Por Verluce Ferraz
Havia no cangaceiro Virgulino o
talento para lidar com o capitalismo. Convertia seus desejos egoístas em
capital financeiro, era um consumista. Não se deu ao ofício do trabalho e
preferia explorar os outros; era sociopata. Suas metas eram adquirir dinheiro e
as coisas que pudesse usar. Tudo que adquiria era sempre de forma ilícita. E
para convencer colocava a questão da perda dos pais como causa de suas
vinganças. Um padrão de sofrimento era mercado rentável para organizar o
verdadeiro desejo de consumista. O hábito de roubar era rentável. Não era
trabalho pelo produto, era produto sem o trabalho.
Todas as forças mentais do
cangaceiro foram direcionadas para adquirir aquilo que estava fora de seu
padrão de vida familiar. Lampião vai formar "grupos de extermínio" e
conduz alunos que o ajudasse no cometimento de seus crimes. Só arregimentava
gente jovem para seus grupos. Dava-lhes roupas, armas; mas não havia garantia
de direitos nem à vida para qualquer participante de seus grupos. Se algum
morresse nos combates era sepultado ou abandonado no mesmo lugar. Lampião
visava tão somente a própria proteção. Desconfiado por natureza, mandava que
outro provasse o alimento para depois ele próprio comer. Desenvolveu
habilidades artísticas na na forma de trajar, na dança e na arte poética de
fazer toadas. A questão do vestuário tem significado psicológico. Lampião se
embelezava, usava roupas coloridas de motivos florais, aplicava nos chapéus
moedas, usava muitos penduricalhos que revelam função narcísica e refletem o
lado artístico e feminino do cangaceiro.
https://www.facebook.com/psicologiadocangaco/photos/a.494025067611338.1073741828.494013557612489/645292975817879/?type=3&theater&ifg=1
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