músicas sertanejas tão apreciadas por Alcino, outrora tão tocadas na sua
velha radiola em plena Praça da Matriz do seu querido Poço Redondo e tão
aplaudidas e repassadas no seu programa SERTÃO, VIOLA E AMOR da Rádio Xingó FM.
A visita da caravana de amigos ao seu túmulo gerou outras tantas homenagens não
menos emocionantes.
Cavalhada
O memorial
provisório montado pelos familiares de Alcino – cujo objetivo principal é
transformá-lo em atração turística – está localizado na antiga residência do
CAIPIRA DE POÇO REDONDO. Nota-se com alegria e satisfação que o acervo é
composto de originais das obras escritas por Alcino, seus manuscritos, suas
correspondências, grande coleção de discos em vinil, fotografias, biblioteca
(principalmente sobre livros relacionados ao cangaço, sertões e afins), além de
objetos pessoais, placas, banners e honrarias recebidas como homenagens dos
seus amigos em vida e pós-morte. Muitas particularidades de vida e cultural a se
mostrar, principalmente para os mais jovens, em especial para aqueles que
pretendem seguir como exemplo o rastro das alpercatas do velho CAIPIRA DE POÇO
REDONDO, até então a maior autoridade nascida nessas terras donde tantos filhos
enveredaram para o cangaço e donde finalmente tombou o mito Lampião na Grota do
Angico. O esforço dos familiares de Alcino para mostrar tudo isso ao público
foi grande, entretanto, para que esse acervo provisório se torne permanente
como atração principal da cidade, urge da interferência do Poder Público ou
mesmo da iniciativa privada.
Dr. Archimedes Marques na missa com o prefeito
Seguindo a
programação, por volta das 16:00 horas, a cavalaria sertaneja desse município
entoando trechos da famosa CAVALHADA se reuniu defronte a Igreja Matriz.
Cavaleiros vistosos enfeitados em vermelho e branco de um lado e azul e branco
do outro, com lanças e espadas em imponência sem igual nas suas belas
montarias, apresentaram-se ao público como se em disputa de algo estivessem. A
cada aproximação da dupla de cavaleiros à entrada da Igreja Matriz, homem e
animal se curvavam em devoção formando cena de rara beleza, colocando em
delírio o público assistente. Tal apresentação culminou com o aboio entoado do
cavaleiro chefe para cantar os feitos do grande homenageado.
Familiares de Alcino Alves Costa na missa
Não demorou e
então chegou a hora da tão esperada missa, o ponto culminante de toda essa
orquestração, uma linda e emocionante missa mais que especial, espetacular, que
durou cerca de três horas, tal qual o número de pessoas que homenagearam em
falas, cantos e versos o velho amigo Alcino Alves Costa, o doce e carinhoso
caipira de Poço Redondo, o verdadeiro guardião da história e da cultura do
sertão. A beleza da missa que se aquilatava com a ornamentação sertaneja e
banners em homenagem a Alcino apostos no interior da Igreja, sem dúvida,
encantou a todos os presentes que superlotou o sacrossanto recinto. Que momento sublime foi ver o Padre Mário
Sergio sempre sorridente em cadeira de rodas como celebrante principal da missa
em homenagem ao seu grande amigo Alcino!... Uma sensação indescritível,
principalmente em saber que esse homem iluminado, mesmo não estando mais
prestando os serviços sacerdotais na Paróquia de Poço Redondo, rompeu uma
distância de aproximadamente 200 quilômetros, a partir da cidade de Neópolis,
onde ainda atua na sua árdua missão de arrebanhar ovelhas em Cristo, retornou à
sua saudosa Matriz especialmente para tornar essa data num evento sem igual em
todo o sertão sergipano, não só pela celebração da missa que também teve a
participação não menos eloquente do Padre Murilo, mas principalmente por ter
sido ele o mentor da ideia desse evento que objetiva também colocá-lo no
calendário municipal como festividade oficial. O Padre Mário Sergio chegou no
dia anterior para ver a sua semente plantada e já florescida, sem dúvidas um
homem superior, um ser divino que irradia luz, paz e amor, adorado
indistintamente por todos. A celebração da missa parece ter sido encantada, ele
falava sorrindo de felicidade e esse sorriso contagiava a todos os presentes,
as tantas palavras tão usadas e reprisadas noutras missas (por vezes
cansativas) desta feita pareciam palavras mágicas, palavras que entravam no
subconsciente dos atentos assistentes suavemente, transmitindo verdadeira
harmonia. O alegre sermão desse
sacerdote certamente ficará eternamente guardado no coração de cada pessoa ali
presente. Franqueada a palavra para o público demonstrar o seu contentamento,
demonstrar a sua homenagem ao Mestre Alcino, de logo, de inopino,
inteligentemente a cidadã Elane Lima Marques (minha esposa), aproveitando a
presença do Prefeito Roberto Araújo na Igreja e sabedora de uma possível
demolição relacionada a um prédio onde hoje funciona parte do mercado da cidade
para a construção de uma praça em seu lugar, disparou a solicitação em apelo
para que o Poder Público desistisse desse intento e nesse mesmo prédio se
construíssem o CENTRO DE CULTURA E ARTE ALCINO ALVES COSTA, fato que fez com
que a ideia fosse aplaudida de pé por todos. Emocionado, o Prefeito demonstrou
interesse na proposta e até falou que também pretende construir ainda na sua
administração o TEATRO ALCINO ALVES COSTA. O número de pessoas que consternavam
as suas homenagens ao grande Alcino parecia interminável, mas cada um ao seu
estilo, e o melhor, nada cansativo, pois além de tudo tais participações eram
do estilo sertanejo, no mais estilo tão propalado pelo próprio homenageado. E
assim a missa se prolongou por horas, mas que pareciam minutos tal qual a
beleza de tudo e de todos os homenageadores. Agradecidos, familiares de Alcino
também prestaram homenagem a certos amigos do CAIPIRA DE POÇO REDONDO. Para
finalizar as homenagens fora apresentado ao publico o excelente vídeo
construído pelo seu grande amigo do movimento Cariri Cangaço, Ivanildo Silveira.
Após a missa
houve a apresentação do grupo de dança e teatro NA PISADA DE LAMPIÃO, algo
maravilhoso, de tirar o chapéu: todos muito bem caracterizados de cangaceiros,
dançando xaxado, cantando musicas sertanejas e bem desempenhando os seus dotes
teatrais em supostas estórias de Lampião e, tudo isso regado de farta comida
típica da região para os presentes. Nessa mesma ocasião, ali mesmo na Praça, em
uma tenda bem caracterizada a caráter sertanejo, o escritor Rangel Alves da
Costa, lançava com sucesso o seu livro TODO SERTÃO NUM SÓ CORAÇÃO – Vida e Obra
de Alcino Alves Costa.
Um dia
realmente inesquecível, sem dúvida uma festividade que teve a feição e o jeito
sertanejo de Alcino. Teve gente que certamente o viu passeando por lá todo
contente, em meio ao seu povo, sorridente, de camisa de malha listrada e de
sandálias havaiana nos pés, simples, livre, leve e solto como ele sempre foi...
Archimedes
Marques, Delegado de Polícia em Sergipe, colecionador, pesquisador e escritor
do cangaço. Conselheiro do Movimento Cariri Cangaço. archimedes-marques@bol.com.br
Enviado pelo o autor Dr. Archimedes Parques
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Caro professor Mendes: Boa-tarde.
ResponderExcluirExcelente relatório este, elaborado pelo nobre Delegado e Escritor Archimedes Marques, concernente à data de um ano do falecimento do mestre Alcino, ao mesmo tempo o lançamento do livro escrito pelo dr. RANGEL - a biografia de ALCINO.
Devido a experiência do dia-a-dia do Delegado Archimedes em relatórios de delegacia, elaborou com facilidade uma enormidade de informações sobre o evento. Parabéns caro Archimedes, só assim líamos um novo escrito de suas mãos.
Abraços,
Antonio José de Oliveira - Povoado Bela Vista - Serrinha-Ba.