Por Xico Sá
Antes de ser
executado, Jararaca riu com as lembranças de sua vida ao lado de Lampião
Um dia depois
do combate, quando o povo de Mossoró ainda temia o possível retorno de Lampião
sequioso por vingança, um dos principais cangaceiros do bando, Jararaca, foi
capturado se arrastando por um matagal. O que se deu a seguir foi um roteiro
tragicômico, conforme a narrativa de Lauro da Escóssia, então repórter do
jornal O Mossoroense.
O jornalista Lauro da Escóssia
O nome do pernambucano Jararaca era José Leite de
Santana. Ele tinha apenas 22 anos nos registros policiais, contudo, aparece com
26.
Mesmo com um rombo de bala no peito, conseguiu gargalhar durante uma
entrevista na cadeia. O cabra de Lampião dizia que era por causa das lembranças divertidas do cangaço. Entre as memórias que ouviu
do preso, Laura da Escóssia descreve o dia em que Lampião teria invadido a
festa de casamento de um inimigo e, com seu próprio punhal, sangrado o noivo. Já a noiva teria sido estuprada na caatinga pelos cabras do bando. Segundo o
relato de Jararaca, Virgulino também ordenou que os convidados de um baile
tirassem as roupas e dançassem um xaxado completamente nus.
Vera Ferreira neta de Lampião e Maria Bonita
Vera Ferreira, neta
de Lampião, que hoje cuida das memórias do avô em Aracaju, Sergipe, vê muito
folclore nesse tipo de história. Nega, a partir das suas pesquisas, que o
cangaceiro tenha ordenado ou praticado estupros (ela é co-autora do livro
independente De Virgolino a Lampião, que escreveu com o pesquisador Amaury
Corrêa, dono de um dos maiores acervos sobre o rei do cangaço, em São Paulo). Fato é que, na cadeia, Jararaca virou atração pública na cidade potiguar.
Manoel Severo e Antonio Amaury Corrêa
Quando já apresentava alguma melhora do ferimento, mesmo sem ser medicado,
ouviu que seria transferido para a capital, Natal. Era mentira. Alta noite, da quinta para a sexta-feira, levaram o Jararaca para o cemitério, onde já estava
aberta sua cova, relata Escóssia. Pressentindo a armação, Jararaca diz:
”- Sei que vou morrer. Vão ver como morre um cangaceiro!"
Capitão Abdon Nunes
O capitão Abdon Nunes, que comandava a polícia em Mossoró,
relatou dias depois os momentos finais do capanga de Lampião:
" - Foi-lhe dada uma coronhada e uma punhalada mortal. O bandido
deu um grande urro e caiu na cova, empurrado. Os soldados cobriram-lhe o corpo
com areia".
Pelas circunstâncias da morte, o túmulo de Jararaca virou local de
romaria. Até hoje as pessoas rezam e fazem promessas com pedidos ao cangaceiro
executado. Na terra do Sol, Deus e o Diabo ainda andam juntos.
http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/mossoro-lampiao-434400.shtml
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